Amanhecer à Praia
O silêncio imposto pelo Sol é mesmo genioso, já se anotara.
Mas agora o silêncio parece incomodar.
Não se fica satisfeito quando a costumaz enérgica mente é interrompida.
Não se está acostumado aos refreios. Mas eles são necessários.
São vias de escape. Válvulas liberadoras de pressão.
Repensamentos.
Esquecer é, também, tomar fôlego.
Por isso mergulhar ao gelo é aliviante no verão.
Um choque de energias vão sucumbindo ao léu.
Uma redundante ideia atravessada pode ser ferida, conferida, recortada;
E a incomodante e veloz serpente à mente é posta à espera
E de supina pode ser desmantelada.
E isto ocorre no meio do caminho, geralmente.
Quando a pedra invisível é reticente.
E depois com conchas-pedras nas canelas
A calmaria pode instalar-se, no mergulhar-se.
O respiro da paz é da garça copiado.
Assim, junto aos fados da vida citadina, ficam as memórias repentinas.
E, em câmera lenta como as ondas quebrantes, abreviam-se quaisquer redemoinhos ainda presentes.
Dá-se tempo ao tempo e o tempo que for necessário numa estrofe sem fim aparente.
Porque nessas pressas do cotidiano se esquece o que não se deve:
Esquece-se que a vida não é perene.
Porque nessas pressas do cotidiano inventa-se que se deve.
Inventa-se que se deve ter compromissos incumpríveis.
Que sirva então a Praia ao recaminho.
Seja a lição apreendida por instinto,
ao contemplar a passagem, ao se guiar à paisagem;
Ao não viver à paisana.
Seja apreendida por filosofia, ao ler poesia.
Quer queira quer não marota.
Restando a última ciência ser completa, a astronômica,
Que de seus inúmeros satélites as boas ideias surjam!
Siderais! Causando eclipse nas demais antigas!
O silêncio perpétuo do Sol nascente não pede licença à praia; Impõe-se.
Derrubando satelitais ideias que antes de orientarem, confundiam.
E ao invés de informações confiáveis, jogavam dados brutos.
Os quais só na Praia podem ser descodificados.
Portanto, a Praia desencripta torrentes de bits desnecessárias.
Ao mesmo tempo, torna líquida qualquer solução não diluída.
Pede uma chance para o simples ser pensado em prioridade.
Mas afirma serenamente num paradoxo: veja como o instinto ainda comanda: os pássaros planam para pensar.
E, no fim, caçar novas presas...que foram ideias... transmutadas...
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