Somos pequenos demais para caber(mos) no tempo. O problema é a lógica temporal. No campo da economia, ao fazermos a análise da situação econômica de um certo país, esquecemo-nos de levar em consideração a problemática da nossa breve estadia nesse mundo. Levantar dados de governos e verificar que a economia da Noruega vai bem e está com um futuro sustentável e satisfatório, a médio prazo, é simples; simples porque o prazo é não-mais-que-médio.
Mas, a longo-prazo as coisas se complicam. Exemplos práticos: O sistema capitalista pós revoluções industriais teve seu ápice e crise em menos de 50 anos; bem como a revolução das repúblicas socialistas soviéticas obteve sucesso por menos de 50 anos. Crer que a situação econômica de uma país frio e calculista serve de comparação para com a emergência financeira de um país quente e variável é, no mínimo, incoerente. Ao pegarmos os países-modelos capitalistas e fazermos um breve estudo histórico de como estes enriqueceram substancialmente nos últimos dois séculos, repito, dois séculos, compreenderemos porque a situação econômica dos frios países europeus é tão amena.
Quer dizer, se, hoje, há no mundo pobreza, é culpa do capitalismo; se há riqueza, também é culpa do capitalismo. Ou dos capitalismos. Ou seja, se não houver mudança da forma de Governo não haverá mudança nas disparidades socio-econômicas? Não necessarimente, há vertentes para todos os gostos.
Para esclarecer ainda mais, em pouco mais de duzentos anos de história de humanidade a Europa sofreu com a peste bulbônica e com diversas pequenas revoltas contra governos feudais, monárquicos, absolutistas, injustos, e quase teve sua população extinta, e, em compensação, obteve avanços nos campos políticos - bastante devido à Maquiavel-, econômicos e científicos de uma maneira geral, devido a iluminados filósofos e estudiosos afins com mentes visionárias, "além de seu tempo".
Assim parece que se não fosse por uma centena de meia dúzia de intelectuais e visionários da época da crise da monarquia europeia, certamente ainda haveria simplórias doenças infecciosas super espalhadas, combates armados com espadas e escudos, por terras e metais preciosos, intermitentes ignorância e atraso por parte das pessoas e, consequentemente, das tecnologias. Mas isso não existe mais!... Certo?
Entretanto, o mundo não se restringe à Europa. Porém, o mundo oriental também caminhava a passos largos em direção ao abismo do sistema governamental e sofreu bastante influência das ideias que circundavam o Velho Continente, por questões comerciais e pela integração, das esparsas sociedades, que aquelas degeneravam, na idade das luzes e da Revolução Francesa, além das subsequentes independências americanas . A dependência econômica do continente africano hoje existente nem é preciso ressaltar, os verdadeiros quoscientes e produtos de uma bem multiplicada e mal dividida exploração por madeira, metais e escravos, desde a época do descobrimento da América pelos Grandes Navegadores.
Explicado o passado recente de nossa civilização moderna, mas não muito educada, pergunta-se ainda: a culpa não é do capitalismo e da propaganda enganosa? Enriquecer licitamente é possível? Ou enriquecer é um paradoxo do ser lícito? Provavelmente a resposta é tão simples como pouco ordinária. Em uma análise econômica enviesada, se para ganhar peso é preciso desequilibrar a balança, então enriquecer só é lícito se a sua riqueza for proprocional a equiparação das outras riquezas, em uma tendência de distribuição perfeita. Mas, lembrem-se: o sistema capitalista ideal é perfeito em desequilibrar a balança pondo pesos descabidos em um dos pratos ao retirar pequenos pesos do prato oscilador adjacente. Se, para haver enriquecimento, houvesse um meio de distribuição perfeita dos pesos, transformando seus valores, repartindo-os e tornando-os mais próximos em forma e conteúdo - e densidade- seria justa a forma do sistema, mas isso não é possível. Não é possível porque o sitema só se mantém pela desigualdade. Igual a tudo na vida?
Em verdade, querer combater tal sistema parece um sonho, uma utopia, se soluções dignas não são apresentadas, se teorias econômicas não são elaboradas. Mas soluções existem, e somente a burocracia poderia impedir a destreza do aplicar das soluções; e somente um paradoxo pode evitar que tais soluções sejam implantadas em tal Forma de Governo: o paradoxo do fogo-amigo.
Este recém-inventado paradoxo supõe que se houver uma tentativa para solucionar um problema criado pelo sistema capitalista-consumerista a mesma irá, ou cair no entrave político-burocrático ou apresentar-se-á como uma solução encontrada pelo próprio sistema para se aperfeiçoar, o que seria lamentável e falso em concomitância.
Lamentável porque somente a barganha política (e isso existe em qualquer forma de governo, seja capitalista seja socialista!) poderia destravar uma votação nas câmaras alta e baixa para sacramentar uma medida de contenção criada por um político de cargo inferior ao de presidente da república.- Pois somente esse poderia aprovar uma emenda constitucional ou medida provisória, de caráter além emergencial, fundamental.- Finalmente, seria falso, porque a solução é apenas paliativa e surge de um problema que não existiria em outro sistema de governo. Correto? Não necessariamente. Depende da teoria política aplicada por este governo em outra forma: e isto explica em parte a falência da união das repúblicas socialistas soviéticas: a iniquidade persistia, mas os atores é que mudavam.
Supõe-se que, em se tratando de política, a solução é deixar de ter vergonha na cara, ser hipócrita, e continuar fazendo de tudo para que os pobres fiquem mais pobres ainda e os ricos mais ricos ainda! Essa é a solução do louco que compreende ser o caminho a auto-destruição, a falta de misericórdia, o fundamentalismo da ignorância. O ser-humano pouco religioso.
Mas, agir da forma oposta seria impossível, impensável, improvável, incompreensível, incomensuravelmente uma covardia, imprevisto, indigno, num mundo desacreditado, deseducado, descapacitado, desiludido, destemido de lutar, talvez até déspota.
Evidente que não! As teorias econômicas estão aí, estudemo-las!
set 2008
Comentem à vontade e a vontade de vocês também...
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