"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Quem separou a razão da emoção?

Quem separou a razão da emoção?

Quem separou a razão da emoção está errado. Pelo menos é isso o que me diz a atual neurociência, a neurobiologia, a neuropsicologia e é passível de discussão pela antropologia biológica.

Sem querer entrar no assunto como se fosse profundo conhecedor, a questão se resolve quando se analisa que antes do processo racional há o processo emocional. Quer dizer, no cérebro, o processo emocional desencadeia o racional. Assim sendo, quanto mais emocional o processo, mais racional o processo seguinte. Logo, quanto mais processos emocionais, mais processos racionais. Agora podemos discutir quanto a qualidade e a quantidade.

Se quantificarmos os processos racionais, veremos que apenas serão mais numerosos dependendo da quantidade de emoção dispersa ou dispreendida. Desta forma, para ser mais racional, é preciso ser mais emocional. Mas isso não discute a qualidade dos argumentos racionais ou emocionais, apenas discute a quantidade. Apenas discute quantos processos diversos podem surgir dependendo de quão afetado o emocional é. Quanto mais afetado o emocional, mais processos racionais podem surgir. Como é possível separar a razão da emoção, então?

Mas também cabe o problema da linguagem e dos significados adquiridos ou variados das palavras. Razão pode querer dizer divisão, por si só - desta forma estaríamos dividindo a divisão quando separamos a razão e a emoção-; e ao falarmos em 'ser mais racional', querendo dizer 'separar melhor as coisas', já deparamo-nos com um outro significado, o qual faria alusão a uma solução que desconecta as coisas uma das outras e depois tenta as reconectar como que por um atalho pelo pensamento matemático. E, ainda, ser mais racional significando sobretudo deixar as emoções afetarem menos as soluções, mas também procurando uma solução que contenha a emoção é algo ainda mais ambíguo e difícil de aceitar, porque seria sobrepor a razão para conter a emoção quando em princípio - como recém descoberto - o processo contrário (primeiro vem a emoção e esta possibilita a razão) é o que ocorre no cérebro.

Em suma, a emoção afeta a razão primeiramente justamente por serem elas a mesma coisa, ou porque a segunda só é possível graças a primeira. E se isto é um fato, não é possível ser mais racional do que emocional. É preciso ser emocional primeiro para então conseguir ser racional - a não ser que uma única emoção desperte várias razões, mas assim estaríamos separando uma coisa da outra -.

Entretanto, os sentimentos, as emoções afetam e são percebidos de maneiras diferentes pelas pessoas, mas somente com eles o processo racional pode vir. Mas a percepção diferente das emoções pelas pessoas pode se dar por uma interpretação baseada em significados desvirtuados. Ou pela memória, que é sempre falha. Veremos abaixo.


Voltando ao início do texto com "quanto mais processos emocionais, mais processos racionais" um problema surge se entendemos a emoção e a razão com significados distintos, separados e conflitantes. Quando na mente de um ser o significado de uma palavra se estabelece, este ser pode organizar suas ações de acordo com a sua compreensão. Estando desvirtuada a compreensão, as ações estarão desvirtuadas também, e uma sequência de pensamentos virão desvirtuados, criando novas ações desvirtuadas, baseadas numa lógica pessoal e infundada.

O erro é tão crasso que uma obra de arte puramente emocional e criada por um artista é vista por leigos como nulamente racional. Neste caso a imcompreensão se dá justamente pela não compreensão dos leigos de que a emoção desperta a razão. E, então, tentar compreeder pela razão algo que está no estado puro da emoção pode não fazer sentido algum. Justamente porque o emocional cria o racional e porque as compreensões são distintas nas pessoas devido aos significados desvirtuados, alguma obra de arte feita por um estado eminentemente emocional pode criar imcompreensões nos leigos e interpretações várias, totalmente em desacordo com a quase intenção do autor original.

Com este ponto de vista, não seriam as experiências as determinantes dessa matriz razão/emoção e sim as compreensões dos significados, e os problemas seriam gerados pelas desvirtuações. E com esta sequência de eventos, sim, poderia haver mais interpretações subjetivas infundadas, nova ausência de compreensão, e novas tentativas errôneas de compreender pela razão algo que é anterior à própria razão. A comunicação não se estabeleceria.

Ainda, se a razão não pode compreender algo que é criado pela emoção devido à desvirtuação dos significados, e às interpretações infundadas, chegamos em um ponto no qual a interpretação das emoções pela razão se dá antes justamente por essa inversão de compreensões.

Portanto, é algo tautológico, ainda que difícil de ser percebido: entende-se emoção e razão como sendo algo distinto, duo, esta significação desvirtuada manda pensarmos em tentar compreender pela razão algo que é anterior à razão, tal impossibilidade cria uma interpretação subjetiva (infundada, pois, desvirtuada) e o conflito todo surge. Sendo sucinto, a emoção é única, a razão é única, ambas são uma só coisa e as experiências (de vida) que despertam as emoções e possibilitam os raciocínios criam sempre algo singular pelo erro das interpretações - que se dá pelas não compreensões, pelos significados desvirtuados. -Ou seja, o erro é o das apreensões das interpretações, que são várias porque apreendidas por vários indivíduos que tendo memória armanezarão tudo e se comportarão de forma, ao menos, dual em dadas situações recorrentes (ou análogas).

Atemo-nos a estética e teremos mais problemas. A estética em si está baseada num erro de conhecimento neurológico, algo criado pela incompreensão dos processos cerebrais e assim sendo, algo não pode ser mais belo do que outra coisa racionalmente? Se algo desperta atenção do emocional e é analisado pelo racional há aí uma explicação de um conhecimento neurológico primário intuitivo e perspicaz, e a estética seria algo realmente genial. Mas, se a idéia é que a análise racional pura de alguma obra que desperta a emoção é possível, temos um problema ou uma constatação. O problema é que parece ser possível a razão analisar algo da emoção sozinha, apenas sendo ela mesma, sendo puramente racional -quando na verdade as duas coisas são uma e a mesma coisa, em primeira instância- e a constatação seria esta mesma: apenas por despertar a emoção, algo que é belo pode ser analisado pela razão. Pois, a emoção desencadeia o processo racional.

Entretanto, se a estética é a definição autorreferente ou autopoiética, se cada coisa tem seu valor estético singular, não podendo ser comparada a beleza, talvez isto ocorra justamente por esta interpretação fenomenológica que é baseada na idéia de que razão e emoção são duas coisas distintas, opostas pelo vértice. E talvez cada interpretação singular, de acordo com as experiências, desperte emoções diversas por esta intrínseca conexão de razão e emoção e tudo seja criado por uma compreensão infundada, que é dada por um significado desvirtuado. Mas, por outro lado, sem a estética é impossível compreender o pensamento do indivíduo filósofo, por isso a genialidade da estética. Delimitar, definir é fazer compreender.

Quando o significado não é desvirtuado a tendência é a aproximação das soluções, a facilidade da compreensão futura por todos e a criação de ideias novas e distintas pela imaginação, criatividade. Tudo isto por um processo essencialmente neurológico, que é igual em todos os seres. Talvez aqui entraria a memória também.

Assim sendo, os seres humanos são os animais mais criativos, a tal ponto que podem mudar a maneira de pensar e compreender as coisas por eles mesmos subvertendo o próprio instinto, e incentivando desta maneira uma uniformidade incapaz de criar, por falta de compreensão absoluta. Uma compreensão per fecta, algo que já é dado e não intuído. Em tempo, apenas os artistas devem ter desenvolvido mais a sua criatividade por compreender de outra forma como se dão os processos racionais-emocionais.

E até a própria abstração absoluta deve ter uma motivação emocional, nem que seja uma busca de um sentido para algo na vida - mesmo que isso não seja percebido inteiramente ou de imediato, a emoção é algo intrínseco ao pensamento. Por fim, uma única emoção pode despertar vários pensamentos: a emoção é uma função do pensamento, ou ao contrário, o pensamento existe em função das emoções, das razões.

Para assustar Descartes:
Com uma fórmula matemática temos : f(x) = ax . bx² + 3xc, nesta função "x" é o número de pensamentos, "a" a emoção primária, "b" a emoção secundária e "c" o próximo processo que delimitará a razão, e sendo f(x) igual a razão pura, ou emoções simplificadas. Conseguimos ver que um valor baixo para um pensamento pode vir de um número muito maior de razões puras ou emoções. Nesta fórmula o tempo não existe, tudo é instantaneamente resolvido na velocidade do pensamento.

Yuri Cavour

para mais informações veja http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X1997000200013

Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.