"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O homem faz necessidade?

O homem faz necessidade?
Este texto é mais informal. De fato, é uma resposta a uma amiga em e-mails. Por isso o começo com um corte com a palavra "porém"...

O homem faz necessidade?


"...O importante é que, ao menos na minha humilde pessoa, a instabilidade da definição das categorias desses espaços produz bastante stress..." E eu assino embaixo e completo com:

Porém, ter tempo de sobra para fazer o que "se quer" é bom, raro e perigoso. Se concordarmos em tentar mudar o mundo para melhor, nos perdemos. Nos perdemos pois o nosso melhor pode ser o pior de alguém. Justamente esta indefinição posicional nos encabula ao ponto de nos acharmos no direito de definir o que é e o que não é. O que é justo; o que não é justo. O que é real, o que não é real.

O lado bom é subjetivo. O lado raro é financeiro. O lado perigoso é revolucionário. E todos os lados pertencem a um lado maior nesta vida geométrica, e limitada. O limite é necessário porque foi compreendido pela maioria como sendo. E nem toda unanimidade é burra, a não ser a exceção à regra! E esta frase foi paradoxal? De propósito? Qual?

Vivemos no mundo materialista, consumerista, capitalista, socialista, deísta, criacionista, altruísta, egoísta: vivemos na contradição.
O dizer é soberano mas tem um limite. A contradição é o limite do dizer. E o dizer se diz sábio, mas assim torna-se tolo, contradiz-se. As pessoas são contraditórias o tempo todo e não percebem. E isto é devido a urgência da vida alienada a algo maior. E sempre há algo maior impedindo que avancemos em uma direção inexistente aparentemente(direção ao infinitum). Daí a abstração, a infinitude do pensamento. O limite não contem o pensamento.
O pensamento posiciona-se arrogantemente fora de um limite.

Estresse, stress, nervosismo, racionalidade demasiada. Todos sinônimos. Estamos animais e não queremos esta categoria? Liberte-se da sede, diz uma marca de bebidas por aí... mas isto é obviamente impossível. Se você se libertar de sua sede, você morre. A sede é o viver. E isso pode ser entendido como: aproveite para viver enquanto há tempo, pois, após isto, não há. Não há. Não há nada: O mundinho carpediemsiano descrente em uma salvação divina e em uma ressureição imaterial; e crente em um tempo apenas, o tempo cronológico. A lógica do Cronos, dono da maldade necessária e estritamente humana.

O Ser hermético? Hermético é o pote que comporta as cerejas! Não existe nada de mais, nem demais e nem Sangue tipo D+. Limite todos têm. Mesmo não o conhecendo intimamente, sentimo-lo. E, talvez, você também assim seja. O limite que "conheço em mim" é o do meu universo, mas, com o advento da rede mundial de computadores, percebe-se a inexistência de um limite real. O limite real é um instinto, de segurança, descrente; As especulações movem aquilo que não existe e aquilo que existe, e assim o que parecia não existir, ou de fato não existia, passa a existir. E o limite mais uma vez surge como consenso para apaziguar o ser irascível. Apaziguemos os vírus cibernéticos, e consideremos os não-cibernéticos hibernando quando não ativos. E ambos são importantes apenas quando humanos o detectam.

Mas um ser irascível não acredita em sentimentos, e torna obsoleto o líquido salgado que escorre pelas glândulas lacrimais. E torna obsoleto a poesia da vida e a vida de poesia, e torna tudo tão frio quanto, ou mais do que, o próprio frio - que não existe, é psicológico!... A frieza pede um minuto de atenção para a racionalidade e ambas tornam-se amigas para sempre. A loucura acomete seres. Talvez os seres loucos sejam os donos da razão. E isso pode ser paradoxalmente um problema e uma solução.

A razão dos loucos não tem limite, nem o infinitesimal. A divisão das idéias loucas associadas sem lógica aparente demonstra que a lógica é, apenas, aparente. E tudo que é aparente pode enganar os mais desavisados. Daí a aparência do tempo ser um problema. Daí as aparências se relevarem sobre as relevâncias verdadeiras. E uma verdade que pretende ser como tal é falsa. E a falsidade é a única verdade possível, em meio a um mundo de aparências (ou em "um meio mundo").

Um mundo de medo do ódio insdiscriminável, do instinto dominando a ação coerente com a política do bem. E o bem vence o mal quando tenta superar a própria existência. Ou melhor, a existência própria, adequada. Aquela que se adequa, adapta à conjetura e injeta novo sangue com novas substâncias, as quais agirão... de acordo com a necessidade! A necesidade faz o homem. As mulheres são belas necessidades, por sinal.

E o fim irônico e ridículo é absolutamente desnecessário. Totalmente machista e nada a favor do equilíbrio de gênero. Mas é claro que os homens são superiores. A força impõe sobre a fraqueza seu número, e daí começa o animal político. O animal unigenérico: único e genérico em simultâneo!


- Dez. 2008
Postado por ycavour às 03:04 0 comentários
atualizado 05:23 7/1/08

domingo, 14 de dezembro de 2008

Cota, de onde vem essa palavra?

Cota, de onde vem essa palavra?

Algumas palavras perdem seu valor quando não bem compreendidas ou apreendidas. A palavra cota parece sofrer com esse mal. A palavra hoje carrega um peso semântico ínfimo, e um peso político absurdo. O tema central de todas as discussões relevantes as quais dizem respeito à Educação do país perpassam por este pequeno vocábulo, composto por duas vogais e duas consoantes.

As consonontais diferenças das opiniões a respeito do assunto em voga lembram a mais forma pura e a mais pura forma da representação cínica humana. O ser humano é um animal: cínico.
Este ser, quando sente-se ameaçado, dificilmente abre o peito e domina a pelota com calma; muito pelo contrário, ataca violentamente a redonda com a cabeça, quadrada cabeça. E a redonda atende pelo nome de: interesse sobrepujante sobre ser de idêntica espécie, ou ameaça iminente e eminente.

A partir do momento em que enxerga a presenç'ameaça, invísivel, confabula com outros seres com pensamentos sinonimais um plano de fuga, um julgamento dos in justus e uma sentença de condenação. E, então, utiliza-se da sua primeva característica para sobrelevar-se.

O ser cínico não emite contrações nem tremulações musculares por desperdício. Não é capaz de descongelar o próprio cérebro para cozer melhor os pensamentos, deixá-los em fogo brando, até atingirem seu ponto ideal de preparo e comilância. Este ser é apressado e teme o mais próximo como se ele fosse o mais pródigo. E, então, elabora seu são plano, julgando e vencendo, rapidamente ( antes mesmo de o próprio tempo poder ser compreendido).

O plano elaborado é irradiado pela eloquência e pelo discurso sofístico. Deste feitio, os réus, durante o julgamento, cochilam, sabendo do veredicto pela jurisprudência inequívoca dos elevados donos do universo terreno, os imaculados árbitros do destino humano.

Assim, à justiça plena, prossegue a cintilante tentativa errante de direcionar e dar sentido à experiência vital e humana. E palavras em desencontro cabem numa mesma frase, com sentido, pontos e ideias verdadeiras, ainda que irônicas, apresentadas e por todos compreendidas.

Quer dizer, a última palavra não foi compreendida. Apesar de estar se referindo ao seu homônimo, o seu valor semântico não é idêntico. E a interpretação subjetiva interpõe outro ponto sobre a gramática: um ponto de interrogação do tamhanho da dúvida. Será mesmo toda interpretação subjetiva? Talvez a subjetividade tenha uma relação estreita com a característica mór do ser humano. O ser cheio de dúvidas... e cínico!

Após esta digressão, a discussão sobre a validade ou não de um sistema de cotas em universidades públicas perde todo o sentido. Trata-se de cinismo.

A educação deve mesmo ser de qualidade no ensino básico, ou deve mesmo ser diferenciada no ensino superior. Ou deve mesmo haver cotas para suprir as desigualdades étnicas, econômicas e reais da população brasileira. Mas, quanto a desigualdade ética na natureza humana, não deve-se discutir, pois, não há. Onde está o consenso em afirmações tão óbvias e contraposicionadas?

Não haverá consenso nessas afirmações. Há consenso nesta afirmação: o correto é que a Educação em nosso país deve. E muito!

Cota, de onde vem essa palavra? E, ainda, para onde ela quer ir?

Yuri Cavour
- Dezembro 2008

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Imensidão

Imensidão

Não havia nuvens,
Ainda bem!
A imensidão de luzes,
Eu vejo bem!
E o sono bate forte
e traz a insensatez.
Esta é de tal sorte,
Transforma a lucidez!
E traz o norte ao sul,
e o modifica de vez...
Em quando, chega,
Em sempre, foge.
Mas é mais amiga,
E a imaginação vai
Longe... Tudo pela luz,
Pela imensidão, do sono,
Da insensatez, e pelo fim,
Da imaginação.
Ela vem junto, e sobra.
Seu peso é amorfo,
Mas deixa sombra.
Porque criativa, cativa,
E mostra, sem medo,
A intenção, o segredo,
E nada mais existe.

A lua não nascia,
Ainda bem!
Caso contrário,
Não veria bem!
Não há mais sono,
Há sensatez.
A imagem some,
E desaparece, de vez,
A Imaginação.
Onde ela está?
Não sei, mas quem?!
De onde veio,
Para e por onde vem?
Na minha mente a chance
Corta o caminho num desmanche,
E tudo aparece no fim...
Infinito... A história, que, repito,
Remete-nos à imensidão!...


Yuri Cavour

141108

A dor hipérbata

A dor hipérbata

Sinto se movendo algo de novo.
Está machucando quase seu movimento.
E, assim ainda, toca por pouco
Na ferida sem casca e nova.
Uma pouco verdadeira espécie
De tipo de mentira de dor.
Mas a sem suplícios interroga-me,
Sendo enfática, não exclama baixo
E agindo sempre vento o contra
Força a ira e a força foje.
O limite até a chamo,
Mas não busco se não encontro.
Com a definida assídua foi-se.
Necessária também foi ela:
A ação, do tamanho era do mundo.
Mas, a resposta, a reação era pequena,
E, não força havia igual aquela,
Capaz de a possível desvençilhar ira
E transformá-la em traíra dela.
Era objetivo o primordial
Bem ainda alcançado que não fora
Senão pudera ser fatal.

Yuri Cavour

E chovia...

E chovia...

Difícil é dizer se é mesmo fictício.
Não sabe, ao menos, ver de fato, no início.
Em vão, tenta encontrar o lado feito.
Entretanto, acha um sábio jeito.
Enquanto devagar, melhor se pensa.
Caminhando, sem parar, esquenta.
Mas, sombras vão mostrar a névoa.
Más, nuvens vêm transpor a lúcida.
Abrevia-se o caminho tortuoso,
ao tempo que desvia a fatia,
entorna o restante doloroso.
No mesmo tom morno é, há dias,
encontrado, com seu viscoso som
das noites de antemão sabidas.
Recorda do próximo, longes dos
caminhos, sem vazão e saída.
Atrela-se então à sua fé mantendo
costumes bons e sermões roendo.
Retifica rostos rubros rindo.
Resta reparar relógios retilíneos
para por, em suas horas tortas,
certos pontos, atingind'a mira.
O instante mais breve passa
e vai, no segundo tolo, a graça.
Está estranha esta estátua
de cara sem motor e pálida.
Um fim sem límpidez, e água
chove sem sair suor, chuveiro
escorre sem pingar, esgoto
corre sem cair no poço.
E o tempo muda...
Os afáveis sempre-belos, farsantes,
são estáveis, bem como o vento,
e mudam seu movimento todo
de uma vez para por pouco.

Yuri Cavour

Yuri Cavour

Estação da fome

Estação da fome

Por onde passam os bondes da verdade
aonde os trilhos descarrilham mentiras
nas vias seguras do descaso absurdo
caminham rios de elétricas ferrugens

Mas em cada estação está um são
um deles pede água um deles pede pão
e cada um deles pede para parar
um dia, em cada estação num ano

Uma temporada a mais de frio intenso
uma caminhada e menos gordura queima
a sua sobra sobra na sua sobremesa
a falta dele falta na não posta mesa

Mas cada trem carrega um pouco de razão
certeza e vias seguras cheias de si e de nãos
não, obrigado. Estou satisfeito com o descaso
não obrigado suspira o ar de novo inflado

Mas o abrigo da última estação está cheio
de trens em choque constante e vagões
E todos os receios são que os passageiros
encontrem lixo em reservadas vagas
porque nem sempre as mesmas direções
apontam um sentido claro e inteiro
também nem sempre as intenções
são obras do, certeiro e ligeiro,
querer e poder

Por fugir das sobras as comidas (os latões)
Por mentir nas bordas às bebidas ( os mesões)
Por sentir no estômago as feridas ( os bacilos)
Por pedir as horas consumidas ( as dívidas)

Mais desperdício e outros nomes
sem responsabilidade de homens
suas barrigas-mais circunavegam o globo
e as retilíneas-muitas envergam em dobro
Bem como aqui, acolá
Nada se assemelha a minha:
A minha nada, a minha sem, a...
A sua vaga a minha espera
Outro minuto
a mesma era
Outra roncando
ouro sincero

A minha espera é o seu lanche (homens nas lixeiras)
a sua espera é o meu desmanche ( que morram todos)

Yuri Cavour

Impossibilidade real

Impossibilidade real

Simplesmente não impede fazer
uhrgh! o ar seco e rápido
humpf, humpf pague alto preço
Um impossível sabor toca
afes e desilusões
ics e cem mais soluções
só os prantos restam
snif: Simplesmente não impede fazer.
um milagre nunca ocorre
sem Alguém querer.

Yuri Cavour

Na dúvida, leia

Na dúvida, leia

Dúvida... É certa para quem não sabe o quê.
continua, aonde o fim já é (h)(')(a) muito esperado
por quem não confia no outrem, e desculpa
se, do errado e do certo, vem logo a causa
estranha, da vontade insana de continuar...
na Dúvida! por quem se estranha que é certa
aonde o errado dá vontade no outrem, já!
O fim é a escusa. Logo, não confia no muito,
o quê é esperado (h)(')(a) muito, decerto, causa.

Continuar nesta sede pede um gole e uma pausa,
três segundos são suficientes, não pare à-toa
pois no fim do descanso surge de novo... a Dúvida!

Incerta a todos que esperam o começo
e confiam na desculpa do outrem
mas, se errado e certo são causas,
estranho é ser natural e insano. E, consigo,
esconder a vontade de continuar... na Dúvida!

Yuri Cavour

O novo é pré-datado

O novo é pré-datado.

Fim, fraco e fundo.
Imprecisões agindo.
Para agir era preciso coagir...
Para haver movimento, a inércia é fundamental!
É este o paradigma máximo da descoberta humana:
Se diferir do resto dos reinos é a chave máxima.
Talvez reste ao resto do máximo assemelhar-se.
Porque o humano cria as diferenças
Quando lhe é conveniente;
O humano cria as semelhanças
Quando lhe é conviente.

Para que haver disparidades?

Por que não se contenta com a aparência?
Porque responder não é re-interrogar, é mudar.
Mudar foi sempre a resposta mínima;
O máximo sempre exige esforço sem tempo.
E tempo é a cria máxima ao mínimo esforço.

Ao tempo que se intitula algo, surge o novo,
O antigo, o moderno e o duradouro.
Mas é impensável criar de novo
Algo que restabeleça o avesso
E volte ao começo coerente,
Igual, plano, estático
Início, forte e raso.

Yuri Cavour

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Caminhando ao lado da distância

Caminhando ao lado da distância se nota
anotando o caminho se distancia da rota
arrotando ao instante que de novo soa
assoalho recoberto de esbeltos fiapos
pôs a fiança a perder seu eterno nó.

No outro lado da estrada segue reto
retângula é a forma de enxergar o dobro
dobrando o troco se ajuntar papéis
papelaria à prova de falsos fiéis
fidedigno é ser filho de algum valor
valor alto e custo caro ao estado
estando neutro e alto sem sombra
assombra o medo e expulsa o gago
falante frágil e afável encontro
às cegas entregam o destino
destinando variedades hostis
otimismo é mesmo pensar antes
nunca é tarde para fazer valer
e tarde nunca vale o que remonta
há montanhas e vales sombrios
e sem dúvida o vasto intacto
tem mais brio e menos impacto
e menos sendo destoante, sinistro
pode agora escolher sozinho.

A controversa mente se pergunta intensa:
Há verdade no dizer e na proposta?
Dúvidas serpenteiam as íngremes escadas
dos azares e das intermináveis passadas.
E a dor será sentida no ato ou, brevemente,
depositará na alma, formando um cancro.
A espessa nuvem formada não precipita-se ainda
um ponto de saturação deve ser atingido em nível
suficiente e satisfatório para despencar a raiva.
Em outra perspectiva, é cultivada e cauterizada
por sementes profícuas, sabedoras de trilhas
pré-dispostas a tornarem-se e corrigirem-se
dos equívocos de turvas visões ou ilusões.

Imagens criadas sem ponto de fuga e cegos
os nuances aferidos entoam em brisas vorazes
pois são poucas as dobras repetidas e capazes
de desviar tão certos incisivos feixes luminosos.
As vezes das oportúnuas ramificações são poucas
e as vazias avenidas notívagas não caçoam
daqueles que, ao enfrentarem a tormenta e o inferno,
não auscultam os detalhes, ignorando o temor-mór,
transpirando assiduidade e impregnando valores,
causa do exímio labor, honesta e digna pérola negra.

Raras as oportunidades se isentam de justiça própria,
é a plena sinceridade, remontando aos tempos honrosos,
quem ordena e determina se os temidos corajosos
serão peso a erguer a responsabilidade na balança.

Muito tempo demanda

Muito tempo demanda

lento
Corre e nunca alcança
há tempo
Tenta sem conhecer bom
caminho
Foge durante e parada
movimento
Rápido chega se é
longo
há tempo, o caminho é em longo movimento,
corre muito rápido pois tenta, mas foge
Chega na hora de ser
cumprimento
Distante de qualquer um
verdadeiro
Presente dado a vários
simples
Amigos encontrados
agora
Distante do amigos presente que chega
é simples, verdadeiro o seu cumprimento
Antes não podia-se crer
errado
Muda a todo instante
para quê?
Continua sendo àquele
antigo
de antes de todos de si
depois
Muda e continua o de antes
Não sabe para quê o errado e antigo
irá servir se poder é,
agora, antes e depois,
o dono do desejo.

sábado, 22 de novembro de 2008

Mães filhos

Mães filhos

A beleza de Ser!
Mãe, só, não é...
Maior que é? ... :
a beleza de ser filho!?
Principalmente, quando o filho é a mãe
E, honestamente, quando a mãe é o filho.

Tudo parece invertido...?
Retire os pontos e acentos:
Torne-se um moderno.

Filhos são melhores.
Por quê?
somos todos filhos.

Yuri Cavour
Novembro 2008

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Você já sonhou que estava com fome?

Você já sonhou que estava com fome?

A fome é mesmo uma miséria. A fome não deveria existir. A fome só existe para provar toda a pornografia do ser humano. Você já sentiu fome? Sabe o que é passar fome? Imagina-se morrendo de fome? Não?! Passe a fazê-lo! Passe a questionar-se sobre a fome. Passe fome por um dia, de propósito! Você acha que consegue? Ok. Agora imagine quem não tem essa belíssima escolha a fazer : passar fome apenas por diversão.

Exata, a diversão do nonsense ao cúmulo da potência máxima, não faz sentido. Exata, a imcompreensão do egoísmo da fome parece não fazer sentido. Mas eu explico o que lhe parece e porque lhe parece, não se preocupe. Não, você não vai gostar, mas é para isso que você está lendo este texto, lembe-se. A fome só existe porque você deixa ela existir. A fome só existe porque você acha necessário que ela exista. A fome só existe porque seu sentimento instintivo comanda a você. A fome só existe por isso: porque o ser humano é egoísta.

Sim, extremamente. Esse seu sentimento não é passível de culpa. Não há culpabilidade a não ser que você já tenha lido esse texto, ou algo com argumento semelhante. A culpa não é um problema, ela é uma solução. Se você está se sentindo culpado, faz algo para perder esse sentimento; se você não está se sentindo culpado, me perdoe, mas você está correto. Isso é, está correto com seu sentimento egoístico instintivo natural e inconsciente. Está correto em deixar prevalecer sobre a sua índole a sua índole. É a índole do instinto versus a índole da razão que estão a confrontar-se.

O texto poderia ter um argumento final arrebatador se ele pretendesse algo mais, mas este algo mais é você quem cria dentro de um texto. O texto em si e de per si, coitado, só serve para refletir. Se você conhece o texto, reflita: você acha o desperdício de comida algo justo? Então... por que comete tal atrocidade? Não disperdície nem desperdice, doe. Seu sangue vale mais do que você imagina, e sua doação vale mais ainda.

Mas saiba que a fome a qual o supracitado texto se refere é a fome perversa, do ser humano: é a fome socialmente construída.E o sangue também tem valor semântico carregado de metáfora, mas isso é óbvio. Apontar o óbvio às vezes faz-se necessário, pois, ironias nem sempre são entendidas, figuras outras de linguagem, idem.

Quem nunca sonhou que estava com fome, nunca passou fome de verdade. Mas isso não é um sonho a se realizar, é um pesadelo!

Tenha bons pesadelos esta noite. Ou, melhor, sonhos.


Outubro- 2008

domingo, 16 de novembro de 2008

Pibs

Será que a base de conta do PIB de todos os países do mundo é igual?

Há métodos de equivalência? Isso é um dos maiores e controversos e paradoxais e emblemáticos e esquece todas essas palavras porque nenhuma delas expressa o que eu quero realmente dizer,a palavra certa é: importante. Recomeçando: Isso é um dos mais importantes quesitos a se analisar. Ou é uma conspiração-não-pensada, que acaba por se tornar real pela falta de conhecimento básico sobre o assunto de alguns, ditos, analistas.

Quando uma pessoa fala que o crescimento do país em relação aos outros está pequeno, comparando os números, ela não está demonstrando nenhuma forma de conhecimento superior. Pois, saber que crescer 2,5% é mais do que crescer 2,2% é fácil, o difícil é analisar se os métodos e bases de cálculo são os mesmos nos comparados países.

Se um país não conta na base de cáculo de seu PIB o imposto de renda das empresas, pode ser que comparado a um outro país, que conte em sua base de cáculo o IR das empresas, o resultado não seja proporcional. E não será mesmo. A forma de equalizar o crescimento médio relativo desses países é, só, comparar o crescimento do PIB com uma mesma base de cálculo, uma base comum que compare exatamente os mesmos termos, como: se o país inclui ou não a arrecadação do IR das empresas nas contas do PIB; se as despesas de instituições sem fins lucrativos contam; se pesquisas anuais de Indústria, Comércio, Serviços, Construção Civil e pesquisas domiciliares entram nas contas, se os serviços financeiros incorporam os fundos de investimentos; se o terceiro setor (ONGs, igrejas e clubes) passa a contar na área de consumo (ao lado de consumo das famílias, por exemplo ou não), e ponto.

Quer dizer, se não for desta forma, não se pode afirmar que o crescimento espetacular de 10,7% do PIB da China é muito superior ao pífio crescimento de 2,9% do Brasil. Portanto, para podermos afirmar isso, temos que verificar se a base de cálculo são as mesmas.

Exemplificando: se o PIB da China crescer 10 % e o do Brasil 3% , insinuando que no ano anterior o PIB tihna sido igual a 1 trilhão de reais em ambos os países, o ganho real seria de 70 bilhões de reais da China sobre o Brasil. Isso é muita coisa? Depende. Se analisarmos que a população da China é mais de 7 (sete) vezes a do Brasil em quantidade de pessoas registradas, que estes 70 bilhões tem de ser distribuídos em 7 (sete) vezes mais pessoas (para poder igualar a equação chamada 'pib per capita') e que o dinheiro (70 bi. a mais) será utilizado em investimentos diversos e mais rentáveis ou mais bem equidistrbuídos em áreas de maior prioridade, temos aí um empate de contas. É isso que os "entendidos" do assunto não conseguem perceber, assim mesmo que 2 e 2 são 5. Então, para a desigualdade exemplificada 10 > 3 E, ser realmente verdadeira, o PIB da China deveria ser superior ao do Brasil em mais de 7 vezes ou a população deveria ser inversa-igualmente inferior em números ordinários.


quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Ar força vital

Ar força vital

Agora é a hora de agir,
E de pensar no fazer
e ser bom, conseguir!
Passos lentos enganam,
Não deixe-os, ultrapasse-os.
Persiga a frente e seu tempo;
Prossiga sendo invencível;
Repita fazendo impossível
Ser verdade, e algo bom, duro.
Em fato, erguer o sólido
é mais fácil que derrubá-lo,
parece mais ainda que roubá-lo.
Mas não o faça, é incoerente.
É contra tudo aquilo que sente,
vai de encontro ao consciente,
e a sã consciência não perdoa.
Só deixa vago o caminho,
a perda é algo impreciso
mas logo se acha a saída.

Logo quando não há retorno,
bem quando é o desistir
que refaz o precipício.
A escalada é íngreme,
mas vontade vence valores
e a volta por cima é possível.
E surgir das trevas existe:
Algo ainda está vivo!
Você pode porque merece!
o seu labor não é inútil!
querer melhor é muito
apenas se o infinito
foi encontrado, nu.

Num labirinto cru,
sem mais mistérios, se revela
e, sem duas velas, não se enxerga.
Olhe sempre em volta e repense:
seus atos valem mais, e, parece,
que ser você não é suficiente;
Porém, só assim é que se vence
e, deste modo, se conquista:
É a vitória, é saborosa!
Bem como a doce fruta
derrete a boca e a enxuga
das lágrimas postas sob lábios
antes salgados, agora sábios,
sentem sentidos mais palpáveis
e provam do doce salutar
e se deliciam ao delatar:
É mesmo forte o flavor!

Mas o cuidado não engana.
Tomara seja verdadeiro,
e, se não fosse encontrado
a tempo e, o tempo nublado
fechasse o céu e a clareza,
e celasse a certeza plena,
que monta sob toda nobre
sensata, e grata, por ser ela,
"real"mente, a que recobre
o brilho do ouro que reluz,
e a luz da vida que conduz?

Haveria mil fins remotos
e um confim composto.
Paga-se o bom preço alto
pelo tom do começo disposto.
Ao encontrar o lugar
a fuga tende a cair
no comum-medo, erguendo
barreiras sem muros
e muralhas sem cimento.
Existe no imaginário,
desiste no momento.
Insistindo na razão encontra-se
o motivo real e, então, credita-se:
A continuidade depende de si
no lado que rende, apenas, se
investido do início ao fim.

Y.Cavour

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Mentira verde e madura

Mentira verde e madura

Não gosto do mentir
Mas o não-mentir é uma mentira.
É natural do ser mentir.
Mentir como ato, como defesa, como vontade de poder.
O mentir é errado, mas é real.
O não-mentir inexiste, é um ideal.
Não minta para si, saiba mentir:
Minta sem saber, sem querer.
Até quando não queremos, mentimos.
E quando mentimos sem saber, mentimos dupla-mente.
Antes de mentir, ou tentar falar a verdade, lembre-se:
Não adianta insistir na mentira, pois, um dia ela irá
lhe afetar.
Mas se você for um mentiroso convicto, com fé em suas
mentiras,
Não há problema.

Yuri Cavour - outubro de 2008

Há de vir com

Há de vir com

Por que fazer se ningém pode saber?
Por que tentar se ninguém vai achar?
Por que querer o que ninguém quis?
Por que ir aonde ninguém vai mais?
Por que será que precisa perguntar!?

Saber é o que importa.
Não quero mais saber!
Mais: quero só te ver.
Como vai crescer... só,
Vai chegar lá, será?

Perguntas não são tolas,
Respostas, muito menos...

Só responde quem pode e pôde
Aprender com a chance.
A chance de saber até
O que não quero ler
O que não escrevo
O que não ouço
O que não é
O que pode
O que vem
O que dá
O que há
o que improvavelmente vai acontecer na sequência.
Sem uma lógica correta, se mistura, com errados.
Com certeza de suas próprias inverdades sãs.
São apenas mais fugas para a terra nunca vista.

Visto tirado no ilegal irracional ilustre.
Embebido na bandeira, o pano santo nato.
Natimorto no bêbado ensaguentado
encontrado de vermelho vivo.
Viva à morte sem vergonha!
A vergonha está na vida!
Após a morte não há.

Interessa ao povo,
Povoado misto,
mas tolo.

Todo louco é interessado pela morte durante a vida vermelha.
Vermelha que causa insanidade aos mais frios, embebedados a sós.
Somente fazem aquilo que lhes interessa para esquecimento.
A dor é grande quando veem e nada importam se têm culpa.

No fim do esgoto não há mais sujeira
e o fim do poço é tampado pelo bueiro;
No fim do tema não há mais assunto
e o ponto e vírgula traz um novo mundo;
Onde será que colocaram as chaves da rua sem saída [ para o quintal velho?
Enfim, é hora mesmo de se esquecer que há ouro
no caminho das pedras.
Esse mesmo metal, limpo, ostenta altos sofismas,
sendo opaco onde entra, afunda ao tomo
ao mesmo tempo que emerge à tona,
e traz pelo fim o sem lógica aparente.

Yuri Cavour - Outubro de 2008

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Tempo é vida

Tempo é vida (e vide o verso ao avesso= vice versa)

Não deixe a vida morrer com o tempo.
Quando inventaram o tempo, mataram a vida.
Mas a vida e o tempo é e são uma só coisa.
Perceba isso e viverá o seu tempo, a sua vida.
O tempo: a vida.

Yuri Cavour - outubro 2008

violei a violência

O ideal é ir morar no deserto?

A violência é o fator decisivo para atrair ou espantar turistas e novos moradores; é o medo maior dos vizinhos, de antigos fronteiriços; desestimula indústrias legais a instalar-se e atrai tráfico ilegal para a cidade; é motivo da perda do orgulho pela nação e a razão da baixa taxa de crescimento da consciência social. Então, como solução, fugir da realidade é o que mais se ouve, quando não se está satisfeito com a mesma. E ir atrás de pacatos vilarejos se torna a meta de muitos cidadãos cansados de sofrer com atos de violência. Busca-se um lugar calmo, onde a chuva é pouca, o calor é constante, a vida é noturna e o clamor é vibrante.

Este lugar está para ser inventado - num conto de fadas já existe - mas, muitas famílias insatisfeitas com a atual condição de risco de vida, e roubos, já procuram uma cidade pequena e pacata para rumar e alojar-se em definitivo. Um lugar onde o desenvolvemento ainda não chegou plenamente, e pode, portanto, chegar de modo a não esquecer-se das causas de um ato de violência.

A violência surge de fatores sociais em desequilíbrio, e se difunde em diversas formas: da violência contra a mulher e contra etnias historicamente menos favorecidas social e financeiramente, à formação de verdadeiros exércitos de bandidos, bem articulados, com antigos chefões, novas chefias e incipientes subordinados, estabelecendo o chamado crime organizado. Acabar com tudo isso é impossível sem investimentos bem encaminhados.

Entretanto, se a água não vai até as raízes, as raízes vão até a água. Uma pequena cidade a se desenvolver deve considerar o investimento na educação como o primordial para um crescimento ordenado, um futuro sem índices altos de violência e com cidadãos de bem e bem preparados em crescente número; maior do que o de despreparados e desesperados por falta de assistência educacional e emprego, respectivamente, fadados à vida criminosa. Se não houver controle por parte do estado, as plantas (cidadãos) novas irão atrás de sua fonte de vida ( no caso das plantas a água, ainda que distante ou poluída; no caso dos cidadãos, o dinheiro, ainda que "sujo" ou "emprestado", roubado), e não diferenciarão a maneira pela qual se mantêm vivos, apenas tentarão o fazer, é o instinto maior dos seres-vivos manter-se vivo.

Porém, se de um lado da balança da desiguldade está o cidadãozão, bem-sucedido, procurando paz eterna, do outro, está o cidadãozinho, eternamente insatisfeito, procurando paz interna. Quando o ostentar da riqueza se torna impossível, a alma humana, irracional, crê em uma solução definitiva para destruir as novas plantas sem secar sua fonte de vida; Acredita que é possível haver disparidades gigantes financeiras com convívio social ameno; Ilusiona-se blindando e pagando seguro a seus bens mais valiosos e desdém doar grãos e gotas para as novas plantinhas, sementezinhas, cidadãozinhos alcançarem, algum, status social. Porque ter zero de status é igual a não ter. Desta forma, a vida do deserto se aproxima: o deserto ideológico, o deserto da razão, da solução imediata definitiva para os problemas antigos sem resposta errante.


A solução para a falta de equilíbrio dessa balança com pesos sociais é ampla, ambígua e âmpara. Ampla porque não é pequeno o investimento necessário na educação para resolver uma parte dos problemas. Ambígua porque, no gráfico do desequilíbrio social versus tempo, na medida em que amplia-se a taxa de população com padrão de vida médio, diminui-se a com padrão de vida baixo e, principalmente, com o mesmo alto. E, finalmente, âmpara, porque só um neologismo pode exprimir uma aparente nova e desconhecida solução: apoiar. Dar suporte. Amparar. Porque, se Betinho já dizia "Quem tem fome, tem pressa", a própria violência vem dizendo " Quem quiser acabar comigo não vai ter que me engolir ou me digerir, vai ter que me ouvir, entender, lenta e gradualmente". E, nesse contexto, "ouvir/entender a violência" poderia ser interpretado como procurar enxergar as causas da injúria da mesma para poder resolvê-la, eliminá-la.

A solução NÃO É privatizar a segurança, trancafiar-se em abrigos, culpar os mendigos ou ir morar no deserto por inobservância dos fatos geradores da, ou de, violência e continuar roubando, corrompendo-se sendo conivente; É ser Visionário. Ser Esperançoso. Ser Investidor. Ser Realista. Ser Compreensivo. Ser Humano. Para poder ser Satisfeito, Correspondido, Bem-Sucedido, Realizado, Compreendido e Humanizado, respectivamente. Somente agindo com estes verbos, sinônimos do progresso sustentável, em mente, pode-se acreditar que a intenção de acabar com a violência é um querer real, não um ideal. É querer morar-bem no paraíso de sua cidade natal, a passárgada do poeta: in ato.



obs: Inventei uma expressão e nem sei se já existe algo assim, está em negrito e o seu significado é vário. Se quiser saber, pergunte-me.

domingo, 19 de outubro de 2008

Amor não compra-se ou vende-se, troca-se

  • Amor não compra-se ou vende-se, troca-se

    Não existe preço para tudo. Não há produtos nas prateleiras dos sentimentos reais. O consumidor é aquele que aproveita a manufatura constituída aos poucos, não quem determina os produtos e seus gostos? Por que deveria custar mais algo que nunca poderia ser rotulado como menos ou igual? Nunca, é possível afirmar, deve-se pensar em estipular preço para coisas que não são palpáveis. Os sentimentos, quando reais, jamais se permitirão serem taxados com moeda real corrente, de valores fictícios.
  • No entanto, há distorções, conotações, acerca de determinadas palavras se referindo a sentimentos, apesar de existentes, abstratos. Quando se entende que a razão pela partilha de uma vida está na capacidade de manutenção dos valores iniciais jurados, se compreende, também, porque as brandas crises são superadas e porque tensas situações são melhor dispersas se compartilhadas. Algo subentendido na conciência, através da convivência, tranquiliza pessoas diferentes para poderem se unir.
  • Logo, com o passar dos anos e com as esperanças sendo alcançadas, diminui-se a possível mesquinhez de tempos remotos e sobressaem os valores éticos, tão respeitados para haver o início de uma comunhão qualquer. É irracional o afeto puro e inexorável, mas, não se pode se perder com breves lapsos ou recaídas diante de difíceis situações. Não vale um preço sugerido, ainda que alto, pelo temor do sentimento perverso de remorso e arrependimento. O caráter é fundamental, quem não se baseia nesse argumento para uma vida 'a dois para a "eternindade" é assaz incauto ou desprovido de sanidade plena ao tomar decisões importantes.

  • À guisa de semelhança, a sociedade entendendo onde deve depositar suas verdadeiras e boas intenções contribui, da melhor maneira possível, para a continuidade de uma vida feliz, onde há paz, saúde e respeito mútuo; caso contrário, investindo esforços humanos em causas dependentes de valores meramente financeiros surge o desrespeito, a ignorância, a prepotência, o caos.

  • De fato, o estresse nas relações, por menor que seja, se não aliviado a tempo corrobora para que, a cada novo nascer do sol, as nuvens da tempestade pareçam mais cinzas e próximas e, a ilusão diz que, a única fuga está num produto, nem tão barato, numa vitrine ou prateleira de uma loja ávida por consumidores desesperados, famintos ou curiosos pela possibilidade de satisfação temporária da ausência de correspondentes para suas sinceras amarguras.

     Existe a possibilidade da partilha de venda de compra ou troca de coisas e objetos, mas não de sentimentos. Os sentimentos devem ser compartilhados e/ou trocados, nunca devem ser comprados, vendidos.

    Yuri Cavour Oliveira,
    Nove. 2007

Surge e inaltera-se

Surge e inaltera-se

É possível mudar a superfície, mas não o fundo. A região mais lisa e plana é facilmente alterada com pequenos sopros constantes, porém, as profundas estacas fincadas jamais serão removidas por completo e, se ainda assim forem removidas, deixarão resquícios intactos e fundamentais, os quais não poderão ser alterados de modo algum.

O impacto causado na extremidade pode ser corrigido com lentes reflexivas ou desviadoras de foco, mas os cravejamentos causadoras de eterno sofrimento ficarão para sempre, só se acumularão com o passar do tempo e serão as verdadeiras formadoras da essência do ser.
A base, o início são os possíveis atributos dessa característica singular da formação do caráter, do comportamento e modo de agir dos seres para além de seu instinto. O instinto surge, então, da capacidade do ser com as características mais desenvolvidas para a sobrevicência no mundo selvagem sobressair sobre outros, com defasadas defesas naturais, não mais suficientes e por vezes depreciativas.

Não é possível alterar o básico porque é ele a lógica dando a razão a si. Um modelo existirá, apenas, se a opinião do outrem prevalhecer sobre os próprios ideais. O medo de não ser suficiente e capaz ajuda na não-interferência da opinião majoritária em ser a resposta, mesmo sendo a formação do pensamento da maioria algo induzido, por uma parcela bem pequena de pensadores com algum plano secreto, (talvez inconsciente), de controle e/ou poder.

Mas o poder não tem culpa de ser tão arrogante, porque foi determinado em sua etimologia ser o dono da raiva e da perspectiva de vida da plebe e da nobreza, respectivamente. A raiva dos desfavorecidos é não poder ser o favorecido, sentir o gosto da superioridade aparente. Entretanto, se bem observado, um astro não se difere de outro em sua essência constituinte, são sempre os carbonos e os hidrogênios os responsáveis por uma sólida formação e uma estabilidade perfeita.

A base de força é poderosa o suficiente para deixar esmaecer outros elementos e auxiliar no sustento de novas correntes impostas, com fluxo controlado, porque sabe que as aparentes transformações tem uma estada breve demais se comparada a duração quase infinita dos percursores fundamentais da vida.

O acreditar na mudança de leis determinadas tem algum merecimento, mas crer que haverá mudança efetivamente nestas leis não é um comportamento de digna inteligência. Quem apenas estipula que há margens para uma saída alternativa, sem afirmar, com certeza, que há uma, obterá mais êxito pelo saber do risco de não ser possível ocorrer do que quem, cegamente, propositalmente ou por falta de alternativa intlectual põe em jogo todas as suas peças, indo até quase o fim confiando nos próprios paradigmas criados, inventados.

A invenção de algo não é útil a não ser que haja alguma melhora na capacidade de gerir o tempo enquanto apreciado o invento. Por outro lado, inventar para sustentar colunas de isopor, recobrindo-as com cimento, é o ideal daqueles que não seriam capazes de continuar seguindo em frente sem enxergar o horizonte, finito, e sem perspectiva convincente que mantenha a chama intacta, apesar dos ventos inconstantes. Bem como as comparações são úteis se determinam novas conjecturas a partir de outras já aceitas, as arbitrariedades são justas se justificadas com as melhores intenções.

Não é possível estar o tempo todo de acordo, mas, de acordo com o tempo, é possível concordar, ainda que por associação de pensamentos sinônimais, com algum grau de parentesco, estando de alguma forma conectado com ideais essenciais outros que correlacionem situações antes não pensadas mas, intuitivamente, correspondidas pelo seu caráter coercível à reflexões enfadonhas ou desnecessárias.

É com a intenção de não causar discórdia e guerra e com o sentimento de consentimento que existe a associação de lógicas formadas? Não. É justamente a vontade de afirmar que são demais semelhantes as filosofias e abordagens, que os pontos-de-vista são vizinhos ou paralelos e que tangenciam uma mesma estrada rumo ao lugar-comum, (a)onde vivem mas não se esbarram, com o intuito de cooperação e a espera da recíproca, em momento oportúnuo.

Não é intencional nem desintencional; não é irracional pois é erguido com argumentos; tem um certo interesse, mas o certo é também o mesmo: a ajuda existe pois a necessidade pede passagem e , de alguma forma, quem bem conseguir desatar os nós, circuninscritos no entorno, estará contribuindo para uma melhora na qualidade do viver alheio e do seu. O compromisso afirmado se cumprirá a cada instante sem que os acordos sejam revistos inúmeras vezes.

Então, é melhor encontrar o grupo e o lugar a freqüentar a esbarrar com o lúgubre e perdido conjunto de seguidores da seita além, os estranhos ao seu modo. E o ideal é, respeitosamente, tentar interferir sem ferir profundamente, para não mexer no âmago, na essência. Pois, quando há tentativas de alterações em ambos, rapidamente, ataques de ira instintivos podem vir à tona, transtornando as vias e as saídas de/em paz, cooperando para a lágrima tingir todos os secos e não-sintéticos momentos de puro teor anti-ético.

Yuri Cavour Oliveira,
Outubro de 2007.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Resultado: dezessete

Resultado: Dezessete

Uma situação tensa. O prejuízo em si é incalculável. E, no entanto,
há ordens. Ordens de despejo. Ordem de prisão. Nenhuma ordem de
arrumação para a bagunça à vista, a olho nu.
De fato, a súmula da história apresenta-se a todos, porém poucos
são capazes de enxergar aquilo que está diante de seus olhos,
vendados, ou aquilo que está embassado pela mentira. Há de haver uma
resposta outra; porém, parece, não é possível enxergar esta quando
analisa-se um dado. Os dados são frios e não oferecem muitas opções.
Contudo, as opções existem exatamente para contemplar a democracia do
sistema. Pena ser a democracia apenas no papel, sem tinta a pleno.
Em perspectiva, o soberano lá está sempre, impondo, sobrepondo e
sempre contrapondo. Sempre até certo ponto. Quando o seu ponto frágil
se estratifica, até o mal súbito parece lhe confrangir. E então o
tempo da oportunidade se interpõe. Mas este tempo tem sentido
anti-horário, idêntico ao sentido da vida do atual Sistema Mundial.
Quanto mais rápido passa, mais angustiante. Quanto mais lento, mais
decepcionante. Talvez seja ao contrário, mas tudo é relativo para quem
está na dúvida. E a dúvida não pode ser a nova soberana. Mas também
não pode isolar-se de todo o resto, ela tem uma razão de existir. É
saudável.
Destarte, compreende-se a demora: não há demanda. A lei é esta:
oferta e procura. Quando algo é angariado pela maioria, talvez seja
mais difícil obtê-lo; em contrapartida, quando este mesmo algo é
auferido por uma minoria, talvez seja mais difícil contemplá-la. A
minoria e a maioria, no entanto, formam um corpo comum. Uma pertence a
outra e vice-versa. Enquanto uma depender da outra haverá democracia.
Democracia capitalista.
De um lado, os ronca-e-fuça consomem, dormem, consomem, fuçam e
consomem um pouco mais. No extremo oposto, os trabalhadores capinam,
carregam a cruz, preparam o arado e vão cochilar para no dia seguinte
voltar a rotina, para alimentar os focinhos largos, gulosos. A maioria
aqui se identifica de um lado e a minoria do outro, parece ser um
problema quando a identificação é sempre subjetiva, e nunca coletiva.
A dúvida tende ao meio termo. E o termo, estático, não sente a culpa.
A inércia não tem culpa, e culpa a gravidade.
E assim vai a história da qualificação profissional sem pingos de
realidade. Sem responsabilidade concreta. Sem concreta formação. Sem
formação condizente. Sem contigente diverso. Sem verso nem voz.
O temeroso e pior de tudo é pensar que existe um perigo grande que
nos cerca, nos camufla e esconde ao mesmo tempo. Este perigo está,
temerosamente, no topo, está aonde gostaríamos de estar (exclua-me
dessa! você pode ter pensado, mas no fundo, no fundo você acha que
faria melhor.). E o pior ainda fica para a conclusão e a solução. A
conclusão é que algumas regras precisam ser mudadas para o jogo se
equilibrar. Porém, se sabe que, desta forma, ainda há a necessidade de
seguir as regras, e esperar... Esperar pela ação, daqueles que veem e
não permanecem estáticos. Não se fazem tetraplégicos ou vegetativos.
Esperar pela solução. Como se ela existisse per si, não dependesse
(de) alguém, ninguém!
Não está óbvia a exclamação? Somente as interrogações fazem
refletir? Em suma, a alternativa para a falta de vontade política é a
demonstração da existência desta mesma vontade. Se você tem vontade de
jogar contra o ditador das regras do Jogo da Injustiça, una-se àqueles
que precisam de sua ajuda. Apareça, compareça, concorde, discorde e
principalmente, acorde. Quando a peteca quente cair em suas mãos,
talvez você não tenha para quem jogar de volta, porque você foi
rebaixado. E ninguém quer ser rebaixado diante do seu próprio orgulho.
E quando seu orgulho vira motivo de piada, perceba que a culpa também
é sua.
Contudo, apesar dos pesares, você tem um número significativo. Você
merece ser o dezessete e saber que, num lugar onde a desigualdade é
exponencial, o egoísmo puro vinga e a desinformação é comemorada, isto
é ridículo. Porém tolerável; exceto para os intolerantes. Mas, nem
somente os intolerantes não são indiferentes. E sabemos que não ser
egoísta é uma virtude.
Mas se você é egoísta, pense no respeito. Quando o respeito dizer e
for contra você, você fará algo? Claro, porque você é egoísta! Não,
não é por isto. É porque você não gosta de ser desrespeitado. Não
gosta de ser ignorado. Não gosta quando não prestam atenção em você.
Não gosta quando as regras não lhe representam dentro do jogo. E você
está certo em tentar mudar? Depende. Se você não agir da mesma forma
pela qual é tratado, será digno, merecerá respeito. Caso contrário,
game over, você perde.
Vemos nas pessoas contradições todo o tempo, saber lidar com elas é
saber lidar com as pessoas, sem redundâncias.

Y.Cavour

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Respire mais fundo

Respire mais fundo

Aproveite para viver enquanto há tempo!
A vida pode não querer esperar...
Mas o tempo desconhece a vida,
Cada um em seu lugar.

O tempo não existe, apenas conta-se
Algo que não para de mudar.
A vida não termina, se estortega,
Continua em outro lugar.

Pense sempre!.. antes de agir.
Aja sempre!.. em prol do bem.
Assim sua mente fará o brinde
Com a consciência que há
Algo, pela frente, bem melhor.

Diferente do momento triste
O de puro êxtase enebria-se
Quando menos se entende.
Ou não se perfaz de ilusão
Ou não se preenche com teimosia.
A vida pede algo diferente
No momento da alegria;
O tempo pede algo intermitente
E então a morte vinga-se.

Esteja consciente do momento
E sinta a pleno a euforia;
Queira aquilo que não existe
Mas contemple a inércia.

Se algo tende a ocorrer,
Abrevie seu temor
Continuando a crer
No parto sem a dor.
E se acontecer o inesperado,
entenda-o. Não há surpresa maior:
O próprio ser incompreendido
Far-se-á amparado
Pela dor em sua ferida crença
E a falta de amor em sua vida intensa.

No fim do tempo o seu contar
Daria sentido ao movimento;
No Ser da vida, em seu esplendor,
Notar-se-á seu contentamento.

Com o peso do tormento
Ou com a falta de argumento
Queira estar bem no momento
Que o ar que inspira-te sopre bons ventos
Para que seu amigo, frio ou tenso,
Sinta o mesmo, apto e atento.

Mesmo não havendo concordância
Há de haver na dissonância
A intençao bem definida,
E uma tentativa rara.
Dar o exemplo a ser seguido
Com o desejo de compreender
A infelicidade do amigo tempo
À morte da ilusão da vida.

Yuri Cavour

domingo, 14 de setembro de 2008

Comédia! Slogans surreais

Slogans surreais :

Funerária Manuel Boa Morte - Nossos clientes não costumam reclamar nunca!

Funerária da Máfia Italiana- Cliente bom é cliente morto!

Restarante Japonês Yakisobabom - O menor índice de mortes por refeição do Brasil!

Companhia de seguros de vida Retorno Imediato - Se seu ente se foi, sorte a sua!

Plano de saúde Nunca+doença! Garantimos a sua saúde ou o seu enterro!

Drogarias Remédioraro - Se você quer comprar drogas não suba o morro, venha até nós!

Casa de reabilitação Fuja da droga!- Se você é viciado, nós somos seus fãs!

Casa de shows Sem Intervalo! - Fazemos você dançar, ou você dança!

Pastelaria Chinês do olho grande! O provado e aprovado pelas máfias!


Provedor de internet reciclável, 24 horas de serviços! Conecte-se uma vez apenas e não saia mais!

Gel redutor de peso- Garantimos sua velha forma de volta, a não ser que você tenha engordado!

Serviços de webcam 24h.- Sua falta de privacidade garante a sua segurança!

Igreja da salvação pela fé: Ou você tem fé ou nós te curamos!

Agência de slogans Q slogans! O nosso slogan é o seu slogan!

Padaria do Joaquim: Temos pão!

Cia de mergulhos controlados. Ou você afunda ou nós afundamos!

Água mineral Minha'gua: é bom comprar bastante água porque água vai embora que nem água.




Série em embalagens:

Pacote de amendoins japonenes: Aviso: contém amendoins!

Lasanha congelada: Sugestão de preparo: Descongele!

Pote de geléia: A tampa é do outro lado!( estava escrito no fundo do vidro)

Pacote de salgadinhos: Sugestão de consumo: Abra e coma os salgadinhos.

Nas instruções da embalagem de álcool: Leia as instruções antes de usar.

A pessoa que caminha

A pessoa não é a pessoa,
Se perdeu no caminho; e vice-versa,
O caminho se perdeu na pessoa.
A recíproca dessas idéias se perdeu também.
Não há mais uma identidade, há várias.
Não há mais um caminho.
Não há mais uma pessoa.
Mas, o único caminho é a única pessoa.
E a única pessoa não acha, por isso, o caminho.
Procure, ser, o seu caminho.
Não procure o caminho sem ser você.

Yuri Cavour

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A verdade é limpa, preta e branca.

A verdade é limpa, preta e branca.

Toda e qualquer acusação deve ter fundamento. Acusações sem fundamentos são oriundas de pessoas maliciosas, com intenções segundas ou enganadas. Tome muito cuidado com suas afirmações, pois elas podem ser emitidas com um tom e interpretadas com um outro tom. E este último tom tem uma potência maior quando é diferente do primeiro: quando é verdadeiro.

Quando ouvimos, lemos ou falamos algo devemos ter em mente que aquelas palavras captadas ou proferidas não necessariamente estão em sintonia com os fatos, crus. Algumas palavras podem ser acrescentadas, outras podem servir de sinônimo exagerado, exageiros de linguagem podem ser cometidos pois tudo isto faz parte de um conto de um bom orador e/ou escritor. Porém, quando uma nota é inventada, com o intuito único de enganar as pessoas e prejudicar outras pessoas, e sem o menor compromisso e responsabilidade para com a verdade, deve-se constatar que há algo muito errado: há mentira no ar.

De fato, mentir é também um recurso de linguagem. É um recurso sujo. Um recurso baixo. Um recurso daqueles que não tem qualificação suficiente para fazer algo sério e preferem utilizar o recurso jamais cogitado pelas pessoas probas. O mentir é tão estúpido que não se reconhece. Não conhece o velho e verdadeiro dito popular, a saber, "mentira tem perna curta". Para ficar mais nítido ainda, o dito popular quer dizer o seguinte: aquele que mentir será descoberto, cedo ou tarde. Em outras palavras, a mentira não consegue ir muito longe, pois, uma hora ela esbarrará na fronteira máxima, a fronteira da verdade.

Agora que a mentira foi descoberta e que está nua, ela se vexa. Se envergonha. Fica tímida e se esconde ou se encolhe. Recua para o seu canto, sujo. Sujo porque ninguém quer se intrometer a limpar. Sujo porque gosta da imundice e baixaria. E, principalmente, sujo porque quando teme por aquilo que cometeu, tenta inverter a mancha do papel e utilizá-la para criar manchas desordenadas, incoerentes, falsas, mentirosas. Não tem a cor e a cara da verdade.
A cor e a cara da verdade é limpa, preta e branca. Limpa porque o texto não tem baixaria,sujeira que significa mentira, no caso. Preta porque a tinta da impressão foi essa e branca porque essa é a cor do papel A4 utilizado. Portanto, antes de espalhar sujeira pelo ao redor, antes de ludibriar as pessoas, passe um pouco de óleo de peroba na cara de pau da mentira. Pois assim ficará brilhante e com uma melhor aparência e, melhor ainda, ficará evidente que tudo aquilo que ali está descrito é uma mentira lavada, a óleo de peroba!

sábado, 23 de agosto de 2008

Mito do altruismo

Uma remela de monotonia,
Um tédio para além da agonia.
A vida passa e a nota voa a sós...
Girando ao redor do ego, o mundo para;
Parar o novo é o surgir da fadiga,
É reencontrar o caminho no estreito
Pedaço de saúde doentia.
Infindo andar de melancolia...
O passo destro destoa e soa
Como o pássaro morto não voa
E insistir no erro é absurdo
Quando lê algo sente-se mudo
E o mundo avesso engana estanca,
Algo parecido com o sangue amargo
Preso à garganta seca, cem pigarros!
Engasgados com a verdade e cercados
pela liberdade, imensa e imersa ao infinito,
apenas mais uma palavra-mito e um antigo
que mantém palpebras dobradas e desperta.

Y.Cavour

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Ser simplesmente complexo

Ser simplesmente complexo

Às vezes o que digo não o faço direito
Os frisos que suponho não perscrutam a pleno
A minha vontade de fugir para o terreno
As vias de escape dos maltrapilhos sedentos
São os contos e terços em vãos momentos

Mas se chama de rude a atrocidade
Esquece-se de confrangir com enlaces
As impuras confissões dos recalços infaustos
Contorna-se a verdade com imaginárias raízes
E crescem árvores sem frutos sementícios

De nada serve o estandarte e a arte
Sem o consenso e o compromisso
O omisso ser tende a fechar-se
Escondendo o verídico esmero
De ser mais si: é menos sincero

Aos olhos dos prezados sensíveis
Destaca-se de uma tela magnímea
A linha infinita de um detalhe
Em contrapartida a aspereza inventada
Na maior parte da sacra alusão sonhada

O composto resultante não explicita
O sentimento transeunte de um artista
Se o sentido sentido não é imposto
No lado da face intacta do gosto
Aprazível e comum em concomitância

É presumível ser simples e preferível
Diretamente se atinge um alvo múltiplo
Compenetrando um ambíguo machado
Perde-se porém a totalidade aferida
Nas reentrâncias arrebatadoras
Das esmiuçadas confraternizações
Em formas pouco consolidadas

As próprias nocivas diásporas
Envergam-se de encontro ao acaso
Envenenando a graça das terras
Desavoando os abismos às quedas
Maneiras torram gestos
Gentis tornam insutis
Encontros em torno do frágil
Alimentam com pó o sufrágio

Então a fraqueza imposta
Explica a fala inóbvia
Enquanto a ordem inversa
Mitifica a derradeira conversa
Ser mais sintético, não, é poético...
Ser mais confuso(?) não(!) é injusto!

Y.Cavour

Teste em pessoa

Teste em pessoa

As vozes que ouço não me dizem respeito
Os risos que dou não pressentem meu peito
Amigo é aquele que adora e aguarda
As vozes dos amigos preenchem as dores
E seus risos sinceros eu os guardo.

Há chamas nas rodas de amizade
Mantê-las acesas é o verdadeiro segredo
Há brasas que fazem durar as chamas
Manter amigos aquecidos é não consumi-los,
E saber escolher as brasas é o mór desafio

Desafia-se a vida quando se nasce
Dessa escolha instintiva não se prescreve
Nem sequer uma alma apodera-se de um corpo
Nem um corpo, se quer, entumece-se de alma
É preciso haver consonância inata
Para não faltar o corpo e a alma

A alma não escolhe o caminho marcado
O corpo não marca um caminho pensando
A alma esquiva-se das manchas erradas
O corpo mancha-se de sangue com alma
Mas a calma do corpo e da alma são idôneas
Somente marcam e pensam completando-se

A completude do ser depende de seus valores
A inépcia do saber não destrói o mesmo
Valorizar o saber é contempla-lo a contento
Saber dar valor é cumprimentar o conceito

Desambiguos finais rememoram alentos
Construindo noções refazendo inventos
Destruir é também bom quando o erro é completo
Soerguer princípios e demarcar momentos
São as premissas infixas nos pesares tormentos

Yuri Cavour


*alento (inspiração)

Desengano

Desengano

Porque são insaciáveis.
São os egoísmos do tempo...
A vontade vencendo os viéis.
Os desenganos ganhando terreno...
Porque não me notaste.
É um subterfúgio antigo...
A destreza do desvio distinto;
Os instintos mandando no coração.
Apenas uma chance, um abrevio...
Não tenhas medo do sentir mais forte,
Pois, serás reconhecida afinco!
Aceite meu pedido, meu calafrio
Não cessará por não saber se é vivo!...
Serei fiel às premissas infindas
E o fim só ocorrerá se for sua...
E a felicidade só continuará se for seu...
E, só, a esperança não vai deixar destruir o meu...
A Vontade... e o Desejo... são versos do Amor...
e não versus ao...

Yuri Cavour

A interpretação

A interpretação

Falava como se uma hiena o possuísse
Interrompia-se com os pingos da chuva, graves.
Os relampejos apenas iluminavam, eram longes.
A curiosa história era descontínua,
Volvia a outras memórias repentinas.
Mas o momento do carteado era único:
as mangas de fora e as cartadas de dentro.
Um jogo limpo e um tanto quanto barulhento.
Entoava enquanto distribuía, a voz e as cartilhas.
Expressos os inquietantes eram contados,
[ e conferidos pelo adversário.
Assim o som límpido regia as regras,
durante os intervalos e embaralhos
engolia a saliva distribuindo a nós.
Nova rodada, novo inventário.
Quase um livro de regras em resumo.
Um sumário do cardápio das possibilidades.
As idas e vindas mexiam com as cartas
[e com os jogadores.
Mas o tom do riso era sempre honesto
e vinha primeiro que os ases do trunfo.
Inteiriças aulas de comportamento avesso
ao empreendimento e o compromisso,
pagos por preços ávidos por reinício
do embate de regressos de matérias,
contra desprezíveis segundos seculares.
A medida que envolvia-se no jogo
devolvia-nos a graça ao momento.
O porre do íntegro tempo de tédio
tornara-se agora um (que veio na hora certa, [esqueci a palavra]) remédio.
Então o badalar aferido era do vácuo
retumbescendo por ter ido embora o grito.
Quase que infinito no passado,
durara um psíquico piscar d'olhos.

A mente é única e o tempo dúbio:
quando as cartas à mão são boas,
o tempo na mesa se fecha.
E vice-versa:
Quando o jogo não sequer inicia,
cada movimento do pêndulo é aflito.

Yuri Cavour

Morna e doce

Morna e doce

Tensas as vibrações são das cordas donas
Imensas as quebrantes dos altos mares
Marcas atenuantes das noções profundas
A extasiante milha é percorrida
Ao pé dos calcanhares frágeis
Correndo ao caminho das pedras
As águas se encontram com as léguas
E chocam-se umas nas outras lentas
Tremendo a subaquática esperança
Trazendo dos respingos os soluços
Que salgam e sempre aliviam
A dor ou a sensação de alegria
No fim da última gota quente
O esboço de um sorriso
Demonstra que nem somente
O dono do prejuízo
Escapa lesado e satisfeito
Pois sabe fazer melhor direito
Quebrar a frequência
E tomar a atitude.

Yuri Cavour

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Ganhar sem ti: perder

Ganhar sem ti: perder

Queria poder aconchegar-te e contemplater-te
sem ser invasivo e egoísta.
Meu sentimento por ti não é artíficie
para completar-me e ruir-te.
Um medo diz que juntos parecem perdidos
mas não achar-te torna vaga minha trilha.
Os caminhos constituídos pensando em ti
me levam diretamente ao delírio.
E finalmente sendo guiado por sua rima
encontro um meio para recomeçar minha subida.
Rumo ao Norte único e estreito, reafirmas:
Não podes mais porque o topo acima
culmina em vales profundos, enfurecidos.
O sábio jeito de fugir deste segredo
é permanecer oculto e mostrar-se direito
diante todas, reais ou rasas, pessoas feitas.
Com sua inerte mente precisa atingir
outras vertentes sem espalhar o que pertence
[exclusivamente a ti.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Trocos caros

Trocos Caros

Choques de cabines em plena segunda
saltos de ornamentos na piscina
idéias que viram páginas em jornais
seguidores de atletas ocupam espaço
assim é a vida do mundo, e do cão
vem à tona a breve menção
verdades que servem ao nu do caos
mensagens que seguem sem postal
atira-se a pedra e ondulações vêm,
contornando o pedaço da vertigem,
engolir a saliva à nuvem de pó
pois pegam o pato e o põem num prato
para servir àqueles que palatam
sem saber porque o gosto fraco
ajuda a papila a digerir a graça.
Enquanto a gula se espalha faminta
a fome procura nova barriga,
e encontro retóricos aluminam
os mesmos senhores com suas fadigas.
Não temem ser mortos pela indigna idade
só se escondem para provar do pecado
ou tentar escolher o melhor lado
da fuga do sempre perdido e achado
no buraco sem fundo e poço sem taco.
Um breve soluço empurra de volta
a nota que gira em torno do ego
causando verminoses em fracos
ao amadurecer de cada Sol
e ao resplandecer de todas as frutas.

Yuri Cavour

sábado, 2 de agosto de 2008

Pedras no caminho

Pedras no caminho
Pedras no caminho?
Chuto todas, um dia marcarei um gol!
Pois bem, ontem, dia 1502/2015, sofri um baque:
Uma pedra retrucou!
Ela me chutou!
Aprendi rápido: as pedras também sentem.

Yuri Cavour

No meio do caminho

No meio do caminho

Tinha uma prova no meio do caminho.
No meio do caminho tinha uma prova.
Ah, se não fosse aquela prova,
Ainda estaria no meio do caminho!

Yuri Cavour

Pátria minha- Morais,Vinicius de

PÁTRIA MINHA

A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatos
E sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contato com a dor do tempo, eu elemento
De ligação entre a ação e o pensamento
Eu fio invisível no espaço de todo adeus
Eu, o sem Deus!

Tenho-te no entanto em mim como um gemido
De flor; tenho-te como um amor morrido
A quem se jurou; tenho-te como uma fé
Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito
Nesta sala estrangeira com lareira
E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra
Quando tudo passou a ser infinito e nada terra
E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu
Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz
À espera de ver surgir a Cruz do Sul
Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha
Amada, idolatrada, salve, salve!
Que mais doce esperança acorrentada
O não poder dizer-te: aguarda...Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para
Rever-te me esqueci de tudo
Fui cego, estropiado, surdo, mudo
Vi minha humilde morte cara a cara
Rasguei poemas, mulheres, horizontes
Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta
Lábaro não; a minha pátria é desolação
De caminhos, a minha pátria é terra sedenta
E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular
Que bebe nuvem, come terra
E urina mar.
Mais do que a mais garrida a minha pátria tem
Uma quentura, um querer bem, um bem
Um libertas quae sera tamen
Que um dia traduzi num exame escrito:"Liberta que serás também"
E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia
E pedirei que peça ao rouxinol do dia
Que peça ao sabiá
Para levar-te presto este avigrama:
"Pátria minha, saudades de quem te ama…

Vinicius de Moraes

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Perpassa à sua mente

Perpassa à sua mente

Ânsia de perplexidade
Não saber o que não saber fazer
Coragem de medo
Querer ir até o fim do questionamento
Angústia sobre a própria ira
A impura pena pede perdão
Sinta-se a sós acompanhado
Porque a sua companhia é a minha solidão
Não entender é estar de acordo
Com a lógica da incerteza
Balbuciando pensamentos intactos
Não obtém-se resposta apta
Porque a sua inconclusão perfeita
Perfaz uma estreita perversidade
E o caminho esguio engana
Quem segue sem piscar pestanejando
É a dor do fogo amigo abraçando
E a cor da ferida aumentando

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Curiosa é

Curiosa é

Curiosa é a mente sua!
Quer saber antes de perguntar!
Quer perguntar para satisfazer-se!
Quer satisfazer-se para confiar!
Quer confiar para depositar!
Quer depositar porque é frágil!
É frágil por que não quer ser!
É fria porque não quer ser!
É distante porque não quer ser!
Somente a sua mente o faz assim!
Somente a sua mente o engana!
Somente a sua mente manda!
Pare de ser repetitivo e precipitado!
Procure a semelhança e a diversidade!
Esta é a diversão se houver uma!
Senão nem sequer procure-a!

Y.Cavour

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Pedir e perder



Pedir é perder

(Fase Romantismo)


Não há estribilho que descreva
A parte da alma abusada;
Um pôr de um sol não tem cores
Tão fortes quanto minhas dores.
Em meu peito não bate mais um
Coração forte pois, agora, estou
Quebrante e fraco, como o frasco
Da escolha d'um perfume tátil.

Sentimentos não descreverão, não os entendo muito;
Palavras não podem explicar, não as redijo bem.
Todas estas letras não irão tocar
A melodia que em ti recito.

Poucas são as vezes semelhantes;
As que recordo, não foram fidedignas.
Tem seu olhar algo diferente,
Mais verdadeiro, quase angelical.
Talvez pressinta e ausculte a alma
Dos que transpiram sua dor final.

Sua verdade parece exagerada:
Uma impensável face rubra,
Transmite algo não apenas ao bobo
Pois também as percebe o lobo...

A escolha é única e não-apressada,
O gênio tempo pode lhe dizer.
Faça-lhe um pedido ou dê-me uma resposta
Sem, por súbito, nos fazer sofrer.

Pois, nosso olhar é triste mas enganador.
E quando se engana, logo se reprime;
Se assertivo, um tanto indiscreto;
Quando confuso, perde-se ao léu.

Não me confundas e sejas direta.
Um favor tamanho me farias decerto
Pois, além de bela, és sentimental.
Seu julgamento deve ser tão justo
Quanto a verossimilhança do véu
Que lhe cobre o rosto quando está feliz!

Uma máscara não lhe caberia
Porque sua postura perfeita decairia
Como um espartilho, aumentando a vista,
Mudando a direção do alvo;
Afetando a delicadeza do ato.

Mais palavras só piorarão
O que más palavras piam.
Tudo em ti está em simetria;
Tudo, em mim, descompassado.
A harmonia que não me recobre,
De certo lhe-à-regra fogem.

Uma descompostura é permissão
Para concordares em desmistificar:
O meu brilho em mel será translúcido
Se sua tensão sonora abnegar?

Y.Cavour

Faltou você

Faltou você

Ali estava e não havia vento,
Para onde olhava não sentia o frio.
Um mar rosado e uma lagoa mansa,
A areia úmida e suas conchas lisas.

O tempo morno perpassava lento,
O tom do céu era um fosco fulvo.
Havia enormes silêncios à espera
De uma nova e grata companhia.

Os sentimentos descrevidos foram.
As ondas curvavam-se respeitando-se.
Marés mexiam as planas dunas,
Mariscos por entre grãos fugiam-se.

Faltava decerto algo inesperado.
O presente não fora aproveitado.
Todos os solos sentiam a harmonia
De sua terra com a sua alegria.

Momentos poucos durariam dias.
Enchentes mal assombravam rios;
Eram as caudas das gaivotas brancas
O que daria motivo aos arrepios.

Sua solidão estivera acompanhada,
Sua inquietude era repleta por ações.
Faltará ou faltara razão.
Amara ou amará em vão.

Nem mesmo o peso da aurora lúdica
Ou o firmamento de uma pesada tora
Poderia cravar, no espaço de um ponteiro,
A dor tamanha de todas aquelas horas.

Sem te ter próximo não sentia o frio;
Estando perto não ouvia o apito.
Era a distância que ditava o ritmo
De minha dor em meu peito indigno.

Madrugar era o prazer maior.
Embebedando-se sem saber parar;
A tontura do prazer infindo,
A tormenta do querer ardendo.

Enquanto as gotas conhecidas suavam,
As nuvens ignotas riam;
Por entre os raios, todos se queimavam,
Para dentro em si, sentir aquele frio.

O frio é a ausência da alma
Ao lado da outra: depenada.
O fogo fraco da fogueira tosca,
A falta de afago de sua calma oposta.

Coragem é a palavra final do risco;
O risco é o medo de perder o jogo.
O jogo não é de azar ou o cacife
não é suficiente para deliberar suplicias.

Mesmo a natureza sábia ignorava;
Sua parente mais próxima não desconfiava.
Talvez você visse e escondesse em si
Por temer findar o que não se pode se...


Y. Cavour

Complete o fim você mesmo!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Se a alma te reprova - W.Shakespeare

Se a alma te reprova
William Shakespeare/Custódio Castelo

Se a alma te reprova eu venha perto,
Jura à cega, que o teu ardor eu fosse;
Ardor tem, como saber, sítio certo,
E assim me enchas, amor medida doce.
Ardor enche de ardor a amor teu cofre,
Ai, lardeia-o de ardor!, e ardor do apronto
E bem prova que em vazadouro sofre
Se o número é grande, eu só não conto.
Então que eu passe em grupo sem ser visto,
Sendo um nas cotas dessa feitoria;
Tem-me em nada, se te agradar registro
De que este nada em ti é doçaria.
Faz só meu nome teu amor e amor;
E amas-me então pois eu te chamo Ardor.

Durante um temporal - Castro Alves

Durante um temporal


VAI FUNDA a tempestade no infinito,
Ruge o ciclone túmido e feroz...
Uiva a jaula dos tigres da procela
— Eu sonho tua voz —


Cruzam as nuvens refulgentes, negras,
Na mão do vento em desgrenhados elos...
Eu vejo sobre a seda do corpete
Teus lúbricos cabelos ...


Do relâmpago a luz rasga até o fundo
Os abismos intérminos do ar...
Eu sondo o firmamento de tua alma,
À luz de teu olhar ...


Sobre o peito das vagas arquejantes
Borrifa a espuma em ósculos o espaço...
Eu — penso ver arfando, alvinitentes,
As rendas no regaço.


A terra treme... As folhas descaídas
Rangem ao choque rijo do granizo
Como acalenta um coração aflito,
Como é bom teu sorriso,....


Que importa o vendaval, a noite, os euros,
Os trovões predizendo o cataclismo...
Se em ti pensando some-se o universo
E em ti somente eu cismo...


Tu és a minha vida ... o ar que aspiro ...
Não há tormentas quando estás em calma.
Para mim só há raios em teus olhos,
Procelas em tua alma!



Castro Alves

domingo, 15 de junho de 2008

O ideal é ir morar no deserto?

O ideal é ir morar no deserto?

A violência é o fator decisivo para atrair ou espantar turistas e novos moradores; é o medo maior dos vizinhos, de antigos fronteiriços; desestimula indústrias legais a instalar-se e atrai tráfico ilegal para a cidade; é motivo da perda do orgulho pela nação e a razão da baixa taxa de crescimento da consciência social. Então, como solução, fugir da realidade é o que mais se ouve, quando não se está satisfeito com a mesma. E ir atrás de pacatos vilarejos se torna a meta de muitos cidadãos cansados de sofrer com atos de violência. Busca-se um lugar calmo, onde a chuva é pouca, o calor é constante, a vida é noturna e o clamor é vibrante.

Este lugar está para ser inventado - num conto de fadas já existe - mas, muitas famílias insatisfeitas com a atual condição de risco de vida, e roubos, já procuram uma cidade pequena e pacata para rumar e alojar-se em definitivo. Um lugar onde o desenvolvemento ainda não chegou plenamente, e pode, portanto, chegar de modo a não esquecer-se das causas de um ato de violência.

A violência surge de fatores sociais em desequilíbrio, e se difunde em diversas formas: da violência contra a mulher e contra etnias historicamente menos favorecidas social e financeiramente, à formação de verdadeiros exércitos de bandidos, bem articulados, com antigos chefões, novas chefias e incipientes subordinados, estabelecendo o chamado crime organizado. Acabar com tudo isso é impossível sem investimentos bem encaminhados.

Entretanto, se a água não vai até as raízes, as raízes vão até a água. Uma pequena cidade a se desenvolver deve considerar o investimento na educação como o primordial para um crescimento ordenado, um futuro sem índices altos de violência e com cidadãos de bem e bem preparados em crescente número; maior do que o de despreparados e desesperados por falta de assistência educacional e emprego, respectivamente, fadados à vida criminosa. Se não houver controle por parte do estado, as plantas (cidadãos) novas irão atrás de sua fonte de vida ( no caso das plantas a água, ainda que distante ou poluída; no caso dos cidadãos, o dinheiro, ainda que "sujo" ou "emprestado", roubado), e não diferenciarão a maneira pela qual se mantêm vivos, apenas tentarão o fazer, é o instinto maior dos seres-vivos manter-se vivo.

Porém, se de um lado da balança da desiguldade está o cidadãozão, bem-sucedido, procurando paz eterna, do outro, está o cidadãozinho, eternamente insatisfeito, procurando paz interna. Quando o ostentar da riqueza se torna impossível, a alma humana, irracional, crê em uma solução definitiva para destruir as novas plantas sem secar sua fonte de vida. Acredita que é possível haver disparidades gigantes financeiras com convívio social ameno. Ilusiona-se blindando e pagando seguro a seus bens mais valiosos e desdém doar grãos e gotas para as novas plantinhas, sementezinhas, cidadãozinhos alcançarem, algum, status social.-Porque ter zero de status é igual a não ter. Desta forma, a vida do deserto se aproxima: o deserto ideológico, o deserto da razão, da solução imediata definitiva para os problemas antigos sem resposta errante.

A solução para a falta de equilíbrio dessa balança com pesos sociais é ampla, ambígua e âmpara. Ampla porque não é pequeno o investimento necessário na educação para resolver uma boa parte dos problemas. Ambígua porque, no gráfico do desequilíbrio social versus tempo, na medida em que amplia-se a taxa de população com padrão de vida médio, diminui-se a com padrão de vida baixo e, principalmente, com o mesmo alto. E, finalmente, âmpara, porque só um neologismo pode exprimir uma aparente nova e desconhecida solução: apoiar. Dar suporte. Amparar. Porque, se Betinho já dizia "Quem tem fome, tem pressa", a própria violência vem dizendo " Quem quiser acabar comigo não vai ter que me engolir ou me digerir, vai ter que me ouvir, entender, lenta e gradualmente". E, nesse contexto, "ouvir/entender a violência" poderia ser interpretado como procurar enxergar as causas da injúria da mesma para, então, tentar resolve-la, eliminá-la.

A solução NÃO É privatizar a segurança, trancafiar-se em abrigos, culpar os mendigos ou ir morar no deserto por inobservância dos fatos geradores da, ou de, violência e continuar roubando, corrompendo-se, sendo conivente; a solução É: ser Visionário. Ser Esperançoso. Ser Investidor. Ser Realista. Ser Compreensivo. Ser Humano. Para poder ser Satisfeito, Correspondido, Bem-Sucedido, Realizado, Compreendido e Humanizado, respectivamente. Somente agindo com estes verbos, sinônimos do progresso sutentável, em mente, pode-se acreditar que a intenção de acabar com a violência é um querer real, não um ideal. É querer morar-bem no paraíso de sua cidade natal, a passárgada do poeta nato.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Três temas no tempo

Três temas no tempo

Escuro de reentrâncias e amedrontados
Corredor das tréguas das trevas
Interminável rota do amargo
Passado existencial e mudo

Espanto aumentado até o extremo
Findar as léguas das leptas
Incansável que gira ao avesso
Presente consumido e cego

Eterno furor dos inóspitos
Lugarejos imundos e impostos
Imprescindíveis a manter o solo
Futuro pobre seco e surdo

Evitemos o trágico futuro,
Ajamos com a consciência desperta.

Y.Cavour

Explicado

Explicado

Porque surgem pessoas
porque brotam momentos
porque amarrotam discursos
porque inventam derrotas
porque temem o outro
porque chove com força
porque distorcem detalhes
porque criam heróis
porque não eziste linha em branco (com z)
por que fazem perguntas?

Y.Cavour

Lógica para ela

Lógica para ela

Lógica. Queria ter uma...
Lógico, Ela existe.
Ilógico: se não a conheço,
Por lógica, descubro o endereço.
Longe é o lugar que não está
Longe do lugar que pudera
Ir longe, e ser feliz com ela.
Lógica Longa: a demora, a espera,
Logo traz a dor de ser ela
logo aquela insistente;
Logo, logo uma não obstante
Longe de estar por lógica
Perto da contrária e próxima
Tarde de prazeres deveras
Breves, e adeuses sinceros;
Com risos e emoções sérias.

Em uma palavra

Em um palavra

A vida é saudade.
Saudade sinto até daquilo que não foi dito
Saudade tenho quando não aguento fugir
Saudade espero nunca mais não ter mais
Saudade é um exagero de metalinguagem poética
Saudade pode ser definida como: inextricável à vida

ao viver, a saudade
ao vencedor, a saudade
ao perdedor, a saudade
ao morrer, a saudade

Saudade daquilo que não pode ser sentido
Saudade de algo inexplicavelmente do ego
Saudade da definitiva anedota da vida: a vida
Saudade da ausência da classificação
Não posso mais falar da saudade, eu já a sinto
Não posso mais escrever a saudade, senão eu minto
A sua saudade é maior do que a minha, decerto
Se sentes saudades é porque enxergas num imenso
Universo
Se sentes saudades é porque mergulhas num intenso
Viver
A saudade é vida

Só sente saudades quem vive ou
Só vive quem sente saudades?
Retire o ponto de interrogações:
Assim descomplica-se a vida;
Mas não retire o ponto das interrogações,
Pois a saudade inibi-se

Se é bom interrogar-se,
melhor ainda é responder-se.

Onde estou, estás!...
Saudades!

Carência da estrutura basal

Carência da estrutura basal

Difícil é
Não se mover
Locomover
Comover
Fácil é
Ficar com dúvida
Na dúvida
Duvidando
Alguém pensou estar
Estava
Este
Mas não soube falar
Falando
Falácias
O crime passou sem perceber
Desapercebeu
Percebereu
Matou-se a língua a páu
Pautada
Paupérrima
A manchete não saiu
Vasou
Caiu
O caos não se notou
Anotou
Notado
Não fora culpa do leviano
Leve
Levando
Foi falta de truísmo
trunção
instrunça
Sem noção da culpa
Culpado
É a cúpula
Mantém a ignorância alta
Altiva
No altar

sábado, 7 de junho de 2008

Pensa-se demais

Pensa-se demais

Parece que nada distante, e longe
enxerga um vulto sinistro, um medo.
Acredita em tudo que surge, e cerca.
Faz cara de sonso, indiferente, tolo.
Percebe que sempre ostenta um ar
sem sentir inalado o seco sustento.

No escuro, fecha os olhos por ver
sombras que movem-se em círculos;
Vendados os sentidos, só resta a mente.
Imaginação fértil, mas com uma clareza:
se está cerrado não pode ser real;
Se entreaberto, talvez fique a dúvida.
No entanto, é bem certo que há algo
errado ou incômodo junto, ao lado,
tão próximo que encosta, sem tocar;
imensurável, ao ponto da escala mudar.

Para o tamanho daquilo não há cura,
o remédio é o sinismo da dor pura:
abranda o fogo com água e álcool;
move os montes que em si escalam;
separa as juntas das portas fechadas;
e cobre o vazio da tampada saleta.

Na tampa de cobre permeia um raio
por onde se deixa transpor o feixe
de iluminação míngua, mas extrema!
Espelhos refletem, mas distorcem.
Tapetes enfeitam, mas recobrem.
Todas as redundâncias se (re)encontram...

A imagem real deve ser secreta
pois, se um qualquer saber desperta,
a ira seria tamanha e inigualável!
Pressintindo a vez da troca imposta
é melhor mesmo sair de sua rota
ou tentar mantê-la estreita, ainda?
Faria com que se sentisse sozinha
ao lado de todo o resto? e a nata,
as sobras, só servem para iludir?

O conteúdo é menor que o contêiner.
Então, não se pode caber no aperto
porque o aconchego fica evidente.

É mesmo o nervosismo a causa da íngua.
Não há palavras boas que molhem a língua
para temores como os estranhos andarilhos.
Ao tempo da cura, a dura sentença aumenta;
no prazo que consta só é boa se lembra.

Precipitado que irriga tanto quanto avisa:
dará um jeito por ter pretenções boas;
logrará êxito porque não existe à-toa.

Y.Cavou p/ Alguém(a)

Nível de Firmeza

Nível de Firmeza

Deixe que os atinja, há distâncias
segure os que pedem, em parcelas
modifique sua estatura, condizente
pertube-se do alheio, um por vez
desenganado será ele, do bando
retirara sobras ingratas, revirando
alarmado como uma nota, folheada

esfaimada a faminta poça, cava rochas
engrandecido todo o medo, sobrevoa
não obstante seja a altura, queda abrupta
calada e rachada a brisa rompe, inescrepulosa

mal-tratado o bem-querer foge, à regra retém
roucos rios calefacem sombrias folhagens, secando
anoitecendo os encontros se divergem, feitos lúdicos
comemora a toda vil encabeçada pelo fio, de lança cega

arremesso dado ao passo adiante o murmuro, sobressai
importância mais valia ser a íngreme escala, indireta
porseguinte conseqüências reafloram mesmices, aduladas
afinal o ente viu o próximo pesadiço portão, retaliando
aguçados seus olfatos soam tristes por singelo desfecho, mau-olhado.

Y.Cavour

São Palavras

São Palavras

Prestígio é uma palavra: sem transpiração.
Inspiração é o prestígio de uma palavra.
Palavra é a formação de idéias comuns.
Comum é a quantidade de coisas estranhas.
Estranho é achar que existe algo eterno.
Eterno é caber no mesmo espaço do vácuo.
Vácuo é ficar esperando para sempre.
Sempre é a vontade superando a si.
Si é cada um que decide sua rota.
Rota é a chance de seguir ou vencer.
Vencer é avançar e não é poder mais do que o poder.
Poder é engano e não é querer ter tudo diferente.
Diferente é poder ter inato prestígio.

Y.Cavour

Nada é como...

Nada é como...

Hoje acordei com vontade de dormir,
mas quando notei estava a sonhar!
como não reparei que enxergava tudo
mesmo com ambos olhos dobrados?
Ao olhar para o tempo senti um frio;
a frieza do tempo não fora antes aferida,
bom que agora percebo que algo se move
num constante e fixo avesso ao errante.
Não falha, não cansa, só segue
em frente, contra o vento de popa.
Estende como se nunca fosse o bastante,
estima, faz mais (do)que o suficiente.
Instiga, a fazer como é feito.
Inspira, mantém a verdade à frente.
Depressa, mais ágil que tudo;
apressa, sem subterfúgios.
Tem pressa, acerta a sombra,
impressa, nos cantos mais sujos.
Denota, que é vil, o ser
remete, quem viu, a rever;
quer ver, de novo, a tragédia
destoa: parece comédia.

Tragicômico como o real
enfadonho o tédio redundante
siléptico o pó que atua
a endorfina libera a dor
adrenalina é de fácil controle
e peca sem saber que o vício
sustenta a dor sem suplícios.
Aquela mantida escondida,
que vai no gráfico da vida,
o que mostra o tempo num plano
e no outro oculta o mesmo fugaz.
E insiste que não é consciente,
mas foge do que não mais sente.
Retorna ao fim consequente,
o fundo do fundo do poço.
Enxerga atrás para de frente
não estar nem doído nem dormente.
E volta com substância
que causa em breve instância
um rápido sabor de leveza.
Mas leva embora toda sutileza.
É má, pois vive ao custo
de um gosto cada vez mais em desuso.
Rebusca novas fontes
para novos poços, tão secos
que seriam úteis, se usados
do modo para que foram criados:
matando a sede, de quem, isento de culpa,
sustenta o que o deixa mais sedento.
O mesmo ostenta que pode mais que o poder
por deter nas mãos o pó,
que deixa o ouro leve (em valor)
mas põe em risco o âmago (do ser).


Y.Cavour

Facilter

Fácil ter

Ainda que no princípio
 há uma margem
um erro no começo
 e um fácil alvo
o preço é justo e digno,
há comparações
com tudo que redijo
 sem transformações
Mas sólido e compacto,
idênticos volumes
os tamanhos são práticos
e bem consomem
os gostos tácitos
 e o sabor do azedume
resumem o misterioso
 em pouco espaço;
cozinhando toda a graça
 rompe-se o laço
traçando linhas vertiginosas
 de impacto
alcança-se o amanhã mais rápido
enterra-se a noite nos solos
caminhos longos escondidos
em apertados lugarejos
falta abrigo e o frio
é tudo que vejo

Sem ti

Sem ti

Vivo e atuante,
exausto, atenuante.
Por fora, sobra;
no interior, esnoba.
Por ser bastante,
morto, e incapaz.
Incauto, horrível,
cuidado e eficaz.
Aparenta ser, mas
dentro, pede paz.
Frio e insensível
transborda sal
em gotas silépticas,
se afoga a sós.
Revigora a vivaz
semi-toda ausente,
falta de algo,
[alguém.
Emana cores bruscas;
interiora, até ofusca,
de tão cegantes quanto
o clarão de espanto
em relação ao tom
semblante no bom e
vivo, como morto.

Desprazer(oso)

Desprazer (oso)

Devoro-te e percebo
és mais bela pelo placebo
deglutido disfarça o amargo
saboroso afoga os olhos
em gotas salivares e salgadas
deságua enorme vontade assídua
por entre velas e brigas
são encontradas incautas mentiras

Entre as mais sábias da trilha
ocorre um trecho ribeiro
que desafia o corrente
em queda abrupta constante
instinto consoante em uma inter-
disciplinada cachoeira arcada

Em seu trunfo ápico recorre
ao nulo épico flavor sóbrio
um que despreza o mistério
escondendo o nobre arranjo
em um raso prato repleto
do aroma puro e belo
mas que engana o sério

Aparente grande engano
sobra num plano o manto
do pano santo e típico
se acredita é lunático
desacredita-se enfático
certeiro probo inato
ordeiro trono imóvel
odeia trabalho escravo
e convoca o mínimo esforço

Se ganha fácil, é pertinente
desengana-se, então mente
alcança sobre o horizonte
único belo constante, é velho
remonta ao segredo do mesmo
e esconde a si o mistério revelado

Intrometido ao seu lado
sem passar frio ao quente
o induz sem contato
contanto esfria o relato
que é impossível ser alto
num brejo imundo pequeno
de um belo mundo sereno.


Yuri Cavour

Consta sempre

Consta sempre

Muito tempo demanda
lento
Corre e nunca alcança
há tempo
Tenta sem conhecer bom
caminho
Foge durante e parada
movimento
Rápido chega se é
longo
há tempo, o caminho é em longo movimento,
corre muito rápido pois tenta, mas foge
Chega na hora de ser
cumprimento
Distante de qualquer um
verdadeiro
Presente dado a vários
simples
Amigos encontrados
agora
Distante do amigos presente que chega
é simples, verdadeiro o seu cumprimento
Antes não podia-se crer
errado
Muda a todo instante
para quê?
Continua sendo àquele
antigo
de antes de todos de si
depois
Muda e continua o de antes
Não sabe para quê o errado e antigo
irá servir se poder é,
agora, antes e depois,
o dono do desejo.

Libertas quæ sera tamem (nunkas!)

Libertas quæ sera tamem (nunkas!) = Liberdade ainda que tardia (nunka! -essa é minha!-)

A liberdade está lhe cercando
as possibilidades lhe indicam uma escolha
As flechas sem setas atiram na bússola
E esta aponta para o norte demarcado
Cada dia mais claro e mais nublado
Cada noite mais curta e demorada
Todos os seguintes procuram por algo
Idêntico ao anonimato bem reconhecido
Ter fama por merecer a recompensa
da mapa, do tesouro, do x, da equação.
As somas são divididas indiscriminadamente.
Multiplicam-se as diferenças
e somem-se as reduções.
Redução da pobreza
Para os ricos
Redução da fome
para os gordos
Redução da vergonha
Para os extravagantes
Redução da pena
para a moral
Redução do pedágio
para o tráfico
continuar adiando a vida
até o momento de seu abrevio.
Um assobio no alto determina
quando será o próximo assalto
e porque você pagará por quilo
algo que não é comercializado,
e não tem consumidores
-não são traficantes-
pois são só usuários.
Marche de cabeça para baixo
para não ter de encarar o fato.
Veja com meus próprios olhos
o que eu predizia e proponho:
mudar algo é preciso;
mudar tudo é vago.
Há uma saída de emergência,
mas a porta está lacrada.
Desobedeça o sinal de continência
e terá seu conteúdo esfacelado.
Obedeça o chefe da redondeza
e será o futuro bem assombrado.
A própria luz não cria sombras,
precisa de, mais concentradas,
[barreiras amigas sólidárias;
A sombra, em si, contrária,
precisa de companhias isoladas,
[mentes universitárias solitárias.

Y.Cavour

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Saltaonde

Saltaonde

O calçado é apertado e estreito
mas a rua é ampla e larga.
A calçada tem buracos e níveis
e sandálias com arcos livres.
Os tênis sempre salteados;
sapatos com sola pregada.
Mas há poças por todos os lados
e há moças sem medo do fato.
E, mesmo subindo e correndo,
não há quem se lembre
que esquecer é angustiante.

Quando o passo é torto e destro,
o compasso é livre e maestro;
e o samba está se movendo,
demovendo depressa, na avenida
na rua, estrada, e barro
calçada,degrau e brejo.
Caminhando a favor do tropeço
e topando o saltibanco espesso,
sem dar cabo a queda iminente
encaminhada sem queixa.

Recomeçar com o esquerdo
para estar um passo à frente.

Do começo redundante direito
manquitola o saci ao avesso,
cumpre à tona, curupira, a lenda.
Salta sendo o cadarço sem nós,
terminando os laços com vendas
e nos deixando no embaraço
quando, no propício errar,
se esbarra, e pede silêncio,
sem ao menos fazer jus ao lento.
Tão veloz o breve momento,
aparenta durar por eterno
Mas, é tênue e brando;
simplifica e descalça.

A pé é mesmo melhor.
Na areia, a marca arquipélaga,
a que pede um outro suspiro
e que impede o próprio ouvido,
de audível passado,
a ser perpassado.
Escuta o observar sem soar.
Suando o pingo cristalino,
Rompendo triste a lente;
calefacendo a fria maçã
e falecendo inssosso aonde
padece o brio do fã.
Do sustentáculo que descansa em pé
ao apedrejar da nova manhã
já começa a ver no afã
um recomeço de cada
pedaço doentio ao extremo.
Pois caminha lendo
e realinha o caminho fazendo
um contínuo pontinho do tema,
sem tremas. E teima.

Y.Cavour

Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.