Jornal do Vento
Hoje eu estava tão cansado
Que dormi de máscara
Sem pestanejar não tirei
Os sapatos piscando
Mergulhei na cama ainda sonhando
Com a noite anterior sem sono
Quando me deparei com ela
Implacável
Esmoreci
A realidade é que
Hoje eu estava tão cansado que não me despi
Dos meus preconceitos
Pré julgamentos
E pretensões
Antes de dormir
Ousei sonhar
Daí acordei
E ao cair do cavalo
Do cabelo
Pude notar
O deslumbre por sobre o ombro
A poeira por sobre a nuca
A testa ainda fajuta
O sorriso estampado no cansaço
O cangote e o cangaço
São irmãs gêmeas separadas
No casamento
Boa noite a quem chegou de noite e também dormiu
De máscara
E sem máscaras
Não ter tempo sequer para apagar as luzes do sapato
Tirar as meias da verdade
E o cadarço do cadafalso
Levou-me a dormir de máscara
Diante da multidão
Naquele jogo de vôlei
Altinha e frescobol
Eu não tinha
Foi então que me deparei com ela
A rainha da escola de samba da bateria do meu carro
A cigarra que não para de cantar a noite morena
O socialismo sem trópicos
O capitalismo distópico
A alemã wirklichkeit
Resume
O latim mundus
O grego geosaber
O tupi terreno guarani
Da pedra gigante de Itaipu
Com o perdão da redundância
Mostrou me que nu está o rei da
Inexistência
A conexão da internet do caos é em 5 g
Toda e qualquer forma de poesia já se perdeu na liquidez moderna
E se achou graças a um aplicado na palma da mão
Um tablete sem ser de chocolate
Uma nuvem sem ser de algodão
Me incomoda.
Não porque eu esteja excluído
Mas pelo contrário
É mais difícil fazer a barba
Pelo contrário
Quando se pensa no estresse arrepiado
Pelo contrário
Ao arrepio da lei
Pelo contrário
O avesso do que disse Caetano
O Abaeté do que Gil cantou
Ou não Chico Buarque trocando
Mensagens por aparelho móvel
Fez uma canção digital, nos dedos
Dedilhou a realidade da virtualidade
Sem virtude
O devir do homem sem vir
O ver cego
O desvair em desvairada
O evanescer da vaidade
O feminino do mundo quadrado
a masculina forma de alterar artigos
O insubstantivo tempo entre costuras
Tudo isso cura
E fere
Morde e mágoa
Alegra e intempera
Vai e me diz
Diz-me ela dela sem sabê-la
Ou sabendo
A realidade é
Estar
Presente dado ao passado da luz
Vislumbrando o algoz do solo
Sem som
Sem tom
Sem muro
Política do homem de ferro
A testa do homem de aço
A maravilha da mulher homônima
O desjuizo em prejuízo da razão
A filosofia estóica egoica
A contradic ção do homem que age
Pensando na mulher do outro que não existe
Pois o espelho é
O cansaço do saber infinito daquele que não sabe de nada
A socrática mania de ser platô
A etctera referência da linguagem
O adjetivo do adjetivo adjetivo
Adjetivado pelo substantivo
Do instante parado
O tempo entre costuras e o legado
Da grande explosão do nada
Que não pode explodir sem precedente
A inconsequente ideia implantada
A serotonina cafeínada
O mosquito bactericida
A fraternal guerra santa
Que não é fraternal
Na verdade é suicida
A busca eterno pelo vida
Pelo eterno retorno ao início
Onde quando quanto só havia
Pão
Morre nasce trigo
Vive morre pão
A manteiga nem fora inventada
Ação humana
Humorado muito bem
Engraçado ao extremo
Rindo do fim do início do meio da mensagem
A confusão proposital para não ser direto e Assustar se. Si mesmo.
A formiga que coça a areia
Do tempo do deserto do Saara.
Diz muito mais sobre o sumiço
O fanestai.
A presença eterna do
Enxergo aqui o encerramento
O próximo dia terei partido.
Foi ter compartilhado contigo
Estou na sua mente para escrever isso.
Estou entrando em você
Estou sempre no meio
Me veja no espelho.
Estou vendo, dupla consciência
Simples personalidade
Mais simples
Mais peixe
Mais
Menos
Bem
Menos
Bom demais
Inescrutáveis
Inaudível
Inimaginável
Não enxergável
Para quem não acredita em milagres.
Veja mesmo quem pode estar online! Começa com jovem alemão
Passa por três casas de internação
Para se descobrir
Estava coberto e com medo de quê? Da realidade da cegueira só mundo.
Salvador.
Milagre escultor do tempo.
Sabe que todo o respeito se deve
Ao medo
À ira
Não do diabolos deificado divino
Mas da castidade do santo destino
A rasa terra abaixo da grande caixa
A grande caixa contendo água
Pura
A conversão da imaginação em matéria sem ação inerte é além de tudo paradoxo e clique infértil
Não é preciso apagar a luz
Fechamos os olhos e tudo vêm
E vemos, vimos e partimos
Neste nosso relógio sem orbital
Nesta nossa pulseira sem tempo
Não leia o artigo
Não publique
Pois tudo já foi dito.
Não há fim nem começo
Quando se está perdido
Há recadinhos e recaminhos
Que a gente vai abrindo
Que a gente vão contando
Que as telas dos quartos dos quadros pelas janelas em preto e branco eu vejo tudo remoto vão dizendo
Pega num jornal solto no ar
A escrita do vento
Nenhum comentário:
Postar um comentário