"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

FatoReal

FatoReal ou Perspectiva de Rã


Aonde foi parar a crítica e o senso de ridículo que antes andavam de mãos atadas? Será que se perderam num conto de fadas, numa dimensão estranha como o tempo, ou foram aniquilados por truculentos assassinos? O que se percebe é que a vergonha está agora atuando na sua forma pervertida, está atuando em mentes fracas e as hipnotizando. A vergonha está no ar e a falta dela em solo firme afirma seus passos, deixa arquipélagas marcas. Tão salientes marcas e com desníveis inimagináveis que somente o humor é capaz de sobreviver a estas profundezas.

Em que lugar será que os heróis estão se escondendo, ou qual será o problema de mostrá-los? Pois, parece que não existem mais, a não ser no cinema, com avatares improváveis, superpoderes esdrúxulos e ações impensáveis para salvar o que não precisa ser salvo, os tolos seres temerosos de seus congêneres e exaltadores de seus alteregos.

Quer dizer, aqueles homens e mulheres que um dia caminhavam sobre a terra pensando, sentavam em suas cadeiras criando e entoavam seus discursos agindo simplesmente sumiram, desapareceram ou evaporaram. Ou pior, foram sugados por uma opinião pública que não existe e insiste que existe. As batalhas não serão mais vencidas pelos seres que gastavam seus neurônios e esquentavam suas cadeiras para pensar em algo produtivo, pois agora luta-se por produzir cadeiras mais frutíferas e gastar neurônios em fumaça: a mulher-melancia-melão anda fumando maconha, e ainda está na capa dos jornais, revistas e na boca do sábio povo.

Desta feita, é difícil acreditar que a sabedoria da voz divina, a do povo, é algo séria, é real. Este tipo de sabedoria está longe de uma moral, qualquer que seja ela, de uma noção realidade, de justiça, de princípios, de lei; muito pelo contrário, teme-se a lei como se ela fosse nos abater, quando na verdade temos que descobri-la para poder então respeitá-la, quando admirá-la não for o bastante. A lei é uma descoberta para o bem. Mas não há mais lei. Não se quer lei. O que se quer é desleixo.

Então sobra o humor. O humor não se confunde porque quer tirar o sarro daqueles que cometem o imprevisto achando que não há problema algum desde que ninguém fique sabendo. Estas vítimas do humor riem de si mesmo sem saber, afinal não creem nem em si, nem se respeitam. E o desrespeito para consigo é a primeira chance para o delito, para o roubo ou a matança encruzilharem a esperança. E estes trilhos com trens em alta velocidade acabam se chocando, mas chocam ainda mais aos demais audientes da tragédia. O sangue jorra para todos os lados, mas os médicos estão mais preocupados é com a contaminação iminente do que com estancar o problema, pois julgam que o ferimento é mortal e o melhor a fazer é resguardar os demais. Mas assim são acusados de displicentes, condenados por inação.

No entanto, a ação deles é soberana. Somente ela decide quem sobreviverá. E merece sobreviver um ser fugitivo do caráter, ou cúmplice da inescropulosidade? Não. Mas tomara que sejam identificados corretamente. Porque o cúmulo do azar é punir a vítima do crime com a prisão perpétua da ignorância e da tolice. Procurar por indivíduos capazes de orientar desde a educação à diversão é tarefa inglória se a crença irracional de que não existe cura para a doença acerba na sociedade sobressai. Parece um sonho nobre se a realidade é pobre de espírito e a falsidade cobre, anula a vontade.

Num mundo estranho assim, de aparências importando mais, de luz sobre trevas, o óbvio é a doença da cegueira tomar conta. Até que chegue um ponto máximo onde não há mais escapatória e a própria falta de vergonha pregue uma peça em si e denuncie um ato funesto apenas para se divertir. O humor sobressaindo de novo, desta vez para o bem. Aos poucos volta-se a enxergar, revolta-se e o mar arrasta a sujeira ao leme.

O comando varia. Agora nadando na nata está o rato, tentando escapar. Mas com suas mãos atadas com a pessoa errada, não restará nada a não ser se afogar. E ele insiste praticando movimentos rápidos, continua vacilando e cansa. Afoga-se a sós. Mas num repente, quando está indo para o mundo das punições, encontra lá seus comparsas e logo tem uma visão sublime: "-Arquitetemos em silêncio um novo plano maldito e rebaixemos a curiosidade alheia a nossos pés, assim consiguiremos trazer para o nosso nível o terreno das ideias ferteis..." E a rotina atina.

Pronto. O nível foi rebaixado mais uma vez porque foi-se embaixo do tapete vigiar a sujeira e a curiosidade deixou escapar um pó contagiante, doentio e preocupante. A lei foi descumprida, um bandido condenado fugiu para o paraíso. E a busca retorna ao lume, perseguindo este ser que por onde passa é visto porque brilha. Brilha de tanto ouro revestindo seus dentes, de sorriso amarelo e convincente. Ganha prêmios, é eleito presidente do grêmio dos ignorantes. E, destoante, caminha pela praia pretendendo turista. Compra um Audi e é benquisto. Persegue as páginas da verdade com seu ar de falsidade, e semblante amendrontador. Engana a todos do orgulho verdadeiro.

Este safo é bem diferente de um herói de um povo. É na verdade a encarnação da vergonha de um povo. Porém, dominando pelo saber-poder comanda este povo que nasceu de um mesmo ovo, mas rachou no lado mais frágil e primeiro ficou desprotegido. Agora sente o frio na pele a todo instante. Sente um medo horripilante. A necessidade de um líder faz-se presente e de fato surge um, inspirado no passado, de verdadeiros heróis. De homens e mulheres determinados e determinantes para o sucesso do saber e do bem, em concomitância.

Homens e mulheres assim tinham na mente apenas os sentimentos verdadeiros, elevados. Mas hoje são peças dispensadas pela eleição das hipocrisias soterrantes. Em vez de heróis vemos diletantes no poder. Praticam uma arte sem savoir-faire . Fazem pouco por merecer premiações. No entretanto, quando ainda assim surge no fundo da caixa pandoreana um resquício da esperança, ela é desacreditada. E sussura-se ao pé de seu ouvido: "a esperança é a única que morre...".

E nobelianos são criticados ferozmente e popusudos viram estrelas elegantes.

Por favor, atemo-nos às verdadeiras preocupações: quando chover forte a água não terá para onde escapar e ficaremos ilhados!

Ainda assim tomaremos sol na praia destas ilhas, ora pois! Não se preocupe demais, as coisas se resolvem. Para o bem ou para o mal elas se resolvem. Basta ação na claquete do filme chamado vida.



Yuri Cavour





savoir-faire =saber fazer

Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.