Existe o sujeito e o eu separadamente.
O Eu é um ser enquanto percebido, identificado. Através do espelho ele existe e apenas em relação ao outro, porque o outro também pode se perceber no espelho (se identificar). Este ser é influenciado pelos demais ao redor, pelo outro, e por isso pode mudar. Ele é e pode vir a não ser, uma vez que muda. Este ser sofre com o tempo. Portanto, não é ser de fato. Ele é, no limite, um ser.
Ainda, o Eu existe como indivíduo, nas mentes sujeitadas, e como multiplicidade. O Eu existindo individualmente se inscreve na gama de personalidades, dotadas de razão, mas de fato não existe. Existe apenas enquanto dura. Como multiplicidade existe em cada um (outro) de forma distinta, na citada gama de personalidades. Nesse caso sua duração tende ao infinito, apesar de não o ser.
O Sujeito é um ser per se. Aquele que para existir não está submetido a ninguém mais além dele mesmo. Nesta concepção não existe o outro, um referencial, como na física moderna. Talvez mais próximo do solipsismo. Este ser não é influenciado pelo ao redor e não pode, portanto, mudar. Ele é apenas. Não pode deixar de ser, pois, não muda. Este ser não sofre com o tempo, pois existe simplesmente (como o próprio tempo).
O sujeito existe apenas uma única vez e eternamente. O sujeito não precisa instalar-se em alguma mente para existir. Entretanto, pode o fazer para despertar o Eu, por assim dizer. Para, quando em referência, lhe atribuir algo, lhe dar propriedade. Logicamente, o Sujeito precisa de um verbo para existir. Este verbo (essa ação) é, no caso, apercebida pelo Eu quando ele se identifica como indivíduo. É como uma última volição que, se não pode ser explicada, é esperada.
Aqui, parece o Sujeito sinônimo ou dependente do Eu, mas, de fato, não o é. Ora, são coisas distintas: o Eu está contido no Sujeito, que por isso pode parecer dependente.
Com estes conceito variados, o Eu e o Sujeito são coisas distintas e complementares. Mas o Eu pode vir a ser Sujeito, uma vez que ele se percebe e percebe aos demais "sujeitados", sujeitando-se.
O sujeito existe de forma transcendental também, e é imanente (inseparável de si próprio). O Eu existe apenas de forma imanente, quando se percebe e enquanto dura.
O Sujeito seria então um ser, ou o Eu per se enquanto ser; e o Eu seria o Sujeito referenciado, ou um ente.
Mas, em explicação alternativa, O Sujeito existe independentemente do Eu, enquanto o Eu tem sua existência dependente (sobretudo do outro). Quer dizer, para cada ser (humano) há um Eu, mas há apenas um Sujeito em comum para todos os "Eus". E para cada ser (humano) há aquele mesmo único Sujeito, que deve ser percebido pelo Eu. (Neste sentido, o Sujeito estaria além do ser.)
A percepção da existência do Sujeito único pelo Eu faz com que o Eu passe a existir. E esse ser único não se trata de Deus, é apenas um ser. Estaria mais aproximada de uma consciência superior que o Eu pode adquirir. E se o Eu a adquire, há consequências como, sobremaneira, a criação do outro.
O conceito de outro é antropologicamente debatido. Mas a implicação da existência do Eu enquanto ser que se percebe porque existe o outro, deduz que este Eu fora dominado ou tenha descoberto o Sujeito, e para livrar-se do problema de ter que se reconhecer a todo instante, inventa (cria) o outro. O outro é um Eu em corpo alheio. E como Eu pode ser sujeitado.
Enquanto isso, o Sujeito continua existindo individualmente, podendo e geralmente sendo, apreendido pelo Eu. O Eu como ser inteligente que se reconhece no Sujeito, cria seu mundo. E somente com esta identificação, cria seus problemas, como notam os psicólogos. E evidentemente que vivendo não isolado, mas em relação com outros Eus, lida com um emaranhado de problemas que só existem para este próprio Eu enquanto ele se percebe como Sujeito.
Tratando ainda da implicação da percepção do Eu como Sujeito, se por um momento o Eu perde a sua identificação com o Sujeito, ele pode deixar de ser, uma vez que só é enquanto se percebe e percebe o outro (no "espelho"). O espelho é então necessário, como metáfora, porque resume o autorreconhecimento do Eu enquanto ser independente e capaz de visualizar (criar) o outro ( outros Eus dotados, ou identificados com o, de Sujeito) e distingui-lo de si.
Em suma, o Sujeito estaria numa estância superior de existência e seria um ser. Enquanto que o Eu seria apenas um ser e não ser, já que de início não é e pode vir a ser pela identificação com o Sujeito.
Se continuarmos, Deus não seria a soma de todos Eus e Sujeitos, mas um ser além, identificado pelo (com o) Sujeito, através do Eu.
Em relação aos fatos, se não são notados, não existem para o Eu, e sim para o Sujeito na qualidade de ser em estância superior, per se. A questão da versão dos fatos é jornalística, e ainda assim presume sua existência.
Ainda, a pós-modernidade diria que ambos não existem (Eu e Sujeito), apenas parecem. Tudo é apenas imagem ou semelhança. E o que importa é essa aparência, ou representação. Mas isso é outra história.
Resumidamente, o Eu seria cada pessoa individualmente ou coletivamente, com suas respectivas capacidades cognitivas; e o Sujeito seria esse autoconhecimento no limiar da perfeição, a capacidade de transcender (metafisicamente) atingida.
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