"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Candidato ao Pódium

Candidato ao Pódium

Não mede esforço por hora:
é infinitamente superior à corda.
A tensão não é dada ao acaso.
Atenção se demora em demazia...

Por onde passe a agulha afia
o espaço largo e o cerca de teia...
De traços fracos e linhas alheias;
Unem em um só tecido suas diferenças...

Conexando à força a inseparável
vontade de ir de encontro ao ego
semelhante em termos, mas sem ímpeto...

Desponta como algo disfarçado
na reta do fim quase derruba
o adversário, enfim, se torna
o obstáculo também, como a porta,
empurra a saída de ar seco e velho
para dar novo fôlego à sede úmida.

O cruzar da faixa desaponta ambos;
é melhor enquanto corre, pois não,
com licença, ou sem permissão,
a tônica do pensamento sobressai.

O divertido é estar mais adiante
e marcar o tempo encurta a discrepante,
sendo melhor ainda subir ao pódium ofegante,
mas certo de sua superioridade ao parco instante.

Para o Meio (repost)

Para o Meio

Para o bom observador, meio ponto de vista não basta.
Para apreciar bem a paisagem, meia cena falta.
Para calçar bem a moleca, meia fina.
Para parar na faixa, meia bomba.
Para tirar do aro, meio-fio.
Para haver fim, há meios.
Para haver o meio, ei de haver o recomeço.
Para recomeçar, que haja uma boa inspiração.
Para não ser enfadonho, que varie conforme o ritmo.
Para sincronizar, que se encontre a última harmônica.
Para terminar, tem que haver um meio para chegar ao fim.

Yuri Cavour

Opaco Parco

Opaco parco

É quente o suor frio lento
e quando surge friorento
é tonto e seco no intento
e se mantém contido
e continua insípto

Destoa atônito do sol
medroso se esconde à lua
honroso do seu tato
oculta-se à sua grua

É breve e sensato
mas corre imediato
nervoso acalma assim
e chegue o trem-fim

Altivo alcança e soa
Abrasivo morno à-toa
um sopapo e um pão
dois sopões de milho
e feijão bem aguado
molhando o seco e gelado
remonta o tempo enublado

Contorce se é fraco à dor
Adora ter se no sabor
do prato raso que criou
Ainda sobra o sopapo.

Guardada seja para colher
comida bem pouco farta
Junta coesa e dobrada nata
parece queijo seu aspecto
Esburacado com mistérios.

Ta(m)pada a fo(ss)ça sem tampa
tampa-se à força inata
após a queda do sentido
ressurge um medo que dá dó
pois o arrepio já causa
um parco opaco verdejante
bondoso ser que lá'diante
guarnece-se com derramado
e ungüento vinho rubro roxo,
da cor do olho que não deixa
dormir à guisa do enfadonho.

Sem ermo em termos ocultos
nos mais sagrados e bizonhos
trechos curtos e aos cultos
ligeiros e sábios chamados
pílulas grandes do passar
no aperto engole ar de nós.
Nos aproxima do norte
e distancia-se fracote:
temerosos ossos oficiais.

Dizem em breve instância àquilo que mantemos à longa
[distância.

190308

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Adendo

Adendo

Somos filhos da árvore do saber,
a ignorância é nosso mais saboroso fruto.
Fruto soberbo, do gosto amargo até o inssosso.
Pregamos verdades destituidas, parecemos grossos.

Ficamos à vontade quando confrontam o nosso pescoço.
Causamos medo aos que se espantam com tamanha vontade.
Fazemos e merecemos o que nos importa e é inteiro.

Pagamos o preço alto quando olhamo-nos apenas.
O umbigo a nós pertence e, sendo íntegros,
não levamos a culpa por falsos golpes desnorteados.

Continuamos mantendo intacto o aplauso à cenas
um tanto quanto impactantes para os fantasiados
com coloridos tons de cinzas ensaboados
pela sujeira sem fé e tinta resplandescente.

Pelo andar do caro carro se enoitece
Que, adentro a noite, fora do sol, torna vampiro,
medroso, sendento pelo lusco-fusco roseado.
Esconde-se dentro do túmulo fresco e assombrado
pois tem receio que a luz revele seu mal-sabido
recém-nascido já mau-criado criado-mudo,
que na gaveta com chave-mestra revela tudo.

Até seus nomes foram trocados em prol do seguro,
Que cobre, a baixo preço, o trágico mundo
E doa novo um semelhante atrás do muro,
O qual em cima corre o inconstante e indifirente.
Não diferindo nem aferindo o tombo, acha-se bem
Aonde até quem carrega, no apelido,
Um agouro ao mundo prefere ser decidido
'a sucumbir no escuro de um grande murro.

Neste saem vivos apenas os que já se foram
E voltam tontos tentando mesmo nascer solstícios.
Coplagiando o astro-mór, se re-enganam,
refletindo a luz em suas costas até inflamam,
mas são mantidos segregados por suburbanos,
que temem ir sem carro-forte para o duo dano.
Se metralhados são, ilesos fogem;
mas se elogios os recobrem, sentem desprezo.
Sabem, mesmo em seus fartos seios,
Que o dinheiro é soberbo e remoto
E traz um fugaz e ligeiro remorso.

É cena é fato

É cena é fato

Flácidas as pernas são belos
sinais de esforço concentrado
Nossas as belas são pernas
tortas de desgosto alterado
Sempre vagas e caminhos
sem pedestres e cadeiras
O frio é a neve pura
A chuva é o dia inteiro
Mas a perna não mais move-se,
Congelada na estação do nevoeiro
São claros os sinais dos apitos
Os cheiros fajutos sentidos
Tragam cães para o entorno
O logo encontrará o corpo
O baque e o resquício são provas
Há chacinas soltas à espera
É melhor temer a dúvida
E esperar apodrecer a idéia
Trabalhar no caso é sério
O perigo é encontrar um vestígio
na seta que aponta ao umbigo
Ao redor alheia é a estranha
presença de memória vaga
Lembrança quer ser esquecida
e traga outro copo outra bebida
Seca quente e fiel se acaba
com a brisa e a lágrima
seca junta e teimosa
venta em tinta e prosa
de propósito sem parecer
quer propostas aparecendo
nas dispostas no meio termo
fios com ou sem edições
notícias respaldos das mentes sãs
condenando o que lhes convêm
desdenhando quando também.

nov 07

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

De Mares a Ilha


De Mares a Ilha

Apenas nada
Mais um pouco
É suficiente
Pode não chegar
Mas tente

Então desiste e volta
Sendo leniente
Não escapa
Pensa em vagar
Rende-se

Agora é preso
Batalha contra a corrente
Atrás das grades
Estático imanente
Transcede

Razão vã enxerga
Talvez cego e louco
A mente apaga
Memória residente
Naufraga.

Afogado encontra-se
Parado ou inerte
Por tanto nada
E não chega a verve
Pois crente.

Maré carrega
Rio fosso
Quer mudar-se
Rio todo
Barra distante
Mas rente.

Uma restante
Rema insistente
Ondas gigantes
Costas plenas
Vai ver-te, pressente.

Presente e guarda
Sozinho noturno
Enquanto aguarda
Longínqua martinica
Oleaginosa e uva.

Do vinho da alma
Da oliva carma
Aquece uníssono
A chama aroma
E à Roma Amore.

Foi preparada
E Agora saiba
Ou antes soubera
Quer lhe ter ao colo
Dormindo a praia.

Saída da ida

Saída da ida

Nunca diga que sempre é difícil
melhor não tentar se não cria coragem
crer é verdade é mais duro que ter
mas criar é ainda pior

Pior no sul do Brasil é melhor

Melhor que o difícil, este apenas o encaminha
para onde não sabe, mas, decerto, é um ida
a volta não ocorre por razões que correm abaixo
a trilha maior é a que segue a linha

Caminha ao lado do bom razoável
trespassa no entanto por terras remexidas
mas seguindo o sentido, sentido na alma
por mais que pareça errado, afaga

Só foge da mais perigosa que a fauna
a flora, a pele e toda a calma
não servem, não emergem ou urgem
no instante em que o terrível viéis
serpenteia, enerva-se e surge

De nada serviu toda a crosta
engole num relapso sem tempo
incita o instinto e aumenta o tormento
atormenta o silêncio e emudece o tempo
ativa o austero barulho do vento
o resto que sobra carniça apodrece

A sorte é de só quem aparece
ilezo, sem sombras, resquícios do baque
e, sem contratempos, espera o ataque
pois soubera que, por mais forte que seja,
quem manda ou ordena é, na natureza,
a soberania da cria auto-didata

Àquela que no ato de fome a mata
com a mordida certa na presa mais fraca.
Passando por perto de tanta desgraça,
aprendendo da luta que cala a mata,
saindo mais vivo à recém-esquecida e inata
sabedoria da vida nongrata que ativa

Aviva-se assim que pernoita
o instinto da insana e profícua floresta
ensina a tinta à mão da cor crua que enfesta
e cerca a todos e os que vão para a ciesta
talvez não retornem para a selva das piedras.

Y.C.
27-06-07

Todo dia toda noite

Todo dia toda noite

Todo acordo sem pé,
Acho que está quebrado.
Todo dia levanto sem mãos,
Talvez estejam algemadas.
Toda noite enxergo brilhar
Mesmo com olhos cerrados.

Todo posso pegar algo pesado
Todo quer conseguir não ser alvejado
Todo inexiste no fim da infinitude
Todo deixa de ser e passa a ser
Todo.

Todo anda descalço e sem medo de tétano
Todo cansa de ver sempre o mesmo teto.
Toda tenta auscultar o sofrimento alheio
Todo é quieto e inerte e sente-se inapto

Todo esquece de ser semente de passado
Todo sente que enverga para apenas um lado
Todo sente que tem algo poderoso em mãos
Todos são como todo: A exceção é a regra.

Y.C.

A dupla feita

A dupla feita

Alto e soberbo, quase esbelto

Bonita e altiva, sempre em pose
A atração é mútua e o desejo
É muito doce, sei o que vejo
Paisagem discreta e reflorestada
Tempo perfeito, terra encantada
Na tentativa de acerto o erro ocorre...

Sem embaraçar que ao vento escorre
O cabelo é pedido com calma e esmo
Pois simples é igual a um e ao mesmo
Tempo os nós desenlaçam a barreira
Das cordas do violeiro soam notas
Sem preconceitos e de pé inteira
Ao folhear das calmas águas
Ruflam os acordes e sopram-se
Ao rio claro e retumbante
Das letras soltas bem dançantes
Sente-se o frio ao lado da curva
Os bancos feitos de ângulos
Descansam e aquecem o inverno
Enquanto ressoa a miragem oeste
E aproxima-se da perda do tato
O sentido máximo desnorteado
Sente-se preso ao imóvel ocaso

A dupla errante beligerante
Odeia tanto quanto a fonte
Do ouro do rápido rio reto
E sem valores tamanha farsa
Ganha o altar perdendo o baixo
Nivelador dos sócios plenos
Perturbador do silêncio eterno
Mas sem mais com licenças
A própria avessa se espelha
E enxerga a si pelo buraco
A fechadura é pouco espaço
Para tanto ingrediente inválido
Sem explicação lógica contínua
Segue a meteorologia e rima
Com a gargalhada do desengano
Curiosa por si e inexplicável por anos.


Yuri Cavour

O que é a cultura senão um consenso?

Análise do capitulo O mundo em pedaços: cultura e política no fim do século, no livro Nova Luz sobre a antropologia (2001), de Clifford Geertz.

O que é a cultura senão um consenso?


O panorama mundial está ficando mais global. E mais dividido. Mais interligado e ao mesmo tempo compartimentalizado. O cosmopolita e o provinciano estão agora unidos. E o crescimento de um proporciona o crescimento do outro. E isto tudo tem grande relação com o crescimento da tecnologia.

Com o desenvolvimento da tecnologia a integração do mundo torna-se evidente. E pequenas alterações, choques, conflitos em lugares geograficamente distantes podem ser sentidas por todo o globo. O mercado financeiro é uma prova disso; mas, conflitos políticos e catástrofes naturais também alteram a realidade de forma local e, agora mais do que nunca, globalmente. A própria media tem seu papel aumentado. (Notamos como exemplo as rebeliões em Egito, Síria e o Oriente Médio por "democracia" ou uma nova forma de governo e as possibilidades de ajuda internacional no caso de desastres como o último grande terremoto no Japão). Notícias transpassam o planeta instantaneamente pela media altamente tecnológica.

Portanto, cada mudança local, que agora é sentida como global, diminui o mundo, o integra. Mas não apenas notícias são globais como empresas são globais, como o capital é global, porque móvel, e as próprias pessoas tornam-se globais, e daí advém o termo “capitalismo sem fronteiras”, ou “aldeia global”. E essa interconexão, esse limite de fronteiras sobreposto interconectando o mundo, cria interdependência. No entanto, não se pode dizer que não há fronteiras.

Não se pode dizer isto porque mesmo sem bordas aparentes, não há de forma idêntica identidade aparente. A aparente integração da “aldeia global” é fraca, porque continuam existindo grupos internos que se localizam, se identificam em uma cultura singular. Porém, demarcar estes territórios para estas culturas não é tarefa fácil, é antes algo arbitrário e impreciso. É, praticamente, uma tarefa impossível. Mas, teoricamente, há solução.

Mesmo a antropologia vem encontrando dificuldades para lidar com essa questão, segundo Geertz. Mesmo assim, sendo a tarefa difícil, não se deve fugir, pelo contrário: deve-se buscar compreender a realidade de um mundo intrincado e diverso em simultâneo. Mesmo com a globalização do mercado financeiro, industrial ou tecnológico, as culturas persistem, continuam diferentes, se diferenciam, são diversas. Porque “quanto mais as coisas se juntam, mas ficam separadas: o mundo uniforme não está muito mais próximo do que a sociedade sem classes.” (Geertz, 2001, pp217).

Segundo Geertz, a antropologia se vê atrapalhada para lidar com a organização da cultura no mundo moderno pois durante sua própria história não foi encontrada a melhor maneira de se pensar sobre a cultura. Geertz então apresenta como se pensava a cultura no século XIX e parte do XX, como oposição a natureza, e o seu distanciamento dela como sinônimo de progresso, e como após a I Guerra Mundial, com o crescimento do trabalho de campo, passou-se a utilizar o termo no plural. Como “organismos sociais, cristais semióticos, micromundos,” cultura como o que um povo tem e mantém em comum. A concepção genérica deu lugar a concepção confugurativista.

No entanto, após a II Guerra Mundial, a concepção configurativista esmaeceu porque novas configurações de Estado agora delimitavam culturas. Foi tentado explicar minorias dispersas como tendo caráter único, porém não houve sucesso. A totalidade da cultura não existe sem o Estado e sociedades nas quais aquela está inserida. Culturas não têm pontilhados as delimitando, nem mesmo os Estados verdadeiramente mais o têm. O que cria a identidade de uma cultura, de um povo, de um indivíduo é agora a própria visão como contrastantes ao outro.

O mundo contemporâneo é fragmento, e não há lugar para a visão configurativista do tipo dos “ Argonautas do Pacífico Ocidental”; o território compactado, o tradicionalismo situado não mais dizem respeito à fronteiras para culturas, não há sequer identidade cultural integral mais. O que parece identificar o coletivo é a fissura, justamente o oposto da integração. Quer-se manter a ordem da diferença no mundo capitalista sem fronteira.

Não se consegue compreender logicamente como opera o mundo moderno, com o amontoado de diferenças querendo prevalecer sobre outro amontoado. E sem o entendimento do mundo numa teoria política consistente o rumo do planeta torna-se totalmente desconhecido. A antropologia pode então contribuir com a sua visão que vai além do óbvio, do mais aceito ou querido. A história do Ocidente não é a história de todo o mundo. Há uma nova visão, uma revisão. A recomposição africana e asiática após as descolonizações talvez venham mudar esta visão do mundo ocidental dramaticamente.

Na África o demarcação territorial foi arbitrária e povos ficaram deslocados. Em Estados diferentes etnias antes unas, agora se separam ou se unem a outras antes distantes. Essa realocação de pessoas, e junto com elas de culturas, é uma marca homogênea criadora de heterogeneidade na história recente do continente africano. E ela é visível porque ainda está ocorrendo, e problemas surgindo, e não está acabada, como a união da Alemanha com Bismarck há quase dois séculos.

Ainda, há níveis e níveis de heterogeneidade, e é difícil saber arrumá-los. Caixas sobre caixas de detalhes separadores de visões de mundo se avolumam dentro de uma heterogeneidade avassaladora. O consenso é difícil de ser enxergado e apontado, para Geertz, na maioria das vezes. A variável dependente é o ponto de vista esmerilhado, o interesse sobrepujante para a definição de uma identidade num quadro.

Na emergência do texto, Geertz cita o exemplo da Indonésia, e a dificuldade que ele encontrou quando estudou tal país para preencher o quadro das identidades. Geertz cita o variegado contingente cultural e as inúmeras cosmovisões, modos de encarar a vida, ideias concebendo o mundo, distintas e inconsistentes também geograficamente por se tratar de um arquipélago, para afirmar que apesar de toda a dificuldade a tarefa dele é essa mesma: buscar compreender o que os mantém até hoje unidos satisfatoriamente em um mesmo Estado. E aplica um método para dar vida ao discurso dos “povos e culturas”.

Então, ao explicar a indexação, ou fichamento para dar lógica ao entendimento da organização, ou classificação feita pelo estudo antropológico, Geertz chega a uma definição de grupo consensual mínimo como sendo sinônimo do que se chama “cultura” e grupo consensual máximo, que é chamado de “Nação” ou “Estado” (Geertz, 2001, pp221). Os detalhes embutidos nos arquivos dessas fichas de arranjo, no entanto, ficam de fora.

E justamente aí, nos povos imiscuídos, se encontram o todo irregular, indefinido que tendo regras e interpretações de funcionamento do Estado e da ordem absorvido subjetivamente, constroem uma identidade da dessemelhança. Portanto, vários grupos diferentes interpretam objetiva e subjetivamente regras de convívio, e criam laços fragilmente dados pelos desníveis destas interpretações. O consenso é justamente a variedade interpretando a realidade e amenizando subjetividades.

E para Geertz, a imagem de conflitos, de microrrealidades lado a lado, da Indonésia, é uma imagem do mundo moderno. Bem como naquele país, em França, na Itália, nos Estados Unidos, os provincianismos, a mistura étnica, religiosas, culturais tentam conviver pacificamente. Geertz vê que a política precisa sair do mundo do pensamento exato e cair na realidade inexata, e tentar pensar ela, de fato. E para tanto a antropologia contribui implicando a “política prática de conciliação cultural” (Geertz, 2001, pp 224). E esta política terá que agir de acordo com a época na qual está situada. E também deve ter metas e diagnósticos precisos.

Na sequência da análise, são apontadas algumas formas de ordem lógica que esta política prática deveria conduzir, antes deduzindo o objeto do estudo. E então, esta política deve ser capaz de açambarcar o mundo estilhaçado, mostrando-o um caminho seguro a seguir, onde há duas tendências, a saber, a primeira onde as diferenças possam conviver, ou, na outra tendência, os pontilhismos da cultura puro sangue se recomponham.

Por fim, Geertz esboça como um liberalismo social-democrata, no seu caráter equalizador de oportunidades, neutro como Estado no que diz respeito às crenças, com seu apelo à liberdade, favorável à lei e à universalidade dos direitos humanos, falando ao menos em teoria, poderia sobreviver em tal política supracitada. E Geertz acha que este liberalismo é necessário, e não apenas possível.

Por fim, a questão da sobrevivênca deste liberalismo como posto acima, recai no modo singular de cada local, cada autor, cada intérprete, sem deixar cair por terra o significado da palavra, sem desvirtuá-lo e sem significar relativismo. E, também, não se pode confundir o alvo com a pontaria, o desejo com a realização: a discussão política deve ser séria, estar no plano do real, atual e local.

Portanto, parece-nos que para Geertz, a compreensão perfeita do liberalismo indica aceitar um modo de se pensar estabelecido longa, razoável, e coerentemente como algo que o próprio ser humano vivendo no mundo ocidental, e confrontando suas experiências, identificou como sendo sinônimo de melhor para convivência em sociedade, que significa em outras palavras “a obrigação moral de ter esperança” (Geertz, 2001, pp227).


Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.