*Lembremos que meus apostos são livremente inspirados em A Brincadeira, de Milan Kundera (quero dizer, são meros pensamentos!)
Freud e uma questão de insight*: Deus. O ateu que continha uma Prova.
"Reconhecemos que o Inconsciente não coincide com o reprimido; é ainda verdade que tudo o que é reprimido é inconsciente, mas nem tudo o que é inconsciente é reprimido."
"todo conhecimento tem sua origem na percepção externa"
Segundo entendo, para Freud, se o id toma conta do ego, há pouco amor-próprio. Mas o ego pode realizar uma substituição e tornar-se objeto para o id amar, daí se tem mais amor-próprio, conjecturamos. Curiosamente, talvez seja isso o desapego.
O desapego seria, numa palavra, a transformação da libido do objeto sexual em libido narcísica. E isto é sublimação. Talvez mesmo Santo Agostinho, de certo modo, ao pregar o desapego referia-se a amar mais as coisas como elas são, em sua natureza: uma libido anaclítica e holística. E isso pode parece bastante nietzschiniano! Para Nietzsche todas as coisas do homem são boas, suas ações inclusive. Mas, retornando, Freud trata de catexias, impulsos e seus sentidos ou orientações, realização ou repressão nos objetos amados e etc.
De fato, Freud é ateu. Em aproximação esdrúxula, para Freud Deus seria o superego (o ideal do ego) sendo descoberto, simplesmente aquilo que nunca poderá ser alcançado? (Sobretudo devido às restrições morais da sociedade. - E se assim o for, é mais fácil alcançar o nirvana budista, uma vez que se tem total desapego e total substituição de objeto de adoração, se não narcisísta, holística, e Deus estará sempre presente positivamente, existirá necessariamente).
Segundo seu entendimento sobre a religião, ser humilde seria, portanto, admitir nunca poder alcançar o ideal do ego, o super-ego, e se resignar a conter os desejos do id (self, eu) por saberem egoísticos - mas pode ser o oposto exato, se o ego é autoconsciência do eu, self, id - e distantes da razão, mas próximos da paixão (isso numa sociedade que preconiza o racional)? Mas isso não seria admitir que Deus inexiste, ou que ele é um simples objeto de veneração? Pela lógica descrita, um totem tornado tabu? - Ou talvez admitir que esta seja uma Prova de que Ele existe, prova material, intelectual e por que não espiritual? Uma vez que todos podem alcançá-Lo se O descobrirem, Nele crerem, ou se a Ele forem mostrados, apresentados: como discordar de si mesmo?, perguntaria Kant. Isso seria logicamente irracional. O Absoluto, o imperativo categórico, a Razão Absoluta é presente em todos os homens, logo todos podem olhar para Deus (totheon-ricamente). É a ética humana verdadeira, universal. Somente sem liberdade não se pode acreditar em si. - O livre-arbítrio talvez traga a dúvida! Dúvida cartesiana ou de Jesus?
Com Freud, se a consciência não consegue viabilizar, realizar os desejos, reprimidos, pós-anáclise, inconscientes ou pré-conscientes, se não há análise, há crise, neurose, tensão, sentimento de culpa e outros "di-agnós-ticos" a depender da origem do problema. A melancolia pode surgir, como a própria confusão de ideias? É um caminho.
Deixemos estas questões para se pensar e discutimos que, para Freud, quando há um mesmo ideal do ego (entre pessoas), há identificação. E o ego é o representante do mundo externo para o id. O ego é uma parte especialmente modificada do id. São a mesma coisa e junto com o supergo compõe a estrutura da mente, que funciona.
Ainda, pelo que parcamente resumo de Freud, o inconsciente é: dinâmico: função; descritivo: qualidade; sistema: se aproximando de estrutura. Consciência é função do sistema (da estrutura da mente). No sentido descritivo há dois tipos de inconsciente, no sentido dinâmico apenas um. A mente tem uma estrutura (id, ego, superego) e tem funções, operando como (por) um sistema.
Por fim, discute-se que há impulsos que têm ou não sentido definido para operar este sistema e levar à ação e fruição, que obedecem resumidamente ao desprazer e ao prazer. Prazer é consciência realizada. Desprazer é o oposto. E trocas, substituições econômicas dos sentidos e cargas destes impulsos ocorrem para o bom funcionamento do sistema, para o pré-consciente, latente se tornar consciente e se realizar.
Assim amor e ódio podem ser sinônimos ou se direcionar a um mesmo objeto em tempos variados ou simultâneos, insconsciente e/ou latentes. E somente quando racionalizados, quando tornados conscientes os (estes citados, como amor e ódio) sentimento sociais são percebidos. E como todo conhecimento tem sua origem na percepção externa, são precisos(necessários) os sentidos: primeiros as palavras ouvidas e depois escritas, mas figuras também servem.
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