"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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quinta-feira, 28 de março de 2013

Freud e uma questão de insight: Deus. O ateu que continha uma Prova.



*Lembremos que meus apostos são livremente inspirados em A Brincadeira, de Milan Kundera (quero dizer, são meros pensamentos!)

Freud e uma questão de insight*: Deus. O ateu que continha uma Prova.

"Reconhecemos que o Inconsciente não coincide com o reprimido; é ainda verdade que tudo o que é reprimido é inconsciente, mas nem tudo o que é inconsciente é reprimido."

"todo conhecimento tem sua origem na percepção externa"

 Segundo entendo, para Freud, se o id toma conta do ego, há pouco amor-próprio. Mas o ego pode realizar uma substituição e tornar-se objeto  para o id amar, daí se tem mais amor-próprio, conjecturamos. Curiosamente, talvez seja isso o desapego.

 O desapego seria, numa palavra, a transformação da libido do objeto sexual em libido narcísica. E isto é sublimação. Talvez mesmo Santo Agostinho, de certo modo, ao pregar o desapego referia-se a amar  mais as coisas como elas são, em sua natureza: uma libido anaclítica e holística. E isso pode parece bastante nietzschiniano! Para Nietzsche todas as coisas do homem são boas, suas ações inclusive. Mas, retornando, Freud trata de catexias, impulsos e seus sentidos ou orientações, realização ou repressão nos objetos amados e etc.

 De fato, Freud é ateu. Em aproximação esdrúxula, para Freud Deus seria o superego (o ideal do ego) sendo descoberto, simplesmente aquilo que nunca poderá ser alcançado? (Sobretudo devido às restrições morais da sociedade. - E se assim o for, é mais fácil alcançar o nirvana budista, uma vez que se tem total desapego e total substituição de objeto de adoração, se não narcisísta, holística, e Deus estará sempre presente positivamente, existirá necessariamente).

 Segundo seu entendimento sobre a religião, ser humilde seria, portanto, admitir nunca poder alcançar o ideal do ego, o super-ego, e se resignar a conter os desejos do id (self, eu) por saberem egoísticos - mas pode ser o oposto exato, se o ego é autoconsciência do eu, self, id - e distantes da razão, mas próximos da paixão (isso numa sociedade que preconiza o  racional)? Mas isso não seria admitir que Deus inexiste, ou que ele é um simples objeto de veneração? Pela lógica descrita, um totem tornado tabu? - Ou talvez admitir que esta seja uma Prova de que Ele existe, prova material, intelectual e por que não espiritual? Uma vez que todos podem alcançá-Lo se O descobrirem, Nele crerem, ou se a Ele forem mostrados, apresentados: como discordar de si mesmo?, perguntaria Kant. Isso seria logicamente  irracional. O Absoluto, o imperativo categórico, a Razão Absoluta é presente em todos os homens, logo todos podem olhar para Deus (totheon-ricamente). É a ética humana verdadeira, universal. Somente sem liberdade não se pode acreditar em si. - O livre-arbítrio talvez traga a dúvida! Dúvida cartesiana ou de Jesus?

Com Freud, se a consciência não consegue viabilizar, realizar os desejos, reprimidos, pós-anáclise, inconscientes ou pré-conscientes, se não há análise, há crise, neurose, tensão, sentimento de culpa e outros "di-agnós-ticos" a depender da origem do problema. A melancolia pode surgir, como a  própria confusão de ideias? É um caminho.

 Deixemos estas questões para se pensar e discutimos que, para Freud, quando há um mesmo ideal do ego (entre pessoas), há identificação. E o ego é o representante do mundo externo para o id. O ego é uma parte especialmente modificada do id. São a mesma coisa e junto com o supergo compõe a estrutura da mente, que funciona.

 Ainda, pelo que parcamente resumo de Freud, o inconsciente é: dinâmico: função; descritivo: qualidade; sistema: se aproximando de estrutura. Consciência é função do sistema (da estrutura da mente). No sentido descritivo há dois tipos de inconsciente, no sentido dinâmico apenas um. A mente tem uma estrutura (id, ego, superego) e tem funções, operando como (por) um sistema.

 Por fim, discute-se que há impulsos que têm ou não sentido definido para operar este sistema e levar à ação e fruição, que obedecem  resumidamente ao desprazer e ao prazer. Prazer é consciência realizada. Desprazer é o oposto. E trocas, substituições econômicas dos sentidos e cargas destes impulsos ocorrem para o bom funcionamento do sistema, para o pré-consciente, latente se tornar consciente e se realizar.

 Assim amor e ódio podem ser sinônimos ou se direcionar a um mesmo objeto em tempos variados ou simultâneos, insconsciente e/ou latentes. E somente quando racionalizados, quando tornados conscientes os (estes citados, como amor e ódio) sentimento sociais são percebidos. E como todo conhecimento tem sua origem na percepção externa, são precisos(necessários) os sentidos: primeiros as palavras ouvidas e depois escritas, mas figuras também servem.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Why The Harlem shakes


Why The Harlem shakes

Why the beatles are not beatified?
Their beat are not that fair?
These beats are not enough?
The blessed are not less capable!


If I say so why you say no?
Is the center that matters?
No, the matter focusing on the concentric
It's dispersed in a silent
Laugh

Nobody retains power in a role
No role retains power in a body
It's the whole body that streams power
There is no role paper, but a liquid role
A liquid paper

And this is a scene unseen to the no blinds for reason
This is a crime not screamed to everybody that shakes power:
It's a resonant power that endeavour the rest to a movement.

terça-feira, 19 de março de 2013

Meta-poeta


Meta-Poeta

A boca da alma do poeta não tem escrúpulos.
Quando engasga com algo, verve logo
[na folha, na tela, no bloco.
A partir de uma inspiração,
é despertada a emoção
sem pudor;
E, logo em seguida, então,
Afirma-se haver razão
no amor.
Mas, na sequência final, longe do ideal, surge o temor...
De não alcançar, no papel, o ponto fatal... 
d'alma do leitor!...

Y.C.O.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Oswald, metafísica e os quês do mundo.


 Oswald de Andrade, metafísica e os quês do mundo. Por uma antropofagia.  -Uma breve história do mundo.

         O homem é derrotado na sua existência meramente técnica. Ele se torna seu próprio escravo e só percebe que existe quando com o trabalho se aliena e se diferencia de seu objeto produzido (com sua técnica, grego tekhne, arte, habilidade). Então, mais adiante, esse homem poderá começar a fazer atribulações filosóficas que tentam justificar sua moral escravocrata... Ele passa do direito natural (jusnaturalismo) ao direito positivo (com o constitucionalismo) porque se vê apartado da realidade: a realidade que o contém tem de ser criada, no patriarcado...
     

       Enquanto isso, no antigo matriarcado havia simplificação e semelhança, aproximação à natureza (a justiça é natural, da natureza, jus naturalista! Tem-se universalmente a ideia de mãe natureza...); no mundo moderno, do direito positivo, do homem que faz o homem escravo do homem, a justiça para o homem tem de ser escolhida, tem de ser criada... Assim vem o direito positivo e até a declaração dos direitos do homem... Tudo isso porque é por uma operação filosófica, metafísica, transcendental que o homem vai se reconhecer e se questionar (Hegel até Descartes, na ordem inversa - já que Descartes é anterior) e até se igualar a Deus (mas não ainda)...


        E é nessa busca do ente supremo, até a exclusão do homem e a superação de Deus com Nietzsche afirmando haver desvalorização do homem quando se elege Deus acima de tudo, que o homem (e não a mulher, que é ainda coadjuvante, mas vai se tornando aos poucos figura patriarca também) tem de operar por uma dialética sem maiêutica: o homem quer encontrar seu termo final para poder se reconhecer e justificar perante o próprio homem a sua soberania e seu poder. 
E a alteridade faz nascer para o homem o mundo e permite de vez a razão, com Freud; mas antes, com Descartes o Eu é o superior da razão, e o próprio duvidar existir anuncia a existência do pensamento, logo do sujeito e do existir sem dúvida, mas através dela.        

          Mas com tudo isso ele (o homem) sentira uma lacuna: a lacuna somente preenchida com Deus ( Ser, na filosofia). E eis a grande questão: as igrejas que antes haviam sido negligenciadas passam a ser mais importantes e o papel de Deus muda: Deus é onipresente na vida do homem, é onisciente de seus atos, e onipotente para puni-lo. Deus encarna-se mesmo no homem. Acontece que Deus deixa de ser totem para virar tabu - e isto é uma inversão. No matriarcado se temia a Deus, no patriarcado Ele é procurado. Mas o problema é que Ele é procurado por um desejo, por um preenchimento que se torna necessário graças à técnica que supõe o homem como existente numa realidade egoísta e autônoma. O livre-arbítrio parece não existir porque a escravidão é o que dá sentido à vida moderna. Pois bem, se atravessam mais de dois milênios para ocorrer essa inversão. E agora a revolução quer o retorno a uma sociedade que venere um ser não por sua falta, mas por sua descoberta e dotação de existência necessária para coibir ou explicar o absurdo que é o mundo sensível.

          Assim, ao cúmulo e auge da revolução industrial, Marx afirmara que o trabalho dignifica o homem. No entanto, no sacerdócio era justamente o ócio que produzia algo bom para o homem. Mas se o homem trabalha para conseguir ter tempo livre, o ócio, a tendência é o retorno ao matriarcado: a sociedade que venera ao invés de escravizar-se.

          A continuação: no patriarcado se tem o direito positivo, propriedade da terra, propriedade da mulher, da família, dos bens. E transferência desses bens em linhagem paterna (mesmo o sobrenome), primogênita (sempre masculina). Há a separação do mundo pelo trabalho que, ordenado, dividido, cria o mundo de classes... as quais só podem se alternar por casamento (às vezes proibido entre castas); casamento este que pretende resguardar os bens - genéticos e materiais - que ao homem dotado de saber cabem. A riqueza egoística do homem produz sua diferenciação perante outros homem e perante os demais animais; e logo o homem se vê face a face com Deus: ele pretende se igualar a Deus o copiando. Confunde um pouco então a veneração em uma semi-esquizofrênica recriação.

        Temos, portanto, a moderna, e relativa, teoria do conhecimento dizendo que o conhecer é uma interpretação (
faínetai).( O mundo se subdivide filosoficamente entre crentes e criadores, ou esquizofrênicos, e desconfiados e perseguidos, ou paranoicos.). Por uma dificuldade elementar, ao venerar em excesso esquece-se de viver; e ao recriar o Seu (Seu, Deus) significado, cai. Peca. Para a sociedade moderna tudo se resume ao eu, ao individual, e à propriedade. Com a propriedade se tem riqueza portátil, móvel, que pode ser trocada... A troca funda a sociedade, afirmaria o antropólogo Marcel Mauss. E ele estava afirmando tanto sobre a troca de bens como sobre a troca de esposas. Esposas: irmãs; irmãs: esposas.


          Lembra-nos Oswald ainda do exemplo de Platão, para quem as crianças aos seis anos de idade deveriam pertencer ao Estado. Deixar a família nuclear para pertencer à nação. O amor platônico era favorável ao matriarcado, sociedade igual, sem classes e sem pertencimentos do ego. No entanto, seu amigo Sócrates era favorável à pederastia como técnica para aprendizagem de certos conhecimentos sobre o homem...

        Finalmente, a inversão que levaria à crise da filosofia messiânica seria elevar o homem a tal expoente que por uma suplica inversa ele é amado por Deus, e não o contrário (ama a Deus). Nesse ínterim o homem não se iguala a Deus por um triz, mas pode se colocar como seu servo, e para se tranquilizar na sua existência apartada de Deus por mera negatividade que subjaz, que é inerente, descobre seu espírito com uma carga de negatividade. Aqui a Comédia vira Tragédia. O homem antes semideus se vê errático.

         Assim, o homem que só se realiza onde há costas (fronteiras, mares para se intercambiar bens e mulheres - que se tornam bens) está de costas para consigo mesmo, procurando por Deus, que parece o abandonar. Mas como enxergar O Ser estando noutro plano? Constatando, como fez Descartes confundindo Platão, a razão, a ideia e a emoção, a sensação, estarem em planos distintos, em mundos distintos? Seria obviamente apenas possível teorizar (do grego to theon, olhar para, venerar - venerar o Ser). E com a techne grega e humana se teoriza tudo. Mesmo a hermenêutica é uma técnica para se ouvir Deus - na Bíblia, com a escolástica.

          Mais uma vez o homem, que se elegeu ser autossustentável no agora, também com a psicanálise, se vê em falta. Falta que é oriunda d'um desejo impossível de ser cumprido - a busca pela outra metade grega, que se perdeu no momento da Criação (dimiourgía ). (No passado, portanto, e que só pode ser encontrada no futuro). O homem patriarca e sacerdote solipsista percebe que sua existência só tem justificativa para consigo mesmo através da religião (latim, religare, retornar ao ser, de origem - há controvérsias sobre a tradução ou etimologia). Mas se sua religião só faz sentido numa vida civil apartada da sociedade, e do tipo comunidade (de laços mais afetivos e menos profissionais), a revolução industrial e o mundo moderno (ou pós) só o sacrificam a cada dia, literalmente e numa antropofagia inconsentida.

          O homem continuaria a procurar com suas técnicas, ciência e filosofia o sentido do mundo. Queria ordenar seu caos em forças físicas lógicas. Mas, da mecânica clássica à relatividade especial, descobriu o mundo infinito só contemporizado pela morte e aplainado pela outra vida (a)onde um apenas julgará e sub-julgara, demonstrando haver no mundo sensível igualdade material entre os seres, pois eles depreendem de uma mesma condição existencial.

          O homem definitivamente precisa ser salvo: acreditou na serpente, (e, portanto, caiu, a tal Queda), quem garantiu não haver morte e sim conhecimento infinito. (Re)Descobriu o infinito no ser - ou Deus - (via Kant) apenas. Teve de se voltar à Salvação! Elege o próprio homem como caminho à Salvação. A filosofia como religião,  a religião da humanidade como queriam os positivistas progressistas - de nossa bandeira nacional ordem e progresso está seu legado-... Estavam enganados e perceberam, antecipadamente com Lutero e a Reforma.

          E, então, a ciência e a filosofia se voltam para o ser, tentando se aproximar de sua ordem, tentando domar as forças e o caos aparente do Universo, e elegem a metafísica para geometricamente definir os contornos da verdade, da justiça e do bem; valores humanos, que deverão encontrados ser na civilização, ou ao menos cultivados.

          O que se constata é: há uma ordem a ser encontrada. O motor imóvel de Aristóteles procurava por Deus (aquela faísca inicial ou centelha que move as coisas e não é movida por nada). Acontece que a filosofia vai entrando em crise porque ela passa pela mesma ordem da phisis de Polibio (nascimento, crescimento, reprodução e morte - por revoluções)...e a própria linguagem retém, detém, contém o avançar, a evolução da filosofia, se não há neologismos...

          E se a filosofia seguir a mesma dialética da religião, ela se torna uma filosofia messiânica, que com o mundo da técnica adiara ou suspendera a própria existência para se vir refletida. Sem uma crítica crítica, a existência ao mesmo tempo que passa a ser mais importante do que a essência, com o Existencialismo de Heidegger, Sartre e outros, se vê sem pé nem cabeça, se vê sem pais, sem origens (ursprung) e, portanto, sem fins (télos). Mas não há teleologia; o homem está no mundo a sós e sendo oprimido. Por  isso, por querer sua superação, o homem existencialista é ansioso e busca a tudo consumir (ajudado pela vitória do capitalismo - cristão - mais materialista do que o comunismo derrotado - quase todo ele ateu e materialista!-)... Pois, nessa consumação, nesse consumismo ou consumerismo, há espaço para a sua superação dialética (tese, síntese e antítese: homem negativo, espírito negativo, homem e espírito positivos juntos - e de volta - (à) a natureza). Ação e fruição pela negativa, psicanálise freudiana. 

        Portanto, a superação dialética é antropofagia, é retorno em matriarcado, é consumir-se e consumir aos demais para se engrandecer e aprender com o outro que na verdade é um só. E amar ao próximo, ao outro, é verdadeiramente amar a Deus! Como na mensagem cristã que quase fora tornada sacrilégio quando houve encarnação e questionamento sobre o abandono do homem por Deus. De fato, o homem abandonara a Deus e pensara que acontecera o exato contrário. Nietzsche, ao dizer que Deus está morto, apenas estaria indicando o assassino de Deus: o próprio homem, egoísta. E cego seletivo, que só olha para si e esquece que sua existência só faz sentido de forma relacional. Mas sem submissão, pois a supracitada crise advém justamente da submissão (ir)racional 
(grego krisis, krinein, separação, divisão, julgamento, razão).    

        Então, com a psicanálise revisitada, Oswald fecharia o tomo: o "natural" (o desejo do eu) repreendido causa doença psíquica, loucura - que não é acometimento de seres divinos, como na Grécia de Dionísio e Cia,  mas desejo reprimido, e autoflagelo. Toda essa ortodoxia solipsista (só o eu existe, um outro "eu" que não o self, ou eu, ou id) dará no niilismo ou na vida contemplativa enclausurada nos conventos, por exemplo, e significam negação ao estado patriarca, repressor ou opressor em que vive a sociedade pautada na moral do escravo (o senhor e o escravo dependem mutuamente) e do trabalho (o homem só se diferencia de outro ser, de outro objeto e só reconhece existir porque trabalha:  aliena-se: se entrega, se descobre, se revela, se diferencia do outro humano causando dependência mútua, porque humana...).

         E mesmo a liberdade só é reclamada na sociedade patriarcal. Pois na matriarcal, que se pretende retornar, na há coerção, não há escravidão; há o estado de ócio e do lúdico. A morte não será mais temida porque o Estado laico não a venera e promete a redenção no céu, mas paga o enterro. A vida é celebrada não como Dionísio, mas como ética pura, universal, de vontades que coincidem. E então o messiânico se contrapõe ao antropofágico. O matriarcado ao patriarcado. E todos os itens da conclusão da tese de Oswald.

         No entanto, com uma teoria na qual a vontade de poder é um problema, e se constata o inexistir do livre-arbítrio, a discussão sobre o patriarcado e o matriarcado acima descrita vai por um outro prisma: o da coerção pura e simples da contemporânea sociedade, e a redução às escolhas racionais.

             A sociedade pós-moderna pós-humana co-aciona desde as aparências e faz confundir que sem o deter das consequências não há ação livre. Vale uma citação:

           "Admitir a teoria da plena irresponsabilidade humana perante o bem e o mal traz quase uma humilhação para o homem, pois seu maior substrato de humanidade era justamente a capacidade de realizar escolhas morais, escolhas livres.... A irresponsabilidade e a inocência é um fel que o sujeito de conhecimento tem que suportar, principalmente porque estava acostumado a enxergar na responsabilidade e no dever a credencial de nobreza e de sua humanidade." 1

           Tudo o que o homem faz é do bem, porque é da natureza, e a moralidade, que depois se elencará virtude, é algo para oprimir o homem em sua natureza livre. O homem livre é bom e inocente. Mas o homem que teoriza o conhecimento é cruel, esconde a verdade racionalizando: ao querer ser sujeito tenente de suas ações o homem se desumaniza, pois por natureza ele é bom e verdadeiro, mas com a coerção do mundo social ele aprende a respeitar regras morais que permitem a sociedade, e que o oprime a tudo. 

             Assim, uma ação má na verdade é uma ação boa alterada, embrutecida; e o livre-arbítrio se é mesmo pautado na escolha livre do sujeito, que existe em sociedade, é, portanto, uma mentira: o homem não tem decisão, responsabilidade nas suas escolhas, pois não tem escolhas a fazer: ele não é livre em sociedade a não ser por coerção; moralmente, ele sempre age conforme a sua natureza, que é boa, 
 resumiria um Nietzsche durkheminano avant la lettre e relendo Platão. Pois, os valores morais às suas escolhas, se boas ou más, são apenas julgamentos dentro de uma sociedade que elege seus próprios valores, e quais são bons ou maus. Em verdade, o homem não pode ir contra suas vontades, seus afetos. Por isso sua escolha é inocente. Não há moral na natureza.
Para contemporizar e contextualizar em certa medida:
"O que é direito escolhamos para nós; e conheçamos entre nós o que é bom" Jó 34:4.


              Por fim, há a questão do poder e da vontade: a vontade de poder não pertence ao homem em sua primeira natureza, mas com o passar do tempo, a moral, a submissão, com repetição, elege ao existir da sociedade a obediência. Daí o poder se instaura por ordem e juízo. O homem se aparta de sua natureza para ser alienado, dependente. Ganha uma segunda natureza. Quando busca liberdade, ser livre, é porque se descobre preso. Somente com as dores do parto se libertará. O homem é moralmente irresponsável, mas a sociedade o coage e condena a tudo, inclusive a ser livre (deduz Sartre) e, em seguida, ele se vê obrigado a ser responsável socialmente.



Só o eu existe. Eu: Deus. 

Com os autores pós-medievais e modernos o homem se vê forçado a ser livre, a obedecer
a si mesmo, como que parecendo que ele havia esquecido isto: que seu espírito é livre e 
sempre (o tempo do nunc stans) foi! O homem é condenado  a ser livre, afirma, num aparentado paradoxo, Sartre, provavelmente relendo os contratualistas da época de Rousseau e Hobbes...

Acontece que uma liberdade que não sabe de onde vem e para onde vai não precisa 
existir. Sequer consegue se ver exisitindo. Por isso há ditadura, ou demagogia; Estado 
laico, ou populismo. 

A democracia está longe, a república não se enxerga: o sentido dessas formas de governo
é o controle do povo pelo próprio povo, mas se ele não se detêm senão como sendo sem 
sentido, um messianismo pós-moderno, superficial e leve(light) e por isso mais perigoso, é 
um consenso. Alguém tem de ditar.

 O mundo líquido flutua em seus sentido de íons concentrados ao bel prazer do cliente 
emulador de elétrons: a virtualidade comenta, segmenta, indica e conduz. Não há moral, 
bem, mal, estética, ética e verdade que não seja configurada. E se ela não é maleável,
tende ao sumiço no meio líquido, osmótico. A tendência ao equilíbrio também tende à 
estupefação, à sublimação, ou ao blasé e à homeopatia.

A cura para a doença acerba da sociedade é talvez sair da letargia, e das pulsões mútuas, recíprocas e todas elas sem sentido definido para se encontrar num meio, se concentrar, como uma célula perigosa pro(ó) bem. Porque detendo a verdade, não estará presa (a alma, o espírito, o ser). Um paradoxo: será livre se detiver a verdade. E a verdade, que é a existência do outro, tem de ser revelada, liberta(da) no tempo certo. 

Não é só a verdade que liberta. É o libertar que se revela verdade; é preciso libertar a 
verdade. A verdade parece presa. A verdade é livre. A verdade não pode ser detida, então 
como detê-la? Um paradoxo... O problema é que ninguém precisa da verdade, já somos 
livres... Este é o mundo pós-humano.

Estou brincando com a verdade...devo ser punido?



1: http://www.recantodasletras.com.br/textosjuridicos/3330932


domingo, 10 de março de 2013

Still waters run deep


Still waters run deep

What a pressure?!
what a deep ending?
what pressure depending upon!
what deep pressure upon the end!

what a end?
what a depending?
what a depending sustain!?
what a break in the terms of agreement!

What a meant!
No matter what, I don't care; you don't want.

I just want you to take care
I just want our care
I just want your care
I want you to wanting me.

Because if not scaring
this is a deep end for a long life
together.

What a depressure to the blood!
What a panic at nothing.
What a do not panic!
What a knot know not?
It's almost a node, but know
it's only the pressure, high.

It's only the deep, shy...
It's not shining, upon the sky
It's much deeper than brigther
but not deep purple
Its the deep waters, that are silent!
Still waters run deep.It is a dependence!
After all, after you
what else is living for?!

Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

Minha foto
Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.