"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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sábado, 27 de dezembro de 2014

Eu Cego

Eu era cego.
Entrei no metrô.
O ninguém me orientou.
Guiei-me pela borracha.
Entrei no perfumoso vagão.
Eu e meus óculos escuros.
Começaram a gritar.
E demorei a notar.
Era comigo!
Achei que as pessoas haviam de haver [pirado.
Fiquei irado.
Nunca tinham visto um cego.
Achei-me uma aberração.
Mas uma senhora perfumada se aproximou, e, espantada com a aberração do mundo, me disse que aquele vagão era só para mulheres.
Entendi.
Não fui avisado por ou pelo ninguém, mas por alguém. Ainda que tardiamente.
Estrangeiro na cidade, fui pego de surpresa por uma lei estúpida.
Depois descobri que o estúpido era o EU, pois machista por nascer homem. E cego.
E cego num mundo onde ninguém enxerga ou sente nada...
Nem o Nada.

A aberração, disse-me aquela senhora,  não era o tal eu, mas o tal mundo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

De grandes saltos e saltos ainda maiores.



De grandes saltos e saltos ainda maiores.

Éramos três ou cinco.
Éramos um.
A Lua havia pulado a fase dos românticos...
Estava para os boêmios.
Os sóbrios estavam bêbedos;
Os ébrios estavam enjoados
Para todos os gostos,
O enjoo era das circunstâncias
Da nauseante vida,
Agora, como antes, das sementes 
Dos presentes-do-passado.
Um tempo verbal auxiliar.
Adjunto, plural e além-mar.
Allegro ma non troppo.
Tempo de árvore.

A noite... sempre nos traz memórias,
Aquela noite, no entanto, trouxe ordem.

Vale a pena estar com amigos,
Nos bares das madrugadas,
Para falar, sobretudo, sobre o nada.
Falar sobre nós, emaranhados e a sós.

SOS! Acode-nos, e nos acorde!

A madrugada pertence aos mistérios.
Só ela traz um riso sério: o riso da revelação.
A madrugada revela porque todos os gatos são pardos:
Pois têm seus pelos molhados...
Pelas águas de orvalho do destino...
Com sua brisa leve, o destino é o tempo de madrugada:
Propício à celebrações, encontros
E reencontros,
Conversas íntimas, assopros-sussuros...

Shiii!...
Não podemos mais falar.

O silêncio imponente damadrugada não pode ser rompido.
A não ser por um estampido...
Um cano furado...
Um acidente ou incidente epifânico: envelhecemos por saltos.
E os maiores são para o passado...
Causam-nos vertigem!

E como a constelação de Órion, nos rememorando às origens
Das dores da vida, maiêutica ou escatológica,
Nosso fim trágico pode ser belo num arroto ou assopro.

No sopro da brisa leve da madrugada,
Qual rota nos leva mais leves para casa.


sábado, 6 de dezembro de 2014

Taxistas Quânticos


Vazios no perdido tempo, se comportam como eletrões;
Cheios de espaço de si, portam-se como gluóns.
Imersos no tempo-espaço-sideral-citadino, aceleram
Em câmera lenta, estando presentes e ausentes
Simultâ-nea-mente, escolhem a dedo como se comportar
Do observador aflito, ou de seu pensamento íntimo
Quanto mais próximos de tocar ao destino, mais len
tos
fi
c
a
m.
Quanto mais leves, vazios, ociosos, mais gasosos.

Ora bem cortando caminho por n dimensões-ruas-paralelas
avenidas perpendiculares ao espaço pseudogeométrico,
Surgindo e se esvaindo por cordas, todos sabemos
Taxistas são ondas, partículas, entes, seres quânticos.
Presentes em abundância, e ausentes identicamente.
Com histórias incríveis e...gravitacionais!
Ressurgem ecpiróticos no mar das cidade-campo.

Conversa com Gafanhotos

 Conversa com Gafanhotos.

Falo sempre com gafanhotos
E eles não percebem que gaguejamos todos
Sim, pois não sentimos a temperatura
Como os grilos
E vertemos pelos cotovelos; eles pelos joelhos.

Gafanhotos têm seu canto silencioso, secreto
Cantando o erro dos sigilos
Sibilam e dissidem
Repito, apito, assovio e insisto com eles e suas sílabas sibilantes
Não conversam, vêm como belas pragas,
No entanto, se mantendo verdes sobre o tempo.

Existe outro tipo de gafanhotos, embora
Preocupo-me apenas com os verdes.
Pois, de dia, todos gafanhotos são verdes.
À noite, sob capuzes, tornam-se marrons.
E a todo momento escondem sua identidade.

A vida é prazo

A vida é prazo

Fui ao mercado.
Comprei uvas dentro de uma embalagem.
Saco plástico duro.
Cheguei em casa e ao comê-las notei: prazo de validade:
02-12-2014.
Hoje é dia 6. Estavam passadas! E não eram uvas-passa!
Mas... desde quando frutas têm prazo de validade?!
A que ponto chegamos?
A vida tem um prazo.
A vida é prazo?
A vida é prazo.
Maldito mundo cartesiano!

sábado, 15 de novembro de 2014

Homenagem a Manoel de Barros

Por sua morte prematura, aos 97 anos, homenagem...

Retrato Quase Apagado em que se Pode Ver Perfeitamente Nada
de "O Guardador de Águas" 

I

Não tenho bens de acontecimentos.
O que não sei fazer desconto nas palavras.
Entesouro frases. Por exemplo:
- Imagens são palavras que nos faltaram.
- Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem.
- Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.
Ai frases de pensar!
Pensar é uma pedreira. Estou sendo.
Me acho em petição de lata (frase encontrada no lixo)
Concluindo: há pessoas que se compõem de atos, ruídos, retratos.
Outras de palavras.
Poetas e tontos se compõem com palavras.

II
Todos os caminhos - nenhum caminho
Muitos caminhos - nenhum caminho
Nenhum caminho - a maldição dos poetas.

III
Chove torto no vão das árvores.
Chove nos pássaros e nas pedras.
O rio ficou de pé e me olha pelos vidros.
Alcanço com as mãos o cheiro dos telhados.
Crianças fugindo das águas
Se esconderam na casa.

Baratas passeiam nas formas de bolo...

A casa tem um dono em letras.

Agora ele está pensando -

no silêncio Iíquido
com que as águas escurecem as pedras...

Um tordo avisou que é março.

IV
Alfama é uma palavra escura e de olhos baixos.
Ela pode ser o germe de uma apagada existência.
Só trolhas e andarilhos poderão achá-la.
Palavras têm espessuras várias: vou-lhes ao nu, ao
fóssil, ao ouro que trazem da boca do chão.
Andei nas pedras negras de Alfama.
Errante e preso por uma fonte recôndita.
Sob aqueles sobrados sujos vi os arcanos com flor!

V
Escrever nem uma coisa Nem outra -
A fim de dizer todas
Ou, pelo menos, nenhumas.
Assim,
Ao poeta faz bem
Desexplicar -
Tanto quanto escurecer acende os vaga-lumes.

VI
No que o homem se torne coisal,
corrompem-se nele os veios comuns do entendimento.
Um subtexto se aloja.
Instala-se uma agramaticalidade quase insana,
que empoema o sentido das palavras.
Aflora uma linguagem de defloramentos, um inauguramento de falas
Coisa tão velha como andar a pé
Esses vareios do dizer.

VII
O sentido normal das palavras não faz bem ao poema.
Há que se dar um gosto incasto aos termos.
Haver com eles um relacionamento voluptuoso.
Talvez corrompê-los até a quimera.
Escurecer as relações entre os termos em vez de aclará-los.
Não existir mais rei nem regências.
Uma certa luxúria com a liberdade convém.

VII
Nas Metamorfoses, em 240 fábulas,
Ovídio mostra seres humanos transformados
em pedras vegetais bichos coisas
Um novo estágio seria que os entes já transformados
falassem um dialeto coisal, larval,
pedral, etc.
Nasceria uma linguagem madruguenta, adâmica, edênica, inaugural
- Que os poetas aprenderiam -
desde que voltassem às crianças que foram
às rãs que foram
às pedras que foram.
Para voltar à infância, os poetas precisariam também de reaprender a errar
a língua.
Mas esse é um convite à ignorância? A enfiar o idioma nos mosquitos?
Seria uma demência peregrina.

IX
Eu sou o medo da lucidez
Choveu na palavra onde eu estava.
Eu via a natureza como quem a veste.
Eu me fechava com espumas.
Formigas vesúvias dormiam por baixo de trampas.
Peguei umas idéias com as mãos - como a peixes.
Nem era muito que eu me arrumasse por versos.
Aquele arame do horizonte
Que separava o morro do céu estava rubro.
Um rengo estacionou entre duas frases.
Uma descor
Quase uma ilação do branco.
Tinha um palor atormentado a hora.
O pato dejetava liquidamente ali.

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Mudança Constança

Mudança Constança
A cada segundo, uma diferença.
A cada instante, uma mudança.
A ideia difícil da mudança constança.
Todo o mundo feito de mudança.
Todo mundo composto de andança...
Mudam-se os tempos, mudam os homens.
No entanto, resta a esperança
De que no mundo seja feita a mudança...

07/11/2014

sábado, 8 de novembro de 2014

Há desaparecimento da cultura com o mundo globalizado?

 Há desaparecimento da cultura com o mundo globalizado?

Textos revistos...



" Há a alegação de que o Estado liberal perdeu sua casca étnico-particularista e emergiu em sua forma cívica, universalista e culturalmente purificada. A Grã-Bretanha, entretanto, como todos os nacionalismos cívicos, não é apenas uma entidade soberana em termos políticos e territoriais , mas é também uma comunidade imaginada: parafraseando Spivak, o fato de um norte-americano ler no café-da-manhã um jornal em língua europeia (inglês), com fontes (alfabeto arábico) do Oriente Médio, com notícias sobre a China, de um autor do Brasil, o faz se sentir orgulhoso de ser tipicamente americano e ter a cultura superior da América." Aspas para minha própria anotação.


 Temos que a normatividade é um problema para Habermas, assim como o não reconhecimento e não legitimidade do outro; já para Spivak a própria ideia de existência criada do outro parece um problema, pois atesta-se que o outro foi criado, inventado, a partir de um sujeito anterior, sujeito este que tem a legitimidade, tanto buscada em Habermas no Estado de Direito, como eurocêntrica, e a isso Spivak atribuiria também o problema de Foucault e da intelectualidade que subsume a ideologia, tratando apenas da instituição do outro, da normatividade via discurso: a instituição do outro o menoscaba. Há o relacionamento entre os textos de Sahlins, Ulf  e Hannerz.


 Simplesmente, liga-se aos textos dos antropólogos Shalins e Hanerz o de Spivak quando esta cita Marx tratando da indivisibilidade dos sujeitos como sendo algo problemático: " Meu argumento é que Marx não está trabalhando para criar um sujeito indivisível, no qual o desejo e o interesse coincidem. A consciência de classe não opera com esse objetivo. Tanto na área econômica (capitalista) quanto na política (agente histórico-mundial), Marx é compelido a construir modelos de um sujeito dividido e deslocado cujas partes não são contínuas nem coerentes entre si...". Pois, o sujeito pós-colonial, que agora busca refazer, recontar a história, atuando enquanto sujeito de fato, é ele todo globalizado (Spivak vem da Índia e Hall de Jamaica, ambos recentes colônias britânicas .... mas ambos migram para o centro de poder do mundo, " o primeiro mundo" Europa e Estados Unidos) e ainda assim resguardam(-se) em sua psiqué e (em) seu "ethos"(,) sua cultura. Portanto, a cultura, longe de desaparecer, estaria ganhando força com o mundo globalizado, que se torna transcultural, indigeneizado...



 "Fluxos”, “limites” e “híbridos” são as palavras-chave. Mais ou menos como transcultura, multicultura ou teoria das culturas globalizadas, transnacionais, do texto do Sahlins, obviamente tem-se de fazer esta distinção e comparar com Spivak. E vimos semelhanças quanto ao problema atestado de Spivak do "locus" de quem discursa, e estas semelhanças haveria entre todos os autores com exceção talvez de Hall, porque ele já é um autor local, do mundo pós-colonial, e que superando, no termo hegeliano, a questão do locus de quem discursa, trata de afirmar a questão do multiculturalismo como sendo primado da globalização e, ao mesmo tempo, advindo do ninho do engalfinhamento capitalista, o qual tudo detém para si sobre a forma do domínio dos meios, seja de produção de cultura, de valores éticos e étnicos, de poder, de bens.



 É possível falar também de micro à macro política em Foucault, Spivak e outros... e dos antecedentes históricos que marcam o multiculturalismo...


 Ligam-se o problema da sobredeterminação econômica proto-marxista, capitalista, a questão da cultura, e do multiculturalismo... e daí Hall viria com o Estado de Direito como algo que tem de reconhecer o outro, garantir sua existência, além do problema da diáspora, que segundo os antropólogos Sahlins e Hannerz, não existe, pois o transcultural subsumiria isto, - ao meu entender, pois conecto a isto também o fato de que Hall e Spivak praticaram a diáspora rumo a Europa e EUA: falam a partir de locais de poder, e as suas críticas às diásporas são constitutivas de seus trabalhos.


 Temos esteticamente que Cultura é : todos os processos da vida comum: hall no-lo afirmaria. Portanto o (seu) caráter não é mono(-causal), mas processual. Mas hall, em contrário a Sahlins, acha que há uma tendência à homogeneização das culturas com a globalização, e, ao mesmo tempo, fortalece(imento) (d)a diferenças ou elementos diferenciadores no interior das sociedades...



 Daí seria falso o argumento de que a cultura estaria desaparecendo pela globalização, outrossim, ela poderia estar se reforçando, na micropolítica, nas mentes de jovens que migram mas mantém o desejo - que não é agenciado pelo "colonizador"- de retorno à terra de origem, aproveitando-se das vantagens do capitalismo (ganho de dinheiro e bens, poder e status, para se reforçar dentro do clã, sendo admirado como herois das lendas ao retornar, p.ex. À Indonésia após fazer dinheiro no mundo europeu).



Hall


Hall distingue multicultural e multiculturalismo: o primeiro é usado no plural, é um termo qualificativo, descreve características sociais e problemas de governabilidade nas quais várias comunidades culturais convivem e tentam construir uma vida comum, ao mesmo tempo em que tentam reter sua identidade "original". O multiculturalismo é algo substantivo. É usado no singular. E trata-se da doutrina ou das estratégias e filosofias e políticas específicas usadas para dirimir, governar ou administrar problemas de diversidade e multiplicidade geradas pelas sociedades multiculturais.


" Sri Lanka, França, Nigéria... são sociedades multiculturais, EUA, GB, de forma bastante distintas, são multiculturais. Entretanto, todos são, por definição, culturalmente heterogêneos. E o paradoxo: O estado moderno tende à homogeinização cultural...organizada em torno de valores universais,seculares e individualistas liberais..."


Sobre globalização.


 De fato, entre seus efeitos inesperados estão as formações subalternas e as tendências emergentes que escapam a seu controle, mas que ela tenta homogeneizar ou atrelar a seus propósitos mais amplos (seja lá quais forem...). É um sistema de con-formação da diferença, em vez de obliteração da diferença, citando-o.


Essa formação implica a necessidade de um modelo mais discursivo para as estratégias de resistência, ou contra-estratégias.


 Da proliferação subalterna da diferença.


 É um paradoxo da globalização contemporânea o fato de que, culturalmente, as coisas pareçam mais ou menos semelhantes entre si (a americanização da cultura, p.ex.) e ao mesmo tempo há a proliferação das diferenças. O eixo vertical do poder cultural, econômico e tecnológico está compensado por conexões laterais, o que cria uma visão de mundo composta por diferenças locais, as quais o globo-vertical é obrigado a considerar. Há differance e determinações em termos relacionais... Mas há o papel do Estado...


Papel do Estado.


 A neutralidade do Estado funciona apenas quando se pressupõe uma homogeneidade cultural ampla entre os governados. Essa presunção fundamentou as democracias liberais ocidentais até recentemente. Sob as novas condições multiculturais, entretanto, essa premissa parece cada vez menos válida.


 Repetindo, a alegação é de que o Estado liberal perdeu sua casca étnico-particularista e emergiu em sua forma cívica, universalista e culturalmente purificada. A Grã-Bretanha, entretanto, como todos os nacionalismos cívicos, não é apenas uma entidade soberana em termos políticos e territoriais, mas é também uma comunidade imaginada: parafraseando Spivak, o fato de um americano ler no café da manhã um jornal em língua europeia (inglês), com fontes (alfabeto arábico) do Oriente Médio, com notícias sobre a China, de um autor do Brasil, o faz se sentir orgulhoso de ser tipicamente americano e ter a cultura superior da América. E produzir e reproduzir "sua cultura" é a tônica invariante.



Quer dizer, de nada adianta a produção sem inter-esse dos consumidores, dotados de cultura: conhecimento próprio, significado próprio, contato. Pois, caso assim seja, há esvaziamento de sentido e não há porque produzir sequer um xampú, um café ou uma bola de futebol. Os erros devêm. Assim, o esboço de artigo é o paradoxo intencional: sem a conexão dos conhecimentos não se produz sentido. Sem o estudo do sentido não se produz progresso. Sem o significado do progresso não se produz valor. Sem valor não há moral, ética ou interesse. Sem tais itens humanos, sem interesse, não há sentimento. Sem sentimento nos tornamos máquinas. Sendo máquinas não vivemos. Sem vida só resta a morte. Mas mesmo a morte vazia seria também inócua. Por isso o significado das ações, que criam valor, conhecimento, cultura, sentimento e interesse devem entender o organizar da produção. Do sistema de produção. As ciências sociais estudam isso. Esses valores humanos. Sem organização da produção com sentido de valores, nos tornamos autômatos presos no paradoxo supraescrito. E assim, apenas produzir por produzir gera alienação. Alienação é não diferenciação do objeto. E o que diferencia o humano dos demais animais é este "reconhecimento no espelho", a diferenciação para com o objeto criado por ele mesmo. Isso é básico nas ciências sociais. O animal que não se diferencia do objeto produzido não tem diferença com relação a ele. E daí pode ser manipulado como ele... Como se conduz um cavalo...ou a tal manada... A crítica das humanidades, das ciências humanas é não se tornar escravo dos desejos e tampouco do conhecimento de sentido adotado. Logo, antes de tudo é preciso produzir sentido. Quando o sentido não é dogmático(religioso) ele tem de ser adotado, produzido. Isso implica em filosofia e religião. E como foi subentendido, as ciências sociais (geografia, história, filosofia, economia, direito, antropologia, ciência política) tentam minimamente compreender o sentido que se está criando, retomando a verdade ontológica: "eu sou". Se sou, o que me diz que sou? (filosofia) Qual o sentido do e onde estou no tempo? (geografia e história) O que consumo?(economia) O que faço em contato com as pessoas?(sociologia) o que me diferencia ou iguala dos/ aos demais? (antropologia) Quem manda em mim? quem eu obedeço? (ciência política) O que posso fazer? (direito) etc etc são questões que tratam do ser. Do sentido. Pois, sem crítica, critério, sentido, ou volição chegamos ao mundo hobbesiano, onde a natureza comanda. E não há regras, ordem, poder, valor a não ser a luta de todos contra todos. Logo, não há sociedade. Não há interesse em sociedade. Lembrando que inter-esse é amor. É o ser (essere), intermediário latino. É o amor que faz o diálogo possível, pois concilia os seres diferenciados nos níveis de existência. Que se comunicam. Que comunicam sentido. Sem comunicação de sentido, não é possivel a sociedade. Por isso tudo vejo com bons olhos que haja mais interesse em trocas de sentido. Como diria Marcel Mauss, a troca funda a sociedade. Há troca de sentido, daí valores, daí bens, e até esposas/os. Daí a sociedade organizada. Finalmente, e para quem ainda tem paciência, a obediência é a fundição do sentido. É que em tais trocas epistêmicas a obediência prevalece. Se ainda faz algum sentido o lema positivista da bandeira, para um país como o nosso obter mais ordem e mais progresso, é preciso a dominância da obediência. Que só é conhecida na troca de conhecimento das ciências humanas, sociais. Quem não detiver este timão não pode ir à lugar algum. O tal primeiro mundo é simplesmente isso. Já alcançaram o nível da abstração. Nós parecemos que não, mas não nos diferenciamos. O parecer em escala platônica é abaixo do ser. Do existir. A luta do país não a-toa é pelo existir. Isso pode explicar nossa violência quotidiana.


palavras-chave: diferença, étnico, culturalismo, multiculturalismo, "developman", híbridos, fluxos, fronteiras, indigeneização, transcultural, globalizado, cultura, pós-colonialismo, anticolonialismo em hall, subcultura, colonialismo, normatividade, sobredeterminação econômica, minorias, afirmação histórica, outro, sujeito, monoculturalismo, epistemes, modernidade tardia, redes, transnacional, imperialismo, homogeneização, lugar, origem, ressignificado, renegociação, fragmentação, crise de identidades, termo sob rasura, tradição x tradução, hibridismo, posição hifenizada, pós-nacional, reconfiguração,

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Vida. Leia-se, d.n.a.


Leia-se dna

Luz de cidade. Ludicidade.
Espantoso. Esgrima.
Perfurante.
Ruído.
Abrigo.


Um barulho no meio
Da madrugada
Nao é mais ruidoso
Do que
O
Barulho
Do
Nada.

Do ADN
Do DNA
Do ribossomos que nos nucleofaz
E assim rimos
Pois, é o que nos resta do tempo...
Em reticências, quais, lembro, dão-nos o bel -prazer da interpretação...
E nós nos intérpretes da ação.

Ação. Indução. Ser. Comportar.
Age para transformar.
O mundo é do tamanho da claque.
Ação!
Sem invenção, é fantasia!
Diria Mendel... Ou Manoel.
Dos barros da vida, invertemo-nos.
Interveem, e, por isso, não bem vêem.
E nus estamos no momento presente, no transparente.

O que demais aparenta, é engano.

Lêdo erro, Ivo acerto.
Evanescemos e somos a Eva esquiza.
Que cria e cativa.
Com a atividade do prazer.
Com a escol(a).
Mas sem a importância dada,
Temos palavras famosas.
Que importa?
O Nada.

Não mais é uma questão de ser.
Não-ser-mais, uma questao de fazer.
Agir.
E se o tamanho da ação é a do mundo,
Era do mundo, do universo
Paralelo ao erro, penso que erro ao atingir o limite
daquilo que chamamos agir.
A ação vem da potência resignada.
Do poder.
E saber poder fazer agir é não fruir. Mas obedecer.
O tempo.
O sono.
O corpo.
O medo.
A certeza.
A incerteza.
O questionamento cerne da questao do CERN. Suíças por fazer.
O bóson da vida é este fazer a varredura do espectro da própria interferência.

Viver é reparar.
Limpar com as vassouras as sujeiras deixadas sob o conforto do sofá.
Quem não varre, não se conhece.

E vale dizer, do tamanho da ação do mundo, da política, do preconceito do dia-a-dia, valha-me a noite e o som das trevas.
A boîte e o sim das trovas dos DJs!
A boutique sem o som dos trovões!
A bobagem que é brigar por discursos da verdade sem beleza.
A verdade só tem um curso.
O seu.

Mas você não está no mundo a sós. Socorro,  SatéS.
 grita Crusoé!
Sofre a dor da cruz do abandono apenas se pensa que é dono...
Do mundo...
Ao redor...

E a dor? Adorna.
E a flor?
Aflora.
Com a cor, acorda.
E colore! Dá a cor que o sim inspira. Para dentro, o ar fatigado transpira o movimento da húbris.
E refloresta!

Manda-nos do céu sua mensagem.
Colore-te a ti mesmo!
Colabora-te.
Trabalhe para o conjunto da sua sociedade.
Por sinal, ou wi-fi, não podemos ficar esimesmados em nós mesmos, pois de nós, resta-nos, os outros.
Nossos outros nós, que entrelaçados numa relação biunívoca vêm ate nós para...nos confundir.
E fundidos a nós afins, não nos separamos. Separaremos.
Mas se pararmos, respiremos.
Obrigados ao português das pradarias, não apenas por ser a ultima do lácio
Mas a única com esta navegação de sentidos perdidos e precisos.
A língua divina. Necessária também é ela, dos mares à terra.
Para expressar o milagre da vida, a linguagem.
Pastrano em potocas!

Deus é mesmo brasileiro e fala...português.
Ou melhor, está brasileiro.
Ao nosso lado, o notamos.
Anotamos.
Reparamos em cada centímetro.
Sua omnipresença não tem semelhança com o homem. Esconde-o.
Sua omnipotência não lhe permite ter vontades.
Permuta-lhes à sua originalidade essencialmente plástica,
[sem essência inebriante.
Sua omnisciência o faz trocista.
Apenas pode rir do mistério, pois, tendo o inventado, colocou a dúvida do abandono para contemplá-lo a si mesmo, numa dúvida corrente que induz à  corrente, sem pressa,
da energia da vida por mais vida.


terça-feira, 14 de outubro de 2014

O Amor Clínico / The Clinical Love

O Amor Clínico

Uma dose de esperança é um presente à meia-noite
E o meio-caminho, a meia-volta para casa,
Torna-se um re-caminho para a vida plena!

Estávamos a espera de não-sabemos-o-quê...
Mas, encontramos, não-se-sabe-como, na mosca do tempo,
No ponto final, nosso início!
As horas pareciam sem princípio ou fim
Por isso, seguimos juntos à terra errante.
Há erros que são acertos.
Erramos juntos o caminho: acertamo-nos.

Sabíamos que a diferença entre a o veneno e o remédio é a dose.

Então, uma troca de olhares, de mensagens de celular...
Um convite a-toa, convenhamos, nunca no-(l)o-é.
Mas isto só sabemos na segunda vez,
Na terceira, na quarta, no sábado...
Nas viagens sem rumo certo, na certeira companhia
A qual só o silêncio realinha, ao indagar.

E a resposta vem à cavalo: o não-saber é a maior certeza.
Nisso também concordamos, só a distância nos aperta a nós...
De novo, o novo,
Um novo sentir!
O renovar do amor!
O ressaber-ressabor-do-amor,´
É cheiro e o nome de uma flor,
Como o amor-perfeito, o amor clínico
Ensina-nos a amar mais!




The Clinical Love

A dose of Hope is a gift at midnight
And the middle-way back home turns into something else:
The shortway to the fulfilled life!

We were waiting for we-don't-know-what...
But, we've found, nobody-knows-how, in the flying time
In the Ending stop, our beginning!
The hours seems without a starting or ending...
Because of that, we keep across the mistaking lands.
There are mistakes that are good takes.
We mistake the way altogether: we met each other.

We knew that the difference between poison and medecin is the dose.

So, a telltale looks, an sms exchange...
A invitation without second intentions, we both know, is the Never thought.
So we have convictions just on the second meet,
The third one, and so forth and so saturday!...
On the trips with an uncertain direction, but with the certain companie
Wich one only the silence can re-range, by asking.

And the awnser comes passing by a horse:
To-Not-know is the greatest certitude.
And about that we both agree, the single distance make we miss
Each other, In knots...

Again, the new!..
A gain to the feeling!
The freshness In feeling of love!
The delighting-of-knowledge,
Is the smeel and name of a flower
As the perfect-love, the clinical love
Teach us to love more!


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Viver é sofrer-sentir / To live is to suffering


Vivre é sofrer-sentir / To live is to suffering

Viver é sofrer. Sofrer é sentir. Viver é sentir.
Viver é sofrer-sentir.
Portanto, sem ti, não posso viver.
Por quanto viver eu posso sem ti?
Pôr em quanto tanto?
Distante, não posso sentir.
Destoante, penso em partir.
Adiante, com o coração da certeza,
Radiante por tanta beleza,
Quanto o tempo da natureza,
Manhã-tarde-noite a um só tempo,
O nunc stans, o semper,
Penso em você a pensar
Em mim pensando a viver-
mos.



To live is to suffering

To live is to suffering. To suffer is to feeling. To living is to feel.
To live is to-suffering-to-feeling.
Moreover, without you, I can't live.
For how muchny to live can I?
Away, I can't feel.
Untuned, I think to leave.
Ahead, with the heart of the certainty,
Shining for such beauty,
As the time of nature,
Morning-noon-night at one time,
The nunc stans, the semper,
I think of you to thinking of me
To thinking to living
ours.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Que é dinheiro

Dinheiro é uma moeda de troca.
Moeda troca é um valor fictício estabelecido em estranho acordo.
Estranho acordo é quando o mais ágil consegue obter alguma vantagem sobre o menos ágil, o enganando.
O engano é estar de acordo com qual agiota.
De acordo com este engano, estou rico.
Estar rico é ter muito dinheiro.
Muito dinheiro é uma forma de opressão.
Opressão é poder.
Poder é algo que não existe mas subsiste pela crença.
Crença é antropologia: mito e rito.
O mito é algo sustentando pelo rito.
O rito é um costume organizado.
Costume é a repetição de um ato.
Agir é ser livre.
Liberdade é não ter dinheiro.
Ou não sê-lo.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Banco dos Brics


Banco dos Brics- Que são bancos e para que servem?

 Bancos são a espinha dorsal do sistema econômico (que não existe, pois tudo é política), e o vigente é o sistema capitalista. A partir de um banco o dinheiro   se multiplica - com empréstimos a juros, embutidos ou não -, circula ; há possibilidade de investimentos; o crédito é criado, há financiamento, para bens móveis e imóveis, para o crédito pessoal, da pessoa jurídica e empresarial. Um mundo sem bancos gera menos riqueza, pois menos endividamento, o qual advém dos já citados créditos à financiamentos.

 Isto posto, temos de pensar em três tipos básicos de bancos como existindo: o mais conveniente às pessoas físicas, aquele dedicado às pessoas jurídicas e os bancos de desenvolvimento. Excluiremos os Bancos Centrais, pois sua função é basicamente arbitrar: emitir moeda ou retirá-la de circulação, controlar as taxas de juros, atuar menos ou mais no mercado financeiro para fins de equilíbrio de moeda estrangeira e  outros, criar índices e metas artificiais, governamentais. Dentre os três restantes supracitados, o que nos interessa no momento é um tipo de banco de desenvolvimento.

 Trata-se de um banco internacional, criado recentemente justamente por países ditos em desenvolvimento. Trata-se de um banco a competir com o Banco Mundial - não é essa  a regra do livre-mercado?-  e com um fundo monetário internacional. F.M.I. Tal Fundo é um consensuado da capital do capitalismo. Qual fundo, com suas metas e regras ao financiamento, ao longo da década de 1990 contribuiu para acordos (e açodamentos), endividamentos, abertura ao livre-mercado, à livre-concorrência, de/ e entre países em desenvolvimento. Na América Latina, temos dois casos emblemáticos: Argentina e Brasil. Deixemos (e deixamos) os hermanos de lado, esta vez.

 Então, temos o "case" brasileiro: sujeitando-se às regras do Fundo, consensuadas em Washington (em 1989), o país tentou seu salto quântico ao desenvolvimento. E, no meio do caminho, sofreu uma década com qual emaranhamento: a crise no México, na Espanha ou Argentina (em 2001) robotiza o mercado e todos perdem.  Quase todos. Acentuemos à exceção aos credores do F.M.I. ! Para eles, quanto mais os países em desenvolvimento se endividassem, melhor, pois haveria garantias de dependência, F.H.C. previu tal fato, excluindo da análise o pensamento ou a premissa ingênuo(a) de que bom para os credores é o pagamento em dia, ou seja, a co-dependência. Pois, eis que os juros a espera da celebração .

 Pois bem, o Brasil ao longo da década de 1990, mudou de moeda mais uma vez, pareando-a ao dólar, erradicou a acerba doença da hiperinflação + juros à estratosfera e se arrochou às metas do F.M.I., também privatizando, concedendo à iniciativa privada os ônus e bônus dos mercados automotivo, de telecomunicações, infraestrutura (portos, estradas e aeroportos). O país teve de se vender ao capital externo porque se afundara em dívidas, em parte devido ao descrédito de suas instituições financeiras (antes de 1999), em outra parte devido à ineficiência em termos de lucro das grandes, ou das maiores, empresas estatais. E em grande parte devido à paridade do Real com o Dólar; exportando commodities e importando manufaturados a balança comercial tendia ao déficit: pois, em termos absolutos de riqueza à quantidades e valores, havia brutal desigualdade: a cada 10 toneladas de minério de ferro exportado,  um aparelho de celular era importado. Na década de 2000 a história mudou seu prumo e tino.


 A partir de 2003, as taxas básicas de juros (a selic) viram-se em queda-livre. E a poupança passou a ser menos rentável, menos interessante do que ações nas bolsas. O saldo da balança comercial ficou positivado por anos a fio, e o país honrou finalmente sua dívida externa; após uma década naufragado em dívidas por contratação de empréstimos junto ao FMI, o país chegou mesmo a lhe oferecer dinheiro. Aquele banco de socorro ao investimento, que para países sem crédito, em desenvolvimento, concedia dinheiro sob auspícios de arrocho -ortodoxia econômica- se via em apuros.

 De fato, mais do que pagar os juros da dívida externa, já em valores exosféricos mas ainda assim miraculosamente quitáveis, o país acumulou reservas em Dólar, que atualmente (julho 2014) estão em cerca de 800 bilhões de reais. Este lastro possibilita, por exemplo, controlar o valor do Dólar, ajustando o câmbio à mercê do Banco Central e seu entendimento sobre o que é melhor para induzir o bom comportamento do mercado; perdão às dívidas de países africanos, empréstimos a juros amigos para países em desenvolvimento ou com vantajosa política bilateral, e financiamentos e parcerias comerciais novas, entre empresas e governos. Em suma, financiamentos internacionais que levam o país a se tornar um player global: um país com capacidade de influência econômica (política) internacional. Até, financiando na década atual, a construção de portos em países historicamente cerceados. Tudo isto contribui para eventos de magnitude  se instalarem aqui, como os mega-eventos esportivos que são a Copa do Mundo de futebol masculino e as Olímpíadas de verão.

 Em resumo, no mundo capitalista em que nos instalamos, o dinheiro co-manda. E se um país consegue financiar outros, em parcerias políticas (ou como dizem, politico-econômicas), ele é bem-quisto globalmente. Assim sendo, sua eficiência diplomática também é atestada: novas parcerias politicas, repetindo, nos diversos continentes, surgem com os países em desenvolvimento mais importantes (significantes e significativos), aqueles que compõem o chamado BRICS ( Brasil , Rússia, Índia, China e África do Sul, na sigla em inglês). Com o finalmente destes players globais fundando um banco de investimento para, quem sabe, nunca mais depender do F.M.I ou do Banco Mundial.

 Não somos anões, e espelhos fazem bem.

Y.C.O.

01/08/2014

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Adeus, amor!

Adeus, amor!

Estar sozinha mas estar acompanhada
Ter amigos e familiares ao lado
Estar abraçando e recebendo abraços
Ser abençoada: era assim o estar com você

-Estou com você!

Sem você o corpo não quer ficar
Quer gritar à toda calma
A alma entende
A alma e entumece o corpo
Porém, finda sua estadia
Tem de partir sem agonia.

Roda um carrossel de emoções
Imerge em um turbilhão de sentimentos
Felicidade, tristeza, saudade, injustiça
Amizade, beleza, complacência, afeto...

Luto? Luta!

-Tê-la como companheira me fazia completo
-Tê-lo como companheiro me realizava
Agora restam as dores das saudades, dos amores
E se o amor é uma dor ao final,
Essa é a maior que ficou.
A dor-amor.

Mas como Deus o guardou,
Bem guardado estamos
Sobre Seus braços.
Adeus, amor!

Tal e qual terça-feira

Tal e qual terça-feira


  Tal e qual

  Hoje é terça-feira e não te vi. Ainda. Agora sinto mais gosto pela terça-feira. Dia pacato, usualmente. Posicionado entre a (in)disposição da segunda-feira e a meia entrada da quarta-feira. Meia entrada para um cinema. Meia entrada para o espetáculo de dança. Para te conhecer. Se os cinemas não são mais baratos, como antigamente, ou o desabrochar da semana não confirma a expectativa do fim-de-semana, o dia seria sempre chocho. Não fosse o dia em que te conheci. Parecia uma ordinária terça-feira... Exceto...Pelo número sete.7.
   7, tal algarismo não dizia respeito ao número de dias da semana até a próxima terça-feira - ocasião que me ocorre agora, pois, todas as vindouras terças-feiras lembrarei de você e da História da Mulher, guria -, mas dizia sim respeito ao placar de um jogo. O qual não damos muita bola, mas que naquele dia de garoa teve mais importância. Importância histórica, dizem os adeptos do esporte ludopédico. O tal football. Pois bem, do azar do jogo à sorte do amor há um oceano de possibilidades. E ao meio campo, em dribles de cadeiras, um drinque à brasileira se nos brindou à amizade multicor, ao ritmo da cidade em festa germânica. Cervejeira!...
   Após quilômetros do brinde, a extensão do tintim vira convite ao bar defronte. Posta à mesa, junto à continuação da cerveja, em espaço público, ao meio-fio da Vila do Noel. Éramos meia noite e o céu se fazia vermelho, naquele misto de garoa com as luzes fatigantes da cidade grande. Sentíamos um bom presságio. Penso que fui recapturado pelas asas do Destino, anjo primo-irmão do Cupido. E senti a recíproca prostrada. Nossos olhares pareciam refletir a tal cor da paixão. E uma timidez intempestiva impediu-nos um primeiro erro. No entanto, novamente erramos as esquinas ao fim daquela semana histórica - como todas o são, pelo fato de sermos animais históricos. E provamo-nos mais uma vez. Mas desta vez com ênfase epitelial: há erros que são acertos. A proporção da espera transforma a hera em esperança, a fome em ato, e a vontade, pigmaleoa!
   Hoje é terça-feira e não te vi. Ainda...


segunda-feira, 28 de julho de 2014

The Word Is Not Enough


The Word Is Not Enough

My ink
In a link
That I think
It is a shit

I thought
Was enough
And nothing
Remains, doubts

The scene
Of an sin
In a screen
So slim
That I scream

The Ice cream
Of a crime
Is a crowd
In between
Two whispers

The wish
Is to punish
the created steam
Of a liquid state
In a plastic world

terça-feira, 22 de julho de 2014

Oração aos esquerdos por opção.

Oração aos esquerdos por opção.

Zizek, meu psicanalista, disse que estou doente:
Acerbo à sociedade, sofro de agruras
Da incompetência aguda e generalizada.
Quero ser a opinião pública e publicizada
E, publicamente, me movendo na contra-mão desta opinião,
Torno-me um idiota.
Sem voz.

Esqueço a era da produção e me atenho à reprodução
De discursos contra
[e pró-hegemonias;
De ideias velhas
[e inovadoras;
De vontade de saber assumir a ingovernabilidade
Do presidencialismo de coalizão.

Se luto pela mudança generalizada,
Do caráter da corrupção, não sei nada.
Julgo o erro como um juiz superior.
E, de erros em erros, acerto a flecha na Justiça.
Pálida.
Febril.
Constatando a doença da sociedade mercantil:
Embebida em mal alcool: Statuquolizada.

Na Terra em que até o Sol é mercadoria,
Não há mais-valia,
Valor ou dignidade.
Resta-nos a indignação perante a lei.

Cumpra-se o mandado de apreensão:
Da justiça: para os oprimidos;
Da riqueza: para os infortunados!
E que a morte do absurdo-mudo-cego tribunal penal do Estado excepcional nos dê sorte!
Há comunicação por outras linguagens!

Do passado, faz-se presente a mulher negra
[presa,]
Encarcerada a mais um dia no futuro
[obscuro.
Por autoflagelo perde o foco
Da manifestação
Do desjuízo
Da sem-razão.

Ora, proponho esta oração para a libertação:
De todos que foram presos
Por razões de racismo convexo,
Com vexame de sua ezistência
[com z, para reforçar.
Paremos de gritar no escuro do escuro, no vácuo absoluto, e moldaremos o mundo
Ao nosso sabor!

Saber, sabemos da dor, mas até a sentirmos nunca compadeceremos.
Compactue para o bem da justiça e assim seja:
Os apelos aos justos, ao fim, são pagos por um valor incalculável 
[do prazer não hedonista de fazer valer os direitos
[- esquerdos por opção.

sábado, 12 de julho de 2014

Of activism and bubble-wrap

Of activism and bubble-wrap

Of activism and bubble wrap
Fetish in a bubble click
Sugar, cheese and peanut
One and a half month of choices
Pleasure-duty; reunions, seraph
Decorate the sea and the cliff
for the jumping of a turnstile
Protesting in july.

Your desire is an order
Opposite to the statue order
Of the State with off colors
Faded yellow, burned gray-scale
Preserver, status quo.
Ask for me, cooking slowly in that wave,
Before understanding that you are talking too much
[to nothing.

Here, or in Cuiabá, hemostatics,
Being aside the luck...
Being so strong is a oversight...
We only ask help for the courage,
which time by time brings life
By gasp, pulling down the mountain
Of the displaced things.

It's dawn, we came to wake up the morning!
And at the crack of the dawn,
The love is almost a cheese,
A pain and a kiss!
Good byes of soon skies...
Even when see each other, we're suffering...
We've been away.
Now, however, as before,
A poetry of possibilities.

Lay down over the will!
The arm says about assiduity
And your age is not a hindrance!
On the contrary!
Demand and give the plenty of patience,
On the other way around, too much warmed
We can crack down on
The pain of such diligence.

The challenges are our bloodstream:
It keep us alive!

Sobre Copa e legado

 Copa do Mundo, festa do futebol mundial. Festa da política.

 A Copa começou com e sem o crivo dos brasileiros e pessoas interessadas pelo Brasil. É um evento cíclico e mantém-se politicamente. A Copa terminou com a derrota do anfitrião na fase semi-final e a ira de muitos que acreditavam na seleção. E a ira de muitos que não acreditavam. Ao fim e ao cabo, deduzo que até quem não torcia pelo Brasil, torcia pelo Brasil.

 Há cerca de sete anos, quando da notícia da nova sede da Copa, poucas pessoas reverberavam contra o evento. Em verdade apenas as mais antenadas e politizadas celebravam a desconfiança, pois apenas criam em corrupção, falta de prioridade e haviam há muito perdido a paixão do esporte. O dinheiro, de fato, corrompe as paixões. Ocorre que a contradição é, por excelência, a estética do Brasil.

 No entanto, corrupção não deve ser regra, a prioridade é relativa à tendência política, e a chance de desenvolvimento das regiões deve ser equivalente. Todos sabemos, para alcançar o pleno potencial da rampa é preciso partir de pontos basilares idênticos. Assim, à crítica dos estádios em locais ermos, com pouco futebol, a resposta é a possibilidade de desenvolvimento estimulada; à guisa da razão da saúde, da educação, tem-se que a ordem dos investimentos é de natureza distinta: parceria público-privada, empréstimos a serem devolvidos ao Banco de Desenvolvimento versus exclusividade de responsabilidade pública. E se a corrupção é onipresente, arremeter mais dinheiro à escolas ou hospitais poderia detrair, identicamente, o uso do dinheiro. Tudo trata de fiscalização. Mas quem reclama, participa  ou crê na representação política? Se não, deixa a bel-prazer o mando dos cartolas?

 Há cerca de trinta dias, o clima de desconfiança cedia lugar à exasperação cardíaca, quando o calor da paixão superava o frio absoluto do saber. Até quem torcia contra a seleção, torcia pelo Brasil. Se detinha ódio da "cegueira" do futebol, como se o assunto do mais cotidiano, que iguala o país e ajuda a constituir a nação pudesse ser ignorado, detinha, ao mesmo tempo, vontade de "progresso" , de fim de corrupção, de olhar para a verdade que estava sendo estancada momentaneamente. O brasileiro que torcia contra era estimulado à ação pelo ódio. O que torcia a favor já havia superado aquele sentimento negativo, ou alienava-se à mando do prazer. Numa sociedade hedonista, isto não é incomum. E ambos se emocionavam com o hino.

 Assim, concluo, a irrupção da ira avante o gol ou por um gol contra tem a mesma catexia da estética da nação tupi-oriente-africana-europeia-etc. Torcer pela Alemanha ou Gana, Estados Unidos ou Bósnia é possível no Brasil, pois queremos mais do que a vitória em campo, queremos a vitória da alegria do mundo que nos compõe. O brasileiro é um cidadão do mundo. A contradição comove-nos porque é arraigada, imiscuída, inata e, sendo mutante, conduz à felicidade da ação boa, que busca justiça e menos iniquidade. Além de apostar em desenvolvimento e-qui-va-len-te. O legado da Copa é o mundo se re-conhecer no Brasil.

terça-feira, 1 de julho de 2014

Plástica Vida

Plástica Vida

A vida é uma bolha ou um plástico:
Molda-se ou sufoca-se.
Não!
Há prazer!
Plástico-bolha!




*Da série leminskiana-cartesiana...

Do ativismo e plásticos-bolha


Do ativismo e plásticos-bolha

Do ativismo e plásticos-bolha
Fetiche num clique de bolhas
Queijada e amendoim
Um mês e meio de escolhas
Prazer-dever: reuniões, Seráfim.
Adorne a orla e a escarpa
Por um pulo à catraca
Manifeste-se em junho.

Seu desejo é uma ordem
Inversa à ordem estátua
Do estado de cor
Pastelenta, cinzenta queimada
Coxinhe. Status quo.
Cozinhe em maria comigo essa onda
E entenda: seu papo está pra lá
[De Baghdá!

Aqui, ou em Cuiabá, hemostáticos
Ficamos à margem da sorte...
Ser assim forte é descuido...
Somente se acode à coragem,
A qual vez por outra traz vida
E alui, arquejante, a montanha
Das coisas fora de lugar.

É noitinha, viemos acordar a manhã!
Um amor é quase um queijo,
Uma dor e um beijo!
Despedidas de logo mais...
Até quando nos vemos, sofremos.
Hemos sido distantes,
[Porém, agora, como d'antes,
Possibilidades poéticas.

Estendei-vos sobre a vontade!
Os braços indicam assiduidade
E a sua idade não impede!
Ao contrário!
Pede e dai paciência torrente
Pois, do outro modo, tórridos, quebrantamos
A dor de tantos áfios.

O desafio é a nossa corrente
Sanguínea, dá-nos vida!

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Quando a poesia não for ego

Quando a poesia não for ego

Quando a poesia não for ego,
não lerei, serei cego.
Engana-se quem pensa que palavras proferem,
[sozinhas,
elas se preferem.
E longe de excluir o alter-ego,
elas o refletem, defletindo o ego.
Sejamos humildes e percebamos:
Nossas palavras, nosso pranto.
Vossas mensagens, vosso canto.
Você escreve, não é a Musa.
É o seu eu interior que exterioriza.
Em segredo, o inconsciente se revela
sem segredo, ao bloco, ao lápis, à tela.

sábado, 14 de junho de 2014

Intransitivo em transe

Intransitivo em transe

Não dormimos há três dias
Não sentimos sono ou cansaço
sentimos o esgotamento
sentimos o fim
o saneamento
o canal por onde beira
o amor

Não comemos há uma semana
não emagrecemos
Respiramos
queimamos gordura
A desidratação
a ação da reserva
a inalação

Não conversamos há um mês
Não sinto mais nada
Sinto-me flutuando
Sinto o cheiro das nuvens
o evanescer
o ser

Não nos vemos pois nos sabemos
Você Dormiu
Como se não houvesse a segunda
conjugação
como se não fôssemos
Como se hemos
de haver sonhado

Comemos mas não satisfeitos
Levantemos da mesa
de barriga vazia
roncando
para dormir a fome
E sonhar a comilância.
Gulosos, mordemos!
nhac!



ps: poema de autor inconsciente ou em transe.

Vislumbre à janela [da alma

Vislumbre à janela
[da alma
Vede um prédio
[e vinte andares
Andarilhos sobre seus andares,
[térreos
Terráqueos, atacam-nos o céu de Iraque:
Ferroso, com um azul para o cinza
Confunde-me à madrugada da alma...
Acorda-me do pesado insistir
Intento suster-me sem peso
E peço ao re-caminho o endereço

O pedaço do papel que me esconde
Que não me assombre
Mostre-me a face oculta da Lua
Do seu enamorado dia, desviante
Da luz de raios que cegam
Antes da matina, outorga, por decreto, um a priori,

Na contra-mão do sentido, inverte o sentido
[em fúria.
E assim expulsa demônios
[da Garoa,
Com os quais vêm à praça,
[beber

Janelas do abismo de senso de erro de acerto.
Desajustado em minúcias, não durmo no profundo
E profícuo, o prolixo esconde-se no mistério
[ (e vive-versa)
Nas redondezas da séria gravidade-verdade que é a felicidade:
[o inconsciente é quem sente

segunda-feira, 9 de junho de 2014

A part of us

A part of us

All one
all alone
all of you
I love you
I have failed in love
I felt apart
A part of an artistic
Arrhythmic heart
I might feel pain
One heart or strain
In the air, sustain a sea
Non-see over nonsense
All are one
It is all about a name
We maintain our souls abroad
They should be a part of us
All of you

sábado, 31 de maio de 2014

Das Luas de maio


Cinco minutos de Sol à meia noite
Era a Lua, cheia de mel
Nascida amarela, crescida branca
Como sói no alto Oriente
Se punha em teimosia, estava plena
O estafamento do amanhecer a impedia e pedia
Simultânea mente

Pedia para acreditar apenas no Espaço
Incontido de versos, e erros
Impedia rumar silenciosamente ao Nada
E, errante, estava certa do rumo.

Há prumo em palavras
As brumas da noite de lava inversa
A Lua das noites de maio inverno
Há agrura e defenestração ao meio
Mesmo sabendo que junho lhe aguarda

Decerto o que é sólido pode sublimar
Por isso, extraia-me o insólito desejo
E pule comigo a catraca
A qual nos impede ir e vir - livremente
Não se faça sofrer ou amarre em correntes
E se derrame
Se der, ame.
Se não der, livre-se destas


YCO 31-05-14

domingo, 11 de maio de 2014

À Família

À Família

Vai ao Céu a alma imortal;
Descansa o corpo pleno.
A metempsicose aguarda.
Da vida sobram as boas memórias;
Da morte, soçobram as inglórias.
Certamente, prossegue a vida!

Sem o Cronos, continuamos vivos em outra medida.
É mais feliz a vida que segue em frente
E vê o azul mesmo diante da tempestade.
Vê o azul adiante, em outra metade.
Assim, guarda nas eternas idades os amigos;
Resguarda na eternidade as amizades.

Estamos aqui para lembrar de sua vida,
Seu exemplo de ombridade.
Estamos presentes enquanto conhecidos,
Família, em amizade. Seguimos singrando,
Prosseguimos confiando nos exemplos,
Nas memórias, e no talento para remar.

Vislumbramos além-mar vosso brio,
Lembramos do homem que dirigia, remava,
Ordenava, intrépido, para que vivêssemos!
Da alegria em voz grave
À bondade em tom maior.
Do amor extensivo à família e ao labor.

Despedimo-nos com estas certezas, e com o chamado de Hipnos
Sabemos que Deus o conteve para o seu bem.
Sua estada na Terra, apesar de bem dispersa,
Estamos certos de que foi breve e tenra.
E porque a coragem em si sempre deteve,
Dá-nos força para seguir em frente!

Vamos em frente!
Que o brio do nosso tio mais experiente nos comova!
E nos mova em direção semelhante quanto ao caráter!
Quanto à luta incessante pela vida justa, pela boa vontade, pela coragem
De viver-amar se há tempo!
Que o tempo que nos resta nos seja generoso!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

O que virá

O que virá no após o pós-moderno? A produção em excesso faz com que fiquemos doentes.

 Vivemos na fase pós-pós-moderna? Os discursos são vazios, não se sustentam em si, a cosmoética inexiste, e a performance não sendo autocrítica cai em contradição sem perceber e se refaz a todo instante por um devaneio são! Mas como ela não é autocrítica, ela se refaz sem fundamento! O tempo não é linear, é simultâneo, e o que virá é o próprio passado? Mas claro, o que está em construção não pode ser antevisto. Ou antes visto, pode?

 Institui-se o querer voltar no tempo para viver o que não se tem mais, o revival, o vintage, o moderno parecendo old, ou o aposto: a sede futurista-retrô quer voltar no tempo indo para o futuro porque ainda se alimenta de ordem e progressos modernos, mas sabe que perdeu algo valioso no passado-presente moderno. A educação técnica cedendo à humanista são imperativos! A era do consumerismo, capitalismo de consumo e exibição, é a tônica invariante! É preciso rever para não esquecer: no meio líquido, absorve-se ou livra-se de tudo por osmose. E o ar é líquido.

 Curiosamente, encontramos este debate em arquitetura, música e educação. O museu MAR no Rio, com sua transposição em onda dos estilos "neocolonial" ao século XXI ("pós-moderno?"); o mashup, um dos tipos de remix, e a transdisciplinaridade do ENEM são exemplos dignos...Todos falando a mesma língua! Que é a  própria linguagem se auto-afimando, e uma crítica à própria gramática ou ao que ela não contém em si* -pois, se contivesse seria estática-´, e ao discurso moral lógico, de lógica propositiva inconclusiva ou irreal, pois se não verificável praticamente esvai-se em discurso oco. Foucault, Derrida e Habermas no comando. Tourraine, Harvey, Milton Santos nos sorriem. Bauman ri sozinho. Ortiz se diverte. Babba gargalha ao ver a mira apenas em Hegel.

 A grande questão é esta: não é possível dar nome ao que se passa, tal wirklichkeit (realidade), pois a ideia é a fluidez, a não apreensão das categorias já existentes para explicar o contemporâneo, devido exatamente à sua mudança expressa! Consumo atrás de consumo, globalização atravessadora de portos e aeroportos, ausência de fronteiras, ideias sem dono, copyleft em prol do mercado! Isto seria ótimo se não fosse altamente contraditório e causador de vertigem! A contradição, não sendo auto-evidente, causa arrepio às ideias sólidas! Que de sólidas tornam-se líquidas e se desfazem em vapor, condensando-se instantaneamente ao fervor do mundo. Ou sublimam à la Marx. O que Fukuyama revira em Hegel à crítica de Marx e antecipara como fim da história é ultrapassado. Porém, a autocrítica que conhece a si mesma tenta evitar o paradoxo, e o capitalismo se reinventando atualiza-se à fase consumerista. A mundialização consubstancia-se na modernidade. E na esteira vem a pós.

 De certo ponto de vista, todos sabemos que a formação do Estado se configura com três elementos: território, povo e soberania. E isto posto, para a representação ou apresentação da realidade estes elementos devem existir em um dado conceito de espaço e tempo. Estes sendo Modernos, ao atualizarmos esta lógica metafísica ao presente, nos deparamos com o fenômeno da sociedade em rede, a qual nos adverte ao advento de um espaço de fluxos e um tempo virtual pós-modernos. O plural indica a indissociabilidade de ambos os conceitos, desde Eistein ao menos!

 Então, fragmentam-se o Estado, a Nação e o Povo: isto vimos no Brasil nas ruas em junho de 2013. Nada seria mais atual, portanto, do que querer a reconfiguração, querer voltar ao passado, (a)onde se perdeu a cola da identidade nacional. Como aduzimos, a soberania última é a do povo, isto é imprescritível, somente o povo pode comandar. Daí o medo das massas e multidões - do governo.

 Mas Como haver Estado de consenso, de ordem, se o povo é multifacetado e aquilo (Ordem pelo Estado) nem sequer é querido? Agora o Estado é urbi et orbis, para além de fronteiras sobre territórios, nação sob comando único de quem está no governo, mas sim um comando oculto, individual e oligopólico em escala global, semelhante ao passado monárquico. Negri assinaria embaixo com o estalo das guerras imperialistas. Então, sumariamente, Portugal indicou o caminho e o Brasil é o re-caminho por coincidência linguistica?! Somos o país do futuro, escreveu um poeta do anátema chamado Stefan Zweig e subscreveu o vigente representante da dominação pós-moderna em discurso no Rio de Janeiro, o Barack Obama...

 Acontece que, metafísica ou psicanaliticamente, ao se deparar com uma realidade, ao tempo da sua maturação, eis que ao menos duas possibilidades se entrecruzam ou dicotomizam para o convívio da mente sã: surfar sob a crista desta realidade sabendo da sua perenidade - como fazem os meros especuladores, que, se sábios ou descrentes, não creem no investimento produtivo - ou abrir terreno para a superação, o que vem do novo. Ou o novo. É assim que o novo é amálgama do antigo, do passado, do comum - conhecido. E ao mesmo tempo é algo desconhecido, pelo fator rizoma, reescreveria Deleuze - em seu século já passado. Se como observam atentamente os capitalistas do apocalipse, apostadores das bolsas apenas por diversão, suposições são esperanças no mundo de aparências, resta-nos à la Zizek surfar nesta ocupação e viver nietzscheanamente.

  Assim, ao mesmo tempo, o esperar é o saber-não-saber (Sócrates já indicara há cerca de 2,5 mil anos), e só há esperança se se sabe do fracasso. É o sucesso o fim da esperança. Então, quem espera nunca alcança, neste mundo que tenta decompor os tempos...Como se Aión e Kairós fossem vencidos por Chronos numa batalha temporal sem precedentes históricos!... com o perdão da redundância, cutuca-me Chronos.

 Porém, o risco maior é a uniformização à característica do mundo: um mundo uniforme e ocre. Sem tons, com pestanas para o cinza...Um mundo sem antropologias...

 Retomando, o novo é amálgama do velho se suposições são esperanças. Assim, se investe na bolsa despropositadamente e de um dia pro outro um bilionário deixa de existir e outro surge. Eike Batista vende-se; o What'spp é comprado pelo Facebook. Ideias atravessaram oceanos, discursos inflaram bolsas-de-valores: a realidade se mostrou inexistente e o mundo, em fluxo, migrou como água correndo via rio, ao lago e ao mar. Na contingência incontida do mundo-mar, tudo se refaz. Identidades são um todo e seu oposto perfeito. Portanto, como estabelecer uma nova cosmoética? Em verdade, a própria pergunta já se vê problemática, pois toda ética já deveria ser cosmo, o estabelecimento é algo estático e o novo... é amálgama do velho. E do Comum.

 Não há regra ou estética que nos contenha. O mundo de tempo presente e simultâneo correndo líquido, numa sinestesia de Dalí à Harvey, passando por Bauman, nos diz que ao tentarmos capturar o momento, ele se desfaz, nos dando a impressão do jet-lag. Mas não porque o tempo corre com a flecha, e sim porque as possibilidades de entendimento destoam de acordo com o local do observador. O pós-colonial manteve seu segredo. O local faz-se lugar; o lugar faz-se público, e a intimidade é estatelada. Para o bem do mundo, o segredo se mantém com Antropologia! O bem, sim, pois tentar contar o segredo é deteriorá-lo, e se não se dá importância à Antropologia, como entender a vida humana sem demasia?! A contingência dos significados ganha fatores. E estes não se decompõem. Apenas se compõem. Cada vez mais. E são ressignificados. O sentido original é sempre substituído. E o propósito ontológico dele é a própria substituição. Não havendo mais pote para conter a razão, ela transborda. Remédios são precisos para detê-la? Para instituir um limite? Os remédios são as leis, que, em grande medida, viram veneno. O excesso de razão é uma desrazão.

 Vimos que a sociedade moderna é a sociedade da lei. Tudo é legal nela. A pós-moderna traz a substituição dos juízes, o fim dos cargos vitalícios, o fim das leis canônicas, a revisão delas. Hermenêutica-aplicada. Há a constatação do erro da localização pelo mapa mundi planificado sem fronteiras e reajustes são necessários em intervalos regulares, como a accountabillity política ou como a regulação dos satélites de GPS: nem o relógio atômico é suficiente para manter o Caos controlado em tal tempo - com o perdão do paradoxo. Assim, esparsos pelos tempos contraídos, nos encontramos em local sem GPS. Desencontramo-nos. A significação, a orientação, a lógica de funcionamento esbarra na própria ideia de haver lógica, de haver função ou significado: tudo que não invento, é falso, martela Manoel de Barros. Este é o significado último do termo pós-moderno, invenção. Re-surrealismo, pós-realismo fantástico. Invenção do real... porque já se sabe viver do falso. E ele cansa. Como os políticos da política pura mas não purista.

  Assim, o falso ganha raízes e galhos porque não é podado pela Verdade, a que inspira a Justiça a mover-se. A lógica econômica se estende além da casa; a lógica pessoal transpassa à política e a lealdade é víscera semi-morta: a relação íntima é comprometida por segredos, e assim o mundo não conversa. Apenas desconversa. Acordos não precisam ser cumpridos, afinal o entendimento, viável através da linguagem, também é passível de ressignificação, de interpretação. O Direito é todo hermenêutico. O mundo moderno caducou. O pós, também fica para trás. O pós-pós moderno, talvez o pós-humano, vislumbra vida em outro planeta. Eis a exobiologia! Aforistas a parte, a tese ecológica é a que mais convém, o reciclar...

 Parece que o esgotamento dos significados na relatividade absoluta - inconclusiva em si mesma - é o limite do próprio planeta. A ausência de verde incorre em perigo à espécie. E quando sentimentos são substituídos por vontade de potência incontida, o homem mata a si mesmo, superando a morte de Deus, que era apenas a vida contemplativa. Teoria. O sentido do econômico destruiu o sentimento maior. Humanista, Ecológico. O cifrão do conhecimento é o que tilinta mais alto. E como a questão do ovo à galinha, para ter mais conhecimento é preciso mais dinheiro; e para ter mais dinheiro é preciso mais conhecimento. O conhecimento está caro e passado, em revistas científicas ou não mas datadas e pouco acessíveis por excelência.

 Não há solução justa dentro d'uma justiça economicista. A desigualdade suposta entre os homens justifica a vida de iniquidades e poluição? De que adiantam 100 mil prédios novos na China, com 1 milhão de apartamentos à venda, se não há compradores com o dinheiro do valor pedido? Quando a especulação age sobre a realidade, só se pode esperar bolhas. Bolhas machucam Aquiles calcanhares. E a esperança é o contrário do sucesso. Quem espera, nunca alcança... no mundo de aparências. Pois, o limite da aparência é a transparência. Mas, o que é muito transparente perde crédito no mundo de juros abismais. Centelhas de corrupção inflamam no ar tóxico. Sentimentos são postos de lado. Palavras desacreditadas dão o braço a torcer às ideias em transmutação.

 Ideias assim, infixas, correm o mundo rapidamente. E não se fixando em parte alguma, estão em toda parte. Como, em paradoxo, a Verdade. No entanto, dentro de um mundo de verdadeS, o plural comanda o singular. Não há simplicidade que explique o mundo, pois, perdeu-se a capacidade de comunicação - desde a queda de Babel, alguns rememoram. O que, portanto, de positivo resta ao mundo? Esquecer-se do discurso tradicional. Afinal, "tudo" é discurso antigo. Fora de curso. Mas para esquecer é preciso saber. Amnésia. Não proponho a solução ébria, de modo algum, mas aponto porque muitas pessoas a procuram.

 O esquecimento, o apagar - ou agregar - das vertigens provoca vontade de saber, e, consequentemente, vontade de mais vertigem. Gire, mundo, gire! Mas não se esqueça que recordar é viver, e vice-versa!, Diz-nos o paradoxo pós-moderno. Viver é estar em plena memória! Para tanto, é necessário dormir! Mas dormir vai de encontro ao mundo de produção desenfreada, oras! Não durmamos mais!

 O sono letárgico do mundo abarca em sonho a vontade, comandada pelo poder, detentor da realidade, refletido pelo medo, degustado pela inércia, impelida pelas forças da natureza humana, plástica, de petróleo. Esta energia insana, que pulsa à velocidade da Terra! E impulsiona o mundo à sede de guerra! Mas guerra só deveria rimar com Terra em Marte! É por isso que queremos colonizar aquele planeta?!

 A vontade de intelecto sereno é a justiça com vistas no passado. A justiça deve ser cega, plural, verde, frugal, laica, antropóloga. E atende pelo nome de Amor. Amor quase Romântico. Hipostático, o Amor é aquilo que não pode ser definido mas todos sentem, como o vento. Um movimento do ar, o que faz o mundo girar, inspirando. Amar: doar. Amar, verbo intransitivo. A justiça de um mundo a tal feitio deve ser um Ser muito, muito estranho: deve apenas ter ouvidos e pernas. Minuciosamente, ouvidos para ouvir todos que reclamam e pernas para alcançar os pedidos. O mundo girando à justiça gera paz, ou Terra. Liberdade? É o movimento do Amor, que translada!


* a gramática, assim como a filosofia, sofre com o problema da linguagem: a linguagem não contém e ao mesmo tempo contém o pensamento. O paradoxo denotativo do Conter: conter no sentido de reter e no sentido de limitar.

domingo, 30 de março de 2014

Água sob Rio

Água sob Rio

Rio
ruídos
ria
ruía
ri
rói
rui
riu
ruiu
roeu
Rimos riachos


30-03-14

quarta-feira, 26 de março de 2014

Porque te amo

Porque te amo

Um verso simples, por isso sincero
a verdade é que eu quero!
Uma verdade singela, por isso inteira
Eu quero vê-la!
Uma palavra forte, por esse encanto
Penso que te amo!
Um pensamento constante, por isso insisto,
Venha ter comigo!
Uma sentimento à pele, por isso escamo:
Pensa que te engano!
Amor não é engano.
Amor é, verbo intransitivo,
Porque te amo, te escrevo.
E não canso.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Substância, ah!


Substância

Ah, é uma substância!
Que adentra o corpo
E provoca êxtase imediato,
duradouro e verdadeiro.
É o real sobre o sonhar,
O melhor sonho do viver.
É estar acordado e não crer,
Querer o para sempre,
Sem saber do não poder.
E simples êxtase não traduz
A sensação de puro ser,
De viver o outro em si
E o em si em outro,
Destoutro simples ser
Que vos exclama a conhecer
E querer o melhor ter!
Ter a substância nas entranhas
Cavando as veias
Rompendo as lanhas
Desfazendo as sanhas!
Para isto é preciso conhecê-la,
admirá-la e arrebatá-la!
Depois, é só reconhecer, depois gostar,
Depois amar.

Consta-se uma vez no sangue,
Dura-se para sempre na alma,
Pelo flexo coração!



p.s. repost

sábado, 25 de janeiro de 2014

I believe in a thing called love

I believe in a thing called love

Some of you may not believe,
but, come to my world! I do believe in the Love.
In the negative sense, the love isn't a thing of imagination
or a human or sobrenatural thing;
On the positive side, Love ties a believe.
It is a so-called human feeling,
Our human(est) side of life,
-My human overview of you,-
the humanization in the action
Or the meaning of life;
The empathy or symphaty
To put yourself onto somebody else soul.
To feel someone else but you.
To want, to set free, to deserve
and desire!
The love is... an inspiration!
An aspiration!
An apparition!
It can't be warned...

Love... the word of gods
of goods
of golden meaning:
at a very high temperature it becomes liquid and can be shaped;
but during it earth-living time...only can be furrow, become a jewel
and be exchanged...
Of course that not for money!
Love isn't about diamonds, that are forever;
It is gold, that last for generations with generosity!
And it's magmar condesated shape make it only
[possible
 [With the forgiveness
To be exchanged...between twin souls,
Or twin friendships...
Sure, to win these friendly things there is a curiosity-needed:
The love with interests is to be in the in between
inter est, enter sere, mettre êtres, entre seres.
Love is afterall confuse-without-doubt
Without fault!
Makes the brain give to forgive
Forgive to get
Get to forgive
Forgive to got
Love to envolve
Revolve to re-love
Adore to be lost!
And to
l
o
s
e
your head
you have
to
l
o
v
e.
Head your soul with love
Feel your head-in-love
And free your soul
in love.
Love, not lose.
But, then, love come back
turn into your mind
upsidedown
and tell you the true
that come trough:
The soul of love is to be given
with the above mentioned forgiveness.
The rest is to forget.

It's only,
because...
I just believe in a thing...
Called love.
Nevertheless the love can and can't be only...
because...
if only
it's lonely.
and if lonely
isn't love
but laugh...
"Amor
        Humor."
These laughs doens't last as love last
but less then that...
it last a second
not a decade.
The infinite out of time of love
last not forever.
In fact, meanwhile there are meaning
and while there are feeling
the love pursuit us
in a circuit
with no shortcuts
and with a lot of trails.

Se o amor não é eterno,
"Que seja infinito enquanto dure".

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Poena - ou Poema Lorena

Poena - ou Poema Lorena

Sozinha em uma selva.
Petrificada.
Em meio a multidão da cidade,
Na metade do nada,
A medusa se metamorfoseia em musa
[E, sozinha, caminha...
E sente dor... 
A dor que Ele jamais curou...
A do abandono. 
Ao mundo então se volta,
Retornando à casa,
Revolta. 
Tornando à estrada, 
Mais bela,
A cada dia!  
A caminhada a realinha.
Costura e se equilibra,
A cada dia,
como se fosse noite... 
E a corda da noite vibra
Aguardando-a.
Guardando-a. 
Deixando a lua e as estrelas serem 
Suas fiéis companheiras. 
Assim, nunca está sozinha. 
Tem o irmão Sol e o irmão Lua 
Dando-lhe um envolvente abraço!


P.S. Porque não é todo mundo que tem uma irmã com nome de poema, Lorena!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O perspectivismo que me contenha! - Inflexões ao ecoturismo no Cerrado

 O perspectivismo que me contenha!
 - Inflexões ao ecoturismo no Cerrado.

 Realmente o Mercado está chegando aos índios, aos quilombos, ao mundo verde - qual, não por acaso, já virou nome de loja. A solução à ordem do progresso parece mesmo a balbúrdia blackbloquiana, dos black blocs. Em um tomo, levaram a sério a ordem positivista do lema flamular. Tanto esquerda quanto direita convergem ao centro num espectro holográfico esquizofrênico rumo ao top five da economia mundial - a qual, por um devaneio não existe, de facto, mas de jure. Pois, o que é o ajuste ao acaso do preço do petróleo?

 O que importa no mundo mercadológico marxoracional-washingtonconsensual, de contra-dição, de disputa de discursos, é a cultura humana, do avanço. A cultura humana é, cada vez mais, uma só. Que o culturalismo nos salve, que a indigeneização do moderno nos contenha! Os animais é que se diferem? A globalização só não atinge pinguins e borboletas, que continuam migrando pelo magnetismo da Terra, e não pelo cibernético. Mesmo assim pode atingir, pois os pólos invertam a cada dez mil anos, mais ou menos, causando, dentre outros, eras glaciais. Redes neurais são a última fronteira e a integração homem-animal-máquina, numa criação do pós-humano quer aparentemente excluir qualquer anátema do ser. O ser está evanescendo ao mesmo tempo que se recompõe: ele está se materializando. O medo hobbesiano permuta-se à evolução estruturalista.

 Mas, ao fim, nada importa, pois a ordem do caos já controlada é desapercebida, e os fenômenos da natureza indicarão que Zeus estava certo, os Gregos tinham razão. A Ira dos Deuses se dá não por desobediência ou falta de veneração, tampouco trocismo, mas por ignorância,  admoestação e humilhação para quem ainda crê no poder e ignora o respeito. Antropologia na política do outro é refresco sociológico.

 Portanto, matemos nossa sede! Mas sentiremos mais sede!... Porque tudo se desmancha num mundo feito de açúcar diet, café descafeinado e poder renitente: a mistura resulta líquida, fukushimo-baumaniana, voraz, mas sempre com o princípio de Eisenberg reinando. É impossível determinar em que parte está o poder. Ele é como a verdade e a identidade ontológica ou o elétron. Ele está em toda a parte e em parte alguma, como remiu certa vez Lispector : a verdade está em alguma parte, mas é inútil pensar, não a descobrirei e, no entanto, vivo dela.

Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

Minha foto
Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.