"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O mundo não é machista, você que é babaca.

O mundo não é machista, você que  é babaca.

 Foi com a frase acima que passei a prestar atenção no feminismo. ( Ou seria nos?). Era pelos idos de 2008, eu estava adentrando a faculdade de ciências sociais (sociologia, antropologia e ciência política, dentre outras) e o ambiente não poderia ser mais propício ao debate: o nono andar da UERJ, o andar do IFCH: em um mesmo corredor os cursos de Ciências sociais, História, Filosofia dão-se às portas, além do mais afastado curso de Serviço Social e outras pós-graduações como Relações Internacionais...

 Eu fiquei intrigado com a frase. Vinda de um homem autoproclamado esclarecido e de esquerda, afinal socialista do nono andar... Era o absurdo travestido em palavras. E foi tão impactante a mim que até hoje me lembro como se aquele ontem fosse dijahoje.

 Também, não é por menos, aquela semana foi sensacional, e entre clássicas tortas na cara no trote com quiz e cervejas no Palpite , - à época custava R$2,70 a cerveja, eu não bebo mas lembro dos preços (ou por isso) - lembro da sentença histórica do professor Peixoto - este que fumava dois cigarros marrrboro "ao mesmo tempo" acendendo um no outro, depois de arrancar com os dentes o filtro, e que era exilado político, falava 5 idiomas graças a isso e ainda bebia com a galera uísque depois da aula -: lasciate ogni speranza, voi ch'entrate era a frase de recepção pros calouros na primeira aula do curso. Abandone toda a esperança, você que adentrou... está escrito na porta do inferno, segundo Dante, no Inferno, da Divina Comédia. A estátua do Pensador de Rodin é da personagem dantesca se perguntando se vale a entrada ou não...

  De todo modo, a frase me caiu como uma luva e, no instante, gargalhei em silêncio (como só eu sei fazer): eu acabara de ler, naquele dia, a mesma citação em italiano na excelente versão do Inferno que eu carregava na mochila, mostrei à Glória Cristina, uma colega. Mas a frase acima, a que puxa este texto, era ainda pior. Para mim, era claro o machismo no servir a cerveja no bar ou na conta que sempre ia para um homem na mesa. Ou no favor feito apenas às moças, na polidez à desfaçatez...

 Enfim, foi um dia engraçadíssimo. No sentido novo da palavra... O primeiro dia de aula me disse que eu nasci para àquilo. E pensar que se perguntarem a uma criança o que ela será quando crescer poucas dirão "sociólogo!"...muito menos do que físico, astronauta ou médico... Eu ainda posso ser os três. Eu chego lá!... Mas, voltando à carne-seca, dali até a De Beauvoir foi um passo. E um passo para frente, do tipo que nunca pode ser dado de volta para trás.

 De lá para cá, tenho ouvido muito e falado pouco, pois, por intuição, sei que o mundo tem muito a falar e pouco a dizer em matéria de ciências sociais. Afinal, como tenho dito, ciência política na antropologia do outro é refresco sociológico.

 Obviamente, o mundo em que vivemos é machista e temos que vigiar cada movimento nosso, a cada instante, pensando se uma atitude ou pensamento foi machista. E revê-los(as).

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Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.