Tanto quanto
Mais brabo que o mar
mais bravo que o feroz
mas fraco ao comparar
mais que qualquer atroz
mastiga o que segue
deixa para trás o cerne
de chá inquieto o flavor
de chuva adorna a dor
do pingo faz uma faca
da gota a lâmina é fraca
distante da íngreme pedra lasca
durante o golpe demarca
um pouco de fundura
um tanto de largura
uma grande fenda da pele
une o espaço à sangria
unta com digna maestria
aflinge o ser dormente
a fingir que não sente
a mentir o deixa evidente
ao tremer dos nervos do queixo
a medir a força que vejo
na melhor das incertas
no atingir em diretas
nem remete ao recente
num sorriso sem dentes
no aviso dos ventos
que de início prediziam
quão cruel é a tormenta
qualquer e um bom navio
quer seja ou não com frizos
qu'inda feito de aço
reparou em seus nós
nos mais forte dos laços
lá se iam as ligas
ligariam a vida
vide um fraco bote
botando em xeque sem fundo
afundando a náu
naufragando a força
forçando a desculpa
de uma culpa orientada
e num mesmo oriente
há um comum horizonte
sem alegria perspectiva
duma perplexa platéia
que pleiteia a vida
mas ávida está hoje
pois amanhã não existe.
Yuri Cavour
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