Escrita é desordem

Escrita é desordem

Será a poetisa, ingênua, a dona dos sentimentos?
Carrega ela, sozinha, as noções e as culpas?
Responderemos aos poucos
pois respostas simples são dúbias.
Afirmando-se a certeza se interroga
a fraqueza e fica exposta
a ferida, que não gosta
de ser tocada
e posta à prova.
Não é desejo do desejo desejar.
Não é o sentido das ondas se quebrar.
Não indica posse o tomar por decreto.
Uma tentativa não justifica um gesto.
Uma prerrogativa não implica um ato
De uma escolhida pelo acaso
E direcionada por uma perdida flecha.

Sem perspectiva desenhada, sorteia-se,
Fazendo o efeito drástico ser imediato
E a falta de alternativa uma escolha
Do pensamento, abstrato a uma folha.
O enaltecer dos inanimados
Torna tudo tão vivo;
E, sem mais adjetivos,
As grandes estátuas aparecem.
Lembrada, pelas letras, de seus fatos
e pelas escritas de suas vidas.

Mas as pequenas não são glórias,
São detalhes. E pedaços do pedaço.
São minúsculas sem acento grave,
Não lembradas até que haja um embate
de letreiros e letrados, em recíproca:
aumenta-se a importância do conjunto da obra
à proporção que se diminui a harmonia
do indivíduo pensador solitário.

Foi Preciso, e não Foram Precisas, umas horas ao feitio,
para anotar as anedotas do deslumbre,
e recolher as ânsias dos leitores,
Acolhendo as dobras e as premissas:
Resguarda-se a psique sedenta
desfomeando a índole direta.

Antítese que confirma a cisma:
Opostos pelas idéias utópicas,
compostas dos ideais dos erros,
melhores em não assegurar mais nada
para não deixar cair-se em medos
e enganar quem, sem radar,
persegue a verdade nas páginas
[de vaidade.