"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."

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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

uma maiúscula

1029 palavras, 11 min de leitura.

quanto mais perto de deus, mais longe de deus
porquanto ao tentar se igualar à perfeição cai-se no orgulho da vaidade
e a primeira queda, a queda original, do prazer original, foi a de lúcifer.

após adão desobedecer e eva compadecer,
tentados por lúcifer a ser, ser sujeito tenente e não mais obediente,
nasce o homem. ao lado da mulher. pecados em prazer. aprazerados no pecado;
desde então têm sido livres. com decisão própria: eis o livre-arbítrio da não interferência.
da decisão. da escolha; é bom escolher? escolher entre pecados e prazeres?
que tal não se acreditar no livre-arbítrio? e sim na obediência?
tanto mais obediente, mais servil, menos orgulhoso, menos sujeito, mais escravo, menos escravo;
não se pode ser escravo dos desejos, lembra hume; do prazer, do pecado, do hedonismo.
o diabo é pai do prazer orgulho, do pecado vaidade, da desobediência adâmica, da consciência de liberdade de escoha evanescente. eva nascente. é preciso então não escolher e tampouco acreditar no acaso.

ser independente é no entanto uma farsa. pressupõe não-obediência, lugar-tenência. é vil. é no entanto o conhecimento ateu. se deus é bom e dá o direito de escolha, acredita na razoabilidade da escolha, na bondade humana prevalecendo sobre a maldade desumana; e ao mesmo tempo diz que há chance para o arrependimento. por isso a bondade é suprema. a bondade suprema. mesmo os maus podem se regenerar. arrependerem-se ao re-conhecer. res-saber. re-ligar. conhecer é gnosis. to know. acreditar. saber. mas a sabedoria da serpente é a do lado oculto da força que diz poder ser independente. ? . sujeito autônomo. deus de si. desobediente a qualquer ordem. em vez de escravo do céu, rei do inferno. prazeres carnais versus saberes celestes. Daí o livre-arbítrio pressupõe uma escala platônica. amor sendo superior à sensação; da ideia à paideia. origem à ideia. a ideia é imutável, a criação, imóvel; ser. é reprodução, por isso o mundo dá voltas, não há nada de novo sob o sol e tudo é aparência no mundo físico, carnal, de prazer hedonista, pecado. o prazer não-hedonista, estoicizante, crê no belo de rousseau ou doistoeiviski. supõe o mal de arendt, e suspende o temor. afinal, temer a deus ou ao diabo é a escolha principial. teme-se não se arrepender e não saber para onde ir ou não se teme ter a certeza de estar no caminho certo. eis o mundo de cegos. cegos seletivos. navegar às escuras.

porém, retomando o ponto original, da criação e do pecado do prazer do orgulho da vaidade, que são todos sinônimos, tem-se que quanto mais perto de deus se acha, mais distante, como santo antão, quem achou ter vencido o diabo que o perseguira por oito décadas e no leito da morte o diabo o tentou com a maior sabedoria, a que mexe com o ego, dizendo ter desistido dele, ter sido vencido, e ele então retrucara em oração agradecendo com tolas palavras: venci o diabo, já posso virar santo. eis que ouvindo isto o diabo retorna e sorri, percebendo que o orgulho havia vencido. um homem em idade avançada, querendo se livrar dos prazeres carnais no entanto se submete ao orgulho juvenil de ser santo. de ser vaidoso. orgulhoso. o diabo mostra-se então (como tendo um lado- sem maniqueísmo) bom ou o(um) caminho da (para a) luz. apenas querendo deter mais uma alma perdida no prazer da vaidade.

ou indicando que o apagar das velas guia os cegos. mas os cegos de sentido ainda têm sabedoria interna. e por isso podem ver, ser curados pelo profeta maior, o ungido, que realiza o milagre de mostrar que a bondade é interna e é a verdade. e a verdade é a sabedoria de ser. existir. agradecer. permanecer. não desviar, não mudar, quando se vê atalhos perigosos no caminho do bem. os acidentes do percurso do jeitinho brasileiro traduzem-se em número de acidentados nos hospitais. o brasileiro lugar-tenente de si, confiando no seu orgulho, na sua vaidade, na sua prioridade sob qualquer semelhante, fura o lugar da fila, não tem ética a não ser a própria, acredita nos atalhos, na ganância, no prazer carnal, na corrupção ingênua, na remissão dos pecados, no arrependimento. deus ex nihilo no entanto apenas ri do diabo achando-se primus supra pares. gargalha de forma trocista. do homem que acha-se demiurgo, detentor de poder mamonico. pois, o riso é uma constatação da Certeza.


e o "homem" pós-moderno, do amor líquido, é este que crê nas aparências, não nas essências. é o que faz plástica para parecer algo que não é. porque acredita que é julgado pelo que ser que (a)parece, pelas pessoas, não pelos que não aparecem, fantasmagóricos. sem saber que o julgamento do julgamento já é um erro. mas sem julgar não se toma decisões. como se as escolhas se igualassem às decisões.

e apesar de tudo, a humildade também pode ser um caminho falso, pois se se pressupõe humildade, falta-se com a humildade, tem-se orgulho. orgulho em ser humilde quando se sabe que não se é; por isso o querer arrebatar as almas dos índios, ingênuos ou inocentes. a salvação, a civilização, a missão. busca-se a essência não totalizante; não inebriante e inebriada. porém quem também indica o caminho da luz, se cego, pode apenas pensar no metal que tilinta. entretanto, se no mundo da matéria capital não há dinheiro, não há pão, trabalho ou servidão. estamos todos escravos do desejo material. e procuramos a salvação imanente quando olhamos a transcendente. isto é contradição; e quem contradiz é o diabo. ou o deus trocista. ou a terceira margem do rio. o caminho do meio diz que não há relatividade, maldade ou bondade, mas conhecimento da forma das aparências. e o equilíbrio não garante a vida mas a a morte. e então tem-se uma batalha de energias. viver é estar em desequilíbrio com a energia da terra. morrer é igualar-se a ela. então numa ótica diversa, para viver é preciso morrer. pois, a terra é o ser vivo máximo e ao se igualar à energia da terra, ao se fundir a ela sem morrer está-se vivo de fato, nirvana. vida sem morte, ou após a morte como diz uma certa tradição.

muitas palavras, nenhuma palavra.









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Quem sou eu (em agosto de 2012, pois quem se define se limita, dizem)

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Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.