"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Brasil Gentil

Brasil Gentil

Poetas não se suicidam, fazem anátemas da vida.
Soteropolitanas não nascem, estream.
Cariocas não sorriem, refletem a energia da cidade.
Gaúchas não nascem e morrem gauches,(des)entortam anjos.

Mineiras não têm pressa, são meio baianas.
Paraenses também xiam, tendo a alma carioca.
Florianopolitanas são gaúchas manés da ilha do paraíso.
Brasileiras e brasileiros não são gentílicos, são gentis.

Pessoenses são um sumo brasileiro: aventureiros.
Capixabas se assomam aos mineiros e são cariocas pessoenses.
E da capital das acácias, ao pontal das garças,
passando pelo Guará descendo ao Guaíba, a capital se localiza.
Linda! Moderna, cheia de goianenses promessas!

O Brasil é o país das promessas, e das premissas.
Dos ideias e milagres, constituições e missas.
É a ideia vaga da constância mudança.
Ao caminho volumoso, pujante a nação se esperança.
E essa gente crê em si própria com humores cearenses e receosos.

Mas as estrelas na bandeira devem inspirar e inspiram os poetas:
A retratar suas cores, a remoer e remover suas dores.
A provar sabores ao viajar nas letras de cada lugar.
E a co-mover fiéis leitores a apreciar a interna viagem...
Pela nação-poesia!

Poetas não se suicidam, se entregam demais à vida.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Da desigualdade entre os animais (Mauro Santayana)


Tive que colar o artigo do Mauro Santayana para criar o link para um antigo post meu...

"

Da desigualdade entre os animais

07/10/2009 - 00:01 | Enviado por: Mauro Santayana

Por Mauro Santayana

Eric Arthur Blay – um dos revolucionários dos anos 30 que se desiludiram com o regime stalinista – foi, sob o pseudônimo de George Orwell, sério combatente contra o totalitarismo. Sua fábula Animal farm popularizou a frase sempre repetida, para definir a impunidade dos governantes: “Todos os animais são iguais, mas alguns animais são mais iguais do que os outros”. A moral é óbvia: todos os homens são iguais, mas alguns deles são mais iguais do que os outros. Sílvio Berlusconi, pelo fato de ser primeiro-ministro da Itália, foi considerado, por seus advogados, primus supra pares, e não inter pares, ontem, quando se reuniu a Corte Constitucional, em Roma, a fim de examinar a constitucionalidade da lei que o desiguala. Tal como em outros países, que conhecemos, há a intenção de blindar os ocupantes de altos cargos públicos contra as leis penais. É a reminiscência da irresponsabilidade dos reis, característica das monarquias. Os reis se consideravam acima das leis que, além disso, beneficiavam a nobreza e o clero no confronto com os pobres. Rex est lex, disse James I ao Parlamento, abrindo a cisão que, depois de sua morte, levaria o filho, Charles I, ao encontro do carrasco. A República consagra o enunciado contrário, o de que Lex est rex: a lei é soberana. É – ou devia ser – como estamos vendo na Itália e alhures.

A Corte Constitucional decidirá hoje – se é que decidirá, tantos são os interesses que escoram o clownismo do magnata e político milanês – se na Itália Lex est rex, ou não. A decisão é do interesse direto dos italianos, que se dividem entre os que preferem pagar o preço do conformismo e os que não suportam mais o debochado Berlusconi na chefia do governo. A eles, no alto tribunal, ou fora dele, caberá decidir, de acordo com sua soberania, o destino do premier e o destino da República. O mais importante é pensar no princípio fundamental do direito, que torna todos os homens iguais diante da lei, e a tentativa de recuperação, pelos governantes republicanos, do privilégio dos reis absolutistas. No Brasil, tivemos, com a Constituição imperial, a presença do poder moderador e a impunidade absoluta do soberano. O artigo 99 é claro: “A pessoa do imperador é inviolável, e sagrada: Ele não está sujeito a responsabilidade alguma”. Não obstante isso, os ministros de Estado (artigo 133) estavam sujeitos à responsabilidade pelos crimes de traição, peita, suborno e concussão; pelos atos contra a liberdade, a segurança e a propriedade dos cidadãos e pela dissipação dos bens públicos. O artigo 135 era duro: “Não salva aos ministros da responsabilidade a ordem do imperador vocal, ou por escrito”. Em suma, os ministros tinham que obedecer ao monarca; no caso em que, ao obedecer-lhe, cometessem um ilícito, não podiam recorrer ao dever da obediência. A inviolabilidade dos reis, como sabemos, era imposta pelas leis e pela tradição. Isso não os livrava dos complôs palacianos para matá-los, nem da justiça do povo, que se exercia, como se exerceu, nas duas grandes revoluções da Idade Moderna, na Inglaterra de 1640 a 1649, e na França de 1789 a 1799. Em ambas, de nada valeu a inviolabilidade de seus reis, que nelas perderam a cabeça.

Enquanto Berlusconi tem se esquivado da justiça e de articulação parlamentar que o destitua, recrudesce a reabilitação do fascismo na Itália, com o perigo de que venha a tomar conta da Europa, onde não faltam grupos ativos da extrema-direita. Recente documentário do cineasta italiano Cláudio Lazzaro – Nazirock – mostra como já não se trata de ameaça mas de realidade. Entre 2005 e 2008, houve 262 ataques violentos contra centros sociais, imigrantes e grupos de gays e lésbicas. A violência – que também se registra nos antigos países socialistas – é particularmente odiosa contra os ciganos, negros, latino-americanos. Mais grave ainda – porque demonstra a grande adesão popular aos fascistas – foi a eleição de Gianni Alemanno, conhecido arruaceiro contra as esquerdas, para sindaco (prefeito) de Roma.

A tragédia da Itália tem sido a ausência de forças políticas de centro-esquerda, com tal peso que possam conter a nostalgia do fascismo de Mussolini, que se nutre dos velhos fantasmas do medo contra o diferente. Em suma, do racismo. A decisão da Corte de Roma está sendo aguardada com ansiedade pela consciência humanística da Europa."

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Distâncias

Distâncias

Estamos lá, querendo estar ali
Estamos aqui, querendo estar lá
Estamos ali, querendo estar aqui
Não estamos, estivemos

Sentimos saudades porque estávamos
Estávamos porque queríamos partir
Partimos porque queremos sentir saudades
Não sentimos saudades, sentíamos

E quando sentíamos estávamos próximos
Quando sentíamos estávamos aqui
Agora lá e ali não estamos, estivemos
Enquanto aqui estivermos sozinhos...
[Sentiremos saudades!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

No Frio

No Frio

No mistério da fala, a falta é óbvia.
Não se culpa a reta pela trajetória abrupta.
O espaço é o tempo em curvas, como seu corpo.

Nesse contexto sensível, seu trajeto sigo.
É o meu admirar indiscreto à janela da alma.
Poderia calcular qualquer desvio à normal
Para compreender seu magnetismo anormal
Mas me perderia no erro mais grave
Que é transformar o encanto em frio número.

Ao pensar (em) escrever, evito (hein) pensar.
Apenas escrevo o que desejo.
A mente agradece quando é limpa ao tormento
E se esquece no seguinte momento
[que o fim
Do sofrimento leva ao novo sofrimento
De sofrer por não mais sofrer por amor.

No entanto, não é o caso.
Não cabe nesse trecho ribeiro, francamente falando,
O que ainda persiste desde o primeiro encontro.

Naquele dia do atraso e cadeira convite.
Não sendo de propósito, passou a ser.
E hoje a espera é por este lembrete.
O formato aqui ainda me permite
Dizer-lhe em estrofes-limite
O que evidentemente não cabe ao cuore.

Pois supera o que se espera e lhe prepara
Para não parecer, mas ser.
E toda a dificuldade da palavra apara
A revelada cartada.
Aquela carta, ainda a guarda?

Então saiba: aqui a tenho e não a mudo em nada.
A não ser na ênfase, que duplico.
E no frio, no qual me escondo...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

"Há neste estrambótico e complicado negócio que é a vida, certos períodos estranhos em que o homem considera o universo inteiro como uma simples e enorme farsa, ainda que mal vislumbre em que pode consistir a brincadeira e tenha bastante desconfiança de que esta se realiza à sua custa. Entretanto, nada o desalenta e nada parece valer a pena enquanto está lutando. Engole todos os acontecimentos, ideias, credos e opiniões e todas as coisas duras, visíveis ou invisíveis, por mais encaroçadas que sejam; como um avestruz de poderosa digestão engole balas e pedaços de pedras. E quanto às pequenas dificuldades, preocupações, perspectivas de desastres imediatos, perigos, grandes e pequenos, tudo isso, e até a própria morte, aparecem apenas como dissimuladas, benévolas e graciosas palmadinhas nas costas, dadas pelo velho e misterioso trocista. Essa espécie de humor estranho e rebelde se apodera do homem apenas em momentos de extrema angústia e surge no meio da própria ansiedade; de modo que, o que até então parecia da maior importância, torna-se uma alternativa a mais da enorme farsa. "(cap. A Hiena, em Moby Dick de Herman Melville )

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Famintos

Famintos

São todos amargos os licores.
Esganam o tempo, o todo.
Enganam as tropas, tolas.
Trocam tudo por gostos.
Tropeçam nos erros pós.
Mordem forte, sem medo.
Marcam vontade, esmero.
Há ali uma via de ida;
Volta e meia, uma saída.
Rua próxima do ponto.
Última chance de prazer;
penúltima de tentar findar;
Antepenúltima vista-cega.

Vista de modo a perceber
Ainda sem próprio ostentar.
Ar grande, inócuo, cansa
De ir além para queijo.
Tornando pobre e podre,
Conquanto soa bonito;
Entretanto, destoa, fictício.
No entanto, sobra festivo
E vai embora para onde?
Destoa soberbo; mas esconde
A borda da sobra que bóia.
Não deixando translúcida, gelo,
esfria e, tornando-se pueril,
vai vendo, por entre-frechas.

Partir o maior dos pedaços daquilo
Chamado de torta por perfeitolos.
Antena mais concatena, iguarias.
Sem nexo, conexam as conchas
Escondidas no quar'to'do'amigo.
Forte e constante; acabado.
Esforço em vão, sem brados.
Intenso perdura, vil cão.
Maldoso, não passa no vão.
Nem vai à jaula, o vilão.
Já n'aula pudera antepôr
Pondo na vírgula acentos.
Não assenta em pobres solos.
Teme-se sem mesmo sentir.
O que manda instintivo, vai...
Longe disntingue, depois tarde...
Vive morrendo, após horas...

Do enterro da massa encefálica
Perdura nos momentos cavados
Uns lapsos de rompimento.
Sentidos se misturando em um.
Momento delicado mas voraz.
Devora as destituídas e más.
Maltrata a má forma de amar.
Avesso, veste um corpo sem peso.
Enaltece a um todo seu preço;
Um todo inexiste, no fim.
Não saboreia o tempo, se sobra.
Gasta com algo, que dê renda
Para novos panos, sem corte
Ou duras penas, de morte.
Aos poucos se inspira, fajuto.
Nos outros se mira, é culto.
Um saber inútil, à-toa;
Mas sabe de tudo, quase.
Pergunta a quem pode; responde
para provar que é mesmo
um bonde, que leva em vagões,
por trilhos, já pré-dispostos.
A trilhar seu rumo, bem vasto:
Um ramo de uma árvore fausta .

112007

Casa de Peças

Casa de Peças

Ditos contraditos e não contraditórios
Paralelos se cruzam nas reentrâncias
Infinitos contingentes com reticências...
Positivos negativos que se alternam
Correntes para o bem atravessando o mal
Rio fosso Rio todo Rio vivo
Soluço inconstante em peito
E cem mais razões do coração

Neutro frio abaixo de zero
E um grito ao silêncio eterno
Exagero pela metalinguagem poética
Ainda assim insuficiente para te dizer
Retire aquela imagem petrificada
E veja o múltiplo eu da persona

Há com certeza dúvida no ar
E paradoxo ingênuo pode afirmar
Uma escolha só é boa se entre desejos
Não táteis, mas ágeis

Outrossim pudera acolher
Que agora é difícil saber
Porque tal temperatura
Não sua
Não usa
E muda
Sente

Inocente e coerente e percebe e esquece
Não há dor na vida, apenas na mente
Ou no coração da gente

Yuri Cavour 10/11

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sujeito diferente de Eu.

Sujeito diferente de Eu.

Existe o sujeito e o eu separadamente.

O Eu é um ser enquanto percebido, identificado. Através do espelho ele existe e apenas em relação ao outro, porque o outro também pode se perceber no espelho (se identificar). Este ser é influenciado pelos demais ao redor, pelo outro, e por isso pode mudar. Ele é e pode vir a não ser, uma vez que muda. Este ser sofre com o tempo. Portanto, não é ser de fato. Ele é, no limite, um ser.

Ainda, o Eu existe como indivíduo, nas mentes sujeitadas, e como multiplicidade. O Eu existindo individualmente se inscreve na gama de personalidades, dotadas de razão, mas de fato não existe. Existe apenas enquanto dura. Como multiplicidade existe em cada um (outro) de forma distinta, na citada gama de personalidades. Nesse caso sua duração tende ao infinito, apesar de não o ser.

O Sujeito é um ser per se. Aquele que para existir não está submetido a ninguém mais além dele mesmo. Nesta concepção não existe o outro, um referencial, como na física moderna. Talvez mais próximo do solipsismo. Este ser não é influenciado pelo ao redor e não pode, portanto, mudar. Ele é apenas. Não pode deixar de ser, pois, não muda. Este ser não sofre com o tempo, pois existe simplesmente (como o próprio tempo).

O sujeito existe apenas uma única vez e eternamente. O sujeito não precisa instalar-se em alguma mente para existir. Entretanto, pode o fazer para despertar o Eu, por assim dizer. Para, quando em referência, lhe atribuir algo, lhe dar propriedade. Logicamente, o Sujeito precisa de um verbo para existir. Este verbo (essa ação) é, no caso, apercebida pelo Eu quando ele se identifica como indivíduo. É como uma última volição que, se não pode ser explicada, é esperada.

Aqui, parece o Sujeito sinônimo ou dependente do Eu, mas, de fato, não o é. Ora, são coisas distintas: o Eu está contido no Sujeito, que por isso pode parecer dependente.

Com estes conceito variados, o Eu e o Sujeito são coisas distintas e complementares. Mas o Eu pode vir a ser Sujeito, uma vez que ele se percebe e percebe aos demais "sujeitados", sujeitando-se.

O sujeito existe de forma transcendental também, e é imanente (inseparável de si próprio). O Eu existe apenas de forma imanente, quando se percebe e enquanto dura.

O Sujeito seria então um ser, ou o Eu per se enquanto ser; e o Eu seria o Sujeito referenciado, ou um ente.

Mas, em explicação alternativa, O Sujeito existe independentemente do Eu, enquanto o Eu tem sua existência dependente (sobretudo do outro). Quer dizer, para cada ser (humano) há um Eu, mas há apenas um Sujeito em comum para todos os "Eus". E para cada ser (humano) há aquele mesmo único Sujeito, que deve ser percebido pelo Eu. (Neste sentido, o Sujeito estaria além do ser.)

A percepção da existência do Sujeito único pelo Eu faz com que o Eu passe a existir. E esse ser único não se trata de Deus, é apenas um ser. Estaria mais aproximada de uma consciência superior que o Eu pode adquirir. E se o Eu a adquire, há consequências como, sobremaneira, a criação do outro.

O conceito de outro é antropologicamente debatido. Mas a implicação da existência do Eu enquanto ser que se percebe porque existe o outro, deduz que este Eu fora dominado ou tenha descoberto o Sujeito, e para livrar-se do problema de ter que se reconhecer a todo instante, inventa (cria) o outro. O outro é um Eu em corpo alheio. E como Eu pode ser sujeitado.

Enquanto isso, o Sujeito continua existindo individualmente, podendo e geralmente sendo, apreendido pelo Eu. O Eu como ser inteligente que se reconhece no Sujeito, cria seu mundo. E somente com esta identificação, cria seus problemas, como notam os psicólogos. E evidentemente que vivendo não isolado, mas em relação com outros Eus, lida com um emaranhado de problemas que só existem para este próprio Eu enquanto ele se percebe como Sujeito.

Tratando ainda da implicação da percepção do Eu como Sujeito, se por um momento o Eu perde a sua identificação com o Sujeito, ele pode deixar de ser, uma vez que só é enquanto se percebe e percebe o outro (no "espelho"). O espelho é então necessário, como metáfora, porque resume o autorreconhecimento do Eu enquanto ser independente e capaz de visualizar (criar) o outro ( outros Eus dotados, ou identificados com o, de Sujeito) e distingui-lo de si.

Em suma, o Sujeito estaria numa estância superior de existência e seria um ser. Enquanto que o Eu seria apenas um ser e não ser, já que de início não é e pode vir a ser pela identificação com o Sujeito.

Se continuarmos, Deus não seria a soma de todos Eus e Sujeitos, mas um ser além, identificado pelo (com o) Sujeito, através do Eu.

Em relação aos fatos, se não são notados, não existem para o Eu, e sim para o Sujeito na qualidade de ser em estância superior, per se. A questão da versão dos fatos é jornalística, e ainda assim presume sua existência.

Ainda, a pós-modernidade diria que ambos não existem (Eu e Sujeito), apenas parecem. Tudo é apenas imagem ou semelhança. E o que importa é essa aparência, ou representação. Mas isso é outra história.

Resumidamente, o Eu seria cada pessoa individualmente ou coletivamente, com suas respectivas capacidades cognitivas; e o Sujeito seria esse autoconhecimento no limiar da perfeição, a capacidade de transcender (metafisicamente) atingida.

Processo, eu, sujeito, espaço e tempo, Filosofia pós-moderna...

Filosofia pós-moderna... mais um uma discussão que terminou em  "tudo é um processo"...

Mas e se eu não estiver tratando de processo? Porque nem tudo é processo.

Processo implica existência de espaço e tempo. E quem deduziu essa existência foi algum ser. Mas se o tempo não existe per si, não existem processos.

O tempo é apercebido pelo movimento. O movimento só existe se o tempo é contado (numa foto não se vê movimento, mas num filme sim...). Mas o tempo para ser contado deve existir? Ou apenas a sua observação, com os movimentos, o torna existente? O tempo pode existir independente do sujeito, mas este passa a considerá-lo como existindo para poder se inscrever na existência. Existência essa que permeia sucessão.

O espaço-tempo ou o espaço e o tempo são atribulações físicas, sim. Mas podem ser questões metafísicas também.

O espaço é a definição autopoiética, então não se pode defini-lo (falta o espaço). Isso foi uma piada! O espaço é onde todas as coisas estão contidas, inclusive ele mesmo. Por isso na definição do espaço se contém até o infinito, que é o próprio espaço (não) alcançado pelo tempo.

O espaço não pode ser definido mais separado do tempo. Porém, o tempo nem sempre existiu, tãopouco o espaço? Essa dúvida é a mais importante! A teoria do física Big Bang que diz que foi lá (há +/- 15bi. de anos atrás) que o tempo começou já é plasmada por outra que diz que o Big Bang é um ciclo, dado que os buracos negros consomem tudo, a matéria escura preenche o universo, que se explode/implode de bilênios em bilênios, de prováveis buracos brancos.

Essa teoria deduz que o tempo e o espaço existem desde "sempre". E a consciência, por que não assim também seria? Falemos da física para chegar na metafísica.

-Não queria colocar agora, mas colocar que "positivamente o "nada" não existe" é um paradoxo...- Evidentemente que o nada existe, senão não seria o "nada". Senão o sonho também não existe, ele não está contido em nenhum espaço (ademais, ele remete ao nada invariavelmente!). O nada é ausência, a meu ver. E isso existe de sobra! Quer dizer, o nada é o não-ser e o infinito espaço sem matéria. O não-ser é, existe. Ser é existir; não-ser também existe, no entanto. Porque a não-existência também existe. Contra Kant, Sartre ou Nietzsche.

Enfim, essa discussão minha é tola para aquele que não podia conceber que o nada não exista positivamente. É uma questão estética, evidentemente.

Mas, que ser absolutamente infinito seria aquele de Kant? Ele é eterno ( logo, o espaço-tempo existe), imutável (o espaço-tempo existe? Se mudar deixa de ser), infinito ( o espaço e o tempo existem?) etc... O espaço e o tempo não precisam existir "de" per se para o ser ser kantiano? É por ele dito evidente que sim, precisam.

Então "a questão é o agora". E o agora define o ser. Paradoxo. O ser de hoje não é o mesmo do passado. Nem o do futuro, porque a física o transformará. A física transforma questões da metafísica? Não pode, não cabe?

Ainda, o espaço-tempo existe a priori e existe subjetivamente. Ele tem uma existência dua. Logo, o espaço tempo não é. Paradoxo. Como algo que não existe, existe? Eis o nada.
É o espaço-tempo o nada? Muito provavelmente. Por isso voltemos à questão de que seres dotados captam por "rádio frequência" (pela consciência instaurada em um sujeito, que é separado do eu) o espaço-tempo, e tudo atrelado a ele, o transformam e percebem que ele é o... nada. A existência é o próprio nada transformado pela imaginação do ser dotado de intelecto?!

Quer dizer, pelo intelecto, imaginação e criatividade, concluiria-se que o trascendente não faz sentido. Mas eis que a imaginação é o erro. A apreensão das coisas pelos sentidos é o erro. A interpretação é o erro. O material é o erro. Todo este erro está contido no ser. Voltemos à metafísica. Voltemos ao intelecto.

O presente do ser, a duração, o verdadeiro tempo, diz que a mudança da forma efetuada pelo ser é ou a tentativa de mudança ou a tentativa de constância. Mas o devir é intangível, desconhecido. Será mesmo? Esta é a verdadeira questão que é levantada no início ( "mudar a forma normal distorcendo; corrigir o desvio, voltando à forma normal").

Ao meu ver, Kant diria que sim. Que o devir é mesmo desconhecido. Mas isso porque ele tem uma concepção "não-relativista". E o relativismo não fora superado ainda? Kant não o poderia tê-lo feito, seria um anacronismo(?). A física da teoria da relatividade mostrou à filosofia e à metafísica novos rumos, deu novas possibilidades.

Se é possível distorcer o tempo (do erro), fazê-lo voltar a forma normal, como lidar com o presente? A duração será sempre uma tentativa de correção do que ocorreu no passado, e o planejamento futuro será a tentativa incessante de realizá-lo com sucesso. Eis a teoria mostrada por exemplo no filme Dejá vù, com Denzel Washington.

O ser não é mais infinito, imutável, imóvel.... o ser deixará de ser. Logo o sujeito não existirá mais... voltamo-nos ao holismo. Há teorias de que estamos, ao avançar no tempo, voltando para o passado, e isso parece lógico agora. A tecnologia evolui para conectar as pessoas e fazer com que elas conversem quase que face-a-face...e ao mesmo tempo as distancia...

No tempo paramodal, no entanto, essa tal "lógica" não existe!?

Por fim, ainda não sei se a física já afetou a metafísica nesse sentido: se o ser deixará de ser, uma vez que pode ser alterado. O espaço-tempo está sendo manuseado agora também fisicamente (em laboratório busca-se capturar matéria escura). Mas ontologicamente seu presente é paradoxal: quer-se no presente calcular com o futuro o que fazer do passado . E isso não tem a ver com o Sujeito, ou o Eu porque retorna o tempo do holismo ao lugar do individualismo, pois se afirma que este é o causador do caos. -O individualismo em sua essência é um humanismo, é uma atribuição positiva às características de cada um dos indivíduos.

Mas se na metafísica do ser, na origem ontológica, o tempo e o espaço existem, porque não se pode existir fora deles, que ser é esse duo, passível de mudança? Eu não sei se o ser imanente e o trascendente são os mesmos, ou se eles existem simultaneamente, ou independentemente, ou se apenas um deles existe necessariamente.

É possível crer que não existe o sujeito nesse sentido. E esta frase por mais paradoxal que seja, é para além do cogito, é a dúvida de Thomas Hobbes para com René Descartes: quem garante que quem está pensando é o sujeito autoreferenciado e não um ser externo a ele?

Se você nunca pensou nisso, é porque provavelmente não está pensando. Mas algo externo a você está. E está te conformando... Ademais, se não existe o sujeito, o outro também não pode existir. A única coisa que pode existir é um todo segmentado.

(Mais adiante, buscar-se-ia a perfeição quando a esta não existe, apenas o caos. E este caos fora chamado de nada e agora é algo. Tudo trata do agora. Ou da duração. Porém, são faces de uma mesma moeda.  A cada face se atribui um valor ou um rosto, que são símbolos. Símbolos que remetem mais uma vez ao nada ou ao atribuído pelo consenso, com a linguagem. A nova ordem cósmica e caótica, pouco religiosa.)

O seu universo existe para você não por causa de uma relatividade, mas por sua condição de existência apriorística. O tempo se sucede e é diferente (apesar de ser sempre o mesmo tempo), mas o espaço é diferente e é simultâneo (todas as coisas estão contidas no espaço, em algum espaço; e pela característica de sucessão do tempo, em algum tempo também estarão contidas todas as coisas, mas apenas como fenômenos). Portanto o universo é particular e múltiplo: o multiverso existe.

Com esta estética, ele, o multiverso, é um desdobramento lógico do universo, analisado sob perpectiva holográfica ou holista. A composição de vários universos conforma o multiverso, logo ele existe necessariamente.

A Filosofia pós-moderna, de ausência do sentido, de Heiddegger, ou a descontrutivista, a qual ainda assim tenta construir e encontrar uma Salvação é.... é loucura. Com razão!



"They say the devil's water it ain't so sweet, you don't have to drink it right now, but you can dip your feet, every once in a little while."

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

citação (repost)

"O Brasil é um país feito por nós, basta agora desatar os nós." "Barão de Itararé"

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Do altabaixo

Do altabaixo

Impressionam as camas e as 'tvs', todas iguais
é notória a cor do tijolo, sem variação
a comida, o sal, sempre mesmos
nada muda e tudo permanece propriamente
a propósito, seja qual for
como na vida, como no seu oposto.

O tom não se altera, nem a temperatura
as descrições são como as descritas por todas
a única diferença é a presença, frágil...
E isso é o que ma valoriza...

Então, assim, fora o tom, fora o ritmo e o frio
o brilho, e todas impressões, nada se expressa
verdadeiramente há uma concha, ó concha
inerte em álcool lesmas tempo.

Nós, em tantos, valemos a pena, a coxa, o sacrifício
valorizamos o gasto, o dispêndio, o tempo
porque o númeno do silêncio não se sente
conhece-se intimamente!

Por fim, gostamos desde o começo
Queremos
e, quando conseguimos,
to rc emos o
te m-po
d e n-ov o
o silêncio do fim é também o início da esperança
da mudança constância.

Revelamo-nos assim, apaixonados, vidrados
conectados, como um plug-in
dependemos do código intrínseco
dos nossos outros dos nossos mesmos!

e não dormimos para sonhar, mas ao contrário...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pela ordem, pelo sistema

Pela ordem, pelo sistema

O testemunho do poder como corrupção inerente é um julgamento inválido. Aceitar as regras do jogo não é corromper, é saber que quando no momento propício, atacar a questão premente é a tônica invariante. Os acordos firmados, se parecem escusos, são frutos de técnicas elaboradas com o passar do tempo, levando-se em conta a eficácia e força de argumentação democrática, os verdadeiros instrumentos do poder.

Quer dizer, quando se verifica que uma decisão está sendo tomada e obedece a certos princípios pré-configurados, pode-se falar que houve coerência e limpidez democrática. E, pelo contrário, ao se desobedecer as regras ou de forma unilateral tentar mudá-las, aparecem como evidentes princípios autocráticos subversivos.

Levando esta forma de pensamento às demais instâncias da vida que envolvem a política, mas não necessariamente à discussão de filosofia política, é possível tratar de como os governos de países do Oriente Médio sofrem pressões, externas e internas, não por serem regimes de forma z, x ou y, mas simplesmente por não estarem obedecendo a um princípio básico que é a audiência, ouvidoria ao seu povo, ou a responsividade.

O que parece estar ocorrendo tem a ver com a necessidade espalhada virtualmente, também pela rede de computadores, de haver mais ou novos direitos individuais a serem respeitados. E este “problema” só não é compreendido por qualquer organização política desconectada da realidade. Que se encastela e ignora o que ocorre no próprio país, e no mundo. Novos cidadãos têm novas necessidades e precisam ser reconhecidos.

 Portanto, uma vez que o ser quer se reconhecer e é atraído pelo seu desejo, de poder, de poder mais, estando num mundo que instiga a desejar mais, cairá àquele governante que não vende que fará o que seu povo quer. No entanto, nem o povo sabe o que quer. Ele vai descobrindo ao longo do tempo, e, em simultâneo, se o povo deseja mais,- e tem o poder como meio de alcançar mais,- ele apenas se esquece que não pode ficar dependente do poder do Estado para conseguir alcançar seus desejos.

 Então, numa situação extrema, a lógica aqui explicada diz que a situação tornou-se insustentável exatamente porque o povo inscrito no atual mundo “desejante”, pulsante, quase que de pura pleonexia, não percebeu que o Estado não é o único meio para conseguir a realização dos desejos; percebeu alguma forma de descrédito nas regras que parecem ter sido criadas de forma unilateral, e, ainda, quer se reconhecer sem saber exatamente em que sentido, pois a opinião pública não existe efetivamente a não ser durante a disputa política.

 E daí, desta última forma de pensamento apresentada, resulta que tudo se dá num procedimento, ou processo. O que não deixa de ser um pensamento limitado. Pois, além de ocorrer num processo, há saídas previamente pensadas nas filosofias políticas. Porém criticadas como sendo muito abstratas, até que se coloquem na prática.


 Quer dizer, além da estrutura agindo, as agências as portando, é possível pensar com outros esquemas, até contrários.
Estruturas estruturantes tendendo a agir como estruturas estruturadas e os agentes não estando fora da estrutura a remodelando a todo instante, diria Bourdieu, ou uma outra forma de pensar que não seja desse tipo sistema-estruturalista. Mesmo sendo evidente a existência de um sistema, nem sempre é o mesmo sistema.
 E ainda, há formas de análises sociológicas e políticas não sistêmicas, mas relacionais; outras chamadas micro, outras de grupos, algumas com interações; uns sistemas sincrônicos, outros dinâmicos; algumas estruturas históricas, outras a-históricas: nestas análises o resultado pode já estar pronto, e não é o processo o determinante, mas a estrutura. Na anterior é através - ou durante o - do processo que se chegará a um resultado, um fim...

 Por exemplo, é possível pensar em análises de antigos regimes, que já estavam prontos, mas não vingam mais porque desatualizados num contexto de mundo integrado, quase sem fronteiras para ideias, pensamentos, e pessoas; e pensar em análise do mundo das democracias mais avançadas que parecem funcionar, onde há prosperidade, levando-se em consideração que em ambos vigem sistemas diferentes, e fazendo uma análise de um tipo de estruturalismo, e chegar-se a conclusão que um sistema não funciona e o outro sim porque naquele que não funciona, no todo, há um preterido reconhecimento não atingido.

 Nesta análise estruturalista, concluir-se-ia, então, que o que está havendo no Oriente Médio é a tentativa de instauração de outra ordem sobre uma antiga que não está mais sendo respeitada. No entanto, em análises desse tipo, de sistema, só se pensou que o todo fora determinante, mas esqueceu-se que o todo é composto por partes, sem as quais ele não existe, e estas podem ser sobredeterminantes, e então mais importantes, ou primárias para serem analisadas. São as chamadas análises micro. É o chamado risoma, em Deleuze e Gattari.

 Ademais, pode faltar espaço para a criação e a imaginação nessas análises estruturalistas históricas ou mesmo a-históricas. Pois, se apenas no processo se cria, não há garantias de que a criação não seja uma reprodução de uma ordem da estrutura, do sistema, o qual é autoreprodutor e autogerador ou regenerador de si mesmo.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Candidato ao Pódium

Candidato ao Pódium

Não mede esforço por hora:
é infinitamente superior à corda.
A tensão não é dada ao acaso.
Atenção se demora em demazia...

Por onde passe a agulha afia
o espaço largo e o cerca de teia...
De traços fracos e linhas alheias;
Unem em um só tecido suas diferenças...

Conexando à força a inseparável
vontade de ir de encontro ao ego
semelhante em termos, mas sem ímpeto...

Desponta como algo disfarçado
na reta do fim quase derruba
o adversário, enfim, se torna
o obstáculo também, como a porta,
empurra a saída de ar seco e velho
para dar novo fôlego à sede úmida.

O cruzar da faixa desaponta ambos;
é melhor enquanto corre, pois não,
com licença, ou sem permissão,
a tônica do pensamento sobressai.

O divertido é estar mais adiante
e marcar o tempo encurta a discrepante,
sendo melhor ainda subir ao pódium ofegante,
mas certo de sua superioridade ao parco instante.

Para o Meio (repost)

Para o Meio

Para o bom observador, meio ponto de vista não basta.
Para apreciar bem a paisagem, meia cena falta.
Para calçar bem a moleca, meia fina.
Para parar na faixa, meia bomba.
Para tirar do aro, meio-fio.
Para haver fim, há meios.
Para haver o meio, ei de haver o recomeço.
Para recomeçar, que haja uma boa inspiração.
Para não ser enfadonho, que varie conforme o ritmo.
Para sincronizar, que se encontre a última harmônica.
Para terminar, tem que haver um meio para chegar ao fim.

Yuri Cavour

Opaco Parco

Opaco parco

É quente o suor frio lento
e quando surge friorento
é tonto e seco no intento
e se mantém contido
e continua insípto

Destoa atônito do sol
medroso se esconde à lua
honroso do seu tato
oculta-se à sua grua

É breve e sensato
mas corre imediato
nervoso acalma assim
e chegue o trem-fim

Altivo alcança e soa
Abrasivo morno à-toa
um sopapo e um pão
dois sopões de milho
e feijão bem aguado
molhando o seco e gelado
remonta o tempo enublado

Contorce se é fraco à dor
Adora ter se no sabor
do prato raso que criou
Ainda sobra o sopapo.

Guardada seja para colher
comida bem pouco farta
Junta coesa e dobrada nata
parece queijo seu aspecto
Esburacado com mistérios.

Ta(m)pada a fo(ss)ça sem tampa
tampa-se à força inata
após a queda do sentido
ressurge um medo que dá dó
pois o arrepio já causa
um parco opaco verdejante
bondoso ser que lá'diante
guarnece-se com derramado
e ungüento vinho rubro roxo,
da cor do olho que não deixa
dormir à guisa do enfadonho.

Sem ermo em termos ocultos
nos mais sagrados e bizonhos
trechos curtos e aos cultos
ligeiros e sábios chamados
pílulas grandes do passar
no aperto engole ar de nós.
Nos aproxima do norte
e distancia-se fracote:
temerosos ossos oficiais.

Dizem em breve instância àquilo que mantemos à longa
[distância.

190308

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Adendo

Adendo

Somos filhos da árvore do saber,
a ignorância é nosso mais saboroso fruto.
Fruto soberbo, do gosto amargo até o inssosso.
Pregamos verdades destituidas, parecemos grossos.

Ficamos à vontade quando confrontam o nosso pescoço.
Causamos medo aos que se espantam com tamanha vontade.
Fazemos e merecemos o que nos importa e é inteiro.

Pagamos o preço alto quando olhamo-nos apenas.
O umbigo a nós pertence e, sendo íntegros,
não levamos a culpa por falsos golpes desnorteados.

Continuamos mantendo intacto o aplauso à cenas
um tanto quanto impactantes para os fantasiados
com coloridos tons de cinzas ensaboados
pela sujeira sem fé e tinta resplandescente.

Pelo andar do caro carro se enoitece
Que, adentro a noite, fora do sol, torna vampiro,
medroso, sendento pelo lusco-fusco roseado.
Esconde-se dentro do túmulo fresco e assombrado
pois tem receio que a luz revele seu mal-sabido
recém-nascido já mau-criado criado-mudo,
que na gaveta com chave-mestra revela tudo.

Até seus nomes foram trocados em prol do seguro,
Que cobre, a baixo preço, o trágico mundo
E doa novo um semelhante atrás do muro,
O qual em cima corre o inconstante e indifirente.
Não diferindo nem aferindo o tombo, acha-se bem
Aonde até quem carrega, no apelido,
Um agouro ao mundo prefere ser decidido
'a sucumbir no escuro de um grande murro.

Neste saem vivos apenas os que já se foram
E voltam tontos tentando mesmo nascer solstícios.
Coplagiando o astro-mór, se re-enganam,
refletindo a luz em suas costas até inflamam,
mas são mantidos segregados por suburbanos,
que temem ir sem carro-forte para o duo dano.
Se metralhados são, ilesos fogem;
mas se elogios os recobrem, sentem desprezo.
Sabem, mesmo em seus fartos seios,
Que o dinheiro é soberbo e remoto
E traz um fugaz e ligeiro remorso.

É cena é fato

É cena é fato

Flácidas as pernas são belos
sinais de esforço concentrado
Nossas as belas são pernas
tortas de desgosto alterado
Sempre vagas e caminhos
sem pedestres e cadeiras
O frio é a neve pura
A chuva é o dia inteiro
Mas a perna não mais move-se,
Congelada na estação do nevoeiro
São claros os sinais dos apitos
Os cheiros fajutos sentidos
Tragam cães para o entorno
O logo encontrará o corpo
O baque e o resquício são provas
Há chacinas soltas à espera
É melhor temer a dúvida
E esperar apodrecer a idéia
Trabalhar no caso é sério
O perigo é encontrar um vestígio
na seta que aponta ao umbigo
Ao redor alheia é a estranha
presença de memória vaga
Lembrança quer ser esquecida
e traga outro copo outra bebida
Seca quente e fiel se acaba
com a brisa e a lágrima
seca junta e teimosa
venta em tinta e prosa
de propósito sem parecer
quer propostas aparecendo
nas dispostas no meio termo
fios com ou sem edições
notícias respaldos das mentes sãs
condenando o que lhes convêm
desdenhando quando também.

nov 07

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

De Mares a Ilha


De Mares a Ilha

Apenas nada
Mais um pouco
É suficiente
Pode não chegar
Mas tente

Então desiste e volta
Sendo leniente
Não escapa
Pensa em vagar
Rende-se

Agora é preso
Batalha contra a corrente
Atrás das grades
Estático imanente
Transcede

Razão vã enxerga
Talvez cego e louco
A mente apaga
Memória residente
Naufraga.

Afogado encontra-se
Parado ou inerte
Por tanto nada
E não chega a verve
Pois crente.

Maré carrega
Rio fosso
Quer mudar-se
Rio todo
Barra distante
Mas rente.

Uma restante
Rema insistente
Ondas gigantes
Costas plenas
Vai ver-te, pressente.

Presente e guarda
Sozinho noturno
Enquanto aguarda
Longínqua martinica
Oleaginosa e uva.

Do vinho da alma
Da oliva carma
Aquece uníssono
A chama aroma
E à Roma Amore.

Foi preparada
E Agora saiba
Ou antes soubera
Quer lhe ter ao colo
Dormindo a praia.

Saída da ida

Saída da ida

Nunca diga que sempre é difícil
melhor não tentar se não cria coragem
crer é verdade é mais duro que ter
mas criar é ainda pior

Pior no sul do Brasil é melhor

Melhor que o difícil, este apenas o encaminha
para onde não sabe, mas, decerto, é um ida
a volta não ocorre por razões que correm abaixo
a trilha maior é a que segue a linha

Caminha ao lado do bom razoável
trespassa no entanto por terras remexidas
mas seguindo o sentido, sentido na alma
por mais que pareça errado, afaga

Só foge da mais perigosa que a fauna
a flora, a pele e toda a calma
não servem, não emergem ou urgem
no instante em que o terrível viéis
serpenteia, enerva-se e surge

De nada serviu toda a crosta
engole num relapso sem tempo
incita o instinto e aumenta o tormento
atormenta o silêncio e emudece o tempo
ativa o austero barulho do vento
o resto que sobra carniça apodrece

A sorte é de só quem aparece
ilezo, sem sombras, resquícios do baque
e, sem contratempos, espera o ataque
pois soubera que, por mais forte que seja,
quem manda ou ordena é, na natureza,
a soberania da cria auto-didata

Àquela que no ato de fome a mata
com a mordida certa na presa mais fraca.
Passando por perto de tanta desgraça,
aprendendo da luta que cala a mata,
saindo mais vivo à recém-esquecida e inata
sabedoria da vida nongrata que ativa

Aviva-se assim que pernoita
o instinto da insana e profícua floresta
ensina a tinta à mão da cor crua que enfesta
e cerca a todos e os que vão para a ciesta
talvez não retornem para a selva das piedras.

Y.C.
27-06-07

Todo dia toda noite

Todo dia toda noite

Todo acordo sem pé,
Acho que está quebrado.
Todo dia levanto sem mãos,
Talvez estejam algemadas.
Toda noite enxergo brilhar
Mesmo com olhos cerrados.

Todo posso pegar algo pesado
Todo quer conseguir não ser alvejado
Todo inexiste no fim da infinitude
Todo deixa de ser e passa a ser
Todo.

Todo anda descalço e sem medo de tétano
Todo cansa de ver sempre o mesmo teto.
Toda tenta auscultar o sofrimento alheio
Todo é quieto e inerte e sente-se inapto

Todo esquece de ser semente de passado
Todo sente que enverga para apenas um lado
Todo sente que tem algo poderoso em mãos
Todos são como todo: A exceção é a regra.

Y.C.

A dupla feita

A dupla feita

Alto e soberbo, quase esbelto

Bonita e altiva, sempre em pose
A atração é mútua e o desejo
É muito doce, sei o que vejo
Paisagem discreta e reflorestada
Tempo perfeito, terra encantada
Na tentativa de acerto o erro ocorre...

Sem embaraçar que ao vento escorre
O cabelo é pedido com calma e esmo
Pois simples é igual a um e ao mesmo
Tempo os nós desenlaçam a barreira
Das cordas do violeiro soam notas
Sem preconceitos e de pé inteira
Ao folhear das calmas águas
Ruflam os acordes e sopram-se
Ao rio claro e retumbante
Das letras soltas bem dançantes
Sente-se o frio ao lado da curva
Os bancos feitos de ângulos
Descansam e aquecem o inverno
Enquanto ressoa a miragem oeste
E aproxima-se da perda do tato
O sentido máximo desnorteado
Sente-se preso ao imóvel ocaso

A dupla errante beligerante
Odeia tanto quanto a fonte
Do ouro do rápido rio reto
E sem valores tamanha farsa
Ganha o altar perdendo o baixo
Nivelador dos sócios plenos
Perturbador do silêncio eterno
Mas sem mais com licenças
A própria avessa se espelha
E enxerga a si pelo buraco
A fechadura é pouco espaço
Para tanto ingrediente inválido
Sem explicação lógica contínua
Segue a meteorologia e rima
Com a gargalhada do desengano
Curiosa por si e inexplicável por anos.


Yuri Cavour

O que é a cultura senão um consenso?

Análise do capitulo O mundo em pedaços: cultura e política no fim do século, no livro Nova Luz sobre a antropologia (2001), de Clifford Geertz.

O que é a cultura senão um consenso?


O panorama mundial está ficando mais global. E mais dividido. Mais interligado e ao mesmo tempo compartimentalizado. O cosmopolita e o provinciano estão agora unidos. E o crescimento de um proporciona o crescimento do outro. E isto tudo tem grande relação com o crescimento da tecnologia.

Com o desenvolvimento da tecnologia a integração do mundo torna-se evidente. E pequenas alterações, choques, conflitos em lugares geograficamente distantes podem ser sentidas por todo o globo. O mercado financeiro é uma prova disso; mas, conflitos políticos e catástrofes naturais também alteram a realidade de forma local e, agora mais do que nunca, globalmente. A própria media tem seu papel aumentado. (Notamos como exemplo as rebeliões em Egito, Síria e o Oriente Médio por "democracia" ou uma nova forma de governo e as possibilidades de ajuda internacional no caso de desastres como o último grande terremoto no Japão). Notícias transpassam o planeta instantaneamente pela media altamente tecnológica.

Portanto, cada mudança local, que agora é sentida como global, diminui o mundo, o integra. Mas não apenas notícias são globais como empresas são globais, como o capital é global, porque móvel, e as próprias pessoas tornam-se globais, e daí advém o termo “capitalismo sem fronteiras”, ou “aldeia global”. E essa interconexão, esse limite de fronteiras sobreposto interconectando o mundo, cria interdependência. No entanto, não se pode dizer que não há fronteiras.

Não se pode dizer isto porque mesmo sem bordas aparentes, não há de forma idêntica identidade aparente. A aparente integração da “aldeia global” é fraca, porque continuam existindo grupos internos que se localizam, se identificam em uma cultura singular. Porém, demarcar estes territórios para estas culturas não é tarefa fácil, é antes algo arbitrário e impreciso. É, praticamente, uma tarefa impossível. Mas, teoricamente, há solução.

Mesmo a antropologia vem encontrando dificuldades para lidar com essa questão, segundo Geertz. Mesmo assim, sendo a tarefa difícil, não se deve fugir, pelo contrário: deve-se buscar compreender a realidade de um mundo intrincado e diverso em simultâneo. Mesmo com a globalização do mercado financeiro, industrial ou tecnológico, as culturas persistem, continuam diferentes, se diferenciam, são diversas. Porque “quanto mais as coisas se juntam, mas ficam separadas: o mundo uniforme não está muito mais próximo do que a sociedade sem classes.” (Geertz, 2001, pp217).

Segundo Geertz, a antropologia se vê atrapalhada para lidar com a organização da cultura no mundo moderno pois durante sua própria história não foi encontrada a melhor maneira de se pensar sobre a cultura. Geertz então apresenta como se pensava a cultura no século XIX e parte do XX, como oposição a natureza, e o seu distanciamento dela como sinônimo de progresso, e como após a I Guerra Mundial, com o crescimento do trabalho de campo, passou-se a utilizar o termo no plural. Como “organismos sociais, cristais semióticos, micromundos,” cultura como o que um povo tem e mantém em comum. A concepção genérica deu lugar a concepção confugurativista.

No entanto, após a II Guerra Mundial, a concepção configurativista esmaeceu porque novas configurações de Estado agora delimitavam culturas. Foi tentado explicar minorias dispersas como tendo caráter único, porém não houve sucesso. A totalidade da cultura não existe sem o Estado e sociedades nas quais aquela está inserida. Culturas não têm pontilhados as delimitando, nem mesmo os Estados verdadeiramente mais o têm. O que cria a identidade de uma cultura, de um povo, de um indivíduo é agora a própria visão como contrastantes ao outro.

O mundo contemporâneo é fragmento, e não há lugar para a visão configurativista do tipo dos “ Argonautas do Pacífico Ocidental”; o território compactado, o tradicionalismo situado não mais dizem respeito à fronteiras para culturas, não há sequer identidade cultural integral mais. O que parece identificar o coletivo é a fissura, justamente o oposto da integração. Quer-se manter a ordem da diferença no mundo capitalista sem fronteira.

Não se consegue compreender logicamente como opera o mundo moderno, com o amontoado de diferenças querendo prevalecer sobre outro amontoado. E sem o entendimento do mundo numa teoria política consistente o rumo do planeta torna-se totalmente desconhecido. A antropologia pode então contribuir com a sua visão que vai além do óbvio, do mais aceito ou querido. A história do Ocidente não é a história de todo o mundo. Há uma nova visão, uma revisão. A recomposição africana e asiática após as descolonizações talvez venham mudar esta visão do mundo ocidental dramaticamente.

Na África o demarcação territorial foi arbitrária e povos ficaram deslocados. Em Estados diferentes etnias antes unas, agora se separam ou se unem a outras antes distantes. Essa realocação de pessoas, e junto com elas de culturas, é uma marca homogênea criadora de heterogeneidade na história recente do continente africano. E ela é visível porque ainda está ocorrendo, e problemas surgindo, e não está acabada, como a união da Alemanha com Bismarck há quase dois séculos.

Ainda, há níveis e níveis de heterogeneidade, e é difícil saber arrumá-los. Caixas sobre caixas de detalhes separadores de visões de mundo se avolumam dentro de uma heterogeneidade avassaladora. O consenso é difícil de ser enxergado e apontado, para Geertz, na maioria das vezes. A variável dependente é o ponto de vista esmerilhado, o interesse sobrepujante para a definição de uma identidade num quadro.

Na emergência do texto, Geertz cita o exemplo da Indonésia, e a dificuldade que ele encontrou quando estudou tal país para preencher o quadro das identidades. Geertz cita o variegado contingente cultural e as inúmeras cosmovisões, modos de encarar a vida, ideias concebendo o mundo, distintas e inconsistentes também geograficamente por se tratar de um arquipélago, para afirmar que apesar de toda a dificuldade a tarefa dele é essa mesma: buscar compreender o que os mantém até hoje unidos satisfatoriamente em um mesmo Estado. E aplica um método para dar vida ao discurso dos “povos e culturas”.

Então, ao explicar a indexação, ou fichamento para dar lógica ao entendimento da organização, ou classificação feita pelo estudo antropológico, Geertz chega a uma definição de grupo consensual mínimo como sendo sinônimo do que se chama “cultura” e grupo consensual máximo, que é chamado de “Nação” ou “Estado” (Geertz, 2001, pp221). Os detalhes embutidos nos arquivos dessas fichas de arranjo, no entanto, ficam de fora.

E justamente aí, nos povos imiscuídos, se encontram o todo irregular, indefinido que tendo regras e interpretações de funcionamento do Estado e da ordem absorvido subjetivamente, constroem uma identidade da dessemelhança. Portanto, vários grupos diferentes interpretam objetiva e subjetivamente regras de convívio, e criam laços fragilmente dados pelos desníveis destas interpretações. O consenso é justamente a variedade interpretando a realidade e amenizando subjetividades.

E para Geertz, a imagem de conflitos, de microrrealidades lado a lado, da Indonésia, é uma imagem do mundo moderno. Bem como naquele país, em França, na Itália, nos Estados Unidos, os provincianismos, a mistura étnica, religiosas, culturais tentam conviver pacificamente. Geertz vê que a política precisa sair do mundo do pensamento exato e cair na realidade inexata, e tentar pensar ela, de fato. E para tanto a antropologia contribui implicando a “política prática de conciliação cultural” (Geertz, 2001, pp 224). E esta política terá que agir de acordo com a época na qual está situada. E também deve ter metas e diagnósticos precisos.

Na sequência da análise, são apontadas algumas formas de ordem lógica que esta política prática deveria conduzir, antes deduzindo o objeto do estudo. E então, esta política deve ser capaz de açambarcar o mundo estilhaçado, mostrando-o um caminho seguro a seguir, onde há duas tendências, a saber, a primeira onde as diferenças possam conviver, ou, na outra tendência, os pontilhismos da cultura puro sangue se recomponham.

Por fim, Geertz esboça como um liberalismo social-democrata, no seu caráter equalizador de oportunidades, neutro como Estado no que diz respeito às crenças, com seu apelo à liberdade, favorável à lei e à universalidade dos direitos humanos, falando ao menos em teoria, poderia sobreviver em tal política supracitada. E Geertz acha que este liberalismo é necessário, e não apenas possível.

Por fim, a questão da sobrevivênca deste liberalismo como posto acima, recai no modo singular de cada local, cada autor, cada intérprete, sem deixar cair por terra o significado da palavra, sem desvirtuá-lo e sem significar relativismo. E, também, não se pode confundir o alvo com a pontaria, o desejo com a realização: a discussão política deve ser séria, estar no plano do real, atual e local.

Portanto, parece-nos que para Geertz, a compreensão perfeita do liberalismo indica aceitar um modo de se pensar estabelecido longa, razoável, e coerentemente como algo que o próprio ser humano vivendo no mundo ocidental, e confrontando suas experiências, identificou como sendo sinônimo de melhor para convivência em sociedade, que significa em outras palavras “a obrigação moral de ter esperança” (Geertz, 2001, pp227).


sábado, 30 de julho de 2011

Chance

Chance

Um frio que me dá
um vazio.
Preencher o meu pensar contigo,
não comigo,
É a resposta digna e,
insisto,
Sem saber como começar
meu verso.

Em você não sei parar,
não freio meu pensar:
Acentua mais
suas  c
        ur
       vas.
Quero admirar-te e digo
Qualquer sílaba ou soar
contido.

Ouvir seu sotaque
deixa-me
À beira de um ataque
cardíaco.
Mas a dor que sentiria
esqueço
Paralisando meu olhar
no seu.

Por favor, vou pedir-te
Para ficar até mais tarde...
Conversando ou jogando,
sem regras.
Tentando captar do amor,
às cegas,
Verdadeiros e infinitos
sentidos
Em minhas trêmulas ondas
vocais.

Yuri Cavour

08-04-08

Iguala você

Iguala você

Idêntico, idêntica 'a você é a minha vontade
vontade de correr para... você sabe...
você sabe o que eu penso e por quê...
porque como a sua letra firme escreve
o que somente a sua letra firme consegue
eu não consigo mais crer-porém
por entre vários lugares-anos
a nós foi dado também o recado
e cada lado é simétrico e vale
a pena refletir o novo
porque o antigo cansa e pede...
pede para você dizer que manda
manda você pedir ajuda
ajuda você a ser igual
igual 'a diferença que procuro
e idêntica ' a minha vontade
você sabe...


Yuri Cavour

Morna e Doce

Morna e Doce

Tensas as vibrações são das cordas donas
Imensas as quebrantes dos altos mares
Marcas atenuantes das noções profundas
A extasiante milha é percorrida
Ao pé dos calcanhares frágeis
Correndo ao caminho das pedras
as águas se encontram com as léguas
E chocam-se umas nas outras, lentas
Tremendo a subaquática esperança
Trazendo dos respingos os soluços
Que salgam e sempre aliviam
A dor ou a sensação de alegria
No fim da última gota quente
O esboço de um sorriso
Demonstra que nem somente
o dono do prejuízo
escapa lesado e satisfeito
Pois sabe fazer melhor direito,
quebrar a frequência
e tomar a atitude.

Esquece-se o poeta

Esquece-se o poeta

O poeta é o egoísmo do sentimento exarcebado.
Um egoísmo coletivo, racional e em si inspirado.
Algo tangenciando os momentos exagerados;
Tudo parece mais importante se anotado.

Mas, esse egoísmo, compartilha, com todos,
Os vãos dizeres ingratos, os muitos absortos,
As alegrias contadas e os trocadilhos depostos;
Todos os espaços preenchidos, sem falar
Do outro,
Todas as lacunas consentidas, por tratar
do pouco,
Com um amplo sentido.

O paradoxo do avesso.
O oposto do reflexo.
O próprio erro
acusando-se emérito.

Mas, um sentido esquecido é o correto:
o de não haver sentido na forma e nas frases,
de não ser preciso. Descrever é o que fazes.
Pois, sem todos os quotidianos tristes,
não sobram todas as tênues verdades;
e, sem as boas perspectivas vividas,
só restam as mal planejadas viagens.

Contudo, o poeta, mudo, estrapola,
grita no asbismo, no escuro, no ato
Conta ao mundo, em silêncio, a rota
daquele esquecido no canto, largado:
De início, observa; por fim, disserta;
O princípio se conserva;
O ultimato se posterga...
Respire fundo e sinta
O ar imundo também inspira
o mundo a mover-se...
contrário!



Yuri Cavour
(repost 08-04-08)

Admiragem mulher

Admiragem mulher

Você é aquilo que não pode ser apontado;
Eu sou o esquecido, de lado, não achado.
Vejo-te nas estrelas, constelações, infinito;
Jogo-me num canteiro, numa esquina, no bueiro.
Queria igualar-te, entender-te, possuir-te;
Mas, só posso almejar-te, inspirar-me e confundir-me.
É o seu cheiro, seu gosto, seu conter, sua pureza
o que me atreve a tentar, à penas, descrevê-la.
Mas tudo é pouco, sempre é vago e lhe ver não posso;
Nem nos meus sonhos formo sua imagem perfeitamente.

Sua presença é além, extasiante, inquietante,
Sinto-te aquecendo-me como um novo sol.
Suas procelas são marcantes, mas seu relampejo
É tudo o que, por lapso de consciência, vejo.
Sua magnitude impressionante realça
minha insignificante cia: parte poeira, parte pó.
Cobrindo o espaço e vencendo o tempo,
[ dando nós.

Tê-la ao meu lado seria a honra que justifica,
A razão da arte e a irracionalidade do artista.
Explica a morte e replica a vida:
suas palavras e seu dom mais digno.

Yuri Cavour

Bem reportado

Bem reportado

Nova hora segundos rápidos
uma breve história em um relato
À seguir a onda será grande
Avassaladora a próxima grade
Após o intervalo mais tragédias
o dia-dia est´ encurtand a vid
Não cabe mais acento no tema
Passe ao conseguinte e recente
Esta vale um bônus e uma recompensa
Mesmo sendo a repetição intencional
O que a mente repete a mente repete
A mente está se repetindo ao ouvir
A mente se repetindo e a ti não vê

não percebe porque é igual

Não é diferente e não está fora
É sim indiferente e está perto
São inanimados fantoches magos
Hipnotizadores mestres e mágicos
As Mímicas de sempre com realce
A semi-toda quase-inteira desintenção
Comover o instinto a agir sem pensar
Remover o pensamento e corroborar
À corrupção; Não tem mais saída.
Puxe o tapete e revele, o filme
é trágico se não fosse cômico
Seria ruim se já não é péssimo
O modo de controle não demanda o certo
Contanto que funcione e ordene o esperto
O que pensa que pensa porque diz o que pensa
Sem pensar o que diz e sem pensar no que diz

Yuri Cavour
set 07

Salva-guarda

Salva-guarda

Há com certeza uma sensação no ar:
ou é a leveza ou o próprio pesar.
Sendo o cancro incrustado retifica
e acertivo no alvo o destrói, elimina.

Quanto ao tato, o sentimento não vê.
Tendo em vista, no ato, seu imundo viver.
Maré digna da onda que escorre espuma,
vem consigo forçando a fraca e poluta
água barro de coloração, e enxuta
de querer, sem vontade de verde.

Volvendo à tona vêm o grão fundo:
se credita sucesso, engana o sujo
enquanto limpa o dano causado antes,
contamina um brusco ofuscado. Nado,
em vão, para a praia sentir o cheiro
que de longe faz alusão ao contrário
e contido no sumário do sempre temido.

O odor deixa marcas no fundo assoalho
e enferruja o mastro, que indica ao norte
se é boa ou má a que esvai apenas por sorte.

Nuvem espessa, cinzenta, recoberta de raios;
neblina confusa, desrespeita as veladas
ou investidas em um relâmpago, gotejos.
O horizonte não mais existe, nem eu o vejo;
tão de pressa quanto duradouro, desaparece.
Similar ao peixe esguio, a ajuda, enoitece:
há, decerto, um misterioso que a noite traz
para encontrar com o singelo medo fugaz.

Nova onda de aurora limpa e incadescente.
Sol à bordo, à pino e outrora incessante.
Outorgado o dever do direito sobre a vida,
a alta glória, sozinha, clareia verticais águas,
maiores que antes que náu mais defraga.

Não afoga ainda pela bêbada náusea.
Serve agora à embebida na alma.

Vencida a vontade resta a calma
certeira, flutua onde uma pobre ilha
Avistada se precipita, e serve à quilha.
À calhar, o rochedo se importa simplista.
Encalhar é ter medo da razão translúcida.

Se tranparente não é bom, que sirva adiante.
O próximo pode não haver, intencionalmente.
E o lograr, sem convictos combatentes,
denota viés a forçosos e valentes.
que ostentam ser algo, mas apenas em mente.

Yuri Cavour
25-09-07

terça-feira, 19 de julho de 2011

De Petróglifos em SC à sabedoria oriental.






De Petróglifos em SC à sabedoria oriental.

Creio que o mais interessante é ler esta placa (Clique para ampliar) e verificar a possível coincidência. Pela antropologia biológica há uma possibilidade de não ser coincidência.

Talvez os mesmos inventores ou descobridores desses pontos, ou plexos, do corpo humano na parte oriental da Terra tenham, em tempos antigos, atravessado o oceano Pacífico, e não pela América do Norte, mas pela do Sul chegado de barco contornando o continente, se estabelecendo no litoral, e disseminando seu conhecimento.

O curioso é que há registros fósseis no Nordeste do Brasil de vestígios de culturas humanas com mais de 30 mil anos, e no litoral Sul, em Florianópolis mais exatamente, há petróglifos estimados com idades em 5 mil anos. Enquanto isso, diz a teoria mais famosa que a América do Norte foi colonizada através do estreito de Beiring há não mais de 27 mil anos.




Enfim, a dúvida é se se chegou as mesmas descobertas ou conclusões dos plexos ou se esse conhecimento tido como oriental se difundiu eras atrás cá no litoral sul sul-americano. Pois, todos sabemos que as culturas hindu e chinesas já ensinam sobre esses elementos de equilíbrio do corpo há mais ou menos 5 mil anos.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Amanhecer à Praia


Amanhecer à Praia

O silêncio imposto pelo Sol é mesmo genioso, já se anotara.
Mas agora o silêncio parece incomodar:
Não se fica satisfeito quando a contumaz enérgica mente é interrompida.
Não se está acostumado aos refreios.
Mas eles são necessários.
São vias de escape.
Válvulas liberadoras de pressão.
Repensamentos.

Esquecer é também tomar fôlego.
Por isso mergulhar ao gelo é aliviante no verão.
Um choque de energias vão sucumbindo ao léu.
Uma redundante ideia atravessada pode ser ferida, conferida, recortada;
Tal incomodante e veloz serpente à mente é posta à espera
E de supina pode ser desmantelada.
Isto ocorre no meio do caminho, geralmente.
Quando a pedra invisível é reticente.
E depois de todas as conchas e pedras nas canelas
A calmaria pode instalar-se.
No mergulhar-se.

O respiro da paz é da garça copiado.
Pois, junto aos fados da vida citadina, ficam as memórias repentinas.
E em câmera lenta, como as ondas quebrantes, abreviam-se
quaisquer
                redemoinhos
 ainda                            presentes.
Dá-se tempo ao tempo e o tempo que for necessário
Numa estrofe sem fim aparente.
Porque nessas pressas do cotidiano se esquece o que não se deve: 
Esquece-se que a vida não é perene...
Porque nessas pressas do cotidiano inventa-se que se deve.
Inventa-se que se deve ter compromissos incumpríveis!...

Que sirva então a praia ao recaminho!
Seja a lição apreendida por instinto,
Ao contemplar a passagem, ao se guiar à paisagem;
Ao não viver à paisana!
Seja apreendida por filosofia, ao ler poesia.
Quer queira quer não marota...

Restando a última ciência ser completa, a astronômica,
Que de seus inúmeros satélites as boas ideias surjam!
Siderais! Causando eclipse nas demais antigas!

O silêncio perpétuo do Sol nascente não pede licença à Praia:
Impõe-se.
Derrubando satelitais ideias que, antes de orientarem, confundiam.
E ao invés de informações confiáveis, jogavam dados brutos.
Os quais só na Praia podem ser descodificados.

Portanto, a Praia desencripta torrentes de bits desnecessárias.
Ao mesmo tempo, torna líquida qualquer solução não diluída.
Pede uma chance para o simples ser pensado em prioridade.
Afirma serenamente num paradoxo: veja como o instinto ainda comanda:
As gaivotas planam para pensar...
E, no fim, caçar novas presas...
Que foram ideias...
Transmutadas!


Y.C.O. 

Shiii: amanhecer ao novo


Shiii: amanhecer ao novo

Retira-se o terno preto, de preferência sem riscos.
Todas as formas não tem medida certa.
Um termo parece solto: "dê preferência": o triângulo.
E a única certeza é o fim da certeza.

As léguas estão escritas em placas verdes.
Os quilômetros encaminharam,
E as rodas automotoras, bicicletas e a pés desapareceram.
Nas noites de antemão sabidas,
a canção pedia para seguir estrelas,
e elas nos levariam ao anonimato:
Todas as constelações lá estão e no entanto não existem.
O seu eterno tempo já passou,
[como os vírus.

Nos cristais virulizados não há vida e há movimento.
Um paradoxo maior da física biológica de lógica desconhecida.
Da vida o movimento precedeu.

Naquelas mesmas noites, a duração padecia de humores;
Se o tédio corroborasse a ideia perderia o acento,
E seria morta pela eficiência e produtividade avessas.

Coloque as vírgulas onde lhe for conveniente, dissera ele.

Mas, devido às incompetências gramaticais do tédio, ele sossobrou.
Ganhou virtudes, erguendo o novo ao pódium.
E no movimento do novo, fez-se.
Entoemo-lo, às vezes.
O tédio também é produtivo, se copiara.

Essa eternidade é agoniante quando a duração é uma desmedida de possibilidades.

Assim arrumadas, as ideias perdidas se caçoam, apregoam peças, pregam sustos
E na maior das calmas da manhã, o som do silêncio pode ser arrepiante.

Então todas as vagas ideias se envergonham ao nascer do Sol.
Somem com a sua ceguidez. E as vagas curvam-se lentamente em respeito.
Parecendo então do novo, os lugares se chocam.
A beleza aparenta única.

Pois, é nos assobios dos primeiros voadores que o silêncio se decompõe.
Cambaleante junto ao mar, recém-desperto.
Logo, logo aquelas desditas ideias reconfiguram-se.
Tornam-se produções e se deletam inverdades:
O silêncio imposto pelo Sol é mesmo genioso:
Shiii!, canta o Sol...
Em silêncio...

Yuri Cavour

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Língua portuguesa

Uma vez lembro-me de ter chamado a inculta e bela língua portuguesa de tensa e vil. E fui mui repreendido por isso, textualmente. Acontece que, para mim, ela é tensa e vil no mesmo sentido de Olavo Bilac, a afirmando inculta e bela.

A tensão é, no caso, adjetivo que diz que as formas de flexão podem ser tantas que chegam a enganar, sendo, portanto, má, vil. A tensão é nesse sentido inculta, porque variações da flexão formam os casos de exceção, que confundem em não raras oportunidades aos mais diversos escritores. No entanto, ela traz consigo a beleza sonora multiforme, dos sotaques.

A única coisa de má na língua é que justamente a sua beleza parece cansar, às vezes. Porque demais perfeita. Onde está o erro do português? Certamente foi em chegar “em dia de chuva”, e cobrir os índios. A vileza da língua se faz presente, por outro lado, na sua expatriação. O português em Portugal é um pouco diferente do português no Brasil, apesar de ser gramatica e/ou teoricamente o mesmo. Basta uma lida breve em sítios da rede de computadores para ver a necessidade da "tradução".

A língua, ainda, é tensa porque tem pronomes reflexivos raramente bem colocados. Não se sabe puxá-los adequadamente. É comum faltar espaço após os pontos de interrogação, dois pontos, ou pontos e vírgulas. Colocar as palavras que antes possuíam hífen no plural é outra dificuldade digna de admoestação para inúmeros alfabetizados em português. No mais, esquecem-se acentos, letras maiúsculas, vírgulas são gulosamente comidas e o sentido falta.

A beleza da língua escrita é acompanhada por uma destirrostra trajetória, como já se escrevera aqui antes. O pulsar da língua é distinto. Sua sonoridade é plástica. Suas possibilidades de metáforas são irradiantes. E o infinito parece o limite, no limite do paradoxo.

Portanto, quando se fala errado, fala-se errado. Quando se fala certo, fala-se certo. E não há discussão quanto a isso. O importante é que a linguagem não se perca, e que a mensagem seja transmitida. Que haja entendimento. Se for para isso que serve a norma culta, como preconizam os gramáticos, que ela seja usada no seu último grau. E atualizada.

Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.