"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Um Fórum, cem fins.




Fórum Social Mundial ou Fórum Mundial Social



Um Fórum, cem fins.

Quando num encontro do porte do Fórum Social Mundial há atrasos, é estranho; quando há locais trocados, mudanças na programação de última hora, é esquisito; quando há palestrantes como Boaventura Santos, Luiz Inácio Lula da Silva, Marina Silva, Tarso Genro e nomes importantes de outros 10 países como Finlândia, Indonésia e Sudão, é inquietante; quando estamos no Brasil, é visível. O que surpreende no Fórum não foram auditórios com capacidade para 3 mil pessoas esvaziados ou lotados em um décimo da capacidade, enquanto outros 3 mil acampavam no "acampamento da juventude", numa cidade próxima à capital do Rio Grande do Sul, nem a qualidade dos palestrantes e dos intérpretes é mais impressionante, o incrível, o "inesperado" é a invisibilidade do evento.



Como que passando ao largo de Davos, Doha, Qatar, Nova York ou São Paulo o Fórum descentralizado acaba sendo invisibilizado também. A questão não é querer aparecer, é querer desaparecer mesmo. Não é uma sabotagem da grande media, é uma sabotagem do existir media. Quando se afirma que a media não está dando notícias do fórum evidencia-se que media influencia a própria pessoa, que media ela considera como importante, que media ela consome. Que media ela quer, em suma. Se quer aparecer em todo lugar ou se aparece em todo lugar porque é importante, relevante é uma questão de ótica crítica. Caso a sua TV não esteja passando o que você quer ver, mude a sintonia. Sintonize mais fino.

A grade de programação do fórum é extensa, ampla, larga, contínua, quase infinita, tão grande que não se pode acompanhar nada direito. Escolhe-se um tema e um horário padrões e fixa-se um local, um assentamento para acompanhar um tema. Não ir à oficinas é uma boa escolha, porque dançar em conformidade com a natureza - como sugeria uma oficina - não atrai muita “gente fina”, mais “gente grilo” mesmo. Havia portanto espaço para intelectuais renomados, com ar condicionado, água fria e café quente e para gente fina de outra “espécie”, com cadeiras de plástico sob galpões. O público era o mesmo, a gente toda. E Havia cadastro pago este ano.

O lema de “um outro mundo é possível” para não querer ser mais contraditório, era repetido em todos os ambientes, pelas diferentes idênticas classes componentes. No ar condicionado com um cafezinho no bule e no galpão refrigerado a vento de Rio Guaíba falava-se em acabar com a exploração do povo pelo Estado, com a jornada de trabalho elevada, com a invasão da Amazônia pelo Governo e outros, destituindo e destruindo terras indígenas, preservadas ou quase isso. E não percebia-se a contradição da cena, mas isso releva-se, pois, enquanto os cães ladrem a carruagem passa. O calor não é desculpa, o povo não comparece em maior número porque trabalha, porque não se interessa, porque não ouve bem ou porque está do lado de lá.

Em suma, nessa jornada de trabalho sem fins lucrativos de um fórum social mundial pago, se faltar gente, faltará ideias novas, faltará audição nos auditórios, faltará contato com a sociedade local, que dirá mundial. Pelos relatos dos acampamentos há muito mais trocas efusivas e cognoscentes lá do que no local do fórum propriamente dito, não que lá também não fosse um. Mas a lama atrapalha um pouco. E nisso tudo não existe um lado de lá, quer dizer, se existe é uma questão geográfica. Porque no tema Amazônia tanto o lado de lá quanto o lado de cá, ou ao contrário, pensam e divergem de forma semelhante, bem como em inúmeros outros temas.

Os lados se entrecortavam a cada instante e o sentimento humano era coincidido, sendo confundido com o animalismo hobbesiano; o maniqueismo se confundia com maquiavelismo, e inimigos eram criados pelas farpas virtualmente trocadas. Não havia dissenso. O engano é um só. Criar barreiras é ausência de inteligência, e havendo fronteiras, a falta de diplomacia só atrapalha. Passado o lado das acusações inimigas contra o fogo amigo, havia uma fala única e generalizada, o que parece moda: “ é preciso atuar nas bases” (foundation, political bases, bases políticas, fondazioni politiche, fundaciones políticas, fondations politiques, politischen Grundlagen.... ou maquiladores?). Base: palavra de ordem e muito perigosa.

Quer-se instaurar uma nova ordem pela ordem, quer-se desrespeitar a lei para criar a lei, quer-se manobrar o povo para não deixar o povo ser manobrado. Qual a diferença entre os lados? A vontade dos corpos? Não. Ambos são idênticos e tem potências idênticas. São móveis com vontade de potência. Em todas as alegorias fantasiam discursos para enfeitar quando o carnaval chegar, e passar, as avenidas com as mesmas cores de sempre. O verde é o novo vermelho: tudo uma questão de moda.

Se o mundo acaba antes ou depois da copa, se o ano é de copa e eleição ou se a crise e a economia são uma farsa, a culpa é do aquecimento global, evidente. Assim, com essa lógica inversa, com quase o retorno de uma multiplicação de logaritmos fracionários, não se chega a lugar algum. Apenas a resultados simplórios, enganadores. Ilusões que não servem para o bem nem para o mal, porque não servem a ninguém.

Um mundo novo é possível com ideias novas. Ideias novas vêm de conhecimentos adquiridos. Adquire-se conhecimentos novos entrando em contato com fontes novas. Fontes novas só são conhecidas através da exploração, e assim esta palavra tem um sentido novo. O que se quer é o novo. Mas o novo também se teme. E a organização tem de ser perene, tem de ser constante. Mas falta constância e perde-se a toada. Ideias são ouvidas mas nunca anotadas. E perdem-se, são esquecidas, sumiu. Pronto. Chegamos ao balanço.

Neste ritmo, de rebuscar na memória aquilo que é mais importante, o que pareceu mais relevante, apenas as críticas destoam. E a presença de participantes ilustres, lustres é desconectada de sentido porque nada é rebatido e tudo aplaudido. As interjeições corajosas transmutam-se em elucubrações intempestuosas, e num preagônico ritual chega-se ao limite com um discurso sofismado e cheio de esperança, que é a única que não morre neste meio infernal, pois não se deve atrever deixar entrá-la.

Não anotem os discursos, porque eles se amarrotam, não anotem as ideias porque elas ficam velhas, não anotem as palavras, afinal, são só palavras. E os movimentos deste jogo de inteligência enxadrista pode ser anotado? Apenas em último caso, quando o Rei trair a Rainha. Quando na fala final pensa-se em balancear num sítio virtual as originais ideias do Fórum surge o temor de um comando centralizar e criar o poder moderador ordenador, computador. Os dados são temidos porque são os únicos infalíveis.

Afinal, o Fórum estava lá, o mundo não estava lá, a sociedade não estava lá, o que faltou nesse Fórum? O velho “problema” do capitalismo: dinheiro. Pelo menos isso é o que os organizadores diziam, nos bastidores.


Yuri Cavour

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Roubo a janela

" Nossa cidade é segura. Podemos até dormir de janelas abertas." morador de uma cidadezinha do interior de Santa Catarina, em entrevista a um jornal de Florianópolis.

Não que a violência no país não seja uma realidade, nem que a sensação de insegurança não esteja tomando conta das pessoas, mas isto para mim foi o cúmulo.... O morador de uma cidade de cerca de 10 mil habitantes, nem isso, em entrevista a um jornal da capital de Santa Catarina queria assegurar a segurança da cidade dele afirmando ser seguro dormir até de janelas abertas. Em que ponto chegamos?

No Brasil há cidades onde os muros não existem, onde os vizinhos e estranhos dão bom dia e boa noite e onde se pode dormir em casa de janelas abertas, e metrópoles onde estranha-se ser simpático, onde definitivamente deve-se por grades nas janelas, pois televisores podem ser roubados! Essa é a diferença do Brasil. Há um medo pelo medo, talvez medo pela posse, ou por estar correto. Mas há de se saber que os crimes não passam impunes, que existe a polícia, que a maioria das pessoas não será sequestrada, que o valor da vida é maior do que o dos bens. Lembro de uma amiga e seu medo de ser roubada.

O medo de ser roubado se justifica quando um salário inteiro está na carteira, e para isso não existe seguro; quando se está num local sabidamente perigoso - talvez perto de um presídio! -; quando a irracionalidade detem a racionalidade e inverte o seu papel, passando a ser considerada racionalidade, ainda que subjetivamente. E tudo não passa de um cismo.

Porque o medo gera medo, a violência é partenogênica. Por saber mais, teme-se mais. Mas o medo, o saber e todo sentimento padrão estão conectados por lógica, e por isso não exstem. De antemão, por lógica ou dedução são possíveis o conhecimento, os sentimentos, os temores e dissabores, as felicidades e a inexistência a contento. Existir não é refletir, é iluminar. Apenas há luz onde os feiches podem durar, onde os relapsos, coices do cavalo errante não desviam o foco.

Com um sentimento fugaz e irracional subvertendo o agir criou-se o caos, e sua teoria inequívoca! No entretanto, um interrogatório subreptício para a própria mente também é capaz de criar, pela verificação automática de erros da mente matemática, algo verdadeiro. Daí do caos surge o controle, e a frieza e o desepero se desinstalam. Pois a calma absoluta pode vir de um desespero absoluto, e o desespero legítimo pode vir do desconhecido, do caos ou da reticente calmaria, quando se sabe que nada pode ser feito.

Estas palavras antagônicas primeiramente e sinônimas em seu extremo, levam à constatação de que não há motivos para se temer, nem temer aos outros.

Se a inteligência pressupõe temor, a genialidade pressupõe humor.Uma coisa é, porém, a extensão da outra, ainda que em níveis distintos.

Temor
Humor.



Yuri Cavour

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Prazer

Prazer

O prazer não está mais no olhar mais. Nem mais no sentir mais.
Está no saber. Não no saber mais.
Mas no saber olhar mais e sentir mais.

Olhar é cuidar.

Retirando-se o mais do olhar e do sentir, resta-nos o prazer puro e impuro.
Puro porque prazer, impuro porque prazer.

Cessa o sentir, o tocar. O prazer não é adquirir, é admirar.
Com um resquício de vontade de adquirir sabido impossível,
A contenção leva à miragem.

Posse não é prazer, é engano.



Yuri Cavour

Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.