"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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domingo, 11 de abril de 2010

Ao lado da razão está a loucura, mas tem ela razão?

Ao lado da razão está a loucura, mas tem ela razão?

A razão como uma arte louca, e a loucura como arte razoável.


Há interpretações para o mundo, e quase todas pressupõem a razão. A razão é humana, constituída aos poucos, moldada e bem ou malfadada. E para haver razão é preciso o raciocínio, a conexão de ideias abstratas e vívidas e experiências, vividas. Espaço entre os pensamentos nunca pode faltar, sempre haverá conexões mesmo numa mente repartida, racionalizada. E mesmo se o erro ocorre, se a memória falha, algo permanece dando força à razão, e dando concretude à personalidade. Este algo é uma consciência.

Uma consciência sofre, alegra-se, teme e cuida a todo instante para manter viva a razão - e a louca razão. Mantém ambas vivas porque tudo está conexado nas mentes humanas; até para se dissociarem precisam estar num mesmo local de armazenamento de informações, dados, personalidade e instintos. No entanto, algo mais prevalece, sobrepuja o intelecto sereno e engana mentes frívolas. Este outro algo tem também nome, ele se chama mentira com embasamento consistente aparentemente, mas de fato falsa ou interesseira. Toda mentira é interesseira.

O interesse personalizável da mentira é apreciação da própria personalidade e ao mesmo tempo um treino para a vida moderna, ou pós. No tempo atual, da informação instantânea, do conhecimento dilacerado pois não deglutido e maturado, da atitude imediata impensada, a mentira ganha fatores. Estes por sua vez alimentam algo na mente que nada mais é do que a verdade para uma mente razoável: até através do falso se obtém o verdadeiro, porque obliterada a mentira pela equação cerebral do raciocínio imparcial, presente em toda e qualquer mente, a raiz é dissecada e somente a falsidade ou leviandade pode interpretar errôneamente uma verdade mentirosa, uma sobredeterminada vontade. Para mentir nem preciso querer é.

A precisão da mentira está associada à vontade naturalizada de obter vantagem pessoal ou conjunta, quando nenhuma delas é necessária, sumariamente, ou existe de fato e necessariamente. Mas o mentir é por vezes desapercebido e torna-se um hábito, um conjunto de caracteres ou modo de agir de uma personalidade. A qual é vista como falsa por mentes mais sensíveis. A sensibilidade da mente está associada à sua vontade de ser sempre verdadeira, mesmo quando a verdade é uma mentira. A verdade pode ser uma mentira quando existe vantagem para isso. Os conceitos variam e mentira e verdade se igualam pela leviandade, frouxidão.

Esta frouxidão, ou desejo verdadeiro reprimido, faz com que a realidade seja então falsa a todo momento, em quase todo instante, com exceto para os momentos das relações íntimas. Numa interação de mentes que se querem autênticas, não necessariamente querendo agradar alheamente, o verdadeiro ou toma conta ou comanda. O tomar conta significa precavimento para não deixar transparecer algo inverídico; o comando ocorre por razões de funcionamento de uma mente original, verdadeira para si sempre, não permissiva a vontades mesquinhas. E o funcionamento dessa mente torna-se patológico se a mentira de alguma forma vence.

Neuroses surgem, embolias arteriais, desregulamentos hormonais, psíquicos, comportamentais são sinônimos de uma mente vencida pela mentira, ou reprimida por uma parte perversa. A parte perversa é o centro motor da mente maniqueísta: quando o mal vence, quando em suma a mentira convence o desejo a se reprimir ou manifestar-se em órgão alheio. Há sim uma dicotomia essencial em toda as aparentemente inúmeras personalizadas mentes, mas esta é em tempo congelada e nitrogenada de forma líquida. Quando o desejo transforma-se líquido ele espalha-se, contamina todo o caminho da corrente sanguínea e vai atravancar o funcionamento ordinário. É como um cisto.

Este maligno cisto é amenizado por tratamento (psicoterapeutico), mas não pode jamais ser curado porque um espírito dominante já está incrustado, modificando e modulando o funcionamento perfeito da mente. A mente foi contaminada pela doença acerba da sociedade, a própria sociedade se torna uma doença e há espaço para sóciopatas serem considerados como tais, porque desvirtuados do padrão parecem loucos sem razão. No entanto a razão é também compartimentada, segmentada. Em um mesmo compartimento guarda-se a loucura e a genialidade, bem ao lado da prateleira dos desejos insólitos e dos quereres reais. Neste segmentos da personalidade o espaço para o gosto é amplo, e ele é acondicionado aos poucos, conforme a sua constituição instintiva e cultural ou social se lança, se alarga. Formado o gosto por essas experiências vitais e vocações inatas, torna a mente ordinária a originalidade de mentir e ser verdadeira.

A mentira verdadeira depende de um sujeito referencial pensado. E este pensar referenciado é um problema: se a mente quer ser verdadeira e precisa mentir para isso porque lhe é ensinada a descortesia das vantagens sob seres de idêntica espécie e condição existencial, o sujeito referencial torna-se inimigo em potencial, ou potência a ser dominada. Esta descortesia crê sozinha e coletivamente e faz acreditar, ao indivíduo e à coletividade, haver diferenças conflitantes que precisam ser vencidas, que não podem coexistir, que devem ser superadas. Mas esta lógica do ledo comunista pode ser oriunda de uma falsidade conceitual.

Um conceito falso acerbo na sociedade hipnotiza mentes para o agir irracional, o desrespeito, para o ser egoístico, o amor próprio exasperado, para o ter falso status, o querer parecer. E enfim para os desejos inalcançáveis, repressores da felicidade. Mas parecer não é ser. E ser exemplo é algo bom desde que o exemplo não seja incoerente com a realidade da mente, sempre verdadeira, íntegra, desposada de falsidades desordenadoras. Este conceito pode ser, por exemplo, a ideia frágil de Econômico.

Economia em sua originalidade tem a ver com foro íntimo e portanto não deveria se estender (a) mais do que isso. Mas, acerbo o conceito, compactuado irracionalmente, apreendido equivocadamente, ou distendido do sentido primevo causou e causa ainda verminoses em mentes, enxaquecas contagiosas: vontades irreais. Deste erro de interpretação nasce desde a teoria da macroeconomia ao teorema da simples determinação. Este último pode ser falso. Falso que se tornou verdadeiro pois houve crença em sua plausibilidade. Esta crença é abominável porque contém uma relação "efeitocausal" intrínseca e indissociável se não apercebida.

Quando uma crença
como tal instala-se na mente, que se quer verdadeira a todo o sempre, ela corrompe o funcionamento, e refunciona o agir. A relação de causa e efeito é esta: um condicionante principal é apreendido por mentes diversas e, a partir daí, a orientação da mente, sempre verdadeira em si, é de se combater este malefício. Mas se este malefício é falso, não existe, mas está incrustado na mente como verdadeiro pela crença, o falso torna-se verdadeiro, o pensar será equívoco, o agir irremediavelmente irracional. Como um mito orientador da ação, este conceito desvirtuado pela crença e erro de interpretação leva à teorias as quais explicam a situação macro pela simples soma de situações micro, e exatemente aí incorre o maior erro: a situação macro desgostada deu-se exatamente pela apreensão do conceito de forma equivocada, o que transformou ações em ambas as direções, tanto para obter vantagens deste erro de interpretação quanto para tentar combater os malefícios deste conceito.

Porém, o conceito não pode ser combatido porque seu significado original não o permite, somente o permite a desvirtuação do conceito, o conceito interpretado equivocadamente. Aí entra a loucura sobrepujando a razão. A razão é a mente verdadeira sempre, e a loucura é a mente querendo ser verdadeira sempre, mas impedida por um erro chave, conceitual, de entendimento, de inteligência. Desta maneira, um conceito equivocado em sua interpretação e a divulgação desta ideia equivocada em uma teoria torna-se uma realidade, torna-se material sendo inexistente. Esta materialidade é dispersa, divulgada, conquista mentes pela crença e persuasão com provas históricas não mui coerentes, não verdadeiras.

Não verdadeiras porque um conceito desta magnitude pode arrastar tudo a seu bel prazer de explicação do tipo causa e efeito. Como um altruísmo, uma forma de egoísmo, um conceito baseado numa vontade de verdade pode decair em mentira. Porque esta supracitada verdade é referencial, ela é falsa. É uma verdade suposta.


Assim, a mente líquida, a água perturbada da mente pode agir tanto positiva ou negativamente. O efeito positivo é a concatenação de ideias para um agir livre, razoável e verdadeiro; e o efeito negativo é a confusão de ideias para um agir reprimido, escuso e covarde. A tentativa de suprimir uma realidade que não existe é chamada também de paranóia. Desta forma, a mente é dominada pela loucura não totalmente racional, ou racionalmente desassestada.




"Sad but true, we are looking still around, we can't help cause we are indiferent!"

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Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.