"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Lagoinha

Lagoinha

Lagoa
Lagoinha
Lagoa nossa
Lagoa de todos os anos
Foste cheia, foste vazia
Foste como nunca esperamos


27 de janeiro 2018. Foto por Claudinha.

Tivesse secado totalmente nos assustaria,
E, ao mesmo tempo, facilitaria o caminho à praia.
Mas a queremos sempre cheia, refletindo nossas ideias...
Ou melhor, as ideias do poder do tempo, do poder dos ventos;
Os raios solares, o cheiro das águas salúbres e doces, das marés lunares.

Contigo sabemos da chuva, e da força do mar!
Sabemos se na temporada vai ter banho na barra,
Ou se poderemos remar!...
Sabemos sentir seu cheiro como registro histórico:
Indicador ambiental, lar de vaga-lumes, cobras e carapebas perdidas,
Sem conexão com a lagoa vizinha, gigante esquecida por todos menos algumas algas.

27 de janeiro 2018. Foto por Claudinha.


Lagoinha: és inconstante.
Passaste a mudar com o tempo, com a frequência não imaginada de enchente;
Mudaste de posição com a deposição da areia do cômoro tornando-se o caminho de Bugres;
Jeeps, Fuscas turbinados ou sem capô, aranhas metálicas, esqueletos de carros modificados!
Atolaste carros vários e, no entanto, resististe às intempéries naturais, e humanas, com sua força.
Retornaste a seu devido tamanho após ressacas, e viste a ponte desaparecer em cotocos movediços.

Então, modificada com o tempo soube se manter, e com a chuva-após-chuva enchia e esvaziava
Às marés vazantes, ao Sol escaldante e ao calor escabroso.
Tais elementos não pareciam lhe afetar de imediato
Tal como o mar é presente, omnipresente,
Presente para todos os que acompanham seu devir. Sua variação de tamanho e formas -
Não de conteúdo - lhe perturbavam a natureza.

5 de janeiro 2018.


Rasinha, com a chuva do sul cardeal, de ventos invernais, com sua temperatura arrepiante
  Impressionava-nos em pleno verão...
Implácida, apesar de sumida, úmida mantém-se: presente e tácita; humilde e reflexiva.
Não tão constante como a Ilha de Santa'Ana como lembra vovó no dizer:
"- ...Nesta Praia já vi de tudo. Todo ano há uma mudança, apenas uma coisa não muda, a Ilha...
 Mantém-se temporada após temporada."

É a Lagoinha,
E nós praianos, eu ousaria acrescentar, como a ti, insistentes, retornamos quase todo ano
Para o mesmo lugar. Ou quase o mesmo lugar, pois se não tomamos banho duas vezes no mesmo rio
Na mesma lagoinha também não o faríamos, pois apesar de bonita contém lodo em demasia...
Matéria orgânica natural, fortuita, sacos plásticos e garrafas PETs, devidamente colhidas
Por François, por primos com consciência ecológica e pela prefeitura por ocasião.

Por ocasião do Verão, o qual traz Sol a pino e chuva a tira-gosto
Ventos alísios não tocam o seu chão mas parecem fazer a curva
Em seu seio, em seu meio
Vêm e vão surgindo
Nordeste-sudoeste
Molhando-te e
Secando-te.

Dissecando-te tento te fazer um elogio, modificando o tamanho das estrofes
A seguir o ritmo de tua vertente, tais versos mal cabem na formatação do Praiano...
E sigo singrando com os ventos errantes, alegres, passantes, presentes, passados, pensantes...
Que ajudam você a variar de tamanho em apenas um dia, com a predominância do mar
Qual, se de ressaca, em apenas doze horas pode te modificar como quem bebe demais até se afogar...
Porém, fica o registro de que apesar dos caiaques, nunca foste vilã, apenas amiga dos mares e primos.
E portanto fica o pedido para que nunca te esgotes, porque esgotar sem tratamento... não cabe na sua Palavra Maiúscula: Lagoinha, em paradoxal nomenclatura, pois, és minúscula...
Tanto que o aplicativo Waze te chama de poça. Português lusitano...
Ri quando li este nome pois, sabia que de poça não tens nada.
Tens sim a variação do tempo. Constante como soe.
Mutante como só ele: és minúscula no mapa, na geografia, mas gigante na lembrança, na poesia.

CLique para ampliar: 3 de fevereiro 2018.


Pássaros que o digam: uma andorinha só, não faz verão, disse uma vez um filósofo grego.
Comprovamos que não, pois além de andorinhas é lar para garças, quero-queros, patos e marrecos;
Corujas, sapos e gafanhotos; girinos e carapebas; camarões-zinhos e siris-zinhos; cães-do-mato - e soltos - em ti se refrescam.
Caiaques praianos e botes te atravessam. E nós te lembramos como quem lembra de um amigo que  está longe mas presente... que sempre te visitava e apreciava sua irmã maior e se foi cedo demais... que foi o primo mais cantante e a quem dedico estas linhas finais.



Yuri Cavour Oliveira
20/02/2018






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Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.