"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Se a alma te reprova - W.Shakespeare

Se a alma te reprova
William Shakespeare/Custódio Castelo

Se a alma te reprova eu venha perto,
Jura à cega, que o teu ardor eu fosse;
Ardor tem, como saber, sítio certo,
E assim me enchas, amor medida doce.
Ardor enche de ardor a amor teu cofre,
Ai, lardeia-o de ardor!, e ardor do apronto
E bem prova que em vazadouro sofre
Se o número é grande, eu só não conto.
Então que eu passe em grupo sem ser visto,
Sendo um nas cotas dessa feitoria;
Tem-me em nada, se te agradar registro
De que este nada em ti é doçaria.
Faz só meu nome teu amor e amor;
E amas-me então pois eu te chamo Ardor.

Durante um temporal - Castro Alves

Durante um temporal


VAI FUNDA a tempestade no infinito,
Ruge o ciclone túmido e feroz...
Uiva a jaula dos tigres da procela
— Eu sonho tua voz —


Cruzam as nuvens refulgentes, negras,
Na mão do vento em desgrenhados elos...
Eu vejo sobre a seda do corpete
Teus lúbricos cabelos ...


Do relâmpago a luz rasga até o fundo
Os abismos intérminos do ar...
Eu sondo o firmamento de tua alma,
À luz de teu olhar ...


Sobre o peito das vagas arquejantes
Borrifa a espuma em ósculos o espaço...
Eu — penso ver arfando, alvinitentes,
As rendas no regaço.


A terra treme... As folhas descaídas
Rangem ao choque rijo do granizo
Como acalenta um coração aflito,
Como é bom teu sorriso,....


Que importa o vendaval, a noite, os euros,
Os trovões predizendo o cataclismo...
Se em ti pensando some-se o universo
E em ti somente eu cismo...


Tu és a minha vida ... o ar que aspiro ...
Não há tormentas quando estás em calma.
Para mim só há raios em teus olhos,
Procelas em tua alma!



Castro Alves

domingo, 15 de junho de 2008

O ideal é ir morar no deserto?

O ideal é ir morar no deserto?

A violência é o fator decisivo para atrair ou espantar turistas e novos moradores; é o medo maior dos vizinhos, de antigos fronteiriços; desestimula indústrias legais a instalar-se e atrai tráfico ilegal para a cidade; é motivo da perda do orgulho pela nação e a razão da baixa taxa de crescimento da consciência social. Então, como solução, fugir da realidade é o que mais se ouve, quando não se está satisfeito com a mesma. E ir atrás de pacatos vilarejos se torna a meta de muitos cidadãos cansados de sofrer com atos de violência. Busca-se um lugar calmo, onde a chuva é pouca, o calor é constante, a vida é noturna e o clamor é vibrante.

Este lugar está para ser inventado - num conto de fadas já existe - mas, muitas famílias insatisfeitas com a atual condição de risco de vida, e roubos, já procuram uma cidade pequena e pacata para rumar e alojar-se em definitivo. Um lugar onde o desenvolvemento ainda não chegou plenamente, e pode, portanto, chegar de modo a não esquecer-se das causas de um ato de violência.

A violência surge de fatores sociais em desequilíbrio, e se difunde em diversas formas: da violência contra a mulher e contra etnias historicamente menos favorecidas social e financeiramente, à formação de verdadeiros exércitos de bandidos, bem articulados, com antigos chefões, novas chefias e incipientes subordinados, estabelecendo o chamado crime organizado. Acabar com tudo isso é impossível sem investimentos bem encaminhados.

Entretanto, se a água não vai até as raízes, as raízes vão até a água. Uma pequena cidade a se desenvolver deve considerar o investimento na educação como o primordial para um crescimento ordenado, um futuro sem índices altos de violência e com cidadãos de bem e bem preparados em crescente número; maior do que o de despreparados e desesperados por falta de assistência educacional e emprego, respectivamente, fadados à vida criminosa. Se não houver controle por parte do estado, as plantas (cidadãos) novas irão atrás de sua fonte de vida ( no caso das plantas a água, ainda que distante ou poluída; no caso dos cidadãos, o dinheiro, ainda que "sujo" ou "emprestado", roubado), e não diferenciarão a maneira pela qual se mantêm vivos, apenas tentarão o fazer, é o instinto maior dos seres-vivos manter-se vivo.

Porém, se de um lado da balança da desiguldade está o cidadãozão, bem-sucedido, procurando paz eterna, do outro, está o cidadãozinho, eternamente insatisfeito, procurando paz interna. Quando o ostentar da riqueza se torna impossível, a alma humana, irracional, crê em uma solução definitiva para destruir as novas plantas sem secar sua fonte de vida. Acredita que é possível haver disparidades gigantes financeiras com convívio social ameno. Ilusiona-se blindando e pagando seguro a seus bens mais valiosos e desdém doar grãos e gotas para as novas plantinhas, sementezinhas, cidadãozinhos alcançarem, algum, status social.-Porque ter zero de status é igual a não ter. Desta forma, a vida do deserto se aproxima: o deserto ideológico, o deserto da razão, da solução imediata definitiva para os problemas antigos sem resposta errante.

A solução para a falta de equilíbrio dessa balança com pesos sociais é ampla, ambígua e âmpara. Ampla porque não é pequeno o investimento necessário na educação para resolver uma boa parte dos problemas. Ambígua porque, no gráfico do desequilíbrio social versus tempo, na medida em que amplia-se a taxa de população com padrão de vida médio, diminui-se a com padrão de vida baixo e, principalmente, com o mesmo alto. E, finalmente, âmpara, porque só um neologismo pode exprimir uma aparente nova e desconhecida solução: apoiar. Dar suporte. Amparar. Porque, se Betinho já dizia "Quem tem fome, tem pressa", a própria violência vem dizendo " Quem quiser acabar comigo não vai ter que me engolir ou me digerir, vai ter que me ouvir, entender, lenta e gradualmente". E, nesse contexto, "ouvir/entender a violência" poderia ser interpretado como procurar enxergar as causas da injúria da mesma para, então, tentar resolve-la, eliminá-la.

A solução NÃO É privatizar a segurança, trancafiar-se em abrigos, culpar os mendigos ou ir morar no deserto por inobservância dos fatos geradores da, ou de, violência e continuar roubando, corrompendo-se, sendo conivente; a solução É: ser Visionário. Ser Esperançoso. Ser Investidor. Ser Realista. Ser Compreensivo. Ser Humano. Para poder ser Satisfeito, Correspondido, Bem-Sucedido, Realizado, Compreendido e Humanizado, respectivamente. Somente agindo com estes verbos, sinônimos do progresso sutentável, em mente, pode-se acreditar que a intenção de acabar com a violência é um querer real, não um ideal. É querer morar-bem no paraíso de sua cidade natal, a passárgada do poeta nato.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Três temas no tempo

Três temas no tempo

Escuro de reentrâncias e amedrontados
Corredor das tréguas das trevas
Interminável rota do amargo
Passado existencial e mudo

Espanto aumentado até o extremo
Findar as léguas das leptas
Incansável que gira ao avesso
Presente consumido e cego

Eterno furor dos inóspitos
Lugarejos imundos e impostos
Imprescindíveis a manter o solo
Futuro pobre seco e surdo

Evitemos o trágico futuro,
Ajamos com a consciência desperta.

Y.Cavour

Explicado

Explicado

Porque surgem pessoas
porque brotam momentos
porque amarrotam discursos
porque inventam derrotas
porque temem o outro
porque chove com força
porque distorcem detalhes
porque criam heróis
porque não eziste linha em branco (com z)
por que fazem perguntas?

Y.Cavour

Lógica para ela

Lógica para ela

Lógica. Queria ter uma...
Lógico, Ela existe.
Ilógico: se não a conheço,
Por lógica, descubro o endereço.
Longe é o lugar que não está
Longe do lugar que pudera
Ir longe, e ser feliz com ela.
Lógica Longa: a demora, a espera,
Logo traz a dor de ser ela
logo aquela insistente;
Logo, logo uma não obstante
Longe de estar por lógica
Perto da contrária e próxima
Tarde de prazeres deveras
Breves, e adeuses sinceros;
Com risos e emoções sérias.

Em uma palavra

Em um palavra

A vida é saudade.
Saudade sinto até daquilo que não foi dito
Saudade tenho quando não aguento fugir
Saudade espero nunca mais não ter mais
Saudade é um exagero de metalinguagem poética
Saudade pode ser definida como: inextricável à vida

ao viver, a saudade
ao vencedor, a saudade
ao perdedor, a saudade
ao morrer, a saudade

Saudade daquilo que não pode ser sentido
Saudade de algo inexplicavelmente do ego
Saudade da definitiva anedota da vida: a vida
Saudade da ausência da classificação
Não posso mais falar da saudade, eu já a sinto
Não posso mais escrever a saudade, senão eu minto
A sua saudade é maior do que a minha, decerto
Se sentes saudades é porque enxergas num imenso
Universo
Se sentes saudades é porque mergulhas num intenso
Viver
A saudade é vida

Só sente saudades quem vive ou
Só vive quem sente saudades?
Retire o ponto de interrogações:
Assim descomplica-se a vida;
Mas não retire o ponto das interrogações,
Pois a saudade inibi-se

Se é bom interrogar-se,
melhor ainda é responder-se.

Onde estou, estás!...
Saudades!

Carência da estrutura basal

Carência da estrutura basal

Difícil é
Não se mover
Locomover
Comover
Fácil é
Ficar com dúvida
Na dúvida
Duvidando
Alguém pensou estar
Estava
Este
Mas não soube falar
Falando
Falácias
O crime passou sem perceber
Desapercebeu
Percebereu
Matou-se a língua a páu
Pautada
Paupérrima
A manchete não saiu
Vasou
Caiu
O caos não se notou
Anotou
Notado
Não fora culpa do leviano
Leve
Levando
Foi falta de truísmo
trunção
instrunça
Sem noção da culpa
Culpado
É a cúpula
Mantém a ignorância alta
Altiva
No altar

sábado, 7 de junho de 2008

Pensa-se demais

Pensa-se demais

Parece que nada distante, e longe
enxerga um vulto sinistro, um medo.
Acredita em tudo que surge, e cerca.
Faz cara de sonso, indiferente, tolo.
Percebe que sempre ostenta um ar
sem sentir inalado o seco sustento.

No escuro, fecha os olhos por ver
sombras que movem-se em círculos;
Vendados os sentidos, só resta a mente.
Imaginação fértil, mas com uma clareza:
se está cerrado não pode ser real;
Se entreaberto, talvez fique a dúvida.
No entanto, é bem certo que há algo
errado ou incômodo junto, ao lado,
tão próximo que encosta, sem tocar;
imensurável, ao ponto da escala mudar.

Para o tamanho daquilo não há cura,
o remédio é o sinismo da dor pura:
abranda o fogo com água e álcool;
move os montes que em si escalam;
separa as juntas das portas fechadas;
e cobre o vazio da tampada saleta.

Na tampa de cobre permeia um raio
por onde se deixa transpor o feixe
de iluminação míngua, mas extrema!
Espelhos refletem, mas distorcem.
Tapetes enfeitam, mas recobrem.
Todas as redundâncias se (re)encontram...

A imagem real deve ser secreta
pois, se um qualquer saber desperta,
a ira seria tamanha e inigualável!
Pressintindo a vez da troca imposta
é melhor mesmo sair de sua rota
ou tentar mantê-la estreita, ainda?
Faria com que se sentisse sozinha
ao lado de todo o resto? e a nata,
as sobras, só servem para iludir?

O conteúdo é menor que o contêiner.
Então, não se pode caber no aperto
porque o aconchego fica evidente.

É mesmo o nervosismo a causa da íngua.
Não há palavras boas que molhem a língua
para temores como os estranhos andarilhos.
Ao tempo da cura, a dura sentença aumenta;
no prazo que consta só é boa se lembra.

Precipitado que irriga tanto quanto avisa:
dará um jeito por ter pretenções boas;
logrará êxito porque não existe à-toa.

Y.Cavou p/ Alguém(a)

Nível de Firmeza

Nível de Firmeza

Deixe que os atinja, há distâncias
segure os que pedem, em parcelas
modifique sua estatura, condizente
pertube-se do alheio, um por vez
desenganado será ele, do bando
retirara sobras ingratas, revirando
alarmado como uma nota, folheada

esfaimada a faminta poça, cava rochas
engrandecido todo o medo, sobrevoa
não obstante seja a altura, queda abrupta
calada e rachada a brisa rompe, inescrepulosa

mal-tratado o bem-querer foge, à regra retém
roucos rios calefacem sombrias folhagens, secando
anoitecendo os encontros se divergem, feitos lúdicos
comemora a toda vil encabeçada pelo fio, de lança cega

arremesso dado ao passo adiante o murmuro, sobressai
importância mais valia ser a íngreme escala, indireta
porseguinte conseqüências reafloram mesmices, aduladas
afinal o ente viu o próximo pesadiço portão, retaliando
aguçados seus olfatos soam tristes por singelo desfecho, mau-olhado.

Y.Cavour

São Palavras

São Palavras

Prestígio é uma palavra: sem transpiração.
Inspiração é o prestígio de uma palavra.
Palavra é a formação de idéias comuns.
Comum é a quantidade de coisas estranhas.
Estranho é achar que existe algo eterno.
Eterno é caber no mesmo espaço do vácuo.
Vácuo é ficar esperando para sempre.
Sempre é a vontade superando a si.
Si é cada um que decide sua rota.
Rota é a chance de seguir ou vencer.
Vencer é avançar e não é poder mais do que o poder.
Poder é engano e não é querer ter tudo diferente.
Diferente é poder ter inato prestígio.

Y.Cavour

Nada é como...

Nada é como...

Hoje acordei com vontade de dormir,
mas quando notei estava a sonhar!
como não reparei que enxergava tudo
mesmo com ambos olhos dobrados?
Ao olhar para o tempo senti um frio;
a frieza do tempo não fora antes aferida,
bom que agora percebo que algo se move
num constante e fixo avesso ao errante.
Não falha, não cansa, só segue
em frente, contra o vento de popa.
Estende como se nunca fosse o bastante,
estima, faz mais (do)que o suficiente.
Instiga, a fazer como é feito.
Inspira, mantém a verdade à frente.
Depressa, mais ágil que tudo;
apressa, sem subterfúgios.
Tem pressa, acerta a sombra,
impressa, nos cantos mais sujos.
Denota, que é vil, o ser
remete, quem viu, a rever;
quer ver, de novo, a tragédia
destoa: parece comédia.

Tragicômico como o real
enfadonho o tédio redundante
siléptico o pó que atua
a endorfina libera a dor
adrenalina é de fácil controle
e peca sem saber que o vício
sustenta a dor sem suplícios.
Aquela mantida escondida,
que vai no gráfico da vida,
o que mostra o tempo num plano
e no outro oculta o mesmo fugaz.
E insiste que não é consciente,
mas foge do que não mais sente.
Retorna ao fim consequente,
o fundo do fundo do poço.
Enxerga atrás para de frente
não estar nem doído nem dormente.
E volta com substância
que causa em breve instância
um rápido sabor de leveza.
Mas leva embora toda sutileza.
É má, pois vive ao custo
de um gosto cada vez mais em desuso.
Rebusca novas fontes
para novos poços, tão secos
que seriam úteis, se usados
do modo para que foram criados:
matando a sede, de quem, isento de culpa,
sustenta o que o deixa mais sedento.
O mesmo ostenta que pode mais que o poder
por deter nas mãos o pó,
que deixa o ouro leve (em valor)
mas põe em risco o âmago (do ser).


Y.Cavour

Facilter

Fácil ter

Ainda que no princípio
 há uma margem
um erro no começo
 e um fácil alvo
o preço é justo e digno,
há comparações
com tudo que redijo
 sem transformações
Mas sólido e compacto,
idênticos volumes
os tamanhos são práticos
e bem consomem
os gostos tácitos
 e o sabor do azedume
resumem o misterioso
 em pouco espaço;
cozinhando toda a graça
 rompe-se o laço
traçando linhas vertiginosas
 de impacto
alcança-se o amanhã mais rápido
enterra-se a noite nos solos
caminhos longos escondidos
em apertados lugarejos
falta abrigo e o frio
é tudo que vejo

Sem ti

Sem ti

Vivo e atuante,
exausto, atenuante.
Por fora, sobra;
no interior, esnoba.
Por ser bastante,
morto, e incapaz.
Incauto, horrível,
cuidado e eficaz.
Aparenta ser, mas
dentro, pede paz.
Frio e insensível
transborda sal
em gotas silépticas,
se afoga a sós.
Revigora a vivaz
semi-toda ausente,
falta de algo,
[alguém.
Emana cores bruscas;
interiora, até ofusca,
de tão cegantes quanto
o clarão de espanto
em relação ao tom
semblante no bom e
vivo, como morto.

Desprazer(oso)

Desprazer (oso)

Devoro-te e percebo
és mais bela pelo placebo
deglutido disfarça o amargo
saboroso afoga os olhos
em gotas salivares e salgadas
deságua enorme vontade assídua
por entre velas e brigas
são encontradas incautas mentiras

Entre as mais sábias da trilha
ocorre um trecho ribeiro
que desafia o corrente
em queda abrupta constante
instinto consoante em uma inter-
disciplinada cachoeira arcada

Em seu trunfo ápico recorre
ao nulo épico flavor sóbrio
um que despreza o mistério
escondendo o nobre arranjo
em um raso prato repleto
do aroma puro e belo
mas que engana o sério

Aparente grande engano
sobra num plano o manto
do pano santo e típico
se acredita é lunático
desacredita-se enfático
certeiro probo inato
ordeiro trono imóvel
odeia trabalho escravo
e convoca o mínimo esforço

Se ganha fácil, é pertinente
desengana-se, então mente
alcança sobre o horizonte
único belo constante, é velho
remonta ao segredo do mesmo
e esconde a si o mistério revelado

Intrometido ao seu lado
sem passar frio ao quente
o induz sem contato
contanto esfria o relato
que é impossível ser alto
num brejo imundo pequeno
de um belo mundo sereno.


Yuri Cavour

Consta sempre

Consta sempre

Muito tempo demanda
lento
Corre e nunca alcança
há tempo
Tenta sem conhecer bom
caminho
Foge durante e parada
movimento
Rápido chega se é
longo
há tempo, o caminho é em longo movimento,
corre muito rápido pois tenta, mas foge
Chega na hora de ser
cumprimento
Distante de qualquer um
verdadeiro
Presente dado a vários
simples
Amigos encontrados
agora
Distante do amigos presente que chega
é simples, verdadeiro o seu cumprimento
Antes não podia-se crer
errado
Muda a todo instante
para quê?
Continua sendo àquele
antigo
de antes de todos de si
depois
Muda e continua o de antes
Não sabe para quê o errado e antigo
irá servir se poder é,
agora, antes e depois,
o dono do desejo.

Libertas quæ sera tamem (nunkas!)

Libertas quæ sera tamem (nunkas!) = Liberdade ainda que tardia (nunka! -essa é minha!-)

A liberdade está lhe cercando
as possibilidades lhe indicam uma escolha
As flechas sem setas atiram na bússola
E esta aponta para o norte demarcado
Cada dia mais claro e mais nublado
Cada noite mais curta e demorada
Todos os seguintes procuram por algo
Idêntico ao anonimato bem reconhecido
Ter fama por merecer a recompensa
da mapa, do tesouro, do x, da equação.
As somas são divididas indiscriminadamente.
Multiplicam-se as diferenças
e somem-se as reduções.
Redução da pobreza
Para os ricos
Redução da fome
para os gordos
Redução da vergonha
Para os extravagantes
Redução da pena
para a moral
Redução do pedágio
para o tráfico
continuar adiando a vida
até o momento de seu abrevio.
Um assobio no alto determina
quando será o próximo assalto
e porque você pagará por quilo
algo que não é comercializado,
e não tem consumidores
-não são traficantes-
pois são só usuários.
Marche de cabeça para baixo
para não ter de encarar o fato.
Veja com meus próprios olhos
o que eu predizia e proponho:
mudar algo é preciso;
mudar tudo é vago.
Há uma saída de emergência,
mas a porta está lacrada.
Desobedeça o sinal de continência
e terá seu conteúdo esfacelado.
Obedeça o chefe da redondeza
e será o futuro bem assombrado.
A própria luz não cria sombras,
precisa de, mais concentradas,
[barreiras amigas sólidárias;
A sombra, em si, contrária,
precisa de companhias isoladas,
[mentes universitárias solitárias.

Y.Cavour

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Saltaonde

Saltaonde

O calçado é apertado e estreito
mas a rua é ampla e larga.
A calçada tem buracos e níveis
e sandálias com arcos livres.
Os tênis sempre salteados;
sapatos com sola pregada.
Mas há poças por todos os lados
e há moças sem medo do fato.
E, mesmo subindo e correndo,
não há quem se lembre
que esquecer é angustiante.

Quando o passo é torto e destro,
o compasso é livre e maestro;
e o samba está se movendo,
demovendo depressa, na avenida
na rua, estrada, e barro
calçada,degrau e brejo.
Caminhando a favor do tropeço
e topando o saltibanco espesso,
sem dar cabo a queda iminente
encaminhada sem queixa.

Recomeçar com o esquerdo
para estar um passo à frente.

Do começo redundante direito
manquitola o saci ao avesso,
cumpre à tona, curupira, a lenda.
Salta sendo o cadarço sem nós,
terminando os laços com vendas
e nos deixando no embaraço
quando, no propício errar,
se esbarra, e pede silêncio,
sem ao menos fazer jus ao lento.
Tão veloz o breve momento,
aparenta durar por eterno
Mas, é tênue e brando;
simplifica e descalça.

A pé é mesmo melhor.
Na areia, a marca arquipélaga,
a que pede um outro suspiro
e que impede o próprio ouvido,
de audível passado,
a ser perpassado.
Escuta o observar sem soar.
Suando o pingo cristalino,
Rompendo triste a lente;
calefacendo a fria maçã
e falecendo inssosso aonde
padece o brio do fã.
Do sustentáculo que descansa em pé
ao apedrejar da nova manhã
já começa a ver no afã
um recomeço de cada
pedaço doentio ao extremo.
Pois caminha lendo
e realinha o caminho fazendo
um contínuo pontinho do tema,
sem tremas. E teima.

Y.Cavour

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Língua pró pular

Língua pró pular

Não, não é a inflação.
Não é a violência.
Não é a saúde.
É a linguagem.
O expressar-se.
O entender.
Entender o outro. Entender a si.
Falta a letra ao letrado. Falta letra ao aletrado.
Mais letras apenas confundem.
Más letras pioram ainda mais.
Mas a busca deve ser incessante.
Procure entender sua dúvida.
Pergunte se há resposta.
A fé não responde a tudo, acredite.
Porém, nem tudo pode responder a fé.
Mas deixe de lado o erro do acaso.
Acredite na intenção subliminar.
Talvez a mensagem passada
Pareça razoável se cegos
Forem leitores atentos as vozes
Que mudos candidatos proclamam
Para a confiança de surdos eleitores
(Apreciadores de músicas clássicas!).

Contorcida hora

Uma vontade imensa de chorar ou gritar
Parece exagero quando vejo, ou penso.
O ser frio altera-se dificilmente então
O ter frio é normal ao sol.
O estirado tem um peso idêntico
Mas o estado sólido se compromete
Agora estando óbvia a sublimação
O odor demonstra a baba que decresce
E um pó é notório nas narinas.
Um ponto é preciso por para acentuar
A dor tamanha de todas as amigas
Vês a alma esbranquecendo a sós?
Vez da calma esfacelar-se ao solo!
Nem adrenalina aquece o imóvel
Pois o peso amorfo é logo, logo.
Um formato difuso talvez sustente
A erradicação da inconsciente mente.
Esta não vê prejuízo e por jurisprudência
Age do mesmo modo o qual ouviu falar.
Se o juízo sossobra, a prudência Nunca.
É lembrada quando a madeira fecha a porta
E a lágrima escorre ao rosto insalutar.
O mesmo contorce-se instintivamente para expulsar
Mas a consciência é menos forte do que o tragar.
Traga agora a droga da substituição.
Meu amor mais forte não tem razão.
Minha química me diz: o teor é bom;
Meu amigo se foi, que fracote não?

Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

Minha foto
Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.