"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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terça-feira, 4 de março de 2008

A melhor classe se livra









A vitória da melhor classe

Sucesso é a palavra chave; e a chave do sucesso é bem conhecida. O medo do que pode atingir a si e ao vizinho é o medo que chama mais atenção, o medo que dá audiência. Mas, um medo também pode ser diluído e explicado, se o final for feliz. O medo pode até ser injustiçado.

O esquema organizado pode não ser organizado. O consumo individualizado não pode sustentar toda uma cadeia de produção. O dinheiro sujo gasto não mantém fábricas de drogas lícitas (lucra)ativas. As empresas de alto padrão não sobrevivem com dinheiro não declarado. A brincadeira de infância por falta de olhar atento dos pais não pode virar algo sério na vida adulta. Todas essas ideias estão escritas sobre a mais forte forma de ironia e são uma forma de crítica a lógica passada pelo filme.

Aparentemente, a história retratada é por si só uma dura crítica à falta de responsabilidade dos pais, a estirpe sustentadora das ilegalidades e a toda uma cadeia de eventos financiadora de empresas e fábricas de drogas e dependentes. Mas o final, com uma moral duvidosa, acaba deixando implícito uma idéia maquiavélica, ou paradoxal.

Em verdade, a idéia de que o fim pode ser corrigido apesar do meio. Sem querer dizer que isso seja uma mentira, uma coisa ruim, indago a moral transmitida pelo final do filme. Mesmo havendo solução para casos aparentemente perdidos, essa não é a tônica expressa (ou, pelo menos, não ficou claramente expressa); o tom expresso deixa subentendido a desimportância da mínima responsabilidade, põe em xeque valores éticos, de moral e de comportamento legal. De uma forma mais radical, estimula o excesso ao consumo de drogas lícitas e o acesso a entorpecentes, ilícitos, e a um meio vida sem nenhum compromisso com bons princípios e valores, a partir do momento que deixa explícito haver uma brecha legal para agir de forma ilegal e não ser punido devidamente.

Para ser claro, a pura e simples diminuição e alteração da pena e a coincidente recuperação de um bandido não justifica atos improbos ou serve como bom exemplo ou desestimula os novos usuários; pelo contrário, os incentiva. Novos usuários, traficantes, compradores e revendedores, "contatos" são estimulados a permanecer em seu ramo, com uma condição: que paguem um bom advogado e para quando a hora da justiça cega chegar poderem descobrir uma fresta nas vendas da mesma.

Porém, o caso só é válido para àqueles detentores das facilidades da vida mansa. Um cidadão e traficante pobre, quando vai para a cadeia, vira bandido definitivamente, e não tem retorno mesmo. O retorno é perigoso demais para se entrar quando se está correndo, quando a próxima reta parece mais perigosa e mais curta do que a próxima curva. Talvez haja uma pequena má intenção escrita nos entrequadros do filme. Uma tentativa de qualificação para um crime tão danoso quanto qualquer outro tido como grave. Uma prerrogativa para abrandar uma forma de descomprimento de uma lei nacional. Uma comoção coordenada com o intuito de alterar posições ideológicas frágeis para um assunto tão delicado.

Portanto, justificar o consumo, estimular a improbidade, depreciar o ato como sendo criminoso, enfim, passar a mão na cabeça do malandro, não parece o mais correto, o ideal para diminuir um problema gerador de quase todos os outros problemas sociais da cidade do Rio de Janeiro.

Quer dizer, assoprar oxigênio para tentar apagar o fogo é o mesmo que alimentá-lo com uma lenha duradoura. Não é uma solução nem paliativa dar chance ao máu exemplo. É melhor evitar que surjam novos casos de máus exemplos, com remotas chances de recuperação, do que esperar o máu exemplo dar trabalho à polícia, hospitais, e toda a sociedade de bem que quer viver sem violêcia e convive com a mesma por inobservância às leis dos cidadãos que, em tese, recebem a educação de melhor qualidade. Cidadãos estes detentores das mais diversificadas escolhas para o sucesso; mas, sem apoio paterno e por influência da emergência capital, fazem as escolhas mais sorrateiras.

No fim, a emergência do aproveitar a vida ao máximo, fazer valer a pena todo um investimento, deturpa-se à idéia de consumir o tempo com as drogas que enganam a sensação do mesmo e de utilizar as vantagens materiais, financeiras, adquiridas, para sustentar o egoísmo da tristeza enraigada e juventude desnorteada.

E mais, não querer amadurecer e encarar de frente a realidade, não querer deixar passar em paz um tempo ocioso, não saber aproveitar a preciosidade de uma vida em um nível tão ameno é a única explicação encontrada para tais consumidores de substâncias alteradoras da noção de realidade, ainda que a mesma seja favorável.

O tempo consumido pelo desperdício de papel é o tempo que não passa jamais.

Faça aquilo que é certo: seja coerente.

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Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.