"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pela ordem, pelo sistema

Pela ordem, pelo sistema

O testemunho do poder como corrupção inerente é um julgamento inválido. Aceitar as regras do jogo não é corromper, é saber que quando no momento propício, atacar a questão premente é a tônica invariante. Os acordos firmados, se parecem escusos, são frutos de técnicas elaboradas com o passar do tempo, levando-se em conta a eficácia e força de argumentação democrática, os verdadeiros instrumentos do poder.

Quer dizer, quando se verifica que uma decisão está sendo tomada e obedece a certos princípios pré-configurados, pode-se falar que houve coerência e limpidez democrática. E, pelo contrário, ao se desobedecer as regras ou de forma unilateral tentar mudá-las, aparecem como evidentes princípios autocráticos subversivos.

Levando esta forma de pensamento às demais instâncias da vida que envolvem a política, mas não necessariamente à discussão de filosofia política, é possível tratar de como os governos de países do Oriente Médio sofrem pressões, externas e internas, não por serem regimes de forma z, x ou y, mas simplesmente por não estarem obedecendo a um princípio básico que é a audiência, ouvidoria ao seu povo, ou a responsividade.

O que parece estar ocorrendo tem a ver com a necessidade espalhada virtualmente, também pela rede de computadores, de haver mais ou novos direitos individuais a serem respeitados. E este “problema” só não é compreendido por qualquer organização política desconectada da realidade. Que se encastela e ignora o que ocorre no próprio país, e no mundo. Novos cidadãos têm novas necessidades e precisam ser reconhecidos.

 Portanto, uma vez que o ser quer se reconhecer e é atraído pelo seu desejo, de poder, de poder mais, estando num mundo que instiga a desejar mais, cairá àquele governante que não vende que fará o que seu povo quer. No entanto, nem o povo sabe o que quer. Ele vai descobrindo ao longo do tempo, e, em simultâneo, se o povo deseja mais,- e tem o poder como meio de alcançar mais,- ele apenas se esquece que não pode ficar dependente do poder do Estado para conseguir alcançar seus desejos.

 Então, numa situação extrema, a lógica aqui explicada diz que a situação tornou-se insustentável exatamente porque o povo inscrito no atual mundo “desejante”, pulsante, quase que de pura pleonexia, não percebeu que o Estado não é o único meio para conseguir a realização dos desejos; percebeu alguma forma de descrédito nas regras que parecem ter sido criadas de forma unilateral, e, ainda, quer se reconhecer sem saber exatamente em que sentido, pois a opinião pública não existe efetivamente a não ser durante a disputa política.

 E daí, desta última forma de pensamento apresentada, resulta que tudo se dá num procedimento, ou processo. O que não deixa de ser um pensamento limitado. Pois, além de ocorrer num processo, há saídas previamente pensadas nas filosofias políticas. Porém criticadas como sendo muito abstratas, até que se coloquem na prática.


 Quer dizer, além da estrutura agindo, as agências as portando, é possível pensar com outros esquemas, até contrários.
Estruturas estruturantes tendendo a agir como estruturas estruturadas e os agentes não estando fora da estrutura a remodelando a todo instante, diria Bourdieu, ou uma outra forma de pensar que não seja desse tipo sistema-estruturalista. Mesmo sendo evidente a existência de um sistema, nem sempre é o mesmo sistema.
 E ainda, há formas de análises sociológicas e políticas não sistêmicas, mas relacionais; outras chamadas micro, outras de grupos, algumas com interações; uns sistemas sincrônicos, outros dinâmicos; algumas estruturas históricas, outras a-históricas: nestas análises o resultado pode já estar pronto, e não é o processo o determinante, mas a estrutura. Na anterior é através - ou durante o - do processo que se chegará a um resultado, um fim...

 Por exemplo, é possível pensar em análises de antigos regimes, que já estavam prontos, mas não vingam mais porque desatualizados num contexto de mundo integrado, quase sem fronteiras para ideias, pensamentos, e pessoas; e pensar em análise do mundo das democracias mais avançadas que parecem funcionar, onde há prosperidade, levando-se em consideração que em ambos vigem sistemas diferentes, e fazendo uma análise de um tipo de estruturalismo, e chegar-se a conclusão que um sistema não funciona e o outro sim porque naquele que não funciona, no todo, há um preterido reconhecimento não atingido.

 Nesta análise estruturalista, concluir-se-ia, então, que o que está havendo no Oriente Médio é a tentativa de instauração de outra ordem sobre uma antiga que não está mais sendo respeitada. No entanto, em análises desse tipo, de sistema, só se pensou que o todo fora determinante, mas esqueceu-se que o todo é composto por partes, sem as quais ele não existe, e estas podem ser sobredeterminantes, e então mais importantes, ou primárias para serem analisadas. São as chamadas análises micro. É o chamado risoma, em Deleuze e Gattari.

 Ademais, pode faltar espaço para a criação e a imaginação nessas análises estruturalistas históricas ou mesmo a-históricas. Pois, se apenas no processo se cria, não há garantias de que a criação não seja uma reprodução de uma ordem da estrutura, do sistema, o qual é autoreprodutor e autogerador ou regenerador de si mesmo.

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Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.