"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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terça-feira, 8 de dezembro de 2015

De trás para frente

De trás para frente

Bem 

é o que se dá
Em ti
Felicidade há
Tinindo
Aprumo ao horizonte
Quero encontrar-te
A fonte
Rio
Liquidado, motivo-me
À igualdade,
Distâncias me conferem
Nomes que desconheço
Eu, só, sem endereço
Encontro-me perdido
Junto a ti, a fonte
Não significa o que dizem
Mas que diz
Você
de mim
Ri

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Andando à praia, chuviscos

Andando à praia, chuviscos

Ilhas fazem um arquipélago
A pé, persisto
Fossos podem ser poças
Fossas, ossos
Do ofício
Do fim
Do início
Do paradoxo

Estrelas-vaga-lumes

Luzes podem ser sombras
E sombras, nós mesmos
Na estrada...
Buracos podem ser queijos
O tempo pode ser curto
Logo, logo
Logo mais

Te ver pode ser super
E sempre é
Quando te vejo
Posso estar triste
Mais mudo
Mas mudo
No ato
Feliz sempre é estar
Contigo
E a sós

Após luas,
Quero te ver,
Pode ser?
"-Pode!"
-Super!

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

O mundo

O mundo

O mundo não é
o que você está pensando
Eu      não     estava
pensando nisso
Exata
mente.

.
?
!
/
...

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Relacionamentos



Relacionamentos

Relacionamento
Relação
Relações
Relationship
Related
Ships
e
Náufragos.
Frágeis naus
Nãos.
Naufrágios.


Ações relacionais
Ralações
Ações pelo ralo
Contrações.
Shrink.

Águas e navios
Waters and ships
Shuffles and whistles
Desordem e assovios
Afagos
Abafos
Bafos
e
Baforadas.
Sims.

Um navio à fumaça
Ancoragem
Coragem
Ancorage
Courageous.
Sem coragem
Não agem.

Agente
Agent
E a gente
Strangers-related
Estranhos-relacionados
Emaranhados em redes
Apixelados
Pixels.
Pontos...





o canto do mar

O Canto Do Mar

O canto do mar
uma esquina
o mar é uma mãe
já dizia o poeta

O grunhido do vento na areia
uma baleia em cascos de mariscos
Isto é qualquer coisa sem sentido
Prefiro o desejo

Revolto rio
lagoa lisa
Inadjetivante aurora
Quase sinto frio e medo
Estar é suficiente

Há tempo para tudo

Há Tempo Para Tudo

Há tempo para tudo
Para pensar no enquanto não há
O tempo é algo pago e gratuito
E seu valor não para
De mudar

Tenho perdido o tempo quando ganho?
Tenho ganhado tempo quando a perdoo?
Não cabe a mim perdoar
Cabe ao tempo
Cabe a mim perder o ar


É o tempo um vento
E pode ele arrastar
Sendo areia ou tormento
Tornado ou brisa
Seu formato é redondo ou difuso
E a cada fuso muda o todo
E tudo espalha para pôr junto

No entorno do tempo estamos
Aguardando o seu agir
Agindo no momento do momento,
O momentum
E tal vetor nos corrige:
Estamos qual esfinge.

Quero então interromper,
Rompendo o silêncio que me aflige:
Dê-me um segundo e farei dele mil anos!...
Dê-me um minuto e farei o infinito...
Quero estar contigo até o fim
Dos tempos!

No Rio negro; em Marrakech
Em Fortaleza ou em Petrópolis
Em santa idade e na sem razão
Corra comigo por este rio difuso...
Dá-me a vazão corrente,
A correnteza, mistura dos ventos
O sentido indicador ao mar;
O dom de amar!

Amar-te, amo-te em voo livre
Agarro-te,
          na queda
Levito às nuvens
Miro a Lua
E contigo sempre estou: em pensamento!

Há tempo para tudo.
Inclusive para darmos dois nós nos tempos:
Vislumbro nós dois juntos
e no exato momento
Acordo no tempo sonhado!
Quero estar sonhando
Mas estou acordado!


De acordo com o tempo, nos achamos
No acordo do tempo em que sonhamos!
Na conjugação já concordamos.
Mas uma dúvida nos resta:
Nós daremos os nós?


Separados no intervalo, indagando
Que é um obstáculo para um cavalo?
E para um corredor das tréguas das trevas?
Em um quarto de minuto, um quarteirão.


Sim, nos esbarramos
Nas esquinas, nas quintas, nas quinas
Em primeiro de março. Um dia de domingo!
Não, não tropeçamos à-toa, a toa, a proa
Naufragamos no momentum.
E até hoje vivo um tormento:
Foi-se `a tempestade ou  ao firmamento?

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Um mês

Um mês

Sem escrita
quase uma morte
Sem poesia
morte em vida
sem lição
 morte em vã filosofia

Às vezes penso prever o futuro
E então o vejo: mudado.
Nesta vida de tempos idos,
Mudamos as letras
e se vão os tempos.

Então, às vezes, apenas,
O melhor é ficar no quase
Como uma restauração, entretanto.

Não se pode perder na memória o que se ama.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Poesia em moeda

Poesia em moeda

Quando nasci
Quando esqueci
Quando lembrei

Quando descobri
Quando recordei
Quando gravei

A moeda tem duas faces;
a poesia tem apenas uma: o infinito.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

À Família

Era pra ter postado no dia do aniversário, mas não tive tempo. Ainda sim, resta a homenagem aqui.

À Família

Vai ao Céu a alma imortal;
Descansa o corpo pleno.
A metempsicose aguarda.
Da vida sobram as boas memórias;
Da morte, soçobram as inglórias.
Certamente, prossegue a vida!

Sem o Cronos, continuamos vivos em outra medida.
É mais feliz a vida que segue em frente
E vê o azul mesmo diante da tempestade.
Vê o azul adiante, em outra metade.
Assim, guarda nas eternas idades os amigos;
Resguarda na eternidade as amizades.

Estamos aqui para lembrar de sua vida,
Seu exemplo de ombridade.
Estamos presentes enquanto conhecidos,
Família, em amizade. Seguimos singrando,
Prosseguimos confiando nos exemplos,
Nas memórias, e no talento para remar.

Vislumbramos além-mar vosso brio,
Lembramos do homem que dirigia, remava,
Ordenava, intrépido, para que vivêssemos!
Da alegria em voz grave
À bondade em tom maior.
Do amor extensivo à família e ao labor.

Despedimo-nos com estas certezas, e com o chamado de Hipnos
Sabemos que Deus o conteve para o seu bem.
Sua estada na Terra, apesar de bem dispersa,
Estamos certos de que foi breve e tenra.
E porque a coragem em si sempre deteve,
Dá-nos força para seguir em frente!

Vamos em frente!
Que o brio do nosso tio mais experiente nos comova!
E nos mova em direção semelhante quanto ao caráter!
Quanto à luta incessante pela vida justa, pela boa vontade, pela coragem
De viver-amar se há tempo!
Que o tempo que nos resta nos seja generoso!

http://pensoativo.blogspot.com.br/2014/05/a-familia.html

terça-feira, 12 de maio de 2015

Metade do dia é luz


Metade do dia é luz, a outra metade ilusão
Algo endurece nosso coração na cidade, acho que o trânsito
Metade do tempo estamos nele, presos-pensando;
A outra metade é a vontade dele, tentando fugir.

A metade do dia é a luz, a outra metade, a ilusão da cidade.

Metade da noite é a Lua, a outra metade, sonho acordado.

Metade de tudo é horizonte, a outra metade, destino
Metade da vida é certeza, a outra metade, talvez
Metade do jogo é sorte, a outra metade, revés
Metade do corpo é beleza, a outra metade, impressão
Metade do estômago é fome, a outra metade, ansiedade
Metade do amor é partida, a outra metade, chegada

Metade de mim é amor;
A outra metade, também!

Meio
Amei-a,
meio
Amou-me.

Metade do adulto é criança; a outra metade-solidão.
Metade do mundo, esperança...
Metade da terra: céu.
Minha outra metade é você;
Sua metade partida,
Sou seu.

Inteiros, no entanto, já somos;
Falta-nos o senso da perda.
Esqueça esta noite fugidia
E vamos até o raiar
Da metade da lua, que, cheia,
Seria a metade do céu, coração.
E a flecha que de lá me atinge,
Parte metade do meu saber homem, metade da minha frieza
No entanto, comparte o amor
Recato no canto à metade.
Esmerilha a dor apregoando à feliz estadia.

Metade do desejo é medo, a outra metade, pulsão!
Metade do que sinto é assustador, a outra metade, paz:
Metade do tempo é meu
Pensamento, em toda a parte, em você.
Metade da metade é um quarto,
Metade da verdade, mentira
Metade do calor é repulsa,
Metade do caminho, aprendizado

Metade do que sei, desconfio
Mesmo assim arrisco-me inteiro
Pois, quero estar contigo do meio-dia à meia-noite! 
E na outra metade do tempo, também!

Metade do dia é luz,
A outra metade, ilusão...
Metade da noite é Lua;
A outra metade, sonho.
Metade do destino, caminho...

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Nunca antes na história se mentiu tanto.

Nunca antes na história houve tanto seguro-desemprego. Por que? Porque as regras mudaram. É justo receber três (3) parcelas depois de trabalhar seis (6) meses? Depois ad infinitum fazer o mesmo? A extrema direita quer o fim do seguro-desemprego, a esquerda ao extremo ignora a matemática; E o abono de um mês após trabalhar três, é justo? Diz-se que são distorções.

 Assim, banqueiros e a dívida interna continuam felizes, crescentes; O pré-sal poderá finalmente ser redistribuído para empresas internacionais enviarem nossa riqueza bruta para o exterior, para, na sequência, comprarmos refinado, com a "crise" na Petrobras e seu sucateamento político - Lembra a Inglaterra e o ouro? Quem bate panela está hashtag chateado com a corrupção, pois agora é imoral e engorda bolsos inimigos. A Câmara dividida não sabe se o autoflagelo e a autocrítica são coisas boas de fato, leia-se, se darão voto; As concessões novas sendo feitas rendem dividendos a empresários comunistas novos-ricos.

 Então, a sensação de estelionato eleitoral é o que fica numa primeira análise, já numa segunda sabe-se que não se pode realocar recursos tão facilmente e descumprir contratos internacionais de investimentos na dívida pública, afinal isso dá decreasing no rating: perde grau de investimento. E, por incrível que possa vir a parecer, o trabalhador nunca ganhou tão bem e teve tanto crédito e direitos observados.

 De outra parte, o acesso à informação-que-importa inexiste e a Polícia Federal (PF) nunca trabalhou tanto: há doze anos a globonews tinha 40 mil assinantes, hoje tem algo na casa dos 4 milhões. O número de investigações e prisões da PF multiplicou por mil em 20 anos. Literalmente. Mais globo, mais poder nas mãos de quem...?... Mais informação-que-importa=mais crítica. E onde está a crítica? Em parte alguma. Temos apenas discursos de vários e muitos. Vários não quer dizer nada. Muitos, idem.

Em suma, o poder continua com as mesmas pessoas de sempre,  elas só trocaram, melhor, tingiram a cor de suas camisas, afinal, o dinheiro não tem cor e o que corrompe é o poder em si. Maquiável já nos avisara. Só que não: o poder é cambiável: Isto é democracia.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Tempos

Tempos

Novos tempos, novas regras.
Isto é, revolução.
Velhos tempos, velhas regras.
Quer dizer, conservação.
Tempos líquidos, regras líquidas.
Qual seja, liquidificador.
Fluidez.
Tempos pós, pós tempos.
Logo, maquilagem.
Bons tempos; tempos maus.
Em suma, maniqueísmos.
Tempos quânticos, quantos tempos.
No átimo, binarismos.
Em tempos como estes, há de se viver enquanto ainda há tempos.
Dois tempos, quatro tempos.
Por assim dizer, tempos motores imóveis.
Em tempo, vai chover canivetes.
No tempo, escreve-se a história;
Fora do tempo, escreve-se a estória.
É preciso estar sempre a tempo ao tento.
E aos tempos, plural singular.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Adoro

Adoro

Adoro a meia-luz
Essa luz solene, sonora, sonífera...
Silente, sobretudo.

Adoro a luz solar,
Este brilho intenso, vivo, pungente,
Brilhante, brioso, brindante!

Adoro-a ao luar,
Reflexiva, guiando a Lumiar,
Intensa, romântica, um tento
Qual o amor!

Adoro-a à meia-luz,
Repetindo, sendo enfática
- com a calma necessária.

Adoro-a ao meio-dia, posto o dia,
Adoro-a ao luar, posta a noite
Ao nela pensar em quanto a adoro
À luz dourada, ou cisplatina
- ou mesmo sonhática.

A qualquer luz, ou no escuro,
Adoro-a, sem, no entanto, a idolatrar.

Adoro-a com ouro, sem ouro,
No dormir ao acordar,
Ao dar a cor, a adoro
Do acordar no dormir - ao não-dormir.

Simplesmente, a adoro!

Adoro-te, e sinto a boa dor.
Mais do que adorar, amo-a!
Sem sabê-lo, sem sabê-la
- sabendo-a!

segunda-feira, 4 de maio de 2015

vertical poema bilingue 1

vertical poema bilingue 1

a verdade é um caminho
e o único caminho é o destino
fato. Destino.
sono, juízo.
não saber como dar nós
dissabor prazeroso, por favor
entenda sob tudo o subterrâneo
das coisas dos dedos: dos medos.
temores, sabores, saberes.
são legados legais e leais a ninguém
irritado, chateado, enjoado. mas ...
amanteigado, bateria, morcego
a noite, cegos.
portanto, justos.
entretanto, todo pedaço.
é um pouco. menos ainda.
nada.
apenas
você sabe

the truth is a path
and the only way is the destination
fact. Fate.
sleep judgment.
not knowing how to tie knots
pleasant unpleasantness, please
understand everything in the underground
the things of the fingers: the fears.
fears, tastes, knowledge.
They are legal and loyal legacy to anyone
angry, upset, sick. but ...
buttery, battery, bat
the night blind.
therefore righteous.
however, every bit.
it's a little. even less.
nothing.
only
you know.

poema bilingue vertical 2

poema bilingue vertical 2

surdo e morte.
sabe agora
a morte é a hora
de estar e morar
estar entre abelhas
ser luz
leve
suave
a morte é surda
o amor, cego.
logo, o amor é justo.
e o que não é. (?)
deixa de ser.
deixou de ser.
já não pode ser.
a não ser.
que mude.
seu ser.
ouvindo.
as dores do nascer.
a morte é agora
amo-te, agora
amo-te
ah!,
 hora.



deaf and death.
You know now
death is the hour
death's time.
living and live
be between bees
be light
light
smooth
death is deaf
love, blind.
logo, love is fair.
and what it is not. (?)
nonetheless.
longer.
It can no longer be.
unless.
that change.
his being.
listening.
the pains of birth.
death is now
I love the now
I love you
oh!,
 time.

poema vertical bilingue 3

poema vertical bilingue 3

as somas dos sóis
tempo
não me deixe
a sóis
a soma dos dois
vento,
não me leve
a sóis
a massa do ser
luz
não me suma
assim

the sums Suns
time
do not leave me
the suns
the sum of the two
wind,
do not get me
the suns
the mass to be
light
Do
not short me
so

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Do verbo amor

Do verbo amor

Amor ao amor, um canto
 no canto do amor eu escondo
escombros dos cantos
amores escambos
amor e´ amor e verbo
bitransitivo

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Outros Espaços Foucault

Outros Espaços. Foucault.

 
Em  Espaços Outros, Foucault aduz o advento de “uma época do espaço” posterior à “grande obsessão do século dezenove(XIX), que é a História” e o tempo.  Nesta obra, Foucault verificaria e enalteceria a existência de diversos espaços heterotópicos, onde também há a coexistência de tempos.

De acordo com o texto, são tempos de  simultaneidade espaço-temporal, justaposição, e o próximo e o longínquo convivem; o lado-a-lado e o disperso. Existiria, para Foucalt, espaços utópicos e lugares onde as utopias são realizadas, lugares heterotópicos e lugares intermediários entre essas duas formas de lugar, o lugar do espelho.

 Vejamos:
"Primeiro, há as utopias. As utopias são espaços sem lugar real. São espaços que mantêm com o espaço real da sociedade uma relação geral de analogia direta ou oposta. É a própria sociedade aperfeiçoada, ou é o contrário da sociedade, mas, de qualquer forma, essas utopias formam espaços que são fundamental e essencialmente irreais. Também há, e isso provavelmente existe em todas as culturas, em todas as civilizações, lugares reais, lugares efetivos, lugares que estão inscritos exatamente na instituição da sociedade, e que são um tipo de contra-espaços, um tipo de utopias efetivamente realizadas nos quais os espaços reais, todos os outros espaços reais que podemos encontrar no seyo da cultura, são ao mesmo tempo representados, contestados e invertidos, tipos de lugares que estão fora de todos os lugares, ainda que sejam lugares efetivamente localizáveis. Esses lugares, porque são absolutamente diversos de todos os espaços que refletem e sobre os quais falam, eu os chamarei, por oposição às utopias, de heterotopias" 

  E o que é verificável com a existência de lugares que são utópicos ou heterotópicos é o que vamos analisar aqui. Foucault cita como exemplos de composição e convívio de simultaneidade lugares que chama de heterópicos, como o museu e  o teatro,  o cemitério e o jardim. Espaços estes que têm o fato em comum de representarem ora lugares utópicos, ora lugares reais. Quer dizer, "lugares que existem e que são formados no interior da sociedade - os mesmos os quais seriam algo como "contra-sítios", contra-lugares, e um tipo de utopia efetiva onde os  sítios (lugares) reais, e todos os outros estados reais de sítio (lugar), que podem ser encontrados com a cultura, são simultaneamente representados, contestados e invertidos." 
  Isto porque no início do texto Outros Espaços, Foucault descreve a passagem e a existência do espaço e do tempo medievais, ordenado, de hierarquias de lugares, inaugurado por Galileu. Aqui o infinito fora colocado e os espaços medievais se dissolveriam, cedendo lugar ao espaço infinitamente aberto. Logo, o século de Galileu (dezessete) foi aquele que viveu a passagem de "um movimento  que substituiu a localização pela extensão". Mas hoje o sítio substitui essa extensão.
   E estas substituições do sítio à extensão, e desta à disposição significam com certeza um problema demográfico. No espaço (e tempo) do sítio há essa chamada simultaneidade, convivência com outros sítios, outras elementos, pontos, e mesmo trabalhos técnicos sofrem com a sobreposição, segundo Foucault. E daí haveria por exemplo o problema do trânsito e do armazenamento de dados, surgiria a necessidade da codificação de elementos simples que fariam eles  "parte de um todo, construído de forma aleatória ou classificada, simples ou complexa". 
   E assim, ademais os problema da demografia, o do "sítio humano" ou "lugar vivo", nas palavras de Foucalt, de saber se há lugar para todas as pessoas e coisas, há a questão do ordenamento.  Segundo Foucault, a convivência dos espaços geraria mais ansiedade do que a convivência de tempos. E  atualmente  ainda se vive a sacralização dos lugares, e isto enalteceria um problema, como será explanado mais abaixo. Foucault diria que  há vários espaços que convivem e são os seus antônimos, por assim dizer. Citemos entre eles o social e o familiar, o cultural e o útil, o de lazer e o de trabalho. O externo e o interno, mormente. E Foucalt quer tratar do espaço externo neste trecho de sua obra chamado "Outros lugares".
  Foucault, com sua heterotopologia, para não chamar de ciência dos lugares, afirma então que toda cultura teria seus lugares heterotópicos, e trata amiúde desta heterotopologia a associando também a uma compressão e um continuum de tempo, o que chama de heterocronia.
   Sejam lugares sagrados ou em crise, sejam casas de psiquiatria  ou colégios internos, sempre associando estes lugares a lugares onde deveria haver a contenção das crises, sejam estas das primeiras experiências sexuais ou dos desvios como o mental; sejam também os lugares que recolheriam ambas experiência de crise e desvio, como casas geriátricas. E ainda lugares como Cemitérios e teatros, onde corpos de tempos idos e presentes convivem por pequenos espaços de tempo, ou lugares onde cenários diferentes se camuflam, se alteram em pequenos espaço de tempo e/ ou compartilham quase o mesmo espaço, havendo assim a heterocronia. Em Foucault,  a heterotopologia fora explanada por estes cinco  princípios mostrado a seguir.
   O princípio da convivência em parcelas pequenas de tempo, da convivência em espaços delimitados nos lugares, o princípios da sacralização de lugares,  o princípio da mudança do significado original do sentido do lugar, e o princípio de sistemas de abertura e encerramento.  Em tempo, Foucalut trata amplamente da sociedade de controle, aquela na qual a tecnologia e a revolução por ela causada inicia a crise de um modelo disciplinar voltado para o controle do indivíduo através da vigilância e da punição. Na nova sociedade de controle haveria a chamada massificação de informações. Aqui os conceitos de rizoma de Deleuze e Gattari parecem ter sua importância ressaltada e o homem é tido como apenas uma molécula dentro de um fluxo, sendo assim direcionado pela sociedade.
  Quer dizer, enquando na sociedade de controle o homem é manejado pelos fluxos, na anterior sociedade, a sociedade disciplinada, cada indivíduo seria moldado de modo a obedecer a uma grade ordem, deixando de ser ele mesmo. A ideia dos fluxos podem ser exemplificados como àquelas ordens cotidianas como o trânsito, a casa, e o trabalho, e dentro destes fluxos haveria um controle ainda maior da sociedade sobre o indivíduo e haveria, simultaneamente, a crença subjacente da liberdade. Liberdade esta que, de fato, não existiria nesta sociedade de controle , segundo Foucault.
  E, então, a heterotopia surge para Foucault como sendo esta possibilidade de fuga cujo sentido desaparece. É sim o concreto, o real, mas o seu significado fora alterado, o padrão agora inexiste. E assim, na literatura contemporânea, esta possibilidade de fuga, esta heterotopia de Foucault, no interior de uma sociedade de controle, apareceria como sendo (a realidade da) as mídias alternativas.
  Nelas, os escritores  junto com os poetas contemporâneos, utilizando mídias pouco usuais,  acreditando numa falsa liberdade, fazem uso destas mídias unusuais para divulgar suas obras e acabam, neste ínterim, tendo o seu conteúdo influenciado justamente por esta mídia nova na qual sua obra fora divulgada.
Nesta convivência de espaços virtuais, de tempos exíguos e prazos não-permissíveis, a torrente de bits tem de ser decodificada ao mesmo tempo em que uma conversão ou tradução é feita. Assim a própria palavra proferida por um autor pode tornar-se o seu contrário em poucos instantes.
  O sentido pode ser alterado pelas tomadas em (de) parcelas, pela ressignificação oportúnua. O real tem uma conotação e não mais uma denotação. A interpretação condizente do estruturalismo é uma explicação insuficiente, pois recai num relativismo onipresente e todo o sentido de liberdade é obliterado porque falso; a liberdade é cercada pela restrição do meio, da mídia alternativa que pode ser também deturpadora da experiência.
  Ao longo da história da sociedade, o sentido original se perde, o sagrado torna-se profano, de acordo com a vontade ou a função planejada para um fim determinado e vacilante. O espaço de lugares em heterotopia e heterocronia confunde cenários, contrai tempos, faz ser possível a co-presença do morto e do vivo nos cemitérios, e lugares antes incompatíveis entre si agora convivem, nos jardins, -inclusive os para animais, os jardins zoológicos-, teatro, cinema e literatura, ainda que afastados da cidade nos seus espaços delimitados.  E, mais ainda, toda essa realidade heterotópica ressurge no mundo virtual. 
  Destarte, o quinto princípio dos lugares heterotópicos, a do sistema de abertura e de encerramento, hermético e permeável,  é também destacado. Apesar de se referir a heterotopia como sendo um lugar que geralmente não é acessível tal qual um lugar público, em seus exemplos, Foucault pode ser alcançado contemporaneamente neste quinto princípio, com O mundo virtual.  Mas em verdade, quando trata da quinto princípio da heterotopia, Foucault se refere a lugares onde a entrada é compulsória ou através de rituais.
   Finalmente, Foucault trataria de outros exemplos, como lugares de purificação, como saunas escandinavas; de ilusão, como os bordéis; e de compensação, como as sociedade do lugar-outro, como as colonizações, feitas pelos puritanos a América do Norte no século dezessete ou colônias jesuítas na América do Sul. 
   Para ilustrar com uma citação, veremos que Foucault chega a comparar Bordéis e navios e afirma que estes têm todas as características de uma heterotopia e que apesar de serem heterotopias de opostos extremos, "um navio é um pedaço flutuante de espaço, um lugar sem lugar que existe por si só , que é fechado sobre si mesmo e que ao mesmo tempo é dado à infinitude do mar. E de porto em porto, borda em borda, bordel em bordel, um navio vai tão longe quanto como una colônia em busca dos mais preciosos tesouros que se escondem nos jardins". 
  E termina afirmando sobre a ausência de sonhos numa sociedade sem navios, pois acredita que os navios tem sido, desde o século dezesseis até os nossos dias, " o maior instrumento de desenvolvimento econômico ..., e simultaneamente, o grande escape de imaginação. O navio é a heterotopia por excelência. Em civilizações sem barcos, esgotam-se os sonhos, a aventura é substituída pela espionagem, os piratas pelas polícias."

terça-feira, 14 de abril de 2015

Life's easy

Life's easy
Live it
Life isn't easy
Live it
Life is good
Enjoy it
Life isn't good
Enjoy it
Life is joy
Is it food?

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Redação sobre o Tempo

Redação Sobre o Tempo de Crhonos 

O relógio bate: 
tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac...
 Então, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac...

 Logo, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac,tic-tac,tic-tac,tic-tac,tic-tac,tic-tac...

p.s.: redação nota 10 no ENEM.

domingo, 12 de abril de 2015

O que Sou

O que Sou

Sou
mais preocupado
com a Criatura
do que com o criador.
O que sou,
Sou.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

C'est Noir À Midi

C'est Noir à Midi

J'aurai comment fumer et je vie
il n'est pas tout de goût
c'est le pur air
quelque chose comment le pluie
ou le pleur d'un bébé
ou boire sans la peur

Mais le vie c'est ne pas tout ça vivre
c'est a dire, tout ça avoir un goutte
le temps, une goutte se au mois d'août
Je vais devenir vieux; a vire de l'age

Moi, je été viré la semaine dernière,
mais non du mon travail
Et oui dû le fait de etre une enfant
c'est une menace

Le jeu du coup de était
la tête, en vérité,
était tombée
ressemble, tout ça e ja sais,
a une noir sans le étoile...
rester fumée;
le air inefable, intangible c'est rien
c'est naïf, il est vrai, e le vérité...
aujourd'hui...n'existe pas
la vérité...
soit oublié
ils sont seuls; lui même avec les ailes
e ses alliés


Au même temps, le roi, c'est là
régnant
le ignorants qui ignore!

Surtout le née, et le naturel
m'ont mouvement de là, je voir;
leurs mouvements sont mauvais, le croix
d'un côte, a coeur d'agent;
l'otre côte, le pièce des gens...
et l'argent jamais achètera notre coeur...
cest veritable que nous non pensée
?
cest faible là
aussi ici
jamais être faible
est la ordre!
Nous allons ordonner
 à l'ordinateur
ordinaire
qui pense soir lui-même
 le génial gens
     mais
             en effet
                         est le malicieux agent!

C'est mal noir à midi.
Mais le Soleil reviendra!

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Quem são os oportunistas?

Quem são os oportunistas? Para que(m) serve a política? E o poder? Para corromper as pessoas, aduziria um republicano Maquiável.

 O que se desvia aqui é o tiro no pé, com o perdão da expressão, da própria esquerda no caso da "re-ocupação" do Complexo do Alemão - favela no Rio de Janeiro - e os lamentáveis recentes e antigos fatos com mortes de inocentes: por um lado a esquerda acha que a maconha já é legal, e faz uso dela, - a direita, então...- por outro, acha que a polícia não se presta a proteger o status quo? Ora, a polícia detém o poder legítimo da violência, e Hobbes nos ensina que assim é porque queremos nos proteger de ação alheia contra a nossa vida.

 Em meio a isso, tem-se na democracia a sina: respeita-se o vencedor, e se o governo vencedor assume em acordo excêntrico a tal política de repressão, que tem locus, é tolice crer que a mudança de comportamento do político mudará a política. É importante ater-se ao risco do político, lembra-nos Carl Schimitt.

 Explico com uma palavra: não se pode querer o cumprimento da lei quando se discorda da lei; e o bom político segue regras, leis quando deve e as muda quando pode.

 E se política é correlação de forças, chegaremos à biopolítica de Foucault e seus sequazes. Pois, as "forças nominais de guerra" partem do establishment, e do estabelecido, e se este novo estabelecido reproduz o tal jogo de manutenção de seu poder, tende a manter as forças nominais de guerra atuantes. É jogado à regra de status quo primitivo.

 Como temos, direitos humanos são universais. E o direito à vida é dos mais importante deles. E a força da lei é para que ninguém se sinta compelido a fazer algo que não quer, numa face, e, na outra, é para orientar o devir. Se não se concorda com o descumprimento da lei, há de ser coerente e cumpri-la. Se se diz que a lei é desigual, injusta, aplicada qual fórum íntimo, é preciso saber que
forças estão se movimentando à baila do poder.

 Assim, o poder em si não corrompe, porque ele é intangível, mas aqueles que o detêm temporaria e supostamente tratarão de seguir as normas para a sua manutenção. O problema é o segundo adjetivo do poder: supostamente. O poder real está além do que se vê. Está no não-dito. No silêncio. Na ação
subreptícia. Na capacidade de mobilizar fingindo não mobilizar. Nas entranhas do poder o camaleão sobrevive, sabe-se também com a biopolitica.

 Então, o que nos resta é perceber como é escrever um paradoxo defender o cumprimento da lei e dos direitos enquanto se sustenta a contravenção e o querer o bem alheio - uma vez que o alheio é distante, e é o estabelecido pelo prato da balança dos poderes que só muda conforme os pesos sejam manipulados, no duplo aspecto da palavra, por quem pode antes do poder. E pode porque detém seus meios, está nos seus interstícios faz tanto tempo que já sabe como se comportar. Trata-se de poder simbólico. Au même temps, o novo sempre vence, pois é metamorfose e amálgama.

 Portanto, não há solução unilateral. E se a própria suposta esquerda age por fora das regras do jogo, a tendência é este golpe ser acusado e o efeito tomar o lugar da causa.

 Questiono: se não se quer mais violência, primeiro mude a própria realidade, depois haja conforme a mudança./? Não é possível o contrário./? primeiro age conforme a realidade própria, como se a lei fosse outra, e depois pede-se o seu cumprimento, a sua observação./? Tiremos as interrogações.

 Isto é Marx versus Hegel, depende da estética. Primeiro muda-se os fatos, depois observa-os, ou primeiro observa-se os fatos e depois muda-os. O exemplo é algo edificante e a coerência, fundamental.

 Então, como sustentar que os mesmos policiais que combatem o narcotráfico, ilegal, e ceifam vidas de inocentes criaturas, outro dia, tiram foto em passeatas contra o Governo Federal com inocentes criaturas?

 A inocência é a mesma: não se pode pedir a cabeça de alguém quando este alguém é seu correlato, mas sim quando a sua imagem defletida. Seu mal interior exteriorizado.

 Sobretudo, é preciso a autocrítica para que se entenda: o dirimir da culpa apenas legitima o culpado a perpetuar a ação nefasta, uma vez que ele entende estar agindo conforme a ordem. Ou às ordens. Então, o assumir da culpa conduz à ação [pela negativa.

 Num exemplo do corpo do Leviatã pós-moderno, de resultados, eficiência e aparência como sobredeterminantes, com impulsos trocados temos a ataxia da ação. Porém, atos instintivos podem ser controlados com treinamento. Logo, antes do julgamento minucioso não se pode atestar a adequação do ato. E, ao mesmo tempo, a velocidade de reação é diretamente proporcional à urgência, à iminente morte. Um coágulo no cérebro não pode esperar. Nosso cérebro comanda nosso corpo, mas, ao mesmo tempo, a dislexia, a confusão da cognição que transforma efeito em causa, pode causar desvio de movimento, e a tosse, a repulsa são os efeitos-resposta naturais/fisiológicas, para ficarmos nos termos leviatãnescos.

 Em outras palavras, apenas com o atestado da supraescrita dislexia se deduz que é possível controlar um câncer com o poder da mente, do cérebro.

 É uma falta de entendimento. A falta de entendimento de que (ou que aduz) a descentralização (necessária), a desvirtuação (inerente), o desmembramento (ético-particularista), numa palavra, a correlação perfeita de forças antagônicas, dependa sumariamente de um ente. Ou uma pessoa. Isto é império, não democracia. É preciso se ater às estâncias.

 E, então, encarnar numa figura central a detenção do erro, ou do acerto, apenas é correto quando se pode em ato-contínuo executivo mudar a realidade e a realidade histórica. A realidade deve ser histórica, com paroxismo ou marxismos.

 Evidentemente, política é influência. E quem influi são os atores políticos . E se os atores são subsumidos com os pratos da balança dos poderes, manipulados, não detendo seu biopoder, o verbo perde para a carne - que deve pesar mais.

 Porém, o pecado não está na carne, mas no pensamento, ensina Santo Agostinho. E o pensamento conduz à ação. Pensamento, como tudo que existe, precisa de tempo e espaço. Mas se se perde tempo com mudança equivocada de espaço, com desvios de rota, têm-se duas hipóteses: crise ou corrupção. Que tal as duas? Temos um voilà!

 Crise é quebra, ruptura, momento de mudança. Essa altercação do momento, este momentum, diz-nos algo: não se pode inserir novos caracteres sem alterar o padrão de comportamento adjacente. Mas se se copia o padrão antigo, tem-se a reprodução atualizada.

 Logo, a farsa.

 Para se combater a farsa é preciso retomar o nó da falácia: quem autoriza e se beneficia, se não se mobiliza, concorda ou compadece. E adoece para sempre se pré-visualisa, vislumbra o futuro como irremediável.

 Por outro lado, quem enxerga além da hipocrisia umbilical do comportamento em paradoxo como supraescrito, está tranquilo para afirmar que a única maneira de vencer o discurso alheio não é segui-lo pela tangente e copiar seu paralelo, mas propor e realizar a mudança efetiva passo-a-passo. O que leva tempo. E espaço. A educação é o passo mais importante. E primevo.

 A mudança é a de paradigma, mais a frente trataremos disto.

 Por agora, não sejamos ingênuos. Houve eleição, re-eleição e o Governo do Estado implementou a UPP(Unidade de Polícia Pacificadora) e foi aplaudido, agraciado, quando re-eleito. Não é questão de ser a favor ou contra, a questão-problema é também a autorização do sistema representativo democrático.

 Outrossim, quem disse que a nossa polícia respeita cidadania? Cidadania para quem? Todos, menos os idiotas, no sentido grego do termo.


 Sim, entendo a posição que diz a respeito da responsabilidade da Excelentíssima Dilma. Então, o entendimento é de que a opressão é maior pela parte da polícia do que dos traficantes?...Não se pode confundir o bem e o mal, diz-se. Sim, há esse maniqueísmo na sociedade.

 A pôr luz, o que foi a ocupação do Complexo do Alemão (no Rio de Janeiro)? Aquelas pessoas sendo "perseguidas " e filmadas de helicóptero? Como disse, repito, quando se está no poder luta-se com as forças que compõem, as favoráveis e as contrárias, as que ajudam no projeto de nação em vigor ou em voga, e as que corrompem a sociedade. A questão, mais uma vez, é cognitiva: combate-se a consequência porque quer-se eliminar a causa. Não faz sentido.


 E este problema cognitivo só pode ser resolvido com a educação. Mas de ambos os lados. Daquelas pessoas que estão no governo, que têm de fomentar as oportunidades iguais, o acesso, as leis inclusivas, o querer e o respeito à inclusão e transformação rumo à cidadania - combatendo para tanto aqueles que corrompem a sociedade porque marginalizados devido, é verdade, ao entendimento conservador de que drogas só são boas quando on demand - e fazendo isso no pacto político-conservador da carta de Lula, que subsiste.

 Todos sabemos, o fim da Polícia Militar como nos moldes atuais é por todos nós querido aqui no discurso; assim como a gradual descriminalização das drogas. Porém, o crime organizado, o poder paralelo continuará existindo. E deve ser combalido. A forma atualmente encontrada é essa. Então, há de se confranger o modelo, a forma dada, pois mudar o paradigma é alternativa da terceira via. Esta que, infelizmente - admito -, não foi ao segundo turno e que, estranhamente, está perdendo espaço devido ao conservantismo que o poder induz. É preciso esperança e força para a mudança, e é errado crer em soluções instantâneas.

 Mas também a educação dos que criticam o governo é necessária. É o intermediário poder da educação que vai possibilitar a mudança de paradigma, que é algo lenta. A polícia, repito, não deve combater o inimigo externo qual o exército, mas proteger do perigo interno que corrompe a sociedade.

 E se a polícia está corrompida qual um câncer que estraga o perfeito funcionamento do sistema, todos devemos criticá-la. Mas se compactuamos,...

 Devemos unir esforços com aqueles que querem realmente a mudança de paradigma, e não com aqueles que querem se beneficiar do poder, usufruir benesses.

 Por isso, a alternativa na democracia representativa é tão importante. Não se pode acostumar ao poder, pois o status quo é isso, e ele, assim como o direito consuetudinário, quer a sua manutenção. Mas se no Mar-do-Poder todos querem flutuar quando no navio que atravessa quase afundando, temeroso do Leviatã, a ideia de cooperação visa salvar primeiro os mais desprotegidos, desprovidos de poder estabelecido, detentores da presumida força que garante o existir pacífico da sociedade, os resguardadores do pacto civil: o poder emana do povo.

 Então, a emancipação deste povo depende de educação com pedagogia mais progressista. Mas se algo está no caminho do Estado que visa qualquer forma de educação e pedagogia, é preciso a conversa, o diálogo com aqueles que detém o poder legítimo: o dado via voto; no mundo moderno a là Benjamin Constant, o francês.

 A pergunta não cala: quem eram os fugitivos não identificados do Alemão? Milicianos? Em tom íntimo: já ouviram os áudios dos dias da operação? O poder paralelo existe, repito, e continuará existindo. O combate é interno, o inimigo agora não é outro e é outro, como diz o Tropa de Elite. Não é outro porque é antigo, e também porque o outro é algo excludente, e inexiste, de fato. E é outro porque trata de mudar o paradigma.

Trocando em miúdos: o debate é, sobretudo, sobre classe, preconceito, racismo, virulência, opressão, dorgas, armas. E Poder Simbólico. Capital Cultural. Bourdieu tinha razão como os suicidas de Drummond: não tem mais porque hipossuficiente, pois morto, esquecido.


Y.C.O.

06-04-15

segunda-feira, 30 de março de 2015

Brasil,


 
Brasil, sabes que suas tuas montanhas azuis ao fundo são os verdes à estampa, como a flanela que fizeram de sua bandeira.
 Limpam o horizonte sujando-o lindamente. Ora, queria-te mandar mensagem em tom solene para intimamente aquiesceres: as máquinas hoje cobrindo seus teus vales fatigados,rasgando tuas suas florestas imortais, são sinas da ordem do progresso. Confundiram o homem e o seu lema flamular se reverteu.
 Pois, n
ão era pela admoestação virulenta que esparramos sua pujança, mas pela tranquila e mansa, lenta e doce, como seus rios escandalosos, ideia de esperança de futuro ao qual devemos lhe implantar.

 Porém, o caudaloso poder capitalista, hoje mais do que nunca, te assombra por todos espectros; e veja bem, nesta troca enfitêutica sais em desvantagem: secam teus seus xistos, chupam salinas, chispam suas tuas silentes águas para borrifar petróleo à bordo de monstruosas naves pós-modernas: destroem com a aparência do belo o que era, intacto, ainda mais belo.

 Então, sim, quero te ver cheio do olor da esperança, como já tens em cada flor,
em cada pedaço resguardado de mata, e mesmo extraindo às entranhas do seu dorso, causando enxaquecas em suas colunas aquáticas ou lombalgias nas cerebrais escarpas, saibas que há aqueles que lhes desejam o bem maior preservado:
desejam usufruir a bonança sem desperdício. E mesmo recolocar no ciclo natural seus gases estufantes. Apenas não sabemos bem ao certo como antes confiar, uma vez que os mesmos humanos que em si se espelham, espalhando-se à Terra, e adubando o solo, são capazes de tornar tudo tão infértil.

 Contudo, penso que suas magnitude, latitude, e longas caldas nos permitam trafegar em mares de florestas como em estradas marinhas por anos fios ainda. E assim, revertendo-nos em palavras que conferem mas não ferem, vislumbramos um ambiente onde as mesmas tonalidades das quatro estações não sejam substituídas para o sempre cinza, das de fenestradas pólvoras carvorosas, chumbentas e petrolíferas miragems em estiagem sem a fundura dos azuis horizontais.

 Todavia, se seu teu nosso horizonte tem na outra margem as mil cores do arco íris, teus seus nossos rios pouco a pouco se assoream. Se das tuas suas nossas costas vemos espinhas no horizonte, sendo de fato cidades-plataformas-flutuantes, suas tuas nossas minhas mil-folhas ainda te espirram água ao céu todo verão.

 Assim, então, como sabes por intuição e segredo auspicioso, tens reservas
e pragas a contra-atacar àqueles que por mal súbito ou ganância só correm pelas bolsas do mundo mirando o verde engano, e, ciganos, se enganam ao apostar no desenvolvimento insustentável.

 Então, quando tudo parece terrível, explana no horizonte de tua capital a capital certeza de seu horizonte: vais continuar sério e túmido, colorido e úmido, verdejante e seco, impetuoso e convidativo. Mas somente para demonstrar aos incautos que não se mexe em vespeiro sem antídoto.

 Da jararaca ao quati, da preguiça ao bem-te-vi, mantém com a vitória-régia o saber ser pororoca e por de volta em seu lugar cada mexilhão incherido. As tintas, o pau-brasil permanecem resguardados no risoma pensado aleatoriamente, mas em verdade diversificador de momento. E carregas em cada surpresa do amanhecer esta certeza que se encerra na serra de angústia do anoitecer: a beleza que deixa somente à noite, a coruja de artimanhas: quem contigo ousas ser mais do que pode, desrespeitando teu aclive, ignorando tua escala, sofrerás por falta de fôlego para a matuta caminhada. De outra miragem, quem for leve como teus seus nossos cabelos crespos, com vossas águas sãs, e vales já ditos fatigados, obterás a recompensa. Terá sempre doces à dispensa. E dispensará o desperdício, notando que o que diz ser benefício o trovador capitalista é em verdade redondo engodo.

 Pois bem, querendo-me ajeitar junto a tua calma secular, assumo comigo e meus seus leitores essa tarefa das segundas pessoas: a de não te-lhe deixar à sombra da sombra quando não pedes sombra. E também sem delimitar virtuais fronteiras, te espelhar ao pensamento do mundo: que sua tua nossa natureza seja exemplo aos exploradores. De fato, quem pensa explorar será explorado. Mas este segredo somente guarda o travesseiro.

 Por fim, não te preocupas pois conheces a justa moral da natureza. Seu teu povo inato a toca em flauta, mas os que vieram depois, ainda estão por decifrar sua partitura. Complexa que és os deixa complexados, vez com medo de sua vingança em acordes abruptos de corredeira, vez outra surpresos com as longas pausas dos amenos lagos sem vento e com figuras lunares-alucinantes. E a defletir pensamentos de corais, as marrons água dos litorais chocam-se e apavoram quem esperava o azul-esverdeado das angras reais.

 Mesmo assim, límpidos e intrépidos como a chuva, voltam os viajantes para suas casas ao te visitar. Mal no-lo percebem que a morte é bela para sua índole se perpetuar. Adoram seu ciclo sem entender seus porquês. Pois, sentem na vontade do instinto, a intuição, que o coração abarca a todos e só pode ser bondosa obra do divino. Esquecem, no entanto, que o seu valor pós-humano só é ditoso quando se jusnaturalisa. De nada adianta agradecer aos deuses solos o que o Tupã utópico obriga, se afastando de seus ensinamentos manuelinos e barrosos: há de adquirir a consciência inseto-pedra-orvalho-passarinhos.

 Para ser preciso, a omnisciência João-de-barro-bicho-folha-agulha-negra.

terça-feira, 24 de março de 2015

Incline-se ao horizonte

Incline-se ao horizonte

O banco estava torto,

  o coqueiro também,
   então, para alinhar,
     inclinei o horizonte. 
      Incline o seu horizonte!
       Incline-se ao horizonte!
        Incline-se lentamente...

Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

Minha foto
Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.