Cota, de onde vem essa palavra?
Algumas palavras perdem seu valor quando não bem compreendidas ou apreendidas. A palavra cota parece sofrer com esse mal. A palavra hoje carrega um peso semântico ínfimo, e um peso político absurdo. O tema central de todas as discussões relevantes as quais dizem respeito à Educação do país perpassam por este pequeno vocábulo, composto por duas vogais e duas consoantes.
As consonontais diferenças das opiniões a respeito do assunto em voga lembram a mais forma pura e a mais pura forma da representação cínica humana. O ser humano é um animal: cínico.
Este ser, quando sente-se ameaçado, dificilmente abre o peito e domina a pelota com calma; muito pelo contrário, ataca violentamente a redonda com a cabeça, quadrada cabeça. E a redonda atende pelo nome de: interesse sobrepujante sobre ser de idêntica espécie, ou ameaça iminente e eminente.
A partir do momento em que enxerga a presenç'ameaça, invísivel, confabula com outros seres com pensamentos sinonimais um plano de fuga, um julgamento dos in justus e uma sentença de condenação. E, então, utiliza-se da sua primeva característica para sobrelevar-se.
O ser cínico não emite contrações nem tremulações musculares por desperdício. Não é capaz de descongelar o próprio cérebro para cozer melhor os pensamentos, deixá-los em fogo brando, até atingirem seu ponto ideal de preparo e comilância. Este ser é apressado e teme o mais próximo como se ele fosse o mais pródigo. E, então, elabora seu são plano, julgando e vencendo, rapidamente ( antes mesmo de o próprio tempo poder ser compreendido).
O plano elaborado é irradiado pela eloquência e pelo discurso sofístico. Deste feitio, os réus, durante o julgamento, cochilam, sabendo do veredicto pela jurisprudência inequívoca dos elevados donos do universo terreno, os imaculados árbitros do destino humano.
Assim, à justiça plena, prossegue a cintilante tentativa errante de direcionar e dar sentido à experiência vital e humana. E palavras em desencontro cabem numa mesma frase, com sentido, pontos e ideias verdadeiras, ainda que irônicas, apresentadas e por todos compreendidas.
Quer dizer, a última palavra não foi compreendida. Apesar de estar se referindo ao seu homônimo, o seu valor semântico não é idêntico. E a interpretação subjetiva interpõe outro ponto sobre a gramática: um ponto de interrogação do tamhanho da dúvida. Será mesmo toda interpretação subjetiva? Talvez a subjetividade tenha uma relação estreita com a característica mór do ser humano. O ser cheio de dúvidas... e cínico!
Após esta digressão, a discussão sobre a validade ou não de um sistema de cotas em universidades públicas perde todo o sentido. Trata-se de cinismo.
A educação deve mesmo ser de qualidade no ensino básico, ou deve mesmo ser diferenciada no ensino superior. Ou deve mesmo haver cotas para suprir as desigualdades étnicas, econômicas e reais da população brasileira. Mas, quanto a desigualdade ética na natureza humana, não deve-se discutir, pois, não há. Onde está o consenso em afirmações tão óbvias e contraposicionadas?
Não haverá consenso nessas afirmações. Há consenso nesta afirmação: o correto é que a Educação em nosso país deve. E muito!
Cota, de onde vem essa palavra? E, ainda, para onde ela quer ir?
Yuri Cavour
- Dezembro 2008
"Sonho é destino". "Dream is destiny". You do it to yourself, you do, and that's what really 'happens'. "Tudo que não invento é falso."
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- Yco
- Mais preocupado com a criatura do que com o criador. Existem perguntas muito complicadas. Existem respostas muito complicadas. Existem pessoas que não são complicadas. Existem pessoas que tentam complicar. Eu sou aquela que procura entender; complicando un peu primeiro para poder descomplicar. Quero dizer: se eu entender o problema de forma completa, poderei encontrar a solução mais correta, eu acho. Um sonhador, dizem. Mas não creio apenas em sonhos. Gosto mesmo é da realidade, empírica ou não. Gosto de estudar sociologia e biologia. Sou acima de tudo, e pretensamente, um filósofo, no sentido mais preciso da palavra: o sentido do amor a sabedoria, ao saber. Mas a vida é para ser levada com riso e seriedade. Sabendo-se separar uma coisa da outra, encontraremos nosso mundo, nosso lugar, nossa alegria. Nossa Vida, com letra maiúscula! "o infinito é meu teto, a poesia é minha pátria e o amor a minha religião." Eu. Um ídolo: Josué de Castro; um livro: A Brincadeira (Milan Kundera) ; um ideal: a vida.
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