"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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sábado, 12 de julho de 2014

Sobre Copa e legado

 Copa do Mundo, festa do futebol mundial. Festa da política.

 A Copa começou com e sem o crivo dos brasileiros e pessoas interessadas pelo Brasil. É um evento cíclico e mantém-se politicamente. A Copa terminou com a derrota do anfitrião na fase semi-final e a ira de muitos que acreditavam na seleção. E a ira de muitos que não acreditavam. Ao fim e ao cabo, deduzo que até quem não torcia pelo Brasil, torcia pelo Brasil.

 Há cerca de sete anos, quando da notícia da nova sede da Copa, poucas pessoas reverberavam contra o evento. Em verdade apenas as mais antenadas e politizadas celebravam a desconfiança, pois apenas criam em corrupção, falta de prioridade e haviam há muito perdido a paixão do esporte. O dinheiro, de fato, corrompe as paixões. Ocorre que a contradição é, por excelência, a estética do Brasil.

 No entanto, corrupção não deve ser regra, a prioridade é relativa à tendência política, e a chance de desenvolvimento das regiões deve ser equivalente. Todos sabemos, para alcançar o pleno potencial da rampa é preciso partir de pontos basilares idênticos. Assim, à crítica dos estádios em locais ermos, com pouco futebol, a resposta é a possibilidade de desenvolvimento estimulada; à guisa da razão da saúde, da educação, tem-se que a ordem dos investimentos é de natureza distinta: parceria público-privada, empréstimos a serem devolvidos ao Banco de Desenvolvimento versus exclusividade de responsabilidade pública. E se a corrupção é onipresente, arremeter mais dinheiro à escolas ou hospitais poderia detrair, identicamente, o uso do dinheiro. Tudo trata de fiscalização. Mas quem reclama, participa  ou crê na representação política? Se não, deixa a bel-prazer o mando dos cartolas?

 Há cerca de trinta dias, o clima de desconfiança cedia lugar à exasperação cardíaca, quando o calor da paixão superava o frio absoluto do saber. Até quem torcia contra a seleção, torcia pelo Brasil. Se detinha ódio da "cegueira" do futebol, como se o assunto do mais cotidiano, que iguala o país e ajuda a constituir a nação pudesse ser ignorado, detinha, ao mesmo tempo, vontade de "progresso" , de fim de corrupção, de olhar para a verdade que estava sendo estancada momentaneamente. O brasileiro que torcia contra era estimulado à ação pelo ódio. O que torcia a favor já havia superado aquele sentimento negativo, ou alienava-se à mando do prazer. Numa sociedade hedonista, isto não é incomum. E ambos se emocionavam com o hino.

 Assim, concluo, a irrupção da ira avante o gol ou por um gol contra tem a mesma catexia da estética da nação tupi-oriente-africana-europeia-etc. Torcer pela Alemanha ou Gana, Estados Unidos ou Bósnia é possível no Brasil, pois queremos mais do que a vitória em campo, queremos a vitória da alegria do mundo que nos compõe. O brasileiro é um cidadão do mundo. A contradição comove-nos porque é arraigada, imiscuída, inata e, sendo mutante, conduz à felicidade da ação boa, que busca justiça e menos iniquidade. Além de apostar em desenvolvimento e-qui-va-len-te. O legado da Copa é o mundo se re-conhecer no Brasil.

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Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.