"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Tristeza não tem fim, senão a felicidade

Tristeza não tem fim, senão a felicidade

Nove horas. Acordamos. Não levantamos, mas pensamos igual. Olhamos o relógio. Antes de ela saber, anunciei: nove e três. Ela se perguntava como eu sabia que ela procurava pelo tempo. Não respondi na hora, apenas depois de momento. E foram felizes momentos. Nadamos, remamos, olhamos o topo do Frade. Estávamos a pescar com as mãos, e o tempo escorria como areia dentro d´'agua: lentamente, nos nossos cabelos.

Nossos cabelos, aliás, eram fruto de uma aposta insossa, ou imberbe. Queria-se a fúria, pois perseguia-se a mania citadina de ficar irritado. Mas não se compreende que a areia dá prazer quando escorre pelo corpo. Somente a água o sabe. A areia no corpo faz massagem, quando fina, limpa, quente, refrescante embaixo da água duma amena temperatura. E eu via em seus olhares uma busca pela temperatura não refugida. Queria-se ação para aquecer o corpo. A ação era solene. Solstícia. Ventava. Era noite.

O tempo não passava sobre os caiaques na lagoa. Ao fundo o som se fazia mudo, porque distante do mundo. Decerto foram momentos nos quais não prestávamos atenção aos batimentos dos corações cheios de relógios. Queríamos apenas um descanso, uma vista alegre e uma conversa apurada. Tínhamos na ponta da língua o sabor para cada pergunta, procurávamos deixar ela sozinha, mastigando, deglutindo a vontade de morder a verdade. A verdade pode ser mal, às vezes cruel, mas ela é crua. E quase nua. Por isso seu gosto deve ser aos poucos revelado. Ao ponto deve ser cozida. Naquela temperatura era quase banho-maria.

Viajávamos. Dormíamos. Sonhávamos com facilidade. Mas o sonho era real, porque a tristeza fora convertida plenamente com a companhia de velhos novos velhos amigos. A confiança se instaurava e reforçava. O segredo se revelava aos poucos, continuando, no entanto, turvo. Devia ser a água da lagoa, cheia de algas. Ou a água maremota, muito marota. O sal quebrava-se nas ondas e aumentava a temperatura corpórea e a condutividade elétrica, afirmava-se. A água ingerida deveria ser cautelosamente filtrada. Pois, se queria apenas passar a tranquilidade do não-pensar. Finalmente, à noitinha ela chegava.

Lá estava ela, a Lua. O satélite mas branco da Terra. Mas ela, um pouco envergonhada se demorava a surgir entre as nuvens, e na escuridão da água lacustre nascia alaranjada. Ventava. O pensamento se apensava ao tempo, num processo sorumbático e noturno ao exterior, mas reluzente e elétrico no interior. Via-se um medo. Era a Lua que se demorava apertando os lábios aos dentes, de frio. Frio fora da água. Calor em seu interior. Certamente falávamos da mente. Não do mentir, mas da ciência, da religião, do ser, do ser sociológico.

Éramos madrugada, manhã, tarde e noite. Café, janta, almoço e lanche. Sentíamos silêncio e som. Trememos. Boiamos. Pensamos em dormir, pensamos em comer peixe frito, pensamos em ler. Lemos juntos. Esperamos juntos o peixe ser frito (talvez foram os quinze minutos mais relativos desde Einstein. Porém, depois o simpático sorriso acompanhado com o peixe delicioso e um pedido de "desculpe a demora" salvaram-me a paciência. Nisso quase perdi a aposta, confessei). Dormimos no mesmo quarto, em várias camas.

No chão, era frio. No ar, era quente. No sono, quase passávamos calor, contamos com um ventilador. Por isso dormimos tarde e acordamos idem. De fato, aqui se revelou a cartada final de um jogo sem erros ou soma zero: que era a paz. A paz era sentir soninho gostoso, cansaço preguiçoso e pensamentos confortáveis. Pedíamos costas leves e massagem. Confiamos uns nos outros.

A confiança é o primeiro passo para um relacionamento infindo.

Obtivemos confiança. Eu gosto. Ela gosta. Ele gosta. Gostamos-nos, nos gostamos. Pudemos prosseguir em conjugação o verbo até o nós e o eles. Conjugamos gostar. Talvez apenas o gosto seja deglutido de forma diferente. Nossas papilas e salivas contêm as bactérias, que juntos ao olfato aproximam o gostar. Gostamos do cheiro. Do cabelo. Da pele. Do pensamento e da calma. Da irritação. De tudo gostamos. Da paisagem. Da água doce ou salgada, do caiaque flutuando contra ou a favor do vento. E só temos um desgosto: perder o tempo certo.

Mas o tempo não existe, se debatia. Apenas se conta o movimento, regido e indicado por Cronos. O verdadeiro tempo, a durée, explica outra coisa. Devemos aproveitar. E isso creio que fizemos, fazemos, faremos. E agora podemos nos ater ao momento do gosto. O apreciar o tempo outro. Sem apressar o tempo vosso. Sem apensar o termo oposto. Ouvi e vi isto: queria sentir apenas a adrenalina. Sentimos com a apreensão. Deixamos a curiosidade estatelada. À vista da pele, ao seu toque. Roçamos ideias corpóreas sem maus pensamentos.

Nosso toque vinha acompanhado de ritmos, pois. Queríamos funk, nos fantasiamos e dançamos. Queríamos samba, nos encomendamos e dançamos. Queríamos silêncio, nos silenciamos pensando. Queríamos até estar sozinhos, pois a maturação é precisa. Pouco conseguimos. Estando sozinhos, sentíamos falta. E até uma ligação preocupada efetuei. O vôlei me distanciou, por isso joguei mal, cortei pouco, recebi mais do que esperava, e mandava bolas tortas ao levantador, que me entendia perfeitamente.

Ele sintonizava também minhas ondas de pensamento. Tínhamos captado a mesma frequência, mas nossos relógios continuavam dessincronizados. Por isso insistia na premência do Aion ou de Kairos, os outros tempos, sobre o Cronos, este odioso tempo. Às vezes, tudinho, tudinho não era compreendido, e o riso era pela inocência. Pensamos em beatificação, que Deus nos perdoe! Era uma brincadeira, mas a tentativa da descoberta resultava rostos cheios de dúvida sobre o saber, maldoso saber. Um rosto lindo. Sempre sorridente.

Aqui, finalmente, encontramos a citada paz ou felicidade. Talvez Deus, o Amor. A Lua não podia refletir melhor o seu sorriso. Nem  Aldebarã, Sírius ou Canopus eram tão bonitas, notei e repito-lhe. E este brilho todo cativante apaixona até o mais frio ser. O ser sociológico. O homo sociologicus, para brincar com a terminologia de um famoso sociólogo alemão. E a sociologia continua a despertar curiosidade. Quer ser estudada. Mas o que me inspira são suas letras ou palavras, mormente as não ditas. Somente uma ajuda médica poderia me auxiliar em tal pathos. Talvez eu estivesse patético mesmo, e, sem perceber, grudei o olhar em seu sorriso.

Isto, segundo linguagem médica especializada, poderia ser uma síndrome (um conjunto de sintomas) de uma doença que acomete seres sensíveis, mesmos os frios, seres humanos. Síndrome que não tem nome mas é por todos sentida. Síndrome que se apresenta ao encontrar da beleza perfeita. A beleza espiritual, que tem a paciência e dúvida como charmes e a beleza corporal, a qual nos remete olhares maldosos. Será que apenas o olhar deve ser mal? Não! Cremos juntos.

A beleza esta na dança, sensual. A beleza está decerto no corpo, insinuante mesmo sem querer ser. A beleza está no reflexivo, pouco tímido, sempre-vivo sorriso! A beleza está na curiosidade, que nos leva a países distantes. Europeus-Americanos-Africanos. Todos maiúsculos. A beleza nela está. Na beleza de seu olhar. Não apenas nos olhos de quem vê o Mundo em cor de rosa, com seus óculos do Sol, mas em que vê o Mundo por castanhas cintilantes. Ao Sol e à Lua, com espáduas nuas. Será que nos perdemos no caminho?

Fomos dirigir. Dirigimos sem parar, não temos assistente de direção no filme da vida. Dirigimos pela estrada mais profícua. Daí deparamo-nos com a areia, vencida com um rally. Deparamo-nos com a vegetação crescente na areia, restinga escondendo insetos, espinhos e outros perigos menores. Viver é perigoso, ouvi. Mas não viver é ainda mais perigoso, retrucava em pensamento. (Por isso usemos cinto de segurança até para comprar galão de vinte litros de água na esquina. Afinal, mesmo a velocidade baixa pode causar calombos, lesões contundentes e permanentes.) À velocidade baixa também se aprisiona vidros nos calcanhares. E à velocidade baixa, porém constante, se aquece motores implosivos, imprudentes, coerentes com o calor que queima gasolina em demasia, que superaquece o que parecia metalicamente frio e seriamente forjado. Ou que ao longe parece até batido, ou abatido. Mas apenas pensa. Sociologicamente há uma explicação. Pela medicina se busca uma cura. Decerto, só se pode interpretar o caminho. E a interpretação quando falha é problemática, causa acidentes. Acidentes são sempre inesperados, por mais cautela que se tenha. O barco pode afundar quando não se vê seus furos no casco, ou quando se preenche por líquidos perigosos. O casco até se racha quando o impacto é forte. E nenhum iceberg excede a pressão se a velocidade é constante, o furor é grande, e há uma volante a guiar à descrença. Numa palavra: afoga-se.

Assim, afogados em uma direção biunívoca, que como Roma a todos caminhos leva, dirigíamos no escuro com faróis cansados. Voltamos da lagoa distante, após longa caminhada ainda mais reflexivos. Víamos-nos nus; mas estávamos cheios de casacos sobre a pele. Não passamos frio, nos aquecemos discutindo o ser religioso, o pensar amoroso. O pecado de não se saber se a desobediência originalmente nos acometia ou se pecávamos por questionar a verdade do mundo. O mundo se nos apresenta nos sonhos e nas visões. Nossas visões estão em paralaxe. Nossa rã perspectiva pode nos cegar. Mas não apenas cegou como atingiu-nos uma flecha. Fui escolhido pelo Cupido?, me perguntava. (Ele estava na festa à fantasia, poderia  ter brincado comigo. Ele estava sempre se escondendo e não percebíamos sua flechada. Quando ele me avistou, vi que estava sem flechas; o interroguei. Procurava, além do arco, a harpa. Disse-me uníssono: "não tenho harpa, era pesada demais para meu fardo, não pude trazer da Grécia, mas minhas flechas lanço para o alto ao ocaso, quem sabe quem foi atingido?, o amor não escolhe e não vê fronteiras, e meu dever é aproximar quem parecia distante, e, por isso, meu fardo incessante: não sei se minhas escolhas são as do livre-arbítrio ou se o acaso me detém, apenas quero o bem"). Achei o Cupido por demais filósofo. Em meio à música do ambiente de fantasia, detive as palavras do Cupido e só agora as compreendo. Demoro. Meu tempo é outro. Quero e espero que tenhas percebido. Nosso novo velho amigo notara, e apoiara. Porém, as entrelinhas faziam-se dificultosas. Atravessaram nosso caminho a cada multidão instantânea. A multidão me cercava, e a timidez, se nos aproximava, também nos distanciava. Estamos em paradoxo. Não estamos.

Por isso busco episódios e lembro de tudo como um todo. Busco dados e fatos, e acho contos. Remexo meu arquivo de memória repentina e penso somente no lapso. Lapso de tempo que nos rememora que não se pode perder mais tempo em escrita ou mesmo pensamentos. Precisamos agir para nos mover, pois a ação que não envolve movimentos progessivos é a desaceleração. E isso meu coração não pode mais sentir, senão para. Então me indago se o batimento é apressado pela inconfidência, pelo nervosismo ou pelo tato. De fato, o tato nos acelera, mas não nos pode faltar mais. Temos, portanto, por tanto contato, medo. Medo de algo maior. Medo de adrenalina não dispersa. Medo de serotonina desregulada.  Medo de ser a fim, de serafim. Medo de ser, enfim, descoberto. Medo de dormir num sonho. Medo de não ter medo. Medo de saber. Escondamos os medos.

Por isso, revelo, pedir a um sociólogo um conto ou uma explicação é apostar na filosofia. Pois, a sociologia é uma forma filosófica. É o amor ao saber social. É o destrinchar caminhos. Mas quando o amor no caminho social se converte em individual, ou temos uma explicação sociológica pouco marxista, pouco estrutural, mais vertente à antropologia, mas casuística, se aproximando de um individualismo metodológico ou da explicação micro, do agente, do ator, menos da concretude como sobredeterminante, a macroestrutura. Ou temos um caso. E o caso que me retém é a fixação lunática. Digo, de Lua. Desde a beca à Lua.

De fato, a Lua me lembrava da eficiência....quanto mais eficiente é algo, mais próximo do esgotamento, da morte este algo está....pois, no limite, você conhece algo mais eficiente do que a morte? Ela nunca falha...e a Lua demarca um astronômico tempo.  Mas, voltando às vacas magras, quer dizer, à natureza ontológica das coisas (-... apesar de que na natureza não existem vacas gordas ou magras, elas estão sempre em forma, como todos animais que vivem na natureza procurando algo, mormente o que comer no dia seguinte. Fechemos esse parênteses antes que nos contaminemos pelo resfriado que é a imaginação paralela...) estávamos com relógios trocados. K e O e P. E eu estava quase sempre com o relógio de O, por motivos coincidentes, talvez de personalidade, talvez inclinação astronômica. Certamente por gosto. E eis que surgia a questão em minha mente, nesses instantes de relógios altercados, de como respeitar a opinião do outro (apesar até de discordar se o outro existe) é mais fundamental se, e somente se, as vontades forem algo racionais e emocionais conjugadas. Se elas são pensamentos convertidos ou sintetizados. Se são conclusões.

Elas, então, as vontades, não podem ser circunstanciais e têm de estar associadas à personalidade (por isso disse que era por motivos de coincidência: me referia à coincidência de vontades, que associo à coincidência de personalidades, como subscrito). E nestes momentos podemos perceber como amigos são tão amigos quando conseguem se ouvir: e isto, às vezes, é fonte de problema; e, na maioria das vezes, quem ganha é a retórica do convencimento, pois se queria executar uma vontade em conjunto porque se sabia que uma postura de isolamento parcial pode ser tida como egoística.

Então, decidíamos depois de breves (geralmente - com exceção do episódio no qual se elegeu um juiz) argumentos e discursos de convencimento se íamos nadar na lagoa, andar de (a) caiaque, mergulhar no mar -sempre gelado- comer um peixe frito ou jogar totó, pebolim, fla-flu etc no clube. Durante este intervalo de pensamentos víamos a paciência se exercitar, vindo e se esvaindo; a prática sofista médica entrar em ação; argumentos que buscavam a conjugação e outros que buscavam mostrar a interação como sendo necessária, ainda que a percepção (fosse) seja tardia. A troca, a interação funda a sociedade. O ser social dela depende, depreendeu um antropólogo francês.

Porém, existem momentos nos quais o corpo e a mente pedem um espaço, um tempo (por indutiva inteligente, sabem que o tempo e o espaço são uma só coisa e esteticamente não se podem separar) para reconfiguração e readaptação às circunstâncias, para formação e reformulação de ideias, em suma, para maturação. E este precioso quarto tempo, um tempo extemporâneo ao três tempos da filosofia, a ressaber, o de Aion, o de Cronos e o de Kairós, apesar de estar margeando ou tangenciando a realidade é absolutamente real e necessário. Está sempre presente. É ele quem ora evita ora provoca o cansaço emocional numa pessoa, a depender se é ou não observado. E ele foi somente observado, em meio a agitação invariante dum local esmo.

Assim, com essa nota introdutória à sociologia dos contos, lembrei-me de destrinchar apenas um caso. O caso todo num caso solo. E conta-se um caso por vez de uma vez por todas porque se quer evitar o enfadonho do detalhe. Em verdade, um caso pôde resumir toda a história. E o caso apensado, para brincar com terminologia sociojurídica, foi justamente um no qual a reprodução das vontades foi aplainada por um evento. Foi o passeio de caiaque.

E assim foi: tudo começou como um processo, o processo de saber quantos caiaques estavam disponíveis.

Este processo resumira algo mais. De fato, havia três caiaques disponíveis: um modelo era antigo e pesava mais de 30 kg, já os outros dois eram novos e pesavam cerca de quinze quilos. Nesta diferença de massa residia também parte de meu argumento nunca falado ( o tal "não dito" que é tão ou mais fundamental do que o "dito", como se sabe linguística e antropologicamente): carregar os caiaques da garagem à lagoa exigia hercúleo esforço e risco de lesão caso um movimento brusco ocorresse. Além disso, e ainda mais importante, outro argumento interno ao pensamento para não usar o caiaque antigo era a possibilidade de ele virar, em meio a um vento forte à lagoa funda e com algas que podem agarrar alguém com seus "tentáculos"; e já que era fechado, diferente dos novos, abertos, e contendo um furo, e se enchendo com água e afundando em parte funda da lagoa... e daí a tentativa de resgate da pessoa e da embarcação poderia redundar em desgaste físico desnecessário, precedendo o risco de afogamento.

Assim, passando este processo de "busca e apreensão de caiaques", se evidenciava também um traço de minha personalidade quando no debate, na discussão argumentativa para a consecução das vontades coletivas: a ação por demais cautelosa.

 Talvez viver seja correr riscos, mas se podemos evitar os maiores riscos, os riscos de morte, ou de vida, como discutimos brevemente, é-me preferível. Por certo, viver é perigoso. Mas, repito, mais perigoso ainda é não viver. E estas duas frases são sinônimos escusos, ou seja, resumem sinônimos exclusos ou ocultos: depende apenas da conotação da palavra viver: se vive para correr riscos e para preservar a vida.

Tornando ao passeio, fomos passo a passo. Numa cessão de vontades, duas pessoas foram andar de caiaque, eu e ela. O K esperava pacientemente sua vez. E, para esperar a vez, imagino que conversou com quem mais estava na areia da lagoa, PP e mais amigos. Depois, cansou e foi ler. Lamentamos, internos.

 No entanto, no passeio pudemos aproveitar bem. Ao chegarmos a uma margem após vinte minutos de remo, deslumbramos um pedaço paradisíaco da Terra. Perdemos todos os tempos e achamos outros tempos. Submersos. Pescamos, deixamos de pescar. Pegamos o Sol sem proteção, nos protegíamos pela água desviadora de radiação. Mergulhamos. Jogamos areia. Escorremos areia pelos cabelos. Queria-se irritar com a areia. Mas a irritação vinha pela falta de irritação. A água quase irritava, hipoalergênica. As algas eram profundas, a margem afundava repentinamente. Não bem se sabia o que se passava à mente alheia. Apenas se imaginava. O tempo fora desapercebido. Ficamos horas. A fio. Perdemos alguns fios. Buscava um peixe a beliscar; fui beliscado. Cercamos peixes em armadilhas; fomos cercados por peixes. Nada disso tinha outro sentido, senão o imaginado. Imaginamos demais. Nos protegemos do Sol cobrindo nosso corpo com areia e água e corpos. Um pedido fora perdido. Um perdido fora encontrado. Vidrado, afundei na água. Estava em transe. Acho que ainda não acordei. Não pensava em nada naquele momento, apenas na Bondade, que é o Amor.


"Existe um lugar onde ninguém pode tirar você de mim. Este lugar chama-se pensamento... e nele, você me pertence." (Charles Chaplin)

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Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.