Oswald de Andrade,
metafísica e os quês do mundo. Por uma antropofagia. -Uma breve história do mundo.
O homem é derrotado na sua existência meramente técnica. Ele se torna seu próprio escravo e só percebe que existe quando com o trabalho se aliena e se diferencia de seu objeto produzido (com sua técnica, grego tekhne, arte, habilidade). Então, mais adiante, esse homem poderá começar a fazer atribulações filosóficas que tentam justificar sua moral escravocrata... Ele passa do direito natural (jusnaturalismo) ao direito positivo (com o constitucionalismo) porque se vê apartado da realidade: a realidade que o contém tem de ser criada, no patriarcado...
Enquanto isso, no antigo matriarcado havia simplificação e semelhança, aproximação à natureza (a justiça é natural, da natureza, jus naturalista! Tem-se universalmente a ideia de mãe natureza...); no mundo moderno, do direito positivo, do homem que faz o homem escravo do homem, a justiça para o homem tem de ser escolhida, tem de ser criada... Assim vem o direito positivo e até a declaração dos direitos do homem... Tudo isso porque é por uma operação filosófica, metafísica, transcendental que o homem vai se reconhecer e se questionar (Hegel até Descartes, na ordem inversa - já que Descartes é anterior) e até se igualar a Deus (mas não ainda)...
E é nessa busca do ente supremo, até a exclusão do homem e a superação de Deus com Nietzsche afirmando haver desvalorização do homem quando se elege Deus acima de tudo, que o homem (e não a mulher, que é ainda coadjuvante, mas vai se tornando aos poucos figura patriarca também) tem de operar por uma dialética sem maiêutica: o homem quer encontrar seu termo final para poder se reconhecer e justificar perante o próprio homem a sua soberania e seu poder. E a alteridade faz nascer para o homem o mundo e permite de vez a razão, com Freud; mas antes, com Descartes o Eu é o superior da razão, e o próprio duvidar existir anuncia a existência do pensamento, logo do sujeito e do existir sem dúvida, mas através dela.
Mas com tudo isso ele (o homem) sentira uma lacuna: a lacuna somente preenchida com Deus ( Ser, na filosofia). E eis a grande questão: as igrejas que antes haviam sido negligenciadas passam a ser mais importantes e o papel de Deus muda: Deus é onipresente na vida do homem, é onisciente de seus atos, e onipotente para puni-lo. Deus encarna-se mesmo no homem. Acontece que Deus deixa de ser totem para virar tabu - e isto é uma inversão. No matriarcado se temia a Deus, no patriarcado Ele é procurado. Mas o problema é que Ele é procurado por um desejo, por um preenchimento que se torna necessário graças à técnica que supõe o homem como existente numa realidade egoísta e autônoma. O livre-arbítrio parece não existir porque a escravidão é o que dá sentido à vida moderna. Pois bem, se atravessam mais de dois milênios para ocorrer essa inversão. E agora a revolução quer o retorno a uma sociedade que venere um ser não por sua falta, mas por sua descoberta e dotação de existência necessária para coibir ou explicar o absurdo que é o mundo sensível.
O homem é derrotado na sua existência meramente técnica. Ele se torna seu próprio escravo e só percebe que existe quando com o trabalho se aliena e se diferencia de seu objeto produzido (com sua técnica, grego tekhne, arte, habilidade). Então, mais adiante, esse homem poderá começar a fazer atribulações filosóficas que tentam justificar sua moral escravocrata... Ele passa do direito natural (jusnaturalismo) ao direito positivo (com o constitucionalismo) porque se vê apartado da realidade: a realidade que o contém tem de ser criada, no patriarcado...
Enquanto isso, no antigo matriarcado havia simplificação e semelhança, aproximação à natureza (a justiça é natural, da natureza, jus naturalista! Tem-se universalmente a ideia de mãe natureza...); no mundo moderno, do direito positivo, do homem que faz o homem escravo do homem, a justiça para o homem tem de ser escolhida, tem de ser criada... Assim vem o direito positivo e até a declaração dos direitos do homem... Tudo isso porque é por uma operação filosófica, metafísica, transcendental que o homem vai se reconhecer e se questionar (Hegel até Descartes, na ordem inversa - já que Descartes é anterior) e até se igualar a Deus (mas não ainda)...
E é nessa busca do ente supremo, até a exclusão do homem e a superação de Deus com Nietzsche afirmando haver desvalorização do homem quando se elege Deus acima de tudo, que o homem (e não a mulher, que é ainda coadjuvante, mas vai se tornando aos poucos figura patriarca também) tem de operar por uma dialética sem maiêutica: o homem quer encontrar seu termo final para poder se reconhecer e justificar perante o próprio homem a sua soberania e seu poder. E a alteridade faz nascer para o homem o mundo e permite de vez a razão, com Freud; mas antes, com Descartes o Eu é o superior da razão, e o próprio duvidar existir anuncia a existência do pensamento, logo do sujeito e do existir sem dúvida, mas através dela.
Mas com tudo isso ele (o homem) sentira uma lacuna: a lacuna somente preenchida com Deus ( Ser, na filosofia). E eis a grande questão: as igrejas que antes haviam sido negligenciadas passam a ser mais importantes e o papel de Deus muda: Deus é onipresente na vida do homem, é onisciente de seus atos, e onipotente para puni-lo. Deus encarna-se mesmo no homem. Acontece que Deus deixa de ser totem para virar tabu - e isto é uma inversão. No matriarcado se temia a Deus, no patriarcado Ele é procurado. Mas o problema é que Ele é procurado por um desejo, por um preenchimento que se torna necessário graças à técnica que supõe o homem como existente numa realidade egoísta e autônoma. O livre-arbítrio parece não existir porque a escravidão é o que dá sentido à vida moderna. Pois bem, se atravessam mais de dois milênios para ocorrer essa inversão. E agora a revolução quer o retorno a uma sociedade que venere um ser não por sua falta, mas por sua descoberta e dotação de existência necessária para coibir ou explicar o absurdo que é o mundo sensível.
Assim, ao cúmulo e auge da revolução industrial, Marx afirmara que o
trabalho dignifica o homem. No entanto, no sacerdócio era justamente o ócio que
produzia algo bom para o homem. Mas se o homem trabalha para conseguir ter tempo livre, o ócio,
a tendência é o retorno ao matriarcado: a sociedade que venera ao invés de
escravizar-se.
A continuação: no patriarcado se tem o direito positivo,
propriedade da terra, propriedade da mulher, da família, dos bens. E transferência
desses bens em linhagem paterna (mesmo o sobrenome), primogênita (sempre
masculina). Há
a separação do mundo pelo trabalho que, ordenado, dividido, cria o mundo de
classes... as quais só podem se alternar por casamento (às vezes proibido entre
castas); casamento este que pretende resguardar os bens - genéticos e materiais -
que ao homem dotado de saber cabem. A riqueza egoística do homem produz sua diferenciação
perante outros homem e perante os demais animais; e logo o homem se vê face a
face com Deus: ele pretende se igualar a Deus o copiando. Confunde um pouco então
a veneração em uma semi-esquizofrênica recriação.
Temos, portanto, a moderna, e relativa, teoria do conhecimento dizendo que o conhecer é uma interpretação (faínetai).( O mundo se subdivide filosoficamente entre crentes e criadores, ou esquizofrênicos, e desconfiados e perseguidos, ou paranoicos.). Por uma dificuldade elementar, ao venerar em excesso esquece-se de viver; e ao recriar o Seu (Seu, Deus) significado, cai. Peca. Para a sociedade moderna tudo se resume ao eu, ao individual, e à propriedade. Com a propriedade se tem riqueza portátil, móvel, que pode ser trocada... A troca funda a sociedade, afirmaria o antropólogo Marcel Mauss. E ele estava afirmando tanto sobre a troca de bens como sobre a troca de esposas. Esposas: irmãs; irmãs: esposas.
Temos, portanto, a moderna, e relativa, teoria do conhecimento dizendo que o conhecer é uma interpretação (faínetai).( O mundo se subdivide filosoficamente entre crentes e criadores, ou esquizofrênicos, e desconfiados e perseguidos, ou paranoicos.). Por uma dificuldade elementar, ao venerar em excesso esquece-se de viver; e ao recriar o Seu (Seu, Deus) significado, cai. Peca. Para a sociedade moderna tudo se resume ao eu, ao individual, e à propriedade. Com a propriedade se tem riqueza portátil, móvel, que pode ser trocada... A troca funda a sociedade, afirmaria o antropólogo Marcel Mauss. E ele estava afirmando tanto sobre a troca de bens como sobre a troca de esposas. Esposas: irmãs; irmãs: esposas.
Lembra-nos Oswald ainda do exemplo de Platão, para quem as crianças
aos seis anos de idade deveriam pertencer ao Estado. Deixar a família nuclear para
pertencer à nação. O amor platônico era favorável ao matriarcado, sociedade
igual, sem classes e sem pertencimentos do ego. No entanto, seu amigo Sócrates era favorável à pederastia como técnica para aprendizagem de certos conhecimentos sobre o homem...
Finalmente, a inversão que levaria à crise da filosofia messiânica
seria elevar o homem a tal expoente que por uma suplica inversa ele é amado por
Deus, e não o contrário (ama a Deus). Nesse ínterim o homem não se iguala a
Deus por um triz, mas pode se colocar como seu servo, e para se tranquilizar na
sua existência apartada de Deus por mera negatividade que subjaz, que é
inerente, descobre seu espírito com uma carga de negatividade. Aqui a Comédia
vira Tragédia. O homem antes semideus se vê errático.
Assim, o homem que só se realiza onde há costas (fronteiras, mares
para se intercambiar bens e mulheres - que se tornam bens) está de costas para consigo mesmo, procurando por Deus, que parece o abandonar. Mas como enxergar O
Ser estando noutro plano? Constatando, como fez Descartes confundindo Platão,
a razão, a ideia e a emoção, a sensação, estarem em planos distintos, em mundos
distintos? Seria obviamente apenas possível teorizar (do grego to theon, olhar
para, venerar - venerar o Ser). E com a techne grega e humana se teoriza tudo.
Mesmo a hermenêutica é uma técnica para se ouvir Deus - na Bíblia, com a escolástica.
Mais uma vez o homem, que se elegeu ser autossustentável no agora, também com a psicanálise, se vê em falta. Falta que é oriunda d'um desejo
impossível de ser cumprido - a busca pela outra metade grega, que se perdeu no
momento da Criação (dimiourgía ). (No passado, portanto, e que só pode ser encontrada no futuro). O homem patriarca e sacerdote solipsista percebe que sua existência só
tem justificativa para consigo mesmo através da religião (latim, religare, retornar
ao ser, de origem - há controvérsias sobre a tradução ou etimologia). Mas se sua religião
só faz sentido numa vida civil apartada da sociedade, e do tipo comunidade (de laços mais afetivos e
menos profissionais), a revolução industrial e o mundo moderno (ou pós) só o sacrificam
a cada dia, literalmente e numa antropofagia inconsentida.
O homem continuaria a procurar com suas técnicas, ciência e
filosofia o sentido do mundo. Queria ordenar seu caos em forças físicas lógicas.
Mas, da mecânica clássica à relatividade especial, descobriu o mundo infinito só
contemporizado pela morte e aplainado pela outra vida (a)onde um apenas julgará e
sub-julgara, demonstrando haver no mundo sensível igualdade material entre os
seres, pois eles depreendem de uma mesma condição existencial.
O homem definitivamente precisa ser salvo: acreditou na serpente,
(e, portanto, caiu, a tal Queda), quem garantiu não haver morte e sim conhecimento infinito. (Re)Descobriu o infinito no ser - ou Deus - (via Kant)
apenas. Teve de se voltar à Salvação! Elege o próprio homem como caminho à Salvação. A filosofia como religião, a religião da humanidade como queriam os
positivistas progressistas - de nossa bandeira nacional ordem e progresso está seu
legado-... Estavam enganados e perceberam, antecipadamente com Lutero e a Reforma.
E, então, a ciência e a filosofia se voltam para o ser,
tentando se aproximar de sua ordem, tentando domar as forças e o caos aparente do Universo,
e elegem a metafísica para geometricamente definir os contornos da verdade, da justiça
e do bem; valores humanos, que deverão encontrados ser na civilização, ou ao menos
cultivados.
O que se constata é: há uma ordem a ser encontrada. O motor imóvel
de Aristóteles procurava por Deus (aquela faísca inicial ou centelha que move as coisas
e não é movida por nada). Acontece que a filosofia vai entrando em crise porque
ela passa pela mesma ordem da phisis
de Polibio (nascimento, crescimento, reprodução e morte - por revoluções)...e a própria linguagem retém, detém, contém o avançar, a evolução da filosofia, se não há neologismos...
E se a filosofia seguir a mesma dialética da religião, ela
se torna uma filosofia messiânica, que com o mundo da técnica adiara ou
suspendera a própria existência para se vir refletida. Sem uma crítica crítica, a existência ao mesmo
tempo que passa a ser mais importante do que a essência, com o Existencialismo
de Heidegger, Sartre e outros, se vê sem pé nem cabeça, se vê sem pais, sem
origens (ursprung) e, portanto, sem fins (télos). Mas não há teleologia; o homem está no mundo a sós e sendo oprimido. Por isso, por querer sua superação, o homem existencialista é
ansioso e busca a tudo consumir (ajudado pela vitória do capitalismo - cristão -
mais materialista do que o comunismo derrotado - quase todo ele ateu e
materialista!-)... Pois, nessa consumação, nesse consumismo ou consumerismo, há espaço
para a sua superação dialética (tese, síntese e antítese: homem negativo, espírito
negativo, homem e espírito positivos juntos - e de volta - (à) a natureza). Ação e fruição pela negativa, psicanálise freudiana.
Portanto, a superação dialética é antropofagia, é retorno em matriarcado, é consumir-se e consumir aos demais para se engrandecer e aprender com o outro que na verdade é um só. E amar ao próximo, ao outro, é verdadeiramente amar a Deus! Como na mensagem cristã que quase fora tornada sacrilégio quando houve encarnação e questionamento sobre o abandono do homem por Deus. De fato, o homem abandonara a Deus e pensara que acontecera o exato contrário. Nietzsche, ao dizer que Deus está morto, apenas estaria indicando o assassino de Deus: o próprio homem, egoísta. E cego seletivo, que só olha para si e esquece que sua existência só faz sentido de forma relacional. Mas sem submissão, pois a supracitada crise advém justamente da submissão (ir)racional (grego krisis, krinein, separação, divisão, julgamento, razão).
Portanto, a superação dialética é antropofagia, é retorno em matriarcado, é consumir-se e consumir aos demais para se engrandecer e aprender com o outro que na verdade é um só. E amar ao próximo, ao outro, é verdadeiramente amar a Deus! Como na mensagem cristã que quase fora tornada sacrilégio quando houve encarnação e questionamento sobre o abandono do homem por Deus. De fato, o homem abandonara a Deus e pensara que acontecera o exato contrário. Nietzsche, ao dizer que Deus está morto, apenas estaria indicando o assassino de Deus: o próprio homem, egoísta. E cego seletivo, que só olha para si e esquece que sua existência só faz sentido de forma relacional. Mas sem submissão, pois a supracitada crise advém justamente da submissão (ir)racional (grego krisis, krinein, separação, divisão, julgamento, razão).
Então,
com a psicanálise revisitada, Oswald fecharia o tomo: o "natural" (o desejo do eu) repreendido
causa doença psíquica, loucura - que não é acometimento de seres divinos, como
na Grécia de Dionísio e Cia, mas desejo reprimido, e autoflagelo. Toda essa
ortodoxia solipsista (só o eu existe, um outro "eu" que não o self, ou eu, ou id) dará no niilismo ou na vida contemplativa
enclausurada nos conventos, por exemplo, e significam negação ao estado
patriarca, repressor ou opressor em que vive a sociedade pautada na moral do
escravo (o senhor e o escravo dependem mutuamente) e do trabalho (o homem só se
diferencia de outro ser, de outro objeto e só reconhece existir porque
trabalha: aliena-se: se entrega, se descobre, se revela, se diferencia do outro humano causando dependência mútua, porque humana...).
E mesmo a liberdade só é reclamada na sociedade patriarcal.
Pois na matriarcal, que se pretende retornar, na há coerção, não há escravidão;
há o estado de ócio e do lúdico. A morte não será mais temida porque o Estado
laico não a venera e promete a redenção no céu, mas paga o enterro. A vida é
celebrada não como Dionísio, mas como ética pura, universal, de vontades que
coincidem. E então o messiânico se contrapõe ao antropofágico. O matriarcado ao
patriarcado. E todos os itens da conclusão da tese de Oswald.
No entanto, com uma teoria na qual a vontade de poder é um problema, e se constata o inexistir do livre-arbítrio, a discussão sobre o patriarcado e o matriarcado acima descrita vai por um outro prisma: o da coerção pura e simples da contemporânea sociedade, e a redução às escolhas racionais.
A sociedade pós-moderna pós-humana co-aciona desde as aparências e faz confundir que sem o deter das consequências não há ação livre. Vale uma citação:
"Admitir a teoria da plena irresponsabilidade humana perante o bem e o mal traz quase uma humilhação para o homem, pois seu maior substrato de humanidade era justamente a capacidade de realizar escolhas morais, escolhas livres.... A irresponsabilidade e a inocência é um fel que o sujeito de conhecimento tem que suportar, principalmente porque estava acostumado a enxergar na responsabilidade e no dever a credencial de nobreza e de sua humanidade." 1
Tudo o que o homem faz é do bem, porque é da natureza, e a moralidade, que depois se elencará virtude, é algo para oprimir o homem em sua natureza livre. O homem livre é bom e inocente. Mas o homem que teoriza o conhecimento é cruel, esconde a verdade racionalizando: ao querer ser sujeito tenente de suas ações o homem se desumaniza, pois por natureza ele é bom e verdadeiro, mas com a coerção do mundo social ele aprende a respeitar regras morais que permitem a sociedade, e que o oprime a tudo.
Assim, uma ação má na verdade é uma ação boa alterada, embrutecida; e o livre-arbítrio se é mesmo pautado na escolha livre do sujeito, que existe em sociedade, é, portanto, uma mentira: o homem não tem decisão, responsabilidade nas suas escolhas, pois não tem escolhas a fazer: ele não é livre em sociedade a não ser por coerção; moralmente, ele sempre age conforme a sua natureza, que é boa, resumiria um Nietzsche durkheminano avant la lettre e relendo Platão. Pois, os valores morais às suas escolhas, se boas ou más, são apenas julgamentos dentro de uma sociedade que elege seus próprios valores, e quais são bons ou maus. Em verdade, o homem não pode ir contra suas vontades, seus afetos. Por isso sua escolha é inocente. Não há moral na natureza.
Para contemporizar e contextualizar em certa medida:
"O que é direito escolhamos para nós; e conheçamos entre nós o que é bom" Jó 34:4.
Por fim, há a questão do poder e da vontade: a vontade de poder não pertence ao homem em sua primeira natureza, mas com o passar do tempo, a moral, a submissão, com repetição, elege ao existir da sociedade a obediência. Daí o poder se instaura por ordem e juízo. O homem se aparta de sua natureza para ser alienado, dependente. Ganha uma segunda natureza. Quando busca liberdade, ser livre, é porque se descobre preso. Somente com as dores do parto se libertará. O homem é moralmente irresponsável, mas a sociedade o coage e condena a tudo, inclusive a ser livre (deduz Sartre) e, em seguida, ele se vê obrigado a ser responsável socialmente.
Só o eu existe. Eu: Deus.
Com os autores pós-medievais e modernos o homem se vê forçado a ser livre, a obedecer
a si mesmo, como que parecendo que ele havia esquecido isto: que seu espírito é livre e
sempre (o tempo do nunc stans) foi! O homem é condenado a ser livre, afirma, num aparentado paradoxo, Sartre, provavelmente relendo os contratualistas da época de Rousseau e Hobbes...
Acontece que uma liberdade que não sabe de onde vem e para onde vai não precisa
existir. Sequer consegue se ver exisitindo. Por isso há ditadura, ou demagogia; Estado
laico, ou populismo.
A democracia está longe, a república não se enxerga: o sentido dessas formas de governo
é o controle do povo pelo próprio povo, mas se ele não se detêm senão como sendo sem
sentido, um messianismo pós-moderno, superficial e leve(light) e por isso mais perigoso, é
um consenso. Alguém tem de ditar.
O mundo líquido flutua em seus sentido de íons concentrados ao bel prazer do cliente
emulador de elétrons: a virtualidade comenta, segmenta, indica e conduz. Não há moral,
bem, mal, estética, ética e verdade que não seja configurada. E se ela não é maleável,
tende ao sumiço no meio líquido, osmótico. A tendência ao equilíbrio também tende à
estupefação, à sublimação, ou ao blasé e à homeopatia.
A cura para a doença acerba da sociedade é talvez sair da letargia, e das pulsões mútuas, recíprocas e todas elas sem sentido definido para se encontrar num meio, se concentrar, como uma célula perigosa pro(ó) bem. Porque detendo a verdade, não estará presa (a alma, o espírito, o ser). Um paradoxo: será livre se detiver a verdade. E a verdade, que é a existência do outro, tem de ser revelada, liberta(da) no tempo certo.
Não é só a verdade que liberta. É o libertar que se revela verdade; é preciso libertar a
verdade. A verdade parece presa. A verdade é livre. A verdade não pode ser detida, então
como detê-la? Um paradoxo... O problema é que ninguém precisa da verdade, já somos
livres... Este é o mundo pós-humano.
Estou brincando com a verdade...devo ser punido?
1: http://www.recantodasletras.com.br/textosjuridicos/3330932
No entanto, com uma teoria na qual a vontade de poder é um problema, e se constata o inexistir do livre-arbítrio, a discussão sobre o patriarcado e o matriarcado acima descrita vai por um outro prisma: o da coerção pura e simples da contemporânea sociedade, e a redução às escolhas racionais.
A sociedade pós-moderna pós-humana co-aciona desde as aparências e faz confundir que sem o deter das consequências não há ação livre. Vale uma citação:
"Admitir a teoria da plena irresponsabilidade humana perante o bem e o mal traz quase uma humilhação para o homem, pois seu maior substrato de humanidade era justamente a capacidade de realizar escolhas morais, escolhas livres.... A irresponsabilidade e a inocência é um fel que o sujeito de conhecimento tem que suportar, principalmente porque estava acostumado a enxergar na responsabilidade e no dever a credencial de nobreza e de sua humanidade." 1
Tudo o que o homem faz é do bem, porque é da natureza, e a moralidade, que depois se elencará virtude, é algo para oprimir o homem em sua natureza livre. O homem livre é bom e inocente. Mas o homem que teoriza o conhecimento é cruel, esconde a verdade racionalizando: ao querer ser sujeito tenente de suas ações o homem se desumaniza, pois por natureza ele é bom e verdadeiro, mas com a coerção do mundo social ele aprende a respeitar regras morais que permitem a sociedade, e que o oprime a tudo.
Assim, uma ação má na verdade é uma ação boa alterada, embrutecida; e o livre-arbítrio se é mesmo pautado na escolha livre do sujeito, que existe em sociedade, é, portanto, uma mentira: o homem não tem decisão, responsabilidade nas suas escolhas, pois não tem escolhas a fazer: ele não é livre em sociedade a não ser por coerção; moralmente, ele sempre age conforme a sua natureza, que é boa, resumiria um Nietzsche durkheminano avant la lettre e relendo Platão. Pois, os valores morais às suas escolhas, se boas ou más, são apenas julgamentos dentro de uma sociedade que elege seus próprios valores, e quais são bons ou maus. Em verdade, o homem não pode ir contra suas vontades, seus afetos. Por isso sua escolha é inocente. Não há moral na natureza.
Para contemporizar e contextualizar em certa medida:
"O que é direito escolhamos para nós; e conheçamos entre nós o que é bom" Jó 34:4.
Por fim, há a questão do poder e da vontade: a vontade de poder não pertence ao homem em sua primeira natureza, mas com o passar do tempo, a moral, a submissão, com repetição, elege ao existir da sociedade a obediência. Daí o poder se instaura por ordem e juízo. O homem se aparta de sua natureza para ser alienado, dependente. Ganha uma segunda natureza. Quando busca liberdade, ser livre, é porque se descobre preso. Somente com as dores do parto se libertará. O homem é moralmente irresponsável, mas a sociedade o coage e condena a tudo, inclusive a ser livre (deduz Sartre) e, em seguida, ele se vê obrigado a ser responsável socialmente.
Só o eu existe. Eu: Deus.
Com os autores pós-medievais e modernos o homem se vê forçado a ser livre, a obedecer
a si mesmo, como que parecendo que ele havia esquecido isto: que seu espírito é livre e
sempre (o tempo do nunc stans) foi! O homem é condenado a ser livre, afirma, num aparentado paradoxo, Sartre, provavelmente relendo os contratualistas da época de Rousseau e Hobbes...
Acontece que uma liberdade que não sabe de onde vem e para onde vai não precisa
existir. Sequer consegue se ver exisitindo. Por isso há ditadura, ou demagogia; Estado
laico, ou populismo.
A democracia está longe, a república não se enxerga: o sentido dessas formas de governo
é o controle do povo pelo próprio povo, mas se ele não se detêm senão como sendo sem
sentido, um messianismo pós-moderno, superficial e leve(light) e por isso mais perigoso, é
um consenso. Alguém tem de ditar.
O mundo líquido flutua em seus sentido de íons concentrados ao bel prazer do cliente
emulador de elétrons: a virtualidade comenta, segmenta, indica e conduz. Não há moral,
bem, mal, estética, ética e verdade que não seja configurada. E se ela não é maleável,
tende ao sumiço no meio líquido, osmótico. A tendência ao equilíbrio também tende à
estupefação, à sublimação, ou ao blasé e à homeopatia.
A cura para a doença acerba da sociedade é talvez sair da letargia, e das pulsões mútuas, recíprocas e todas elas sem sentido definido para se encontrar num meio, se concentrar, como uma célula perigosa pro(ó) bem. Porque detendo a verdade, não estará presa (a alma, o espírito, o ser). Um paradoxo: será livre se detiver a verdade. E a verdade, que é a existência do outro, tem de ser revelada, liberta(da) no tempo certo.
Não é só a verdade que liberta. É o libertar que se revela verdade; é preciso libertar a
verdade. A verdade parece presa. A verdade é livre. A verdade não pode ser detida, então
como detê-la? Um paradoxo... O problema é que ninguém precisa da verdade, já somos
livres... Este é o mundo pós-humano.
Estou brincando com a verdade...devo ser punido?
1: http://www.recantodasletras.com.br/textosjuridicos/3330932
Nenhum comentário:
Postar um comentário