"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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domingo, 19 de outubro de 2008

Surge e inaltera-se

Surge e inaltera-se

É possível mudar a superfície, mas não o fundo. A região mais lisa e plana é facilmente alterada com pequenos sopros constantes, porém, as profundas estacas fincadas jamais serão removidas por completo e, se ainda assim forem removidas, deixarão resquícios intactos e fundamentais, os quais não poderão ser alterados de modo algum.

O impacto causado na extremidade pode ser corrigido com lentes reflexivas ou desviadoras de foco, mas os cravejamentos causadoras de eterno sofrimento ficarão para sempre, só se acumularão com o passar do tempo e serão as verdadeiras formadoras da essência do ser.
A base, o início são os possíveis atributos dessa característica singular da formação do caráter, do comportamento e modo de agir dos seres para além de seu instinto. O instinto surge, então, da capacidade do ser com as características mais desenvolvidas para a sobrevicência no mundo selvagem sobressair sobre outros, com defasadas defesas naturais, não mais suficientes e por vezes depreciativas.

Não é possível alterar o básico porque é ele a lógica dando a razão a si. Um modelo existirá, apenas, se a opinião do outrem prevalhecer sobre os próprios ideais. O medo de não ser suficiente e capaz ajuda na não-interferência da opinião majoritária em ser a resposta, mesmo sendo a formação do pensamento da maioria algo induzido, por uma parcela bem pequena de pensadores com algum plano secreto, (talvez inconsciente), de controle e/ou poder.

Mas o poder não tem culpa de ser tão arrogante, porque foi determinado em sua etimologia ser o dono da raiva e da perspectiva de vida da plebe e da nobreza, respectivamente. A raiva dos desfavorecidos é não poder ser o favorecido, sentir o gosto da superioridade aparente. Entretanto, se bem observado, um astro não se difere de outro em sua essência constituinte, são sempre os carbonos e os hidrogênios os responsáveis por uma sólida formação e uma estabilidade perfeita.

A base de força é poderosa o suficiente para deixar esmaecer outros elementos e auxiliar no sustento de novas correntes impostas, com fluxo controlado, porque sabe que as aparentes transformações tem uma estada breve demais se comparada a duração quase infinita dos percursores fundamentais da vida.

O acreditar na mudança de leis determinadas tem algum merecimento, mas crer que haverá mudança efetivamente nestas leis não é um comportamento de digna inteligência. Quem apenas estipula que há margens para uma saída alternativa, sem afirmar, com certeza, que há uma, obterá mais êxito pelo saber do risco de não ser possível ocorrer do que quem, cegamente, propositalmente ou por falta de alternativa intlectual põe em jogo todas as suas peças, indo até quase o fim confiando nos próprios paradigmas criados, inventados.

A invenção de algo não é útil a não ser que haja alguma melhora na capacidade de gerir o tempo enquanto apreciado o invento. Por outro lado, inventar para sustentar colunas de isopor, recobrindo-as com cimento, é o ideal daqueles que não seriam capazes de continuar seguindo em frente sem enxergar o horizonte, finito, e sem perspectiva convincente que mantenha a chama intacta, apesar dos ventos inconstantes. Bem como as comparações são úteis se determinam novas conjecturas a partir de outras já aceitas, as arbitrariedades são justas se justificadas com as melhores intenções.

Não é possível estar o tempo todo de acordo, mas, de acordo com o tempo, é possível concordar, ainda que por associação de pensamentos sinônimais, com algum grau de parentesco, estando de alguma forma conectado com ideais essenciais outros que correlacionem situações antes não pensadas mas, intuitivamente, correspondidas pelo seu caráter coercível à reflexões enfadonhas ou desnecessárias.

É com a intenção de não causar discórdia e guerra e com o sentimento de consentimento que existe a associação de lógicas formadas? Não. É justamente a vontade de afirmar que são demais semelhantes as filosofias e abordagens, que os pontos-de-vista são vizinhos ou paralelos e que tangenciam uma mesma estrada rumo ao lugar-comum, (a)onde vivem mas não se esbarram, com o intuito de cooperação e a espera da recíproca, em momento oportúnuo.

Não é intencional nem desintencional; não é irracional pois é erguido com argumentos; tem um certo interesse, mas o certo é também o mesmo: a ajuda existe pois a necessidade pede passagem e , de alguma forma, quem bem conseguir desatar os nós, circuninscritos no entorno, estará contribuindo para uma melhora na qualidade do viver alheio e do seu. O compromisso afirmado se cumprirá a cada instante sem que os acordos sejam revistos inúmeras vezes.

Então, é melhor encontrar o grupo e o lugar a freqüentar a esbarrar com o lúgubre e perdido conjunto de seguidores da seita além, os estranhos ao seu modo. E o ideal é, respeitosamente, tentar interferir sem ferir profundamente, para não mexer no âmago, na essência. Pois, quando há tentativas de alterações em ambos, rapidamente, ataques de ira instintivos podem vir à tona, transtornando as vias e as saídas de/em paz, cooperando para a lágrima tingir todos os secos e não-sintéticos momentos de puro teor anti-ético.

Yuri Cavour Oliveira,
Outubro de 2007.

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Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.