"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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domingo, 15 de junho de 2008

O ideal é ir morar no deserto?

O ideal é ir morar no deserto?

A violência é o fator decisivo para atrair ou espantar turistas e novos moradores; é o medo maior dos vizinhos, de antigos fronteiriços; desestimula indústrias legais a instalar-se e atrai tráfico ilegal para a cidade; é motivo da perda do orgulho pela nação e a razão da baixa taxa de crescimento da consciência social. Então, como solução, fugir da realidade é o que mais se ouve, quando não se está satisfeito com a mesma. E ir atrás de pacatos vilarejos se torna a meta de muitos cidadãos cansados de sofrer com atos de violência. Busca-se um lugar calmo, onde a chuva é pouca, o calor é constante, a vida é noturna e o clamor é vibrante.

Este lugar está para ser inventado - num conto de fadas já existe - mas, muitas famílias insatisfeitas com a atual condição de risco de vida, e roubos, já procuram uma cidade pequena e pacata para rumar e alojar-se em definitivo. Um lugar onde o desenvolvemento ainda não chegou plenamente, e pode, portanto, chegar de modo a não esquecer-se das causas de um ato de violência.

A violência surge de fatores sociais em desequilíbrio, e se difunde em diversas formas: da violência contra a mulher e contra etnias historicamente menos favorecidas social e financeiramente, à formação de verdadeiros exércitos de bandidos, bem articulados, com antigos chefões, novas chefias e incipientes subordinados, estabelecendo o chamado crime organizado. Acabar com tudo isso é impossível sem investimentos bem encaminhados.

Entretanto, se a água não vai até as raízes, as raízes vão até a água. Uma pequena cidade a se desenvolver deve considerar o investimento na educação como o primordial para um crescimento ordenado, um futuro sem índices altos de violência e com cidadãos de bem e bem preparados em crescente número; maior do que o de despreparados e desesperados por falta de assistência educacional e emprego, respectivamente, fadados à vida criminosa. Se não houver controle por parte do estado, as plantas (cidadãos) novas irão atrás de sua fonte de vida ( no caso das plantas a água, ainda que distante ou poluída; no caso dos cidadãos, o dinheiro, ainda que "sujo" ou "emprestado", roubado), e não diferenciarão a maneira pela qual se mantêm vivos, apenas tentarão o fazer, é o instinto maior dos seres-vivos manter-se vivo.

Porém, se de um lado da balança da desiguldade está o cidadãozão, bem-sucedido, procurando paz eterna, do outro, está o cidadãozinho, eternamente insatisfeito, procurando paz interna. Quando o ostentar da riqueza se torna impossível, a alma humana, irracional, crê em uma solução definitiva para destruir as novas plantas sem secar sua fonte de vida. Acredita que é possível haver disparidades gigantes financeiras com convívio social ameno. Ilusiona-se blindando e pagando seguro a seus bens mais valiosos e desdém doar grãos e gotas para as novas plantinhas, sementezinhas, cidadãozinhos alcançarem, algum, status social.-Porque ter zero de status é igual a não ter. Desta forma, a vida do deserto se aproxima: o deserto ideológico, o deserto da razão, da solução imediata definitiva para os problemas antigos sem resposta errante.

A solução para a falta de equilíbrio dessa balança com pesos sociais é ampla, ambígua e âmpara. Ampla porque não é pequeno o investimento necessário na educação para resolver uma boa parte dos problemas. Ambígua porque, no gráfico do desequilíbrio social versus tempo, na medida em que amplia-se a taxa de população com padrão de vida médio, diminui-se a com padrão de vida baixo e, principalmente, com o mesmo alto. E, finalmente, âmpara, porque só um neologismo pode exprimir uma aparente nova e desconhecida solução: apoiar. Dar suporte. Amparar. Porque, se Betinho já dizia "Quem tem fome, tem pressa", a própria violência vem dizendo " Quem quiser acabar comigo não vai ter que me engolir ou me digerir, vai ter que me ouvir, entender, lenta e gradualmente". E, nesse contexto, "ouvir/entender a violência" poderia ser interpretado como procurar enxergar as causas da injúria da mesma para, então, tentar resolve-la, eliminá-la.

A solução NÃO É privatizar a segurança, trancafiar-se em abrigos, culpar os mendigos ou ir morar no deserto por inobservância dos fatos geradores da, ou de, violência e continuar roubando, corrompendo-se, sendo conivente; a solução É: ser Visionário. Ser Esperançoso. Ser Investidor. Ser Realista. Ser Compreensivo. Ser Humano. Para poder ser Satisfeito, Correspondido, Bem-Sucedido, Realizado, Compreendido e Humanizado, respectivamente. Somente agindo com estes verbos, sinônimos do progresso sutentável, em mente, pode-se acreditar que a intenção de acabar com a violência é um querer real, não um ideal. É querer morar-bem no paraíso de sua cidade natal, a passárgada do poeta nato.

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Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.