"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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terça-feira, 20 de março de 2012

Amor Fraterno

Amor fraterno

Quem ama esse duro ser
Que o infantil tempo fez
Amadurecer?
Quem sabe essa velha infância
É arte d'uma meia criança
Ao anoitecer!
Quem sente essa loba ferida
Quis ser a metade perdida
Por acontecer.
E assim o certo engano
Fez-se cigano e partiu
O coração.

Sendo então íntimo amigo
Cindiu em fúria incessante.
Se impondo à força contrária
De tenro passou longe
A mão
A eterna dor
Introjetou-se
Como uma substância
Aprisionante.

Quem ama esse duro ser
Fê-lo amadurecer
E é em parte uma velha criança.
À noite loba
E ao dia boa.
Rouba e afiança a um só tempo,
Torna à prisão o coração da dúvida,
E o coração, a prisão da esperança!

Prendido aos sentidos assim
Perdido o sentir afim...
Pedindo, ao ouvido,
Para ser
Olvido!
A voz dor...
O coração à revelia
Que teme apenas
não-mais
temer-sofrer.


Yuri Cavour

quinta-feira, 1 de março de 2012

Amanhecer à Praia

Amanhecer à Praia

O silêncio imposto pelo Sol é mesmo genioso, já se anotara.
Mas agora o silêncio parece incomodar.
Não se fica satisfeito quando a costumaz enérgica mente é interrompida.
Não se está acostumado aos refreios. Mas eles são necessários.
São vias de escape. Válvulas liberadoras de pressão.
Repensamentos.

Esquecer é, também, tomar fôlego.
Por isso mergulhar ao gelo é aliviante no verão.
Um choque de energias vão sucumbindo ao léu.
Uma redundante ideia atravessada pode ser ferida, conferida, recortada;
E a incomodante e veloz serpente à mente é posta à espera
E de supina pode ser desmantelada.

E isto ocorre no meio do caminho, geralmente.
Quando a pedra invisível é reticente.
E depois com conchas-pedras nas canelas
A calmaria pode instalar-se, no mergulhar-se.

O respiro da paz é da garça copiado.
Assim, junto aos fados da vida citadina, ficam as memórias repentinas.
E, em câmera lenta como as ondas quebrantes, abreviam-se quaisquer redemoinhos ainda presentes.
Dá-se tempo ao tempo e o tempo que for necessário numa estrofe sem fim aparente.
Porque nessas pressas do cotidiano se esquece o que não se deve:
Esquece-se que a vida não é perene.
Porque nessas pressas do cotidiano inventa-se que se deve.
Inventa-se que se deve ter compromissos incumpríveis.

Que sirva então a Praia ao recaminho.
Seja a lição apreendida por instinto,
ao contemplar a passagem, ao se guiar à paisagem;
Ao não viver à paisana.
Seja apreendida por filosofia, ao ler poesia.
Quer queira quer não marota.

Restando a última ciência ser completa, a astronômica,
Que de seus inúmeros satélites as boas ideias surjam!
Siderais! Causando eclipse nas demais antigas!

O silêncio perpétuo do Sol nascente não pede licença à praia; Impõe-se.
Derrubando satelitais ideias que antes de orientarem, confundiam.
E ao invés de informações confiáveis, jogavam dados brutos.
Os quais só na Praia podem ser descodificados.

Portanto, a Praia desencripta torrentes de bits desnecessárias.
Ao mesmo tempo, torna líquida qualquer solução não diluída.
Pede uma chance para o simples ser pensado em prioridade.
Mas afirma serenamente num paradoxo: veja como o instinto ainda comanda: os pássaros planam para pensar.
E, no fim, caçar novas presas...que foram ideias... transmutadas...

Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.